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História Sempre Foi Você - Telling the truth


Escrita por: Barbarideadi

Notas do Autor


Voltei, mais um capitulo pra vocês

Capítulo 33 - Telling the truth


12 de maio de 2012 

O avião pousou no aeroporto de Nova York no início da tarde. A aterrissagem foi brusca o bastante para revirar o estômago já embrulhado de Camila. Pela primeira vez em todas as suas viagens, ela estava distintamente ciente da própria mortalidade. Medo do que aconteceria com Matty se ela morresse atormentava os pensamentos dela. 

O que é mais um motivo para contar para Lauren, a parte sarcástica do seu cérebro a informou. Camila reprimiu o pensamento. 

Até sua alma estava contra ela.  

Ela não tinha se dado ao trabalho de levar bagagens. O voo de retorno seria no dia seguinte, e uma mala de mão era suficiente para uma noite. Produtos de higiene, maquiagem e uma troca de roupa eram tudo o que ela precisava antes de pisar na França outra vez.

A fila na imigração estava se movendo depressa. Cada passo até a cabine de vidro a deixava mais próxima de contar a Lauren as novidades mais chocantes da vida dela, e Camila sentia a necessidade de enrolar, protelar. Ela brincou com o passaporte azul-escuro,
imaginando se teria sido melhor usar o europeu. A fila estava muito mais longa do outro lado da sala. 

Fechando os olhos, lembrou-se de como Taylor a tinha abraçado antes de ela sair da vila em Nice. Suas palavras de incentivo, sussurradas em seu ouvido, conseguiram plantar uma semente de esperança de que eventualmente Lauren a perdoaria por ter fugido outra vez. Ela ainda não tivera tempo de cultivar aquela semente, fazendo-a se transformar em qualquer tipo de planta. Camila só esperava não matá-la. 

– Você esteve fora do país por algum tempo, senhora? – o funcionário da imigração estava digitando no computador com a mão direita enquanto olhava o passaporte de Camila aberto na esquerda. 

– Eu tenho dupla nacionalidade. Estou morando na Europa. 

– E pretende ficar por muito tempo? – ele olhou-a com desconfiança. 

– Só até amanhã. Vou encontrar uma amiga.  

O homem fechou o passaporte e devolveu-o. 

– Espero que tenha uma boa estada, senhora – os olhos dele já estavam no próximo passageiro. Camila apanhou a mala e atravessou a barreira. Ela podia sentir o tempo correndo como a contagem regressiva na véspera de ano-novo. A ideia a animou e assustou ao mesmo tempo. 

Ela passou direto pela esteira de bagagens, dirigindo-se à porta que levava ao terminal principal. O ar-condicionado fez sua pele pipocar em arrepios, mas considerando o sol entrando pelas janelas de vidro do terminal, era um belo dia de primavera. 

Enquanto esperava na fila do táxi, ela ensaiou a conversa em sua mente. Diga o mais cedo possível, ela disse a si mesma, se ficar enrolando Lauren vai te expulsar ou te matar. A notícia de que ela tinha um filho era como um band-aid, e para o bem de Lauren, ela precisava removê-lo rápido. Ela podia lidar com a ferida depois. Tirar aos poucos não evitaria a tristeza, de qualquer jeito. 

Não importava o que dissesse, aquilo iria doer. 

Quando chegou à frente da fila, Camila entrou num táxi amarelo, pondo a mala ao seu lado. O banco preto de vinil estava frio, e os olhos dela cruzaram com os do motorista no espelho retrovisor. 

– Para onde? 

– Distrito financeiro. Esquina da Pine e Nassau. 

– Maxwell Enterprises? – o motorista quis confirmar. 

– Isso, exato – Camila rezava para que Taylor tivesse conseguido um passe de segurança, como prometera. Se ela tivesse que ligar para Lisa para conseguir um, Camila sentia que poderia simplesmente sair correndo. 

Felizmente, o trajeto foi longo. As ruas eram um caos de carros e caminhões, fumaça saindo furiosamente dos escapamentos enquanto os veículos continuavam parados. Camila reclinou-se no assento e ouviu a música saindo do estéreo do carro, permitindo que seu ritmo regular acalmasse as batidas do coração. Parecia que os táxis tinham sido renovados desde que estivera ali pela última vez. Havia uma tela mostrando a exata localização deles, ocasionalmente interrompida por anúncios de empresas locais. O lento progresso do automóvel podia ser visto ao seguir o pontinho vermelho que piscava indicando a posição deles nas ruas. 

