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História Sempre Fui Sua - Chapter 1


Escrita por: selenandzayn

Capítulo 1 - Chapter 1


UM ANO ATRÁS

– Não! Vire aqui! – K.C. gritou no meu ouvido direito.

Os pneus do Bronco do meu pai chiaram ao virar curta e repentinamente numa rua cheia de carros.

– Sabe, talvez você devesse estar dirigindo, como eu sugeri – falei sem pensar, apesar de nunca gostar que outra pessoa dirigisse comigo dentro do carro.

– Com você bufando de impaciência toda vez que eu parar no sinal amarelo? Não! – K.C. respondeu como se estivesse lendo minha mente.

Sorri por dentro. Minha melhor amiga me conhecia muito bem. Eu gostava de dirigir rápido.

Gostava de caminhar rápido, o mais rápido que minhas pernas aguentavam, e eu dirigia o mais veloz possível. Corria e parava no vermelho. Corra e pare, essa sou eu.

Mas, ao escutar o ritmo da batida de uma música distante, perdi a vontade de correr mais. A pista estava com uma fila de carros, um atrás do outro, evidenciando a magnitude da festa para a qual estávamos indo. Minhas mãos seguravam o volante enquanto eu me apertava em uma vaga, a um quarteirão da festa.

– K.C.? Não acho que seja uma boa ideia – declarei… de novo.

– Vai dar tudo certo, você vai ver. – Ela deu um tapinha na minha perna. – Bryan convidou Liam, que me convidou, e agora estou te convidando. – Seu tom de voz calmo e inabalável não aliviou o aperto em meu peito.

Ao tirar o cinto de segurança, olhei para ela.

– Bom, apenas lembre-se: se eu não me sentir à vontade, vou embora. Você pega uma carona com o Liam.

Saímos do carro e andamos pela rua. O tumulto da festa aumentava conforme nos aproximávamos da casa.

– Você não vai a lugar algum. Você vai viajar daqui a dois dias, por isso vamos nos divertir. Não importa como. – Sua voz ameaçadora estremeceu meus nervos já instáveis.

Enquanto caminhávamos pelo estacionamento, ela seguiu atrás de mim. Acho que estava mandando mensagens para o Liam. O namorado dela chegou mais cedo, já que passou o dia todo com os amigos no lago enquanto eu e a K.C. fazíamos compras.

Copos de plástico sujavam o gramado e pessoas saíam e entravam na casa, aproveitando a agradável noite de verão. Diversos garotos que eu conhecia da escola se esbarravam pela porta da frente, seguindo uns aos outros e derramando bebidas pelo caminho.

– E aí, K.C. Como vai, Selly? – Tori Beckman estava sentada na porta da frente com uma bebida na mão, conversando com um garoto desconhecido. – Coloque as chaves na tigela – instruiu ela, voltando a prestar atenção em sua companhia.

Depois de um minuto tentando processar o que ela pediu, percebi que ela estava me fazendo entregar as chaves.

Acho que ela não ia deixar ninguém dirigir bêbado esta noite.

– Bom, não vou beber – gritei mais alto que a música.

– Talvez você mude de ideia – desafiou ela. – Se você quiser entrar, precisarei das chaves.

Irritada, coloquei a mão na bolsa e joguei as chaves na tigela. A ideia de desistir de uma das minhas relíquias me deixava completamente irritada. Não ficar com as chaves significaria que não poderia ir embora rapidamente se quisesse. Ou se precisasse. E se ela ficasse bêbada e deixasse seu posto? E se alguém pegasse minhas chaves acidentalmente? De repente me lembrei da minha mãe, que me falava para parar de fazer suposições. E se a Disney estiver fechada quando chegarmos lá? E se todas as lojas na cidade ficarem sem jujubas? Mordi o lábio para conter uma risada, enquanto imaginava como ela ficaria irritada com minhas suposições infinitas.

– Uau – K.C. gritou na minha orelha. – Olhe aqui dentro!

As pessoas, alguns colegas de classe e outros não, se mexiam com a música, rindo e aproveitando ao máximo. Fiquei arrepiada com a visão da multidão e aquele entusiasmo. O chão ecoava a batida da música, e eu fiquei pasma ao ver tanta atividade em um só lugar. As pessoas dançavam, faziam brincadeiras bobas, pulavam, bebiam e jogavam futebol americano – isso mesmo, futebol americano – na sala de estar.

– É melhor ele não estragar isso – eu disse, meu tom de voz mais forte do que o normal.

Aproveitar uma festa com a minha melhor amiga antes de ir embora da cidade por um ano não é pedir muito.

Ao virar a cabeça, olhei para K.C., que piscou conscientemente para mim. Apontei para a cozinha e nós duas andamos juntas, de mãos dadas, no meio da multidão abafada.

