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História Sempre foi Você - As vezes o medo vence


Escrita por: freetofly

Notas do Autor


ATENÇÃO PARA AS NOTAS FINAIS.

Capítulo 22 - As vezes o medo vence


 

Luisa

A noite passada foi mágica. Me senti a vontade com os amigos de Yong. Foi estranho interagirmos com outras pessoas como um casal, Yong não foi diferente do que era quando estávamos sozinhos. Fomos dormir tarde e até arrisquei passar a noite em sua casa. Eu estava feliz, e acima de tudo, confiante. Yong estava cedendo.

Toda essa felicidade e confiança tinham sido tiradas de mim quando Yong me rejeitou. Ele já havia se arrependido, eu estava sendo demais para ele.  Será que fiz ou falei algo que o tenha envergonhado diante dos seus amigos? Apesar de Yong ter ido dormir calado, estávamos bem, não estava entendendo. Saí do seu apartamento de fininho e peguei um taxi.

Cheguei em casa, troquei de roupa e fui preparar meu café. Estava tentando repassar todas as conversas que tive ontem a noite para saber se fiz algo de errado. Todos me receberam muito bem, em especial Tae e sua noiva. Conversamos durante muito tempo, eles formam um lindo casal.  Será que foi o samba? Percebi que ele não gostou porque me abraçou me impedindo de continuar. Mas depois fomos para a cobertura e tudo foi tão bom. Tínhamos combinado de sermos sempre sinceros. Ele me devia uma explicação, se não me quer mais na vida dele, é só falar. Já disse que não vou culpá-lo de nada, mas só de pensar nessa possibilidade, meu coração se aperta. Não estou pronta ainda para seguir sem ele, Deus, não me reconheço, todos os sinais me dizem para parar enquanto ainda me resta algum orgulho.

Quando estou longe de Yong, consigo pensar com clareza, vejo que nossa relação não vai muito longe, somos diferentes demais, nossas vidas não se cruzam em nenhum caminho.  Mas com ele por perto, perco o prumo, a razão, só consigo enxergar um menino perdido, com medo de se entregar e que lutar por ele é a coisa certa a fazer, é o que meu coração me diz.

Senti meu corpo gelar quando o vi na porta do meu apartamento. Tive muito medo de ouvir o que não queria, medo de que ele desse fim a nossa relação, mas quando o vi fazendo aquele bico que tanto amo, mais uma vez minhas forças se renovaram junto a esperança.

E agora, estamos saindo do planetário de mãos dadas. Eu fiquei encantada com a surpresa, não esperava. Yong não é bom com as palavras em se tratando dos seus sentimentos, mas sua música me disse tudo que ele queria. E de tudo que eu ouvi, eu só consigo pensar que ele gosta de mim.

Hoje é sábado, faz cinco dias que fomos ao planetário. Minha relação com Yong continua a mesma de antes e, apesar de agora ele ter menos tempo, nos vemos todos os dias, ele sempre dá um jeito. Nunca conversamos sobre o que aconteceu naquele dia. Mas por precaução, não dormi mais em sua casa.

Hoje o movimento da lanchonete está intenso, o rapaz que trabalha na chapa não para de me importunar, cismou que tenho que aceitar um convite para um encontro. Já disse até que tenho um namorado, mas ele não acredita. Pediu até para ver uma foto dele, coisas que tenho que aguentar. Fiz amizade com uma menina que trabalha comigo, o nome dela é Lili, uma latina ruiva linda, com a pele branquinha, que de latina não tem nada.  Veio para Coréia há dois meses com seu namorado coreano (O que esses coreanos tem?), estava morando com ele na casa de sua família.

Vou até o depósito pegar uma caixa de leite e vejo Lili ao telefone.

- Pode contar comigo sim. Estou dentro. – Nosso chefe não gostava que falemos ao celular no horário de trabalho. Por isso íamos ao banheiro ou ao depósito quando precisávamos atender ou fazer uma ligação.

- Está de dentro de onde?- pergunto por suas costas, dando um susto nela.