Eram três da tarde quando o táxi parou na Pine. Camila deu trinta dólares ao motorista, dizendo para ele ficar com o troco, e abriu a porta para sair. Os sons não pareceram tão dissonantes como costumavam – talvez o ano que passara ali a tivesse deixado imune à cacofonia. O aroma familiar de gases de escapamentos e barracas de comida atingiram seu nariz de um modo delicioso. 

Sua confiança parecia ter retornado. Ela ficava deslocada entre os ternos cinzas nos seus jeans apertados e camiseta preta, mas em vez de se sentir inferior, aquilo a fez sorrir um pouco, lembrando-a de que seu trabalho parecia muito mais satisfatório e permitia-lhe ficar em casa com o filho. Em comparação, aqueles executivos pareciam-lhe prisioneiros; os uniformes podiam ser muito mais elegantes e feitos sob medida, mas eles estavam tão encarcerados quanto um assassino em San Quentin.  

Passar pela segurança foi surpreendentemente fácil. Seu nome estava na lista e um passe já tinha sido impresso para ela. Camila prendeu-o na cintura e entrou no banheiro, precisando se olhar uma última vez antes de subir ao escritório de Lauren. 

Quando emergiu – com a maquiagem retocada e o cabelo penteado – dirigiu-se aos elevadores no canto do saguão. Estivera ali algumas vezes antes, quando ainda namorava Lauren, antes da morte da mãe, e algumas vezes depois, quando estava morando em Manhattan. Contudo, daquela vez, parecia diferente. As paredes aparentavam estar mais próximas, o elevador mais agourento. Talvez tivesse sido ela que tivesse mudado, não o prédio. 

Hesitando fora da porta do escritório, ela respirou fundo para reunir coragem. Endireitando os ombros, abriu a maçaneta, assumindo uma expressão neutra e ilegível. 

Então, ela entrou. 

– Camila? – o rosto de Lisa indicava sua confusão. Os outros dois administradores na sala ergueram os olhos, parando de digitar por um momento enquanto seus rostos revelavam o interesse nela. Eles deviam ser novos; Camila não os reconhecia. 

– Olá, Lisa. Como vai? – ela sempre tinha gostado da assistente de Lauren. 

– Bem, obrigada. E você? 

Camila tentou sorrir. 

– Também. Lauren está disponível? 

– Ela tem reuniões a tarde inteira. Não acho que esteja esperando você – a resposta de Lisa foi educada, como sempre. Sua expressão indicava que sentia muito. 

– Tenho um horário às três e meia. Taylor marcou para mim. 

– Ah, isso explica. Vou dizer a ela que você está aqui. 

Camila queria dar meia-volta e sair correndo para o aeroporto. Será que estava pronta para aquilo? Não a via há tanto tempo. Tudo sobre a situação fazia seus nervos formigarem. A leve sensação de náusea no seu estômago intensificou-se. Se ela não tomasse cuidado, vomitaria. 

Você está no controle, lembrou-se. Conte para ela, espere que absorva a notícia e saia. 

Ela não entraria em pânico, não perderia o controle. Camila manteve a respiração regular, mesmo quando o coração começou a acelerar. A última coisa que precisava era desmaiar no escritório dela. 

– Você pode entrar – a voz de Lisa trouxe-a de volta ao presente. 

– Posso deixar minha mala aqui? – Camila indicou a pequena mala. Lisa pegou-a com um sorriso e fez um gesto para a porta de Lauren. 

Era agora. 

Ela estava pronta? Estaria algum dia? A única coisa que sabia era que devia a verdade a Lauren, e a Matty também. Então teria que lidar com a reação dela. Pondo um pé na frente do outro, atravessou a entrada até chegar à porta, os olhos acariciando o conhecido carvalho escuro enquanto estendia a mão. 

