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História Sempre Foi Você - Emotions


Escrita por: Barbarideadi

Notas do Autor


VOLTEI
ESTAMOS NOS APROXIMANDO DO FIM

Capítulo 42 - Emotions


31 de dezembro de 2012 

Os funcionários do buffet tinham chegado de madrugada para preparar a casa para a reunião anual de véspera de ano-novo. Camila viu-os na cozinha, criando bandeja após bandeja de canapés e sobremesas. Ela sentiu um aperto no coração quando se lembrou de como sua mãe dirigia os procedimentos, o walkie-talkie em uma mão e o celular na outra, gritando em ambos os aparelhos ao mesmo tempo. 

– Está tudo bem? – Clara acariciou o rosto dela. – Estou tão feliz que você concordou em vir. 

– Nós não iríamos para nenhum outro lugar.  

Os três tinham vindo a Londres na véspera de Natal, planejando passar as festas com Michael e Clara. A família inteira tinha ficado encantada por compartilhar seu primeiro Natal com Matty. Camila apaixonou-se por todos eles de novo, a adoração deles pelo seu filho evidente em tudo o que faziam. 

– Mas deve te trazer lembranças. Às vezes é tão difícil pra mim acreditar que sua mãe não está mais com a gente. 

Lágrimas tomaram forma no canto dos olhos de Camila. Ela enxugou-as, determinada a não estragar o dia com lembranças tristes. Ela estava pronta para fazer novas lembranças – para Matty e o resto da família –, embora fosse difícil esquecer o passado. 

– Eu fico tão triste por ela não ter conhecido Matty. Ela teria adorado vê-lo correndo pela casa como se fosse um parquinho gigante – Camila fechou os olhos por um momento. Ela quase podia ver o sorriso encantado de Sinuhe. 

– Sabe, se ela pudesse ver você agora, estaria tão orgulhosa quanto eu – Clara puxou-a para um abraço e Camila envolveu os braços ao redor dela, fechando os olhos enquanto se permitia ser amada. 

– Acha mesmo? Tenho quase certeza de que, se estivesse aqui agora, ela estaria batendo em mim com uma colher de madeira. 

Clara não respondeu e, alguns segundos depois, Camila afastou-se para olhá-la. O rosto da mulher estava congelado, e Camila ficou com medo e sacudiu o braço dela de leve. 

– Ai, meu Deus, eu esqueci das gravações – Clara colocou uma mão no peito, parecendo inconformada. – Todas aquelas mensagens que ela deixou pra você. Elas estão numa caixa no escritório. ,

– Gravações? – Camila perguntou, confusa. – Que gravações? 

– Você não se lembra do nosso projeto, na casa de repouso? Sinuhe gravou algumas mensagens pra você. Eu deveria entregar em momentos específicos: seu casamento, seu primeiro filho. Não acredito que me esqueci. Deveria ter dado a primeira quando fiquei sabendo sobre Matty. 

– Posso ouvi-las agora? – Camila podia sentir um choque de animação percorrer o corpo. 

Ao longo dos anos desde a morte de Sinuhe, as lembranças da mãe tinham se tornado mais escassas, como um elástico alongado demais. Às vezes, ela não conseguia se lembrar exatamente da voz da mãe. E agora, saber que havia uma gravação – e que as palavras eram dirigidas a ela – era demais para suportar. 

– Claro que pode – Clara agarrou a mão dela, guiando-a para fora da cozinha e levando-a até o porão. No canto, atrás de uma grande porta de carvalho, ficava o escritório de Michael. – O que você usou para fazer as gravações? – Camila sabia a deterioração que certas mídias podiam sofrer. 

– Usei um gravador, e coloquei num CD. Sinuhe deu instruções bem específicas. 

Dentro do escritório, Clara tirou um CD da estante. A capinha de plástico em branco refletia a luz que entrava pela janela. Ela entregou-o para Camila, que o segurou por um momento, virando-o nas mãos. Sua mente voltou àqueles dias sombrios de 2005, quando a morte de Sinuhe a tinha feito perder muito mais que só a mãe. 

