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História Sempre Foi Você - Proximity


Escrita por: Barbarideadi

Notas do Autor


I'M BACK
Boa Leitura

Capítulo 4 - Proximity


Lauren Jauregui aceitou outra taça de champanhe do garçom enquanto abria caminho pela festa lotada. A taça estava fria, e gotas geladas de água escorreram por seus dedos onde ela a segurava. Tomando um gole, ela deu uma olhada rápida no salão em busca de alguém – qualquer pessoa – interessante para conversar.

Ela estava usando seu terno de sempre, com uma camisa branca feita sob medida e uma gravata preta. O terno caía como uma luva, e o paletó se assentava suavemente sobre seus ombros largos. As calças tinham o tamanho perfeito para sua cintura estreita. Lauren tinha o físico de alguém que praticava diversos esportes.

Desde que chegara a Londres, tinha conseguido agir como uma jovem de vinte anos pela primeira vez em muito tempo. Usava jeans, camisetas e moletons sem que uma única sobrancelha se erguesse. Frequentava pubs, bebia cerveja e flertava com garotas bonitas, a maioria das quais sua mãe consideraria muito abaixo da sua condição social.

Infelizmente, esse tipo de festa a lembrava um pouco demais sua casa, sua mãe e os amigos dela da alta sociedade.

Vendo o pai e Clara num canto do salão, ela se acotovelou entre a multidão de convidados para alcançá-los. Enquanto andava, ouvia trechos de conversas.

– Claro, John está de plantão para quando o bug do milênio atacar…

– Mal posso esperar o rio de fogo! Bob Geldof é tipo um Gandalf contemporâneo…

Ela não entendia nada daquelas conversas. Já achava difícil decifrar o sotaque, imagine compreender o que exatamente os ingleses diziam.

– Lauren – Clara a viu quando ela estava a um metro deles. Lauren aproximou-se e
beijou a madrasta no rosto. Ela cheirava a lavanda e rosas, e pousou uma mão sobre a lapela dela. – Sempre fica tão bonita de terno. E parece tão mais velha.

– E você está espetacular como sempre, Clara – ela respondeu. Clara alisou o vestido e abriu um sorriso enorme.

– Sua sedutora. Está cada dia mais parecida com seu pai.

Com sua visão periférica, ela avistou alguém se aproximando deles. Quem quer que fosse, estava usando preto e branco. Imaginou que fosse alguém da equipe do buffet.

– Posso oferecer uma chipolata Cumberland em massa choux, com mel e mostarda? – Lauren reconheceu a garota. Ela a vira no salão mais cedo, e era difícil não reparar no seu cabelo escuro e pele pálida.

– Parece um enroladinho de salsicha pra mim – Clara sorriu para a garota. Elas pareciam íntimas demais para uma garçonete e sua empregadora. – Camila Cabello, este é meu marido, Michael Jauregui, e minha enteada, Lauren.

– Ouvi muito sobre você, Camila – o pai dela falou primeiro. – Clara acha que eu devia fazer reverência ao conhecer você.

As sobrancelhas de Lauren se uniram em confusão. Como raios eles conheciam essa garota? Ela não parecia o tipo de pessoa que frequentava festas como aquela. Ela era pura energia concentrada, aparentemente sem filtro verbal.

– Talvez eu faça reverência pra você – Camila sorriu.

– Gostaria disso. Acho que nunca ganhei reverência de uma moça bonita como você – Michael era todo sorrisos e charme natural. Seu flerte inocente fez Camila corar. Lauren olhou-a fascinada enquanto o sangue subia ao rosto dela, fazendo sua pele brilhar.

Camila voltou-se para Clara.

– Quanto champanhe ele já bebeu?

Ela também sofria o mal da modéstia excessiva dos ingleses. E Lauren queria vê-la envergonhada outra vez.

– Camila Cabello, é um prazer conhecê-la – ela tomou sua mão e a ergueu aos lábios, esperando um tremor, um suspiro. Qualquer coisa. 

Nada. Ela só a encarou, com seus olhos brilhando, divertidos, enquanto Lauren soltava sua mão.

– Idem, garota-Columbia. Quase não te reconheci de black tie. Te faz parecer mais velha. Garota-Columbia? O terno a fazia parecer mais velha? Por que o pai ganhava olhares tímidos e rosto corado e ela recebia respostas ácidas?

– Bem, garota gótica, peço desculpas por atordoá-la com meu vestuário – ela arrastou as palavras de propósito, sabendo que sarcasmo era a forma mais baixa de humor.

– Foi um prazer conhecer todos vocês. Tenho que encher o resto dos seus convidados de entranhas de porco enfiadas em salgadinhos – disse isso e saiu, dirigindo-se a um grupo no outro canto do salão. Lauren a observou-a se afastar, admirando o modo como sua saia preta apertada se aderia à bunda redonda.

Michael tinha erguido uma sobrancelha. Havia uma expressão especulativa em seu rosto bonito enquanto encarava a filha. Lauren não disse nada, só balançou a cabeça e sorriu.

