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História Sempre Foi Você - Epílogo


Escrita por: Barbarideadi

Notas do Autor


HELLO GENTE
Vamos terminar 2016 com o ultimo capitulo dessa historia.
Logo logo volto com mais uma boa história pra vocês.
Obrigado aqueles que acompanharam a história. Aqueles que comentaram ♥. Aos favoritos. Todos vocês ♥
Bora pra 2017, preparar pros tiros dessa nova fase do grupo. Não sou do fandom, porém aprendi a gostar delas né, triste o que aconteceu, mas a vida segue.
FELIZ 2017 PRA VOCÊS, TUDO DE BOM NA VIDA DE VOCÊS!

Capítulo 45 - Epílogo


27 de agosto de 2021

– Mãe! – um grito veio do bosque ao lado do palco. Camila virou a cabeça e procurou a fonte do grito. Ela viu Lily sair correndo da sombra das árvores, seu rostinho de sete anos contorcido com justa indignação. – Matty disse que meninas não podem subir em árvores!

Camila viu Lily aproximar-se com as mãos nos quadris, o cabelo como se tivesse sido arrastada de costas por uma sebe. As roupas dela estavam cobertas com a evidência avermelhada da terra. 

– Ele disse? – a voz de Camila estava baixa, mas ela podia ver Matty espreitando nas sombras. Como Camila, ele estaria mordendo o lábio, temendo as consequências de suas ações. 

Lily estava tentando conter as lágrimas. Camila sabia que eram de raiva, e não de tristeza, e aquilo a deixava contente. 

– E todo mundo sabe que eu consigo subir mais alto do que todos eles – Lily fez um gesto desdenhoso, referindo-se a Matty e ao seu primo, Thomas. 

– Tente ignorá-los, querida – Camila puxou Lily para perto, envolvendo-a com os braços. – Eles estão com inveja, e talvez um pouco preocupados com sua segurança. 

– Eu não estava subindo tão alto, mamãe – Lily bufou. – Eu queria ver dentro do ninho do pássaro. 

Camila apertou os olhos e tentou não pensar no perigo que a filha estava correndo. Ela queria que as crianças crescessem com uma dose saudável de natureza, sabendo que o mundo era delas para explorar. Mas era difícil estabelecer limites e impedi-los de levar as coisas longe demais.

Lily abraçou a mãe antes de se afastar e correr de volta para a floresta, onde, sem dúvida, azucrinaria os primos até que admitissem que ela era a melhor escaladora. Camila viu Matty aproximar-se dela, uma careta no rosto. 

– A papa mandou notícias? – ele olhou para baixo, mas Camila sabia que estava mordendo o lábio outra vez. 

– Ainda não, querido – ela estendeu uma mão e apertou o ombro dele. Matty era seu filho mais sensível e o mais próximo de Lauren. Eles eram tão próximos, e eles se apoiavam um no outro. Quando Lauren viajava, Matty era como uma alma perdida, contando as horas até o retorno de sua papa. 

– Ela vai voltar a tempo? – Matty ergueu os olhos para ela e Camila podia ver a trepidação neles. Ela sentiu um aperto no coração por ele. 

– Querido, quando sua papa diz que vai estar em algum lugar, ela aparece. A não ser que haja uma catástrofe ou algo que a impeça fisicamente. Ela nunca quebra uma promessa. 

Ele olhou para ela, seu rostinho de dez anos brilhando com esperança. 

– Quero muito que ela venha. 

Camila puxou-o para perto. 

– Eu sei, querido. E ela quer vir também. Ela só falava disso quando ligou ontem – ela abriu um sorriso para ele. – Mas, de qualquer modo, você precisa parar de provocar sua irmã. Está deixando-a louca. 

– Ela que me deixa louco – ele reclamou. – Ela fica sempre atrás de mim e Thomas – Thomas e Matty eram inseparáveis, apesar de haver dois anos de diferença entre os primos. 

Camila gostava de ver os filhos cercados pela família, como peixes nadando em um mar de amor. 

– Preciso que seja um homenzinho hoje, Matt – ela sabia que ele odiava o apelido, embora ele sempre fosse ser Matty para ela. – Sem a papa aqui, preciso da ajuda de todos vocês para organizar o show. 

Ela olhou ao redor do acampamento, maravilhada com quanta coisa tinham realizado ao longo dos anos. De uma ideia de Lauren, o Acampamento de Verão Memorial Leon Maxwell tinha crescido para incluir não só as crianças afetadas pelo 11 de setembro, mas também crianças negligenciadas e pobres por todo os Estados Unidos. Camila tinha trabalhado a semana inteira com as cento e cinquenta crianças para organizar um show, e a apresentação começaria em menos de três horas. 