Ao entrar naquela cozinha enorme, sonho de qualquer mãe, vi o bar improvisado no balcão central. Garrafas de bebida alcoólica cobriam o tampo de granito, além de dois litros de refrigerante, copos e um balde de gelo na pia. Respirando fundo, desisti de me manter sóbria a noite inteira. Ficar bêbada era tentador. O que eu não faria para desencanar por pelo menos uma noite.

K.C. e eu já tínhamos provado um pouco do estoque de álcool de nossos pais algumas vezes, e eu já tinha ido a alguns shows fora da cidade, onde festejamos um pouquinho. No entanto, não podia baixar a guarda perto de algumas pessoas que estavam ali.

– E aí, Selena! Vem aqui, garota. – Jess Cullen me puxou para um abraço antes que eu conseguisse chegar ao bar. – Vamos sentir sua falta, viu. França, né? Por um ano? – Meus ombros relaxaram ao abraçar Jess, meus músculos ficando menos tensos do que quando cheguei. Pelo menos alguém, além da K.C., estava feliz em me ver.

– Esse é o plano – assenti, suspirando. – Vou ficar em uma casa de família e já estou matriculada nas aulas. Mas voltarei para o último ano. Você guarda um lugar pra mim na equipe?

Jess estava competindo para ser a capitã da equipe de cross-country neste outono, e competir era uma experiência do ensino médio que eu sentiria saudades.

– Se eu for capitã, querida, sua vaga está guardada – ela se gabou, animada e claramente bêbada. Jess sempre foi legal comigo apesar dos rumores que me seguiram ano após ano, e dos trotes constrangedores que lembravam a todos que eu era uma piada.

– Obrigada. Te vejo mais tarde? – Me aproximei lentamente da K.C.

– Claro, mas se eu não te vir, boa sorte na França – Jess gritou enquanto saía da cozinha, dançando.

Ao vê-la sair, minha expressão rapidamente mudou. O terror se arrastou pelo meu peito, descendo até a barriga.

Não, não, não…

Zayn entrou na cozinha, e eu congelei. Era exatamente a pessoa que eu esperava não encontrar esta noite. Seus olhos encontraram os meus cheios de surpresa, seguida por desprazer imediato.

Sim. Conheço muito bem este olhar. A expressão de não-aguento-a-por/ra-da-sua-cara-então-suma-do-meu-planeta.

Ele rangeu os dentes, e percebi como seu queixo se levantou devagar, como se tivesse acabado de colocar sua máscara de bully*. Eu não conseguia respirar direito.

A familiar batida acelerada em meu peito ecoou nos meus ouvidos, e um ótimo lugar para estar neste momento seria a quilômetros dali.

Será que é pedir muito ter apenas uma noite adolescente normal?

Tantas vezes na infância, sendo vizinha do Zayn, eu achava que ele era o melhor. Ele era doce, generoso e amigável. E o garoto mais bonito que já tinha visto.

Seu farto cabelo preto ainda saudava sua pele bronzeada. Seu sorriso deslumbrante – quando ele sorria – pedia atenção exclusiva. As garotas ficavam tão ocupadas secando ele nos corredores da escola que acabavam batendo nas paredes. Elas realmente batiam nas paredes.

Mas aquele garoto já não existia mais.

Virando-me rapidamente, vi K.C. no bar e tentei fazer um drinque para mim, apesar das minhas mãos estarem tremendo. Na verdade, me servi só de um pouco de Sprite, mas o copo vermelho faria parecer que eu estava bebendo. Agora que sabia que ele estava aqui, precisava ficar sóbria perto daquele idiota.

Ele deu a volta no bar e ficou parado bem atrás de mim. Um calor percorreu meu corpo à sua proximidade. Os músculos do seu peito se esfregavam no tecido fino da minha blusinha, e uma onda de choque propagou-se do meu peito até o estômago. Acalme-se. Caramba, acalme-se!

Após pegar um pouco de gelo e acrescentar ao meu drinque, inspirei e expirei lentamente, de um modo forçado. Virei para o lado para tentar sair do caminho dele, mas ele levantou o braço para pegar um copo e bloqueou minha passagem. Enquanto eu tentava me apertar para a esquerda, para perto de K.C., ele levantou o outro braço para pegar o Jack Daniels.

Uma dezena de possibilidades diferentes passou pela minha mente ao decidir o que fazer agora. E se eu desse uma cotovelada em seu estômago? E se eu jogasse a bebida em seu rosto? E se eu pegasse a mangueira da pia e…?

Ah, esquece. Nos meus sonhos, eu era muito mais corajosa. Nos meus sonhos, eu pegaria um cubo de gelo e faria coisas que Deus não gostaria que uma garota de dezesseis anos fizesse, apenas para ver se conseguia desbancar sua pose de bom moço. E se? E se?


Notas Finais


Espero que gostem do primeiro capítulo, espero também que acompanhem e gostem da fic. Comentemmmm


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