- Quer me matar? – fala colocando a mão no coração. – Vou trabalhar hoje a noite em uma festa, o extra é bom. – ela está juntando dinheiro para poder alugar algo e sair da casa dos sogros.

- Eu ia te chamar para ir lá em casa para comermos uma pizza, você disse que seu namorado hoje está de plantão.- o namorado dela é segurança em um hospital.

- Ah que pena, deixa para próxima – faz uma careta e aponta para o celular - Se você quiser, posso te colocar nesse bico. Estão precisando de mais uma garçonete.

Hoje Yong vai a um evento de lançamento de uma marca. Será a primeira vez que não nos veremos desde que cheguei aqui. Fiquei um pouco chateada por ele não ter me convidado, mas acredito que seja mais um evento de trabalho, não de diversão. Então, quando Lili comentou que seu namorado hoje estaria trabalhando a noite, pensei em convidá-la para ir lá em casa para enchermos a cara de soju e comer pizza. Sinto falta de uma amizade. Sempre falo com meus amigos da antiga faculdade pelo grupo do  WhastsApp, mas não é a mesma coisa.

- Eu topo, melhor ganhar dinheiro do que peso  – falo e sorrimos. Ela faz uma ligação – Nos falamos depois, preciso levar esse leite – falo e saio do depósito.

Estou atendendo meu último cliente para ir embora quando sinto meu celular vibrar. Vou até um canto e olho a mensagem. E da Kim Yoora, noiva do Tae. Desde a reunião na casa de Yong nos falamos apenas uma vez para combinar um passeio com Sun hee.

Kim – Se precisar de ajuda com roupa para o evento de hoje, pode contar comigo. Posso te pegar e sairmos para ver alguma coisa.

Suas palavras me emocionam. Ela acredita que fui convidada e está tentando me ajudar sabendo que não sou acostumada com essas coisas. Não tenho coragem de lhe dizer que não fui convidada. Meu coração está pequeno, assim como eu estou me sentindo. Por mais que eu soubesse que eu não teria condições em aparecer em um evento ao seu lado, o fato dele não ter me convidado me deixou triste. Ele poderia ter convidado, já que Tae levará sua noiva, eu negaria, claro, mas teria me convidado. Nessas horas eu me pergunto até quando conseguirei me anular tanto.

Luisa – Não precisa se incomodar, está tudo bem. Obrigada.

Kim – Nos vemos a noite. Bjus!

Tiro meu avental e vou para o banheiro trocar de roupa com um bolo em minha garganta. Abro a porta do banheiro e esbarro em Lili saindo dele.

- Está tudo certo, esse é o endereço do local, tem que chegar lá às 19:30 para trocar de roupa e receber as instruções. – ela me passa um papel.

- Está bem, estarei lá – falo tentando sorrir.

- O que foi, que cara é essa? – devo estar muito mal mesmo.

- Não é nada, só uma dor de cabeça. Vou para casa descansar e ficarei bem até a hora da festa.

- Tudo bem, vou pra casa também. Não se atrase – fala e sai.

Chego em casa, jogo minha bolsa no sofá e vou direto para cozinha beber água na esperança que o bolo que se instalou na minha garganta desça. Estou no meu segundo copo de água quando escuto meu celular tocando. Vou até a sala e o pego na bolsa. Olho no visor. Yong.

- Alô.

- Olá, minha deusa. Estou pensando em passar por aí para te dar um beijo, já que não nos veremos a noite.

- Acho melhor não. Daqui a pouco vou sair para fazer um extra, preciso descansar. – odiei recusar sua proposta, mas vê-lo agora não seria uma boa ideia. Eu estava magoada, ferida, e nem tinha o direito de estar. Como poderia cobrar qualquer coisa dele?

- Como assim, fazer um extra? Luisa, já tínhamos conversado sobre isso, você não ...

- Olha, agora não é o momento, estou realmente cansada e preciso descansar, depois nos falamos – desligo o telefone. Tudo que eu precisava agora é de um sermão dele falando do meu trabalho.

Recebo uma mensagem.

GD – Boa noite pra vc também. 

Idiota!