O campo já estava cheio de espectadores, sentados em toalhas e fazendo piquenique, esperando o show começar. 

– Eu ajudo, mamãe – Matty enfiou a cabeça no ombro dela, e ela lembrou-se de como ele tinha crescido. Como Lauren, ele era alto e parecia ter muito mais do que seus dez anos. 

– Obrigada – ela sussurrou no cabelo dele. 

– Acha mesmo que ela vai voltar a tempo de me ouvir tocar? – ele perguntou de novo. 

Lauren estava viajando havia duas semanas, trabalhando com a Fundação Maxwell para ajudar crianças pobres na África Ocidental. Ela pretendera chegar em casa no dia anterior, mas reuniões de emergência com chefes locais tinham atrasado sua partida. 

– Ela estará aqui – Camila não precisou pensar duas vezes. Nos últimos oito anos de casamento, Lauren nunca a decepcionara. Com certeza não decepcionaria os próprios filhos. 

– Então tá – Matty ficou um pouco mais relaxado. Ela o viu correr até o palco, onde Shawn estava trabalhando com um grupo de roadies, tentando montar o sistema de som em seus altos padrões. Shawn abaixou-se e sussurrou algo no ouvido de Matty, e Camila pôs a mão no peito enquanto os via conectar os cabos. Shawn mostrava ao afilhado onde cada um deveria entrar. 

– Parece que está tudo se ajeitando – uma voz alegre à sua esquerda fez Camila se virar. Clara estava atrás dela, segurando Molly, adormecida, em seus braços. Molly tinha o dedão na boca e o chupava com voracidade. Camila estendeu uma mão para tocar seu cabelo macio. Com dois anos, ela era o bebê da família, e todos a mimavam. 

– Vou ficar feliz quando começar – Camila admitiu. – As crianças estão todas agitadas. 

– É importante para elas que as pessoas venham assisti-las. A maioria nunca se apresentou em público antes. 

Camila assentiu, tentando engolir as lágrimas quando pensou em quão negligenciadas algumas daquelas crianças eram. Apenas uma semana do ano não era suficiente para fazer a diferença, e aquilo a deixava furiosa. Ela olhou para o lago, onde Sean Flynn, o diretor do acampamento, tinha organizado uma série de jogos para distrair as crianças da apresentação iminente. 

– Você e Lauren fizeram coisas maravilhosas desde que reformaram a Fundação Maxwell – Clara esfregou o braço de Camila. – Estou tão orgulhosa de vocês duas. 

– Obrigada – Camila sentiu um nó na garganta. – Não podíamos ter feito tudo isso sem você. 

Era verdade. Clara tinha trabalhado tão duro quanto eles para angariar fundos, organizando bailes e jantares de caridade em Nova York. Todas as coisas das quais Camila tinha naturalmente fugido. 

– Vou levar Molly para tirar sua soneca – Clara apontou uma cabana que servia de escritório, onde Camila tinha erigido um berço de viagem no início do verão. Camila assentiu e agradeceu Clara, e ela dirigiu-se para lá. 

Clara e Michael tinham se mudado para os Estados Unidos alguns anos antes. Eles eram um apoio enorme para Lauren e Camila, assim como para o resto da família delas. Chris e Lucy tinham se estabelecido em Connecticut, e embora Shawn ainda viajasse muito em turnês, ele e Taylor viviam em Nova York. 

A cidade que Camila tinha odiado boa parte da vida de repente tornara-se seu lar. Ela ainda amava Londres, é claro, e eles levavam as crianças para lá com frequência, ficando na linda casa que tinham comprado em Putney. Mas ela não sentia mais o desejo e o desespero de sair de Nova York. Embora vivessem em Connecticut agora, ela sempre viajava para Manhattan para reuniões ou para fazer compras. 

– Mãe, mãe, olha quem está aqui! – Lily veio correndo das árvores de novo, apontando o dedo na direção do estacionamento. – É o tio Treme! 

– Lily Jauregui! – Camila repreendeu. – Já disse pra você não chamá-lo assim. 

Por seus tiques estranhos e a incapacidade de manter as mãos paradas, as crianças deram aquele apelido para Daniel Maxwell. Camila não gostava nada isso, no entanto. 

– Ele disse que gosta – Lily replicou, seu cabelo castanho voando para todos os lados quando ela mudou de direção e correu para o tio, jogando-se nos braços trêmulos dele. 

