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História Sempre Foi Você - Slowly


Escrita por: Barbarideadi

Notas do Autor


VOLTEI
AMÉM PASSEI EM TODAS AS MATERIAS
TO LIVRE, FERIASSS

Capítulo 39 - Slowly


1º de junho de 2012 

Lauren foi até a porta pesada e destrancou-a, os músculos das costas tensos enquanto abria. A luz do corredor despejou-se pelo chão de madeira e ela deu espaço para deixar a mãe passar. 

Caroline Maxwell entrou na sala usando um vestido de festa de chiffon cor-de-rosa, com uma echarpe jogada sobre os ombros. Ela tinha puxado o cabelo loiro do rosto com um grampo, revelando feições lisas que escondiam sua idade. Embora Lauren nunca tivesse perguntado, imaginava que algumas das férias dela envolviam interações com bisturis e cirurgiões caros. Com certeza ela tinha dinheiro suficiente para aquilo. 

Quem quer que fosse, tinha feito um bom trabalho. 

– O que ela está fazendo aqui? – Caroline fez um gesto para Camila com uma mão bem cuidada. Seus lábios carnudos contorceram-se, mas não havia uma ruga sequer visível. – Na verdade, não precisa explicar, ouvi tudo de Olivia Cabello. Ela estava adorando contar para o baile inteiro sobre meu novo neto – ela olhou para Camila, o nariz torcido em desdém. – Não acredito que você está deixando Camila enganá-la com essas mentirinhas estúpidas. 

Lauren sentia a raiva borbulhando sob a pele, o rosto ficando quente enquanto a olhava com fúria. Ela empinava o nariz como se tivesse sido a pessoa mais prejudicada com aquilo tudo, e Lauren queria torcer seu pescoço fino e gritar. Caroline precisava saber o que ela tinha perdido por causa das mentiras dela. Sua calma só a deixava mais furiosa. 

– Não acho que você deva se fazer de superior – Lauren foi incapaz de esconder a amargura. – Porque a queda vai ser alta. 

Caroline riu. Foi uma risadinha fina e frágil, que a fez estremecer. 

– Nunca fiquei tão constrangida na minha vida – ela puxou o pingente de diamante ao redor do pescoço. – “Ah, ouvi dizer que virou avó, Caroline. Você não sabia que Lauren e Camila tinham um filho juntos? Que terrível, elas mantiveram segredo” – o sarcasmo dela cortava o ar da sala como uma faca deslizando na manteiga. 

Lauren pegou a mão de Camila, não querendo que ela ficasse escondida. Lauren a queria do seu lado – precisava dela ao seu lado – para mostrar que não tinha vergonha do relacionamento delas. Estava orgulhosa que Camila quisesse ficar com ela. 

– Ah, isso é simplesmente perfeito – Caroline exclamou com desdém, quando Lauren puxou Camila para seus braços. – O que ela faz pra fazê-la voltar correndo toda vez? É boa de cama, é isso? Porque você pode pagar pessoas se quiser sexo… 

Camila desencostou-se de Lauren, dando um passo à frente com a mão erguida. Lauren viu quando a palma aberta dela fez contato com o rosto da sua mãe. O impacto foi forte o bastante para fazer Caroline dar um passo para trás. 

– Não ouse me comparar a uma prostituta – Camila disse. Lauren teve que apertar as mãos para não aplaudir. – E ficaria grata se mantivesse a voz baixa, há uma criança dormindo nesta casa. 

Uma linha vermelha lívida estava se formando na bochecha da mulher. Ela encarou Camila com os olhos faiscando, o rosto contorcido de raiva. 

– Você vai deixá-la falar comigo desse jeito? Ela me atacou! – Caroline exclamou. 

– Eu não deixo Camila fazer nada. Ela é uma mulher independente, e pode fazer o que quiser na nossa casa – Lauren podia sentir o coração acelerando, martelando no peito. Queria abraçar Camila de novo e dar-lhe um pouco de conforto. – Se a comparar com uma prostituta outra vez, ponho você na rua. 

Caroline retraiu-se visivelmente, os olhos começando a marejar. 

– Por que está tão brava comigo? Não fui eu quem menti sobre uma criança ou apareci anos depois fingindo que é sua – ela alisou uma mecha solta de cabelo. – Já fez um teste de DNA? 

Lauren encarou-a. 

– Matty é meu filho, não preciso de um teste de DNA para me dizer a verdade – ela olhou para o corredor, os olhos pousando na porta fechada do quarto dele. – Estou brava com você porque o único motivo de Camila não ter me contado que estava grávida foram suas malditas mentiras – sua voz estava ficando mais alta. Ela precisava controlar a raiva. 

– Não sei do que está falando – o tom de Caroline era arrogante. Ela esfregou a bochecha. – Nunca menti para Camila. 

– Mentiu sim! – Camila respondeu. Ela estava tremendo como um animal assustado sob o braço de Lauren. – Liguei para o celular de Lauren e você atendeu. Você me disse que Meredith nunca mais andaria. 