Depois que bateu a meia-noite e eles cantaram “Auld Lang Syne”, Lauren saiu para o saguão, pensando em ir para a cama. Então viu Camila sentada no topo das escadas, ao lado de uma figura pequena que se parecia muito com sua irmã.

Ela e Taylor eram próximos, apesar de morarem em países diferentes. Lauren se preocupava constantemente com ela. Ela não era uma garota de dez anos típica, que adorava coisas cor-de-rosa e fazer compras. Era peculiar e engraçada, lia livros como se não houvesse amanhã, e amava desenhar tudo o que visse pela frente. Era diferente, e isso a tornava um alvo. Ela sabia que Taylor odiava a escola e o desprezo das outras meninas. Mesmo aqui, em Londres, ela era tratada como uma espécie de pária.

Subindo as escadas em silêncio, decidiu espiar a conversa, antes de chamar a atenção delas para sua presença. Pelo que podia ouvir, era Taylor quem mais falava. Isso era incomum.

– … não, eu meio que gostava das Spice Girls. Mas odeio a Britney Spears, e a Christina Aguilera é terrível. Quer dizer, elas foram Mouseketeers, pelo amor de Deus.

– O que é Mouseketeers? – o tom de Camila era gentil e alegre. Mais alguns passos e ela poderia ver o rosto dela.

– Do Show do Mickey Mouse. Eles fazem umas danças estúpidas, e esquetes e coisas assim. É tão idiota – a voz de Taylor era baixa, como se ela soubesse que não deveria estar fora da cama conversando com uma desconhecida no topo da escadaria de mármore.

– Parece o Inferno na Terra. Graças a Deus você saiu dos Estados Unidos enquanto podia.

Taylor riu.

– Prefiro Nine Inch Nails. Trent Reznor é o cara.

Dessa vez, Camila riu também.

– Não acredito que uma menina de dez anos gosta de Nine Inch Nails. É culpa do seu pai. Clara me disse que ele é um grande fã de Marilyn Manson.

– Ah, meu Deus. Não, não, não. Ele fica se confundindo entre Marilyn Manson e Marilyn Monroe. Ele é fã da loira, não do cantor. É tão constrangedor.

Lauren gargalhou com as palavras de Taylor. Michael sempre tentava se manter atualizado com as últimas tendências, e normalmente fazia um papelão. Não que se importasse; a habilidade de rir de si mesmo era uma das melhores qualidades do pai.

– É você, Lauren? Está espiando de novo? – a voz de Taylor soou com clareza.

Lauren subiu os últimos degraus, vendo a irmã sentada ao lado de Camila, encostada nela enquanto conversavam. As pernas de Camila estavam dobradas, os joelhos contra o peito. Era difícil não encarar as panturrilhas dela.

Camila ergueu os olhos para ela.

– Você pegou a gente. Agora você vai ser uma boa garota-Columbia e manter segredo ou vamos ter que amordaçá-la?

Lauren ficou tentado a responder com um comentário obsceno, mas mordeu a língua, lembrando que a irmã estava ali.

– O que está fazendo aqui em cima, tampinha? Achei que você não queria vir à festa – ela abriu um sorriso indulgente para Taylor. – Se soubesse que ela queria participar, teria ficado feliz em ser sua acompanhante.

– Queria ver a celebração à meia-noite. Seria péssimo se alguém me perguntasse o que eu estava fazendo quando o novo milênio chegou e eu dissesse que estava escondida na minha cama, toda antissocial.

Lauren fez uma careta. Às vezes ela era adulta demais, e percebia coisas demais. Ela odiava que sua irmã se sentisse uma aberração.

– Mas estou com sono agora – Taylor continuou. – Camila, me leva pra cama? – ela levantou os braços, parecendo uma criança de novo.

– Deixa eu te ajudar, Camila – Lauren disse, gostando subitamente de como o nome dela soava na sua língua. Ela se virou para Taylor e pegou-a nos braços. – Sua carruagem a aguarda, princesa.

Taylor riu enquanto ela a carregava ao longo do corredor, erguendo uma mão à boca para abafar o som, de modo que os convidados lá embaixo não percebessem sua presença. Camila seguiu logo atrás delas, deixando Lauren consciente da sua presença.

Sentindo-se dócil, Taylor encostou a cabeça no ombro da irmã mais velha.

– Obrigada, Lo. Você é uma ótima irmã mais velha.

– Melhor que o Chris?

Lauren carregou Taylor até o quarto dela, contorcendo-se suavemente para fazer as pernas.

– Chris não é um irmão, é um animal. Toda vez que me vê, ele me joga no ar. Sempre fico com medo que não vá me pegar – a voz de Taylor estava arrastada de sono. dela passarem pela porta.

Lauren colocou-a na cama e a cobriu. Camila estava de pé, na porta, observando-os. Sorrindo para ela, Lauren podia sentir surgirem pequenas rugas ao redor dos olhos. Quando ela devolveu o sorriso, com os cantos de seus lábios carnudos curvando-se para cima, ela sentiu algo desabar em seu estômago.

– Bem, tampinha, prometo que sempre estarei aqui pra te pegar – Lauren sussurrou, beijando a testa da irmã. Taylor já estava dormindo, sua respiração suave saindo num ritmo tranquilo.