Daniel colocou o braço ao redor de Lily e eles foram até Camila. Um sorriso surgiu no rosto dele quando abraçou as duas. 

– Sentimos sua falta – desde que tinham comprado a casa em Connecticut em 2013, Daniel tinha virado um visitante regular, ficando meses a cada visita, morando no pequeno chalé nos fundos do terreno para ter um pouco de privacidade. Ela se acostumou a tê-lo por perto, e quando ele ia embora – o que fazia pelo menos quatro ou cinco vezes por ano –, ela odiava ver o chalé vazio. No fundo, ele ainda era um viajante, e ela suspeitou que o espectro dos seus vícios ainda não havia sido vencido. Mas ele era um membro querido e amado por toda a família. 

– Senti falta de vocês também – ele apertou a cintura dela. – Notícias de Lauren? 

– Ela deve chegar logo – ela respondeu. – O voo deve pousar às três. Matty não se aguenta de preocupação. 

– Ele está preparado para seu grande dia? – Daniel perguntou, franzindo as sobrancelhas. 

Matty tocava bateria desde que tinha seis anos e Shawn ofereceu a ele a vaga de baterista para a primeira música do Fatal Limits. Seu nervosismo vinha crescendo a cada dia. 

– Ele está morrendo de medo – Camila confessou. – Se Lauren não chegar logo, não sei o que vai fazer. 

– Vou falar com ele – Danny já estava atravessando o gramado, arrastando a perna direita enquanto andava. Ele era uma figura estranha: parecia um garoto, embora tivesse quase quarenta anos. Ela estava feliz por ele estar ali, junto com Shawn, para apoiar Matty. 

Verificando o relógio, ela decidiu juntar-se a eles no palco. Estava pronta para começar a checagem de som, precisando se certificar de que estava tudo indo conforme o planejado. Os bastidores eram uma colmeia em atividade, enquanto todo mundo tentava verificar se as preparações de último minuto estavam completas. Desde a eletricidade e o som até a iluminação, tudo tinha sido planejado para funcionar sem erros. 

– Camila – Shawn sussurrou, envolvendo o braço dela com a mão. – Você tem um minuto? 

Ela olhou para as próprias roupas. Tinha cerca de meia hora para tomar banho e pôr o vestido que tinha pendurado no escritório. Os shorts velhos e a camiseta de banda que estava usando não eram exatamente adequados para cumprimentar os doadores. 

– Claro – ela se permitiu ser arrastada para o lado do palco. 

– Matty está se recusando a tocar. Ele está sofrendo de um caso sério de medo do palco – o rosto de Shawn revelava sua compaixão. 

Camila sentiu um aperto no coração. Ela sabia como aquele dia era importante para seu menino, como ele estava animado para tocar ao lado do seu herói. Saber que a ansiedade estava impedindo-o de realizar seu sonho quebrou seu coração. 

– Eu falo com ele. 

Shawn passou a mão no rosto dela. Eles compartilhavam o privilégio de serem casados com uma Jauregui, e a amizade familiar dos dois manteve-se ao longo dos anos. Ele e Taylor estavam nomeados no testamento dela como guardiões das crianças, caso algo acontecesse com ela e Lauren. 

Camila encontrou Matty sentado sob um tronco, abraçando os joelhos enquanto se balançava num ritmo silencioso. Ela imaginou que ele estava ouvindo música em sua cabeça; ele estava constantemente cantando ou batucando. Mesmo aos dez anos, a música era sua vida. 

Ele era como ela naquele ponto. 

Ela sentou-se ao lado dele, imitando sua posição. Ele olhou-a com os olhos brilhando de lágrimas. 

– Ei, querido – ela cutucou-o com o cotovelo. Não queria perguntar o que estava errado. Sabia por experiência própria que era melhor deixá-lo contar voluntariamente. 

Matty grunhiu e pôs a cabeça entre os joelhos. Ele continuou a se balançar e ela passou um braço por sobre seus ombros, ajeitando-se no chão até que eles estivessem próximos. Eles ficaram sentados em silêncio e ela fechou os olhos, desejando poder absorver todos os seus medos e tirá-los dele. Ela odiava aquela parte de ser mãe: ver o filho sentir dor e medo e não ser capaz de fazê-los desaparecer. 

– Não quero tocar – a voz dele estava baixa quando enfim falou. 

– Não quer? – ela perguntou. 

– Estou com medo – ele disse, como se aquilo fosse um crime. 

– Do que você está com medo, querido? 

Matty brincou com uma mecha do cabelo. Ele esfregou-a entre os dedos, deixando-a cair sobre o ombro. 