– Acho que me lembraria de algo assim. Quando você ligou? 

– Quando descobri que estava grávida, em junho de 2010 – Camila respondeu. Ela passou a mão ao redor da cintura de Lauren, procurando algo a que se agarrar. 

Caroline balançou a cabeça, uma linha fina se formando entre suas sobrancelhas. Ela piscou algumas vezes antes de olhar para Lauren com uma expressão acusatória. 

– Junho de 2010, não foi quando você disse a Meredith que não queria se casar com ela? 

Lauren pensou por um momento, deixando a mão de Camila em sua cintura acalmá-la. Era difícil lembrar os eventos de dois anos antes, embora algumas datas estivessem gravadas em sua mente. Como quando Lauren disse a Meredith que não queria ficar com ela ou quando foi para Londres e descobriu que Camila tinha desaparecido outra vez.  

Seu estômago revirou-se quando uma lembrança brilhou em sua mente. Ela lembrava-se da mãe ligando para ela no trabalho, dizendo que ela tinha esquecido o celular em casa. Caroline estivera no apartamento com Meredith, ajudando-a a empacotar suas coisas. Ela tinha se oferecido para levar o celular de Lauren para o escritório. 

– Quando falou com Camila, Meredith e eu já estávamos separadas? – Lauren fechou a mão num punho, sentindo a necessidade de bater em alguma coisa. Todos os momentos dos últimos dois anos tinham sido em vão. Elas estavam tão próximas de ficar juntas para sempre, de ter tudo que sempre quiseram… e algumas palavras da mãe tinham sido o suficiente para fazer tudo desabar. – Você disse pra ela que Meredith estava paralisada quando a gente já tinha se separado? 

– Achei que você podia mudar de ideia sobre a separação… – Caroline sussurrou, a voz sumindo. 

Ao seu lado, Camila apertava a mão firmemente sobre a boca, o horror da situação fazendo lágrimas escorrerem pelo seu rosto. Lauren se perguntou se ela sentia vontade de xingar e esmurrar alguma coisa – qualquer coisa –, assim como ela. A raiva era grande demais; Lauren não sabia como controlá-la sem explodir. 

– Então você se lembra de ter dito a ela que Meredith estava paralisada? 

Caroline assentiu, estremecendo e afastando-se de Lauren. Ela sabia que estava agindo como uma louca; seu corpo tenso como uma cobra prestes a dar o bote. Só a mão de Camila na dela conseguia ancorá-la, impedi-la de fazer algo de que poderia se arrepender depois. 

– Por que você faria isso? Percebe que Camila estava me ligando para dizer que estava grávida? Perdi dezoito meses da vida do meu filho por culpa sua. 

A mãe dela pôs uma mão no peito, apertando com dedos enrugados. 

– Eu não sabia… 

– Você sabia o suficiente para fazer Camila desistir. Sabia o suficiente para não me dizer que alguém tinha ligado. Não se faça de inocente, você é culpada como o diabo – o corpo de Lauren estava tão tenso que ela queria gritar, xingar… fazer qualquer coisa para se livrar da tensão. 

Todos os segundos na frente da mãe eram um lembrete do que ela quase perdera. 

Do que ela tinha perdido. 

– Meredith sabia sobre a ligação? – pingava ácido da sua voz. 

Caroline balançou a cabeça, seu rosto desesperado enquanto se aproximava dela, estendendo a mão. 

– Lauren, você não tem que fazer isso. Podemos falar com os advogados e conseguir a guarda pra você. Você não precisa morar com Camila. 

Lauren precisou de alguns segundos para absorver as palavras. Caroline queria que ela deixasse Camila e tomasse Matty dela. A insensibilidade da sugestão foi o último prego no caixão do relacionamento delas. Lauren a queria o mais longe possível da sua família, para que ela não pudesse envenená-las da mesma maneira que tentara com ela. 

Ela apertou Camila com mais força, enfiando a cabeça no seu cabelo por um instante e beijando os cachos sedosos. 

– Quero que você saia agora – a voz dela saiu abafada pelo cabelo de Camila. Ela não conseguia olhar para a mãe nem acompanhá-la até a porta. A náusea revirava seu estômago enquanto se lembrava das últimas palavras que ela dissera a Camila no dia daquela ligação terrível. Lauren se sentia amargamente irônica quando disse para a mãe: – Não volte mais. 

– Nunca? – a voz de Caroline subiu uma oitava. Camila afastou-se de Lauren e colocou uma mão reconfortante em seu peito. Ela balançou a cabeça de leve, como que dizendo a ela para se controlar. No fundo Lauren sabia que Camila tinha razão; não deveria tomar decisões em um momento de raiva, mas ela precisou de toda sua força para não arrastar a mãe fisicamente para fora de casa. 

– Aqui não. Não quero você perto da minha família – Camila prendeu a respiração quando Lauren disse aquelas palavras. – Sei que não posso evitá-la na Maxwell Enterprises, mas não pretendo deixá-la fazer parte da minha vida pessoal. 