Camila abriu a porta, as dobradiças chiando levemente sob a pressão. A sala tinha sido redecorada em algum momento nos últimos dois anos; as paredes cor creme tinham sido repintadas num branco mais pálido e a mobília substituída por peças com linhas mais simples
e modernas. Ela ficou triste ao perceber que a vida continuara sem ela. Como Lauren reagiria quando descobrisse como a vida tinha continuado sem ela? 

– O que você está fazendo aqui?

Lauren estava encostada em sua escrivaninha, os calcanhares e os braços cruzados. A jaqueta do terno estava pendurada num gancho atrás dela. Embora Camila tentasse não olhar, não podia não examinar todo o seu corpo, dos pés à cabeça. 

Lauren tinha ganhado um pouco de massa muscular desde a última vez que ela a vira. O algodão fino de sua camisa estava grudado em seus bíceps, passando por seu abdômen liso até ser enfiado dentro da calça social. Seus quadris ainda eram magros e estreitos, e ela fechou os olhos tentando não se lembrar da sensação deles entre suas coxas, quando ela se movia dentro dela, respirando suavemente em sua orelha, enquanto ela gemia e…

Balançou a cabeça. Ela não estava lá, naquele escritório grande e revestido de madeira só para relembrar o passado, por mais agradável que pudesse ser. Camila tinha voado até ali, a quase cinco mil quilômetros de distância, para contar a ela o que ela merecia saber. 

Um riso nervoso ameaçou escapar quando ela considerou o melodrama ridículo da situação. A versão mais jovem dela, com dezessete anos, estaria revirando os olhos, indignada ao perceber que ela aos 29 anos tinha conseguido transformar uma vida aparentemente promissora numa novela mexicana. 

Ela ergueu os olhos para Lauren, olhando para seus lábios, que estavam cerrados de raiva. Os olhos dela haviam se estreitado sob as sobrancelhas, e seu nariz reto e perfeito estava levemente torcido em resposta à sua presença.

O desprezo que Lauren sentia por ela irradiava do seu corpo. 

Camila tentou manter a respiração regular, lembrando-se de que, embora estivesse no escritório de Lauren, na cobertura do prédio dela, esse era o seu momento. 

Ela estava no controle.

Se Lauren a via com desprezo agora, só Deus sabia como se sentiria depois de ouvir o que ela tinha a dizer. Lauren tinha sido parte da sua vida por tanto tempo – como amiga, confidente, até amante –, mas nunca antes tivera o poder de destruí-la. 

– Por mais agradável que seja vê-la – Lauren disse com a voz arrastada, deixando perfeitamente claro que tê-la no seu escritório era qualquer coisa menos agradável –, tenho uma reunião em cinco minutos. O que você quer, exatamente?

Lauren não tinha ideia, mas era agora. Hora de ela abrir a boca e contar a ela o que ela precisava ouvir. De repente, seus braços ficaram pesados e seus dedos tremeram – uma manifestação física do seu nervosismo. O riso foi substituído por algo mais perturbador quando ela tentou respirar fundo e formar as palavras que tinha viajado toda aquela distância para dizer. 

Umedeceu os lábios. Viu o olhar de Lauren e descer para sua boca, seus olhos escuros observando-a enquanto ela mordia o lábio inferior. 

– Lauren – a voz dela estava surpreendentemente forte. Ela podia fazer isso. Podia contar a verdade para Lauren, e então ir embora dali.

Voltar para um avião.

Voltar para casa.

Voltar para ele.

– Lauren, nós tivemos um bebê. 

O silêncio que se seguiu era palpável. Camila podia quase sentir a confusão dela enquanto via as expressões que se sucediam com rapidez em seu rosto. Ela tinha feito o que viera fazer – contar a verdade –, e agora estava se preparando para a reação. 

Lauren continuou congelada. Camila  se perguntou se deveria repetir, e arrastou os pés, querendo se mover na direção dela, chegar perto o bastante para tocá-la. 

Aquele tipo de pensamento era perigoso. 

– Nós tivemos um bebê? – Lauren  repetiu. Camila percebeu o erro. No seu desespero de falar as notícias, ela não tinha escolhido bem as palavras. 

– Nós temos um bebê. Bem, ele está maior agora, mas foi um bebê. Uma vez – droga, ela estava balbuciando agora, revelando seu nervosismo. Ela precisou se esforçar para encontrar os olhos dela. E estremeceu quando viu a raiva e a confusão radiando deles. 