– Estou com medo de parecer bobo. E se não conseguir seguir o ritmo da música? E se todo mundo rir de mim e achar que eu sou um imbecil? 

Aquele não era o momento de repreendê-lo pela linguagem. 

– Você praticou aquela música até saber de cor – ela lembrou. – Não acho que esqueceria o ritmo. 

Matty bufou. 

– Não quero decepcionar você nem a papa. 

Ela fechou os olhos, abaixando a cabeça até que seu rosto estivesse apoiado no cabelo dele. Ela inalou profundamente. Ele ainda tinha um cheiro suave e doce, como quando era seu bebê. 

– Matthew, prometo que você não vai nos decepcionar. Já estou tão orgulhosa que você quer tentar subir no palco. Mesmo se errasse o ritmo, eu estaria na primeira fileira com um enorme sorriso no rosto – ela inclinou o rosto dele para que olhasse para ela. – Você é meu filho. Eu me orgulho de tudo que faz. 

– Você acha mesmo que ela vai chegar a tempo? – o lábio dele tremeu.  

– Acho mesmo – ela apertou o ombro dele, entendendo qual era seu medo real: não que fosse errar, mas que Lauren não estivesse lá para vê-lo. – Se ela estivesse atrasada, enviaria uma mensagem pra gente de algum jeito. 

Um sorriso sutil apareceu nos lábios de Matty. 

– Tá bom. Vou tocar – ele colocou-se de pé, chutando a poeira enquanto se afastava. Ela observou-o ir embora, querendo que ele não crescesse tão rápido. 

Os últimos minutos passaram depressa. Ela ajudou os roadies a montar os instrumentos e supervisionou a equipe enquanto terminavam de ligar o equipamento elétrico. Quando estava finalmente pronta para se vestir para a noite, notou um cabo solto a meio-caminho da tela. 

Camila olhou ao redor, tentando ver se havia algum eletricista por perto, mas todos tinham ido beber alguma coisa. Ela sabia que, se esperasse a volta deles, seria tarde demais. Então pegou a escada velha de metal e subiu nela, estendendo o braço para reconectar os cabos dependurados. 

– Deus, você fica sexy nesses shorts. 

Ela abaixou os olhos e viu Lauren ao pé da escada. Ela estava usando uma camisa branca lisa enfiada em uma calça azul-marinho, os olhos protegidos por óculos escuros. Sua roupa elegante a fez se sentir completamente desalinhada. 

– Lauren! – ela desceu depressa, pulando dos últimos degraus para os braços abertos de sua esposa. 

Lauren segurou-a por baixo, enfiando os dedos no jeans cortado enquanto ela envolvia as pernas ao redor da cintura dela. Então virou-se e empurrou-a contra a tela, esfregando os quadris nas coxas dela enquanto descia a boca para a dela. 

– Senti sua falta, querida – a respiração dela estava quente contra a pele de Camila. E ela moveu os lábios junto aos de Lauren, sentindo a língua dela dentro da sua boca. Lauren a deslizou contra a sua, a suavidade contrastando com o aperto forte das suas mãos. Camila perdeu o fôlego com a reação que Lauren tirava dela. 

– Senti sua falta também – ela respirou quando Lauren se afastou. – Muito. 

Ela soltou-a, deixando seus pés pisarem de volta no chão. 

– Como foi na Namíbia? – ela perguntou. 

– Conseguimos fazer o acordo para construir a escola – sua expressão revelou a Camila como ela estava aliviado. – Eles devem começar semana que vem. 

– Isso é incrível – Camila deu um passo à frente e beijou-a com força. – Não consigo acreditar que você os convenceu. 

Lauren passou uma mão pelo seu cabelo. 

– Exigiu muita negociação. Foi bom ter meu pai comigo. Eles acharam, por causa do cabelo branco, que ele estava no controle. 

Camila não queria deixar Lauren ir embora. Ela estivera viajando havia duas semanas e ela sentia sua falta na cama, nos seus braços. Mas sabia que as crianças estavam tão desesperadas para vê-la quanto ela. 

– Você já falou com Matty? Ele estava morrendo de medo de que você não chegaria a tempo. 

– Sim, eu o vi com Shawn. Parecia tranquilíssimo. 

Camila sorriu. Matty estava tão desesperado para agradar a mãe que estava tentando não mostrar fraqueza. Felizmente, ela estava lá para contar a verdade para Lauren. 

– Ele estava sofrendo de medo do palco, mas acho que vai ficar bem agora. 