– Mas sou sua mãe – Caroline endireitou os ombros. – Mereço seu respeito. Não acredito que está escolhendo ela em vez de mim. Pare com essa bobagem. 

Lauren indicou a porta, agitando a mão como se estivesse dispensando um cachorro. 

– Só estou grata por poder escolher. Não houve muitas possibilidades de escolha para mim nos últimos anos. 

Caroline lançou-lhe um último olhar furioso, os lábios cerrados enquanto balançava a cabeça e se virava para a porta. Quando a viu sair, Lauren só sentiu alívio. Foi como se o último bloco no meio do seu futuro tivesse sido derrubado. Ela permitiu que um pequeno sorriso surgisse em seus lábios.  

Depois que Caroline saiu, Camila parecia apagada, como se alguém a tivesse pintado de cinza. Lauren queria reaver os momentos roubados em que a tivera em seus braços, as pernas em volta de sua cintura. As coisas tinham parecido tão alegres e fáceis; ela não sabia como recapturar aquele sentimento. 

– Acho que vou dormir. Foi um longo dia – Camila abriu um sorriso frágil. – Quem sabe as coisas não parecerão menos deprimentes pela manhã. 

Ela sabia que Camila estava certa. O momento tinha passado, e elas precisavam dar tempo a elas mesmos para que as feridas se curassem. Ela não estava menos decepcionada, no entanto. 

– Se a faz sentir-se melhor, o pior de fato acabou. Nossos pais já sabem, e a reação dos dois não foi exatamente inesperada – Lauren tentou reconfortá-la. 

– Até Michael e Clara estão bravos comigo. 

Lauren balançou a cabeça. 

– Não estão. Estão chocados e surpresos, mas falei com Clara hoje e eles estão planejando uma visita em breve. Eles estão tão animados para ter você e Matty na vida deles. 

Lauren estendeu uma mão e tocou o rosto dela com a palma. Sua pele estava macia e umedecida pelas lágrimas. Lauren passou o dedão pela maçã de seu rosto e enfiou os dedos em seu cabelo, puxando-a para um abraço até que o rosto dela encostasse em seu peito. 

– Esqueci de falar, Taylor ligou hoje. Ela vem pra Nova York na semana que vem – a voz de Camila estava abafada pela camisa dela. – Ela queria saber como você se sentiria se Shawn viesse junto. 

Lauren riu, o peito vibrando contra o rosto dela. 

– Ela realmente quer saber? 

Camila afastou-se, erguendo a cabeça para ela, os olhos brilhando de divertimento. 

– Na verdade, não. Eu disse pra ela ligar diretamente pra você – ela passou um dedo no queixo dela. – Você não vai ser chata com ela, vai? Acho que os dois foram feitos um pro outro. 

Ela estremeceu com a ideia de que a irmã tivesse sido feita para alguém. 

– Suponho que terei uma chance de ter uma conversa franca com Shawn – Lauren respondeu, o tom provocativo. 

– Pobre Shawn. Bom eu não ter um irmão mais velho pra ir atrás de você. 

A expressão de Lauren ficou séria. 

– Queria que alguém tivesse ido atrás de mim. Sei que Shawn estava do seu lado e que uma hora contou para Taylor, mas um cara furioso com uma espingarda poderia ter evitado tantos problemas. 

– Enterrando você antes que chegasse a conhecer Matty? 

Lauren balançou a cabeça.

– Não, cuidando de você e se certificando de que eu assumisse as minhas responsabilidades. 

A mão de Camila permaneceu no rosto dela. Lauren virou a cabeça para beijar a ponta dos dedos dela, seu corpo reagindo enquanto ela acariciava os seus lábios. Ela viu a boca de Camila se abrir através de pálpebras pesadas, e ela mordeu o lábio inferior de um modo que fazia o calor descer direto para sua virilha. Ela pôs o dedão na boca de Lauren, sua expressão não deixando dúvidas sobre seus sentimentos em relação a ela. 

– Você precisa dormir – a voz de Lauren estava rouca de desejo. Ela queria seguir Camila para o quarto dela e tirar as roupas do seu corpo. Queria reconfortá-la com cada centímetro do seu próprio corpo. Mas disse a si mesmo para ir devagar, por mais desesperada que estivesse para estar dentro dela. Elas tinham o resto da vida para ficar juntas e ela queria fazer aquilo do jeito certo. 

Camila assentiu. 

– Foi um longo dia – ela deu um sorriso frágil, afagando o rosto bonito dela. – Você deveria dormir também. 

– Preciso trabalhar um pouco antes de ir pra cama – Lauren sabia que não conseguiria dormir, mesmo que estivesse exausta. Saber que ela estava a um quarto de distância, sem dúvida, a manteria acordada. 

Lauren inclinou-se para a frente e encostou os lábios na bochecha dela. 

– Bons sonhos, Camila – enfiando as unhas nas mãos para se impedir de carregá-la para sua cama, virou-se e foi para o escritório, ciente de que ela a seguia com os olhos. 

Lauren odiava ir devagar. 


Notas Finais


ATÉ QUALQUER HORA


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