– Que merda está acontecendo? – Lauren franziu as sobrancelhas, linhas profundas emergindo na testa enquanto tentava compreender a notícia. – Não entendo o que você está dizendo. 

Ela percebeu que precisava mostrar uma prova para Lauren, em vez de tentar explicar. Suas mãos estavam tremendo outra vez, mas ela conseguiu se controlar o bastante para tirar o celular do bolso, tentando controlar os dedos enquanto acessava as fotos. 

– Quando saí de Nova York em 2010, eu estava grávida. Eu não sabia na época, na verdade fiquei sem saber por alguns meses, mas na última vez em que estivemos juntas, nós fizemos um bebê – as últimas palavras fizeram-na pausar. Ela ainda achava aquele fato incrível. 

– E você tem certeza de que ele é meu? 

A questão era legítima, mas doeu mesmo assim. 

– Totalmente. 

O silêncio momentâneo era como uma parede entre elas. Camila se perguntou se conseguiria quebrá-lo algum dia. Ela decidiu continuar, dar-lhe todas as informações e sair dali. Ela queria segurar Matty nos braços agora. Precisava da presença dele para se acalmar. 

– O nome dele é Matthew, e nasceu no dia 12 de novembro. Ele tem dezoito meses – ela moveu-se para mostrar a Lauren uma foto no iPhone dela, escolhendo uma que ela tirara alguns dias atrás. Matty estava de pé na sala de estar de Shawn, segurando uma bola que ele tentava jogar para Taylor. Sua alegria por brincar com a tia estava evidente em seu rostinho, e ele mordia o lábio em concentração. 

– Esse é ele? – a voz de Lauren estava morta. – Meu filho? 

Camila assentiu, o nó na garganta impedindo que dissesse qualquer coisa. Ela tinha sonhado com aquele momento tantas vezes, e a falta de emoção de Lauren a estava matando. Então, um segundo depois, quando viu o rosto de Lauren se contorcer de raiva, ela desejou que a impassibilidade retornasse. 

– Preciso sair dessa sala. Fique aqui – Lauren disse nervosa, não lhe dando opção. Escancarou a porta que levava à recepção e saiu. Quando a bateu atrás de si, ela ouviu a fechadura virar. 

Lauren a trancara lá dentro.

Não confiava nela nem um pouco. Estava tão certa de que ela fugiria que sentiu que precisava trancá-la. 

Ou talvez estivesse tentando protegê-la. Um instante depois, ela ouviu algo ser lançado na recepção e a vibração da sua voz quando Lauren gritou, seguida pelo tom mais gentil de Lisa, murmurando alguma coisa.

Camila foi até o sofá de couro marrom escuro ao lado da ampla janela e sentou-se, digitando no iPhone que ainda segurava.

Contei pra ela.

Ela enviou a mensagem para Taylor. 

Depois de alguns segundos, Taylor enviou uma resposta.

Como ele reagiu à notícia?

Me trancou no escritório dela.

Você está bem? Lauren está bem? 

Deus abençoe Taylor. Ela sempre apoiava tanto a irmã como Camila.

Ela saiu. Estou bem. Acho que ela está jogando os móveis pela sala. 

Alguns minutos depois, Camila ouviu a fechadura se abrir, e o rosto de Lisa apareceu quando a assistente abriu a porta. 

– Como você está, Camila? 

Camila tentou não sorrir. Todo mundo estava fazendo a ela a questão que deviam perguntar para Lauren. Ela estava bem. Um pouco abalada, mas bem. 

– Lauren está bem? 

– Um pouco brava. Não é problema meu, mas acho que entendi a situação. Falei para ela tomar um pouco de ar e voltar quando estiver mais calma – atrás de Lisa, Camila podia ver o estrago no chão, onde Lauren tinha jogado canetas e outros equipamentos do escritório. – Gostaria de uma bebida enquanto espera por ela? 

– Adoraria um copo d’água, obrigada – ela não tinha percebido como a boca estava seca até Lisa ter oferecido. O confronto tinha sugado toda a umidade dela. 