– E como estão as minhas garotas? – ela passou um braço ao redor dos ombros de Camila. 

Ela inclinou-se ao seu toque. 

– Lily está com Chris e os meninos, protestando contra as injustiças do mundo, e Molly está tirando uma soneca – Camila verificou o relógio. – Falando nisso, é hora de acordá-la e de eu vestir algo mais apropriado. 

Lauren examinou-a com olhos famintos. 

– Qual o problema com o que você está usando? 

Ela riu. 

– Uma camiseta velha e shorts mostrando metade da minha bunda provavelmente não vão agradar alguns dos nossos doadores – elas já estavam quase nas cabanas que formavam o centro administrativo. 

– Foda-se os doadores – Lauren sussurrou na orelha dela. Ela abaixou a mão para apertar sua bunda, enfiando os dedos sob o jeans e acariciando a pele nua. 

Antes de entrarem no escritório onde Clara estava sentada, pacientemente cuidando da neta, Camila aproveitou a oportunidade para beijar a esposa até que ela ficasse sem fôlego. 

E Lauren beijou-a de volta com a mesma intensidade. 

...

Depois de se vestir, Camila carregou Molly para o campo. A menina de dois anos estava alerta e contente, seus cachos batendo contra as bochechas macias enquanto elas andavam. Camila adorava aqueles momentos com a filha mais nova. Ela fora um bebê muito esperado, nascida depois de dois abortos espontâneos e um parto que pareceu durar para sempre. Depois da montanha-russa de emoções a que submeteram toda a família, Camila e Lauren decidiram que ela seria seu último bebê. 

O que não impedia Camila de querer outros. 

Ela encontrou Lily e Lauren sentadas com um grupo de doadores. Todos estavam encarando com expressões fascinadas enquanto sua filha de sete anos exaltava as virtudes da escola que a Fundação Maxwell estava construindo na Namíbia. Camila se perguntou quanto
tempo levaria até que Lily exigisse ver o prédio por si mesma.

Michael e Clara estavam sentados em cadeiras de jardim, e Lucy tinha disposto uma toalha ao seu lado. Ela estava alimentando sua ninhada com sanduíches, embora Chris parecesse comer mais do que o resto da família junto. 

Taylor estava atrás do palco, vendo Shawn e a banda brincarem com Matty, tentando fazer com que o menino esquecesse o nervosismo. Camila foi até lá cumprimentá-la, e Molly estendeu a mão para a tia, que a girou em seus braços, soprando em seu rostinho gorducho. 

– Ei, Molly-Moo. Teve uma boa soneca? – Taylor olhou para Camila. – Jesus, ela se parece mais com Lauren a cada dia. 

– Garota sortuda – Camila murmurou. – E como você está se sentindo? 

Taylor tinha entrado no segundo trimestre, embora sua barriga ainda escondesse as evidências da gravidez. Ela equilibrou Molly no quadril e sorriu, enquanto esfregava a barriga com a outra mão. 

– Muito melhor. Shawn disse que está feliz por ver que eu consigo ficar acordada depois das seis. Ele estava começando a achar que eu tinha algum distúrbio de sono. 

Camila estendeu a mão e esfregou o braço de Taylor. Ela ainda se sentia maternal em relação à amiga, apesar de Taylor já ter quase trinta anos. Ela sempre seria sua irmãzinha, a garota que tinha medo de ir à escola. Camila ficara tão animada quando Taylor e Shawn finalmente decidiram tentar ter um bebê e levemente divertida quando Taylor conseguiu engravidar no primeiro mês. Shawn já estava deixando todos loucos com a discussão sobre nomes e qual seria a melhor opção, berço ou cesto. 

– Não se esqueça de descansar. Pense que você está guardando para o futuro – Camila disse, irônica. Ela não se lembrava da última vez que conseguira ter uma noite de sono ininterrupta. Se não era Molly que acordava chorando, Lily tinha um pesadelo ou Matty não conseguia dormir. Não que ela se arrependesse de um único momento, mas ela não podia deixar de sonhar com uma cama arrumadinha e oito horas de sono ininterruptas. 

– Pode deixar – Taylor sorriu e passou uma Molly agitada de volta para Camila. – Parece que os meninos estão prontos – ela indicou a banda, que estava em círculo, os braços ao redor uns dos outros. Matty parecia incongruente em meio ao grupo, seus bracinhos ao lado dos braços musculosos deles. 