– Não sei se você quer ouvir todos, ou só sobre seu primeiro filho. Depois de tudo que aconteceu, acho que Sinuhe não se importaria se você quisesse ouvir mais. 

– Acho que quero ouvir todos, se eu puder – ela abraçou o CD. – Será que vai dar tempo, antes deles voltarem? 

Michael e Lauren tinham levado Matty ao parque, esperando deixá-lo exausto o bastante para que dormisse durante a festa. Camila suspeitava que talvez fossem Michael e Lauren que voltassem exaustos. 

– A gente não gravou muito. Ela estava fraca demais, não conseguia falar por muito tempo – Clara mordeu o lábio, olhando para o chão. – Se eles voltarem antes de você terminar, eu enrolo um pouco. 

– Pode ficar para a primeira? – Camila não sabia se conseguiria ouvir sozinha. Ela já estava agitada, como se o toque mais leve pudesse ocasionar uma crise de choro. 

– Fico o tempo que você quiser, querida. 

Camila virou o aparelho de som para elas, erguendo a tampa para colocar o primeiro disco brilhante nele. Ela estava prestes a apertar “play” quando Clara balançou a cabeça, estendendo a mão para apertar o botão de “forward”. 

– Por que não ouve a mensagem sobre seu primeiro filho? Parece um lugar apropriado para começar. 

– Ok – Camila assentiu, sentando-se na cara poltrona preta de Michael. O aparelho fez um pequeno estalo, seguido por um zumbido, indicando que a gravação estava tocando. 

– Camila… – a voz de Sinuhe estava fina, como uma folha ao vento. Quando a ouviu, Camila foi transportada para um tempo em que era a filha, e não a mãe. – Não sei mais como essas coisas funcionam. Gravei uma mensagem para seu casamento, mas tantas pessoas têm filhos antes de se casarem. De qualquer modo, eu queria dizer como estou orgulhosa de você – houve uma pausa e, em seguida, murmúrios suaves. Ela podia imaginar Clara ajudando Sinuhe a beber um pouco de água. – Parabéns, minha linda menina, por ter uma criança sua. Sei que será uma ótima mãe, como foi a melhor filha. Só fico triste por não poder estar aí para segurar meu neto nos braços, e tranquilizar você quando começar a duvidar de si mesma – houve outra pausa, e dessa vez Camila podia sentir as lágrimas começarem a escorrer pelo rosto. Ela não se deu ao trabalho de enxugá-las; seriam muitas, e ela precisava deixá-las cair. – Se eu tenho um conselho para dar, de uma mãe para outra, seria: saboreie tudo. Ser mãe não é fácil, mas cada momento é um presente, e foi um privilégio pra mim vê-la crescer e se tornar essa garota incrível que é hoje. Não se esqueça de tirar um tempo pra aproveitar ser mãe. Brinque, cante e dance com seu filho. Não deixe o tempo roubar esses momentos preciosos de você – Camila estava soluçando abertamente, o corpo envolvido pelos braços de Clara. – Amo você, Camila, amo muito. Você e meu neto. Sempre estarei aqui, em suas lembranças e no seu coração. 

O ruído branco da gravação foi sumindo e Camila estendeu a mão, querendo parar o CD antes que passasse para a próxima seção. Ela ouviria todas – precisava ouvi-las –, mas primeiro precisava de um tempo para assimilar o milagre de ouvir a voz da mãe morta. 

– Obrigada – ela sussurrou no ombro de Clara enquanto a mulher mais velha a abraçava apertado. – Estou tão feliz por ter me dado isso. 

Clara não disse nada, estendendo uma mão para enxugar as lágrimas das bochechas de Camila. Seus olhos castanhos estavam gentis, e Camila podia ver o amor neles. Ela tinha tanta sorte de ter tido uma mãe amorosa, e agora uma mãe adotiva dedicada. Estava determinada a cuidar de Matty do jeito que ambas tinham cuidado dela. 


Notas Finais


BYEBYE


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