Lauren levou mais de vinte minutos para voltar. Enquanto esperava, Camila mandou algumas mensagens para Taylor, descobrindo que Lauren tinha ligado para a irmã e parecia mais calma. Mesmo assim, Camila ficou tensa quando a porta se abriu, com medo de qual lado de Lauren estava prestes a ver. 

– Desculpe por ter te trancado – as primeiras palavras dele a acalmaram. – Precisava sair daqui antes de fazer algum estrago. 

– Sou eu quem precisa pedir desculpa. 

Lauren ignorou o arrependimento dela. 

– Pedi para Lisa nos colocar no primeiro voo para a França. Saímos hoje à noite. 

– Tenho um voo amanhã… – ela começou a protestar, mas Lauren fez um gesto de negação. 

– Está feito. Enquanto espero minha bagagem, você pode me dar algumas respostas – Lauren aproximou-se dela, sentando-se na cadeira de couro à sua frente. Na luz brilhante do sol da tarde, as feições dela pareciam mais nítidas, e Camila sentiu a estranha vontade de passar um dedo pelo maxilar dela. 

– É claro. 

Lauren reclinou-se, passando as mãos pelo cabelo. 

– Por que não me contou? Foi vingança por eu ter ficado com Meredith até ela ficar melhor? Porque isso é baixo demais – as palavras saíram todas juntas, e Camila sentiu cada uma perfurar seu coração. 

Ela balançou a cabeça rapidamente. 

– Queria contar pra você. Não sabia de nada até estar grávida de quatro meses. Assim que peguei o exame, liguei pra você – ela virou o copo de água. – Sua mãe atendeu, e me disse que Meredith ficaria presa a uma cadeira de rodas para o resto da vida, e que você estava cuidando dela. 

A mão de Lauren ainda estava no cabelo, agora puxando em vez de alisar. Camila resistiu à vontade de abaixar o braço dela. 

– Minha mãe disse o quê? – a voz de Lauren era puro gelo. 

– Que Meredith nunca andaria de novo, que ficaria presa numa cadeira de rodas para sempre. 

O silêncio que se seguiu era pesado. Lauren demorou um tempo para cortá-lo. 

– Por que ela diria isso? 

Camila sentia que o coração estava sendo apertado por um torno. Ela estava morrendo de medo de que Lauren acreditasse em Caroline e não nela. E por que não faria isso? 

– Não sei – ela balançou a cabeça –, mas acreditei nela. – Camila queria voltar no tempo, reviver aquela conversa e fazer questões mais pontuais a Caroline. Mas ela estava tão emocional, ainda em choque pela descoberta da gravidez, desesperada para falar com Lauren
e contar as novidades. Caroline tinha tirado proveito disso e impediu-a antes mesmo que ela começasse. 

– Você não sabe – a voz de Lauren tinha adquirido aquele tom outra vez. Camila estava tendo dificuldade em ler suas expressões. Seu rosto era uma máscara e ela queria agarrá-la e sacudi-la até conseguir uma reação. – Então por que não me ligou de novo? 

Camila umedeceu os lábios. 

– Porque, se eu dissesse que estava grávida, você teria deixado Meredith. Eu não podia fazer isso com ela, nem com você. Achei que ela estava paralisada e precisava de você. Eu sabia que a partiria em duas se tivesse que escolher entre nós. 

– Era mentira – a expressão estoica de Lauren foi dominada pela emoção. – Minha mãe mentiu. 

– Ela não sabia que eu estava grávida – a voz de Camila falhou, e lágrimas arderam em seus olhos. – Eu devia ter contado pra você.

Lauren levantou-se e começou a andar de um lado para o outro sobre o chão de madeira escura.

– Não consigo nem explicar como me sinto agora. Estou furiosa com minha mãe e com você, e até com Taylor, por ter conhecido meu filho antes de mim. Se você não fosse a mãe do meu filho, eu provavelmente ia querer matá-la. 

Camila começou a tremer outra vez. O humor dela estava oscilando de um extremo a outro, e ela podia entender o porquê. Se descobrisse que tinha um filho dezoito meses após o nascimento dele, ela estaria furiosa também. Para não dizer confusa e assustada. 

Ela olhou para Lauren. 