– Lauren pegou um lugar pra gente na primeira fileira – Camila e Taylor contornaram o palco, passando pela multidão de pessoas reunidas para o show. Lauren e Lily estavam com Chris, enquanto o resto do clã Jauregui tinha ido para as arquibancadas. Os olhos de Lauren brilharam quando ela viu Camila, e ela estendeu uma mão para puxar Molly e ela para os seus braços. 

– Com que música eles vão começar? – ela tinha que falar alto para ser ouvido sobre o barulho da plateia. 

– Ele não disse – Camila respondeu. – Está mantendo segredo. 

Lauren inclinou-se para sussurrar algo para Taylor, encostando os lábios no rosto dela. A expressão dela iluminou-se, lembrando Camila de como Taylor adorava sua irmã mais velha. Antes que ela pudesse dizer mais alguma coisa, os membros do Fatal Limits entraram no palco. Shawn guiou-os e bateu nas costas de Matty enquanto ele subia no lugar do baterista. Ela observou-o girar as baquetas, jogá-las no ar e pegá-las, fazendo Molly gritar de alegria ao ver o irmão se divertindo. 

Shawn foi até o microfone. 

– Oi, pessoal – a plateia aplaudiu loucamente. – Gostaria de agradecer todos vocês por estarem aqui para ver essas crianças talentosas apresentarem um show incrível – ele parou enquanto os aplausos continuavam. – Vamos começar a noite com algumas músicas. Não tocamos juntos há algum tempo, então nos perdoem se errarmos algumas notas. 

Camila sorriu. O Fatal Limits tinha se separado havia mais de cinco anos, mas os membros tinham concordado em se juntar para aquele evento de caridade. Mais uma coisa pela qual ela precisava agradecer Shawn. 

– Para a nossa primeira música, gostaria de apresentar um amigo meu. Esse é Matt Jauregui, nosso baterista e meu afilhado preferido – ele piscou para Matty, que sorriu de volta, tímido. 

Camila e Lauren aplaudiram alto, fazendo Molly pôr as mãos nas orelhas. 

– Pode começar, Matt? – ele chamou. Matty ergueu as baquetas, o rosto revelando sua concentração enquanto silenciosamente contava as batidas. Ele começou num ritmo lento, indicando a Robert, na guitarra, quando entrar, e todos começaram a gritar quando perceberam qual era a música com que eles iriam começar. 

Camila sentiu lágrimas nos olhos quando viu o filho tocar a música que Shawn havia escrito para ele. “Dear Matty” tinha sido hit número 1 para o Fatal Limits no ano do nascimento de Matty, bem antes de Camila contar a Lauren sobre o filho. Era surreal ver o menino acompanhar a banda de Shawn enquanto eles tocavam “Dear Matty”. 

Ela não conseguia tirar os olhos dele. Lauren apertou sua mão e pegou Molly dos seus braços. O sal ardia em seus olhos enquanto uma sensação de orgulho a dominava. Matty parecia um profissional, nunca errando o ritmo, sempre liderando a música. Ela mordeu o lábio para conter o fluxo das lágrimas. 

– Ele é fantástico – Lauren sussurrou no ouvido dela, e ela só conseguiu assentir. Sua habilidade de falar parecia ter sido engolida pelas emoções que passavam pelo seu corpo. Estar lá com Lauren e suas meninas enquanto assistiam à primeira apresentação do filho era absolutamente perfeito. Ela não poderia pedir por mais nada.

...

O show durou duas horas, e Camila chorou mais de uma vez vendo as crianças do acampamento se dedicarem completamente às apresentações. Muitas vinham de lares pobres e nunca tinham ido ao teatro ou a um show, mas pareciam profissionais. Mesmo as que sentiam medo conseguiram superá-lo e dar passos temerosos pelo palco. 

Quando o evento chegou ao fim e eles agradeciam aos doadores, Molly estava adormecida nos braços de Lauren. Sua cabecinha tinha caído no ombro dele enquanto eles andavam para o acampamento, sua boca movendo-se suavemente à medida que ela respirava. Doía o coração de Camila ver a esposa segurando o último bebê delas, deixando-a com vontade de ter mais. 

Lauren era uma mãe incrível para todos eles. 

– Clara disse que fica com as crianças hoje – Lauren sussurrou. – Ela acha que você merece uma folga. 

Camila olhou-a, confusa. 

– Está planejando alguma coisa? 

– Só um pouco de tempo a sós com minha esposa – ela piscou, entrando no grande chalé familiar que elas tinham construído alguns anos antes. – Talvez você possa colocar aqueles shorts de novo. 

Ela riu. 

– Eles são a coisa mais horrível que eu já usei. Acho que cortei uma calça eu mesma alguns anos atrás. 