– Sua irmã é um doce – Camila disse, quando ela a encontrou na porta. – É o oposto das minhas irmãs más. Você tem sorte.

– Você tem irmãs?

– Meias-irmãs – ela respondeu. – Gosto de me lembrar que só somos meio parentes. Elas são o demônio encarnado em gêmeas de onze anos. Já acham que sou inferior a elas socialmente.

– Parecem adoráveis – Lauren arrastou a fala outra vez. Algo brilhou nos olhos de Camila.

São ótimas. Podemos trocar, se você quiser – isso a fez sorrir. As irmãs dela pareciam exatamente o tipo de criança que tratariam Taylor como lixo.

– O que você está fazendo aqui em cima, aliás? Não deveria estar enfiando canapés na garganta de convidados indefesos?

Era engraçado como ela se sentia leve, lá em cima com Camila, longe da festa e da multidão.

– Estou numa pausa. Tenho… – Camila olhou o relógio. – Quinze minutos ainda.

– Nossa, tantas coisas que você poderia fazer com esses quinze minutos… possibilidades infinitas – ela sorriu, deixando o corpo roçar contra o dela enquanto saíam no corredor. – Gostaria de ir pro meu quarto?

– Deus do céu! Você não perde tempo, né? – Camila exclamou, fazendo Lauren reexaminar o que tinha dito exatamente.

– Ah, merda, não quis dizer isso – ela torceu as mãos, nervosa. – Sério, não era uma cantada. Não que você não seja bonita ou algo assim. O que quis dizer foi… tenho um PlayStation, um Tony Hawk, e dois controles com nossos nomes neles. Quer se juntar a mim? – Lauren estava corada agora, chocada com a própria obtusidade e com a resposta dela.

– Nesse caso, como posso recusar? Mas já te aviso que sou completamente inútil em jogos.

Enquanto Lauren montava o PlayStation no quarto, Camila foi examinar sua estante, observando os CDs como se estivesse tentando descobrir de que tipo de música ela gostava.

Lauren sorriu quando viu a testa dela franzida de perplexidade. Seu gosto era eclético; era difícil categorizá-lo quando os CDs iam de Puccini a Prodigy.

– Você tem umas coisas legais. Nem quero saber quanto vale essa coleção – ela passou os dedos sobre as lombadas plásticas dos CDs. Lauren suprimiu um sorriso, decidindo que seria tolo contar a ela que essa era só uma pequena parte da sua coleção e que ela tinha milhares de outros CDs em Manhattan.

– Quer ir primeiro? – os olhos delas se encontraram. Ela sentou no tapete, encostando as costas contra a cama e dobrando as pernas. Camila foi até ela e sentou-se ao seu lado, abanando a cabeça para recusar o controle oferecido.

– Vai você primeiro, eu assisto e aprendo.

Três manobras aéreas, dois saltos mortais e uma derrapagem depois, e seu “medidor especial” estava completo. Ela fez mais algumas manobras especiais, exibindo-se um pouco para Camila.

– Você faz parecer tão fácil – ela reclamou.

– Tudo é fácil quando você sabe como fazer. Eu não durmo bem, então pratico bastante. Sua vez.

Camila pegou o controle e olhou para a tela da tevê com uma determinação sombria. O skatista se moveu lentamente sobre o corrimão antes de cair da beirada. Tentando de novo, ela franziu a testa em frustração quando a mesma coisa aconteceu.

– Sou péssima nisso – ela se queixou, encarando a tela.

– Vem cá, vou te ajudar – Lauren fez um gesto para o chão, indicando onde Camila deveria se sentar. Ficou quase chocada quando a jovem engatinhou até ela, acomodando-se entre suas pernas e encostando as costas contra seu peito. Envolvendo-a com os braços, ela colocou os dedos sobre os dela enquanto ela segurava o controle, e lhe mostrou quais botões apertar para fazer um salto aéreo.

A sensação das costas dela esfregando-se contra seu peito e da bunda dela contorcendo-se contra sua virilha a deixou instantaneamente dura. Sua ereção pressionava a coluna dela. Com apenas duas finas camadas de tecido entre a pele delas, ela tinha certeza de que ela conseguia sentir.

Camila virou-se com uma expressão divertida. Ela levantou uma sobrancelha trocista.

– Você gosta mesmo desse jogo, hein.

– Não leve pro lado pessoal. Fico dura só de assistir National Geographic. Ela gargalhou, balançando a cabeça. As mãos de Lauren ainda estavam sobre as dela, e ela mostrou como ela podia combinar um salto aéreo com uma derrapagem.

– Nossa! Ganhei pontos especiais. Sou foda. Sou. Foda. – Camila se contorceu de felicidade por ter conseguido algo além de uma queda. Quando ela se moveu, seu corpo esfregou-se contra a ereção de Lauren, fazendo-a estremecer com o prazer doloroso que o movimento causava.

Olhando para o relógio, Lauren ficou quase aliviada ao ver que a pausa dela tinha terminado.
 

 


Notas Finais


Até logo


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