Nem me dou ao trabalho de responder. Tomo um banho e vou para meu quarto tentar descansar um pouco.

Não consegui tirar um cochilo, às 18h levanto e vou me arrumar. O local não era muito próximo, não queria chegar atrasada e deixar Lili mal.

Desço no ponto de ônibus, e pela informação que peguei, o local fica a uns dez minutos de caminhada. Fui descendo a rua pensando no Yong. Ele não tinha culpa de nada do que estava acontecendo. Ele teria sempre a seu favor, a sua verdade. E eu, o que eu tenho?

Chego ao local e um segurança me interpela na entrada. Explico para o que vim e ele me mostra uma outra entrada na lateral. O local era bem luxuoso, sua entrada me lembrava esses cassinos que já vi em filmes.  Segui por onde o segurança me indicou e chego a uma enorme sala com vários materiais de buffet, toalhas, guardanapos, castiçais... Uma senhora com um uniforme preto vem em minha direção.

- Você é da organização do evento? – ela pergunta.

- Não, fui indicada pela Lili para o serviço de garçonete.

- Ah sim, você é a brasileira. – ela fala sorrindo. Assinto. – Não costumo contratar ninguém sem antes conhecer a pessoa, mas Lili disse que você é bastante experiente e confiei nela.

-Sim, pode ficar tranquila. Não vou decepcionar.

- Venha comigo que vou te dar um uniforme para você se trocar. – a sigo e vamos para uma outra sala apinhada de pessoas andando de um lado para o outro. Ela vai até uma pilha de roupas, todas ensacadas, e me entrega uma.- Logo ali tem um banheiro com armários para você deixar suas coisas. – aponta na direção.

- Obrigada – agradeço e sigo para o local indicado. Ao abrir porta, percebo que o banheiro não estava muito diferente da sala. Várias meninas disputam vagas em frente a um grande espelho. Procuro por armário vazio e coloco minha bolsa. Vou até uma cabine e troco minha roupa. Ao sair, dou de cara com Lili em frente ao espelho ajeitando seus cabelos.

- Oi – me aproximo.

- Chegou cedo – fala me olhando de cima a baixo com uma cara estranha.

- Que foi? – pergunto também me olhando.

-Ai que raiva que eu tenho de você, como consegue ficar bonita até mesmo de uniforme?

Não me controlo e caio na gargalhada.

- Deixa de ser exagerada, Lili. – ela me dá língua.

Prendo meus cabelos em um coque bem apertado e passo apenas um gloss.

Voltamos já prontas para a sala e recebemos as instruções. Fomos divididos em grupos de seis pessoas para atender a uma área. Eu Lili ficamos no mesmo grupo, com as dez primeiras mesas da lateral esquerda e as dez primeiras a direita do salão. Serviríamos as entradas, os pratos principais e depois as sobremesas. Os homens ficaram com as bebidas. Recebemos instrução de não falarmos com os convidados e não sorrimos também.

Vamos até o salão principal para ver nossas mesas. Os convidados ainda não chegaram. Fico surpresa com o luxo do lugar. As mesas eram redondas, e no centro de cada uma delas havia um arranjo alto de flores com candelabros. Nas mesas que não eram espelhadas, havia uma toalha branca. Lustres também dourados faziam fila sobre as mesas. Havia dois arcos na entrada principal e no fundo do salão, um palco, próximo as mesas que serviríamos.

Nunca na minha vida imaginei estar em um lugar desses, mesmo que seja a trabalho. Pena não poder tirar uma foto e mandar para minha mãe. Fomos proibidos de tirar qualquer foto do local e até mesmo de andar com o celular no bolso.  Voltamos para sala, onde havia uma enorme mesa com lanches para nós e, ficamos aguardando ordens de começar a servir.

Após um tempo, temos nossas bandejas cheias e seguimos para o salão. Uma música suave invade o ambiente. Os convidados pouco a pouco estão chegando. Fico observando os vestidos das mulheres convidadas e penso o quanto eu teria que trabalhar para conseguir um vestido desses.