– São a coisa mais sexy que você já usou – Lauren colocou Molly no berço, cobrindo seu corpo adormecido com um cobertor. – Não consigo parar de pensar em como eles ficavam em você. 

– Metade da minha bunda estava pra fora. 

– Exatamente – ela puxou Camila para perto e encostou os lábios na sua testa. – É como eu mais gosto de você, com sua camiseta de banda e seu cabelo voando ao vento enquanto ouve uma banda tocar. Me lembra de quando vi você pela primeira vez. 

Os dedos dela pousaram nos braços nus de Camila, e seu corpo reagia ao toque. 

– Talvez você devesse sempre usar terno. É como eu me lembro de você. 

– A equipe do hotel acharia que somos loucos – Lauren passou os dedos pelo cabelo dela. – Você de shorts rasgados e eu de terno. Vou parecer sua amante coroa. 

Camila sorriu. 

– Parece ótimo. Você paga pelo jantar e eu pago você de outro jeito – ela ergueu-se na ponta dos pés para pressionar os lábios nos dela. Ela sentiu-a enrijecer contra sua barriga, e seu próprio corpo contraiu-se com desejo. 

– Gosto do jeito como você negocia – Lauren murmurou antes de beijá-la com força. Sua língua entrou na boca dela, deslizando contra a sua. Por vários segundos elas continuaram a se mover uma contra a outra, as mãos explorando enquanto retomavam a intimidade. Camila sentiu a mão dela apertá-la por trás e puxá-la para perto, sua ereção pulsando contra ela. 

– Vão pro quarto – Chris reclamou quando entrou no chalé. – Jesus, pelo jeito como vocês se comportam, quem vê pensa que são recém-casadas. 

– Não enche. Não vejo minha mulher há duas semanas – Lauren riu, a cabeça no cabelo dela. – E tenho um quarto, então obrigado pela sugestão. 

Chris parou no meio do caminho. 

– Vocês vão pra um hotel? 

– Nem pense nisso. Pedi para Clara primeiro – Lauren avisou. 

– Não seria muito difícil para eles cuidar das crianças. Lucy e eu poderíamos nos juntar a vocês lá. 

Camila começou a rir baixinho quando sentiu a irritação de Lauren. A noite romântica delas estava se tornando uma reunião familiar. Ela deixou a esposa bufar por um momento antes de falar. 

– Chris, se nos deixar sozinhas, eu cuido das crianças pra você no próximo fim de semana. Assim você pode planejar algo legal pra Lucy e você. 

Chris olhou-a, coçando o queixo. Ele estreitou os olhos enquanto considerava suas opções. 

– Você cuida deles por duas noites? Sexta e sábado? – ele perguntou. 

Camila assentiu. 

– E nem precisa ter pressa pra voltar no domingo. 

– Combinado – um sorriso largo abriu-se no rosto dele. – Mal posso esperar pra contar pra Lucy. Nem me lembro da última vez que ficamos a sós. 

– Nem eu – Lauren respondeu secamente, virando-se para Camila. – Vamos nos despedir de Matt e Lily, querida?

...

Passava da meia-noite quando elas chegaram ao hotel, e o restaurante já tinha fechado. Elas pediram serviço de quarto, e devoraram os hambúrgueres e batatas fritas sentados nos roupões de cortesia do hotel, os pés de Camila descansando sobre o colo de Lauren enquanto elas conversavam.

– Prometi às crianças que voltaríamos para o café da manhã – Lauren admitiu, programando o alarme no telefone. – Temos seis horas e vinte e sete minutos para ficarmos a sós. 

– Fico feliz por você ter tudo planejado – Camila respondeu. – Odiaria perder esses vinte e sete minutos. 

– Dá pra fazer muita coisa em vinte e sete minutos – Lauren protestou, esfregando os dedos gentilmente nos pés dela. 

– Dá mesmo! – ela começou a rir. Lauren moveu as mãos pelas pernas dela, parando para acariciar suas panturrilhas, os dedos deliciando-se com a sensação da pele macia dela. Ela sentira falta daquilo; estar a sós com ela, fazendo uma a outra rir. Fazendo outras coisas.  

– Lily diz que não aguenta mais esse mundo controlado por homens. Ela pretende se candidatar a presidente quando fizer dezoito anos – Lauren olhou para ela enquanto falava. – Aparentemente deveria haver leis contra meninos provocarem meninas. 

– Ela estava irritada porque Thomas e Matty disseram que ela não podia subir em árvores. 