– Você disse que tinha questões. Mais de uma? 

– Qual o nome completo dele?

Isso vai doer, ela pensou. 

– Matthew Michell Cabelo. 

– Você deu meu segundo nome pra ele? 

– Não podia dar seu sobrenome, então dei o segundo. Matthew significa presente de Deus – ela deixou um suspiro escapar dos lábios. – E ele realmente é um presente, Lauren. 

– Ele é saudável? Feliz? – Lauren disparava as palavras como balas. 

Ela sentiu um aperto no coração. Mesmo no maior turbilhão de emoções de sua vida, Lauren estava perguntando sobre o bem-estar de outras pessoas. Ela tentou reprimir o amor que sentia por ela, que estava ameaçando escapar dela. 

– Ele é perfeitamente saudável. Tomou todas as vacinas. Houve algumas quedas e machucados, mas nada sério – ela tentou sorrir através das lágrimas. – É a criança mais feliz que eu já vi. Está sempre sorrindo e adora brincar. Quando entro em casa depois que estive fora, ele abre o sorriso mais doce e lindo – agora que tinha começado a falar do filho, ela não conseguia parar. – E é tão inteligente. Já sabe várias palavras e começou a andar antes de completar um ano. Você vai amá-lo. 

A expressão maravilhada de Lauren indicava que ela já amava. 

– Preciso vê-lo – a voz dela falhou. – Não acredito que isso está acontecendo. 

Camila queria estender a mão e tocá-la. Aquele turbilhão de emoções estava fazendo efeito sobre Lauren. Ela estava desesperada para ajudá-la. 

– Sinto muito. Queria que você estivesse lá quando ele nasceu. 

– Foi um parto fácil? – Lauren parou de andar e sentou-se de novo. Dessa vez, ao lado dela, o que deu a Camila uma centelha de esperança. 

– Foi como se ele estivesse me rasgando em duas, mas valeu toda a dor. No momento que o puseram nos meus braços, eu sabia que faria tudo de novo sem pensar duas vezes. 

– Você tem fotos de quando ele era bebê? 

– Todas de quando era recém-nascido estão num álbum em casa, na França. Tenho algumas de quando começou a engatinhar – ela passou pelas fotos no celular e mostrou-as a Lauren.

Lauren viu todas, os olhos brilhando enquanto observava o filho. 

– Ele é lindo – Lauren sussurrou. – Mal posso esperar pra você o conhecer. – Taylor me deixou ouvi-lo no telefone. Ele disse seu nome. 

Camila engoliu, o sorriso eclipsado pelas lágrimas quando pensou em Matty. Ela sentia tanta saudade dele que até doía. Seus braços sentiam a ausência dele. Ela enxugou o rosto molhado. 

– Ele é um menino tão esperto. 

A porta abriu e Lisa enfiou a cabeça para dentro. 

– Jack está aqui com a bagagem. Já quer descer? 

– Sim – a resposta de Lauren foi imediata. Ela foi até a mesa e desligou o computador, pegando o laptop junto com alguns documentos. Enquanto fechava a maleta, virou-se para Camila. – Você tem wi-fi na sua casa, na França? 

Camila assentiu, perguntando-se por quanto tempo Lauren pretendia ficar. Então começou a se preocupar com as intenções dela. Ela não podia ficar na França para sempre. Será que tentaria tirar Matty dela? Ela tinha todo o direito de pedir guarda conjunta, e por mais que isso fosse quebrar seu coração, Camila não poderia recusar. 

Ela pensou que poderia simplesmente contar a verdade e voltar para a França. Imaginou que sua vida continuaria a mesma, só melhorada pelo fato de que Matty conheceria a outra mãe. Porém, se a vida era complicada antes, não era nada comparada com o que o futuro traria. 

Lauren atravessou a recepção e apanhou a mala dela, passando-a sobre seu ombro. Camila a seguiu, o coração ainda acelerado enquanto pensava sobre o futuro. Parte dela estava animada porque veria Matty em menos de um dia. A outra parte estava com tanto medo que não conseguia respirar. 

Ela ainda não sabia se o pior tinha passado.
 


Notas Finais


Bom, nao sei quando volto com mais :(
To lotada de trabalhos da faculdade
Bjs


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