Volto para cozinha com as bandejas vazias para repor. Penso no Yong e me sinto mal por ter tratá-lo mal, poderia ao menos mandar uma mensagem. É o que vou fazer quando tiver um intervalo.

- Preciso de ajuda aqui – uma senhora de uniforme branco fala me olhando.

- Pois não?

- A menina que ajuda na reposição das bandejas ainda não chegou. Ligou e disse que já está vindo. Será que você pode me ajudar até ela chegar?

Não sei o que responder, não posso fazer nada que prejudique a mim e principalmente a Lili que me indicou. Olho em volta e procuro a senhora que nos supervisiona. Nada.

- Não sei se posso, fui designada para atender as mesas. – falo sem jeito.

- Claro que pode! Eu assumo a responsabilidade, pode ficar tranquila, além do mais, os convidados ainda estão chegando, não há muito que servir, mas há muito o que colocar nas bandejas. - Nisso ela tem razão.

- Tudo bem, eu ajudo.- dou a volta pelo balcão imenso e ela aponta uma caixa com luvas. Ponho as luvas e começo a arrumar as bandejas.

Após um tempo a menina chega e dou graças a Deus, meus braços já estavam ficando doloridos. O abastecimento de bandejas é frenético. Prefiro servir mesas. A senhora me agradece já me entregando uma bandeja cheia. Volto para minha tarefa. Quando entro no salão, as mesas já estão cheias, pessoas circulando e no palco agora tem um DJ, que toca uma música animada. Vou em direção a primeira mesa de frente para o palco e travo. Sinto meu corpo desfalecer. Yong e seus amigos estavam à mesa. Ao lado dele estava uma mulher que já vi antes pela internet como sua provável namorada, Yumi, que era muito mais bonita pessoalmente. Ele estava falando algo em seu ouvido enquanto os fotógrafos disparavam flashes. Não sei o que ele falou, mas com certeza foi algo bom, porque ela é só sorrisos para as lentes. Vê-los juntos assim pude perceber o quanto ridícula em tenho sido esse tempo todo. Eu nunca poderia competir com uma mulher dessas. Eles formam um belo casal, e admitir isso dói demais. Não posso mais fazer isso, não posso lutar por uma causa perdida. Yong ainda a ama ou não estaria aqui com ela. Mais uma vez me sinto enganada. Mais uma vez consigo sentir pena de mim mesma.

No momento que estou me afastando, minha supervisora aparece.

- Vá lá agora servir a mesa, menina. Esse é o melhor momento. Os fotógrafos estão lá e nosso trabalho será divulgado discretamente. Vá – fala batendo as mãos.

Engulo o choro e caminho como se tivesse indo para a beira de um precipício. Nunca quis tanto não ser eu neste momento.

Meus pais sempre tiveram muito orgulho de mim para que eu mesma não tenha. E é com esse pensamento que me aproximo da mesa com a bandeja na mão. O primeiro a me notar foi Dae. Ele ficou me olhando sem saber se era ou não eu mesma. Vi quando discretamente cutucou sua irmã, ela me olhou e colocou as mãos na boca. Nesse momento todos olharam para ela, inclusive Yong. Sun hee me apontou com olhos e todos se viraram para mim. Cruzei meu olhar com Yong, que desviou seus olhos e continuou posando para as fotos com a mulher ao seu lado. Sorri discretamente e continuei meu trabalho. Vi no olhar de cada um a mesma coisa que eu estava sentindo. Pena. 

E eu que sempre falei que não deixaria de tentar por medo de sofrer, estou me perguntando, por que?


Notas Finais


Olá pessoal, em primeiro lugar quero agradecer muito os comentários que tenho recebido. Vcs não sabem como é bom ter esse incentivo. Em segundo, gostaria de informar que a coisa apertou por aqui e tenho que me dedicar mais aos estudos, por essa razão, postarei à partir de agora apenas aos domingos. Fiquem tranquilas que não vou desistir, postarei até o final. Obrigada mais uma vez pelo apoio a minha primeira história. Fiquem ligadas que muita coisa ainda vai rolar. Bjus e até domingo.


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