Lauren puxou-a para perto, erguendo os quadris até que ela estivesse sentada no seu colo, os joelhos dos lados das pernas dela. 

– Ela é como você. Lembro como você era rebelde quando nos conhecemos. Eu ficava dura só de olhá-la. 

Camila inclinou-se e envolveu o pescoço dela, movimentando-se no seu colo. 

– Você ficou dura quando agarrou minha bunda. 

– Sempre fico dura quando agarro sua bunda, querida. 

Lauren ergueu-se um pouco para que ela sentisse a evidência entre as coxas. Ela gostava daquilo: das provocações gentis, de tocar e beijar. Quando elas estavam separadas, ela constantemente pensava em Camila. Ficar com ela lhe trazia paz. 

– Você vai fazer algo quanto a isso? – ela provocou. O sorriso no seu rosto revelava seu divertimento. 

– Não tenho certeza. Sinto que pulamos toda uma etapa no nosso relacionamento. Talvez a gente devesse tentar dar uns amassos como duas adolescentes – ela flexionou os músculos e esfregou-se contra ela de novo, fazendo-a gemer. Não havia nada entre elas exceto a roupa íntima, seus roupões abertos pelos toques frenéticos. 

– Vá em frente nos amassos – Camila lambeu uma trilha da orelha ao pescoço dela. – É um pouco tarde pra mim. Já estou molhada. 

Lauren riu. Ela reclinou a cabeça enquanto ela corria os lábios pelo seu pescoço. 

– Acho que posso cuidar disso. 

– Gosto de como você é flexível – Camila esfregou-se nela. Lauren agarrou seus quadris, segurando-a contra ela. Ela não estava brincando sobre se esfregar nela; já estava quase no limite. 

– Aprendi que uma boa negociação leva a um resultado que satisfaz todas as partes – Lauren piscou e inclinou o queixo dela para cima, capturando sua boca. Camila enfiou as mãos dentro do roupão dela, o tecido felpudo caindo dos seus ombros e expondo seu peito. Ela inclinou a cabeça para chupar o mamilo de Lauren, e a sensação foi direto para seu pau. 

– Podemos terminar a conversa agora? – Lauren perguntou. 

– É você quem tem mais de quarenta anos, querida. Se acha que suas costas aguentam sexo no sofá, não serei eu a negar – ela tirou o próprio roupão, ficando nua exceto pelos shorts. Lauren sentiu água na boca ao ver o corpo dela; a pele macia, os seios grandes e os quadris ondulantes. Ela não sabia o que atacar primeiro. Ela escolheu os seios. Passou as mãos por eles antes de empurrá-la de costas no sofá, o cabelo dela espalhando-se pelo tecido escuro. Ela rolou-a até que ela estivesse deitada no seu roupão, imaginando que o tecido macio seria preferível ao couro duro. 

– Sabe, você tem menos de um ano até chegar ao grande quatro ponto zero – ela roçou os lábios pelo pescoço de Camila. – Daí não vai poder rir de mim.  

– Eu sempre vou poder rir de… ah… 

Ela envolveu o mamilo com os lábios e chupou, conseguindo silenciá-la. Camila arqueou as costas, erguendo-se para a boca dela, e Lauren pôs uma mão na sua coluna para apoiá-la. Deus, ela amava aquela mulher. Elas se conheciam havia mais de vinte anos, estavam casadas há oito, e tinham filhos lindos que ambas adoravam. Mas ela nunca se cansava de Camila, não importava onde estivessem. Ela queria todas as partes dela. A garota rebelde que não aceitava desaforo de ninguém. A mãe amorosa que adorava o chão em que andavam seus filhos. A esposa linda que gostava de provocá-la e que sempre respondia à altura. 

– Na próxima vez que fizermos isso, você vai usar esses shorts – ela rosnou, finalmente deslizando a língua nela. 

– Sim, sim – ela concordou. 

– Eu vou arrancá-los e enfiar meus dedos em você, e sentir você se contrair enquanto te chupo – ela estava pulsando agora. Tinha vontade de tomá-la com força, até que a cabeça dela batesse contra o braço do sofá com cada movimento. 

– Vou cortar todas as calças jeans que tenho – ela avisou. 

– Faça isso, querida. 

Lauren deitou o corpo sobre ela, sentindo a pele delas se unir até que se moviam juntas, uma sensação dominadora de paz o arrebatava. Depois de duas semanas sem a família, sem a mulher que adorava, ela finalmente estava em casa. 

E ela adorava cada minuto. 


Notas Finais


Bom pessoal é isso
Feliz 2017


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