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História Sempre Fui Sua - Chapter 24


Escrita por: selenandzayn

Capítulo 25 - Chapter 24


No começo da tarde não conseguia parar de soltar bocejos a cada cinco minutos. Depois de cair na realidade, o laboratório, o incidente entre Zayn, K.C. e Madoc, a sessão de choro no banheiro e a conversa de coração aberto no almoço, meu corpo precisava se desligar um pouco. Faltava somente mais uma aula e então poderia ir para casa e dormir. Se eu tivesse sorte, na aula assistiríamos a um filme. Mas quando lembrei que Zayn assistia a essa aula comigo, uma nova tensão flamejou meus músculos do ombro e pescoço.

Depois que sentei, Nate Dietrich veio até a minha carteira e se abaixou.

– Oi, Sel, o que acha de sairmos neste fim de semana?

Não consegui controlar uma risada por dentro. Este cara passou por mim no corredor na semana passada e segurou o saco na minha direção.

– Não, obrigada, Nate.

Ele tinha cabelos cacheados castanhos e olhos castanhos e era até bonito, mas muito burro para aguentar. Quando ele não estava contando alguma piada imatura, ele era a piada imatura.

– Ah, fala sério. Dá uma chance pra mim – ele falava com um tom de voz longo e monótono que parecia estar conversando com uma recém-nascida.

– Não estou a fim. – Fiz contato visual com ele de propósito, como se estivesse dando um aviso com os olhos. O fato de eu saber tomar conta de mim agora não era mais segredo. Ele devia tomar cuidado. Abri o caderno e comecei a olhar as minhas anotações esperando que ele se tocasse de que a conversa tinha chegado ao fim.

– Não te entendo. – Não. Como disse, é muito burro. – Você deu para o Malik no vestiário na semana passada, depois você saiu com o Jamison e provavelmente deve ter dado pra ele também. – Ele se abaixou ainda mais e passou a mão no meu braço.

Cada nervo do meu corpo se eletrificou. Queria bater a cabeça desse cara no meu joelho tão forte que faria surgir um fluxo de sangue suficiente para concorrer com as Cataratas do Niágara.

– Sai daqui – disse com determinação, ainda tentando ler minhas anotações. – Não vou pedir de novo. – Não conseguia nem olhar para ele, de tão rude que foi. A ideia que todo mundo tinha de que sou algum tipo de lixo vulgar fez com que as paredes se desmoronassem em cima de mim. Por mais que tentasse agir como se isso fosse normal (e eu estivesse acostumada) tudo ainda parecia uma merda. Eu me importava com o que os outros pensavam sobre mim.

– Zayn está certo. Você não vale a pena – sussurrou Nate com um rosnado.

– Sente-se, Nate – uma voz grave e mandona nos assustou.

Ao olhar para cima, vi Zayn logo atrás de Nate, dando-lhe um olhar mortífero. Meu coração acelerou ao perceber que, pelo menos uma vez, Christopher não estava me olhando com raiva.

Como de costume, Zayn quis mostrar que podia comandar um exército sozinho.

Nate se virou lentamente.

– Ei, cara, não leve a mal. Se você ainda estiver com ela… – Nate deu de ombros, afastando-se de Zayn.

– Nunca mais fale com ela novamente. – A voz de Zayn estava inalterada, mas seus olhos eram ameaçadores.

Que merda é essa?

– Vá. – Zayn mexeu o queixo e Nate saiu como se tivesse sido dispensado.

Dei um suspiro amargo. Como ele ousa tentar solucionar um problema que ele mesmo criou!

Todos, alguma vez no ensino médio, pensaram que eu fosse uma vagabunda por causa dele. Não era isso que ele queria? Ele não queria que eu fosse assediada e me sentisse desconfortável com seu bullying? Cansada de ser atormentada por seus joguinhos, segurei a vontade nos meus punhos, que já estavam se contraindo para atingi-lo. Foi então que percebi que queria machucar Zayn. Queria realmente machucá-lo.

Te odeio.

Minhas emoções se transformaram em uma palidez relaxada.

– Não me faça favores – disse, encontrando seus olhos. A satisfação de machucá-lo uma vez seria ótima pra caramba. – Você é um bosta miserável, Zayn. Mas acho que eu também seria miserável, caso meus pais me odiassem. Seu pai te deixou e sua mãe te evita. Mas ninguém pode culpá-los, né?

Zayn recuou e imediatamente me senti trêmula por dentro. O que estava fazendo? Essa não era eu! Fui tomada por uma revolta repentina. O que acabei de falar para ele? Esperava me sentir satisfeita, mas isso não chegou a acontecer.

Ele continuou em silêncio e seus olhos me fitaram com ira e desespero insinuados. Não tinha como desfazer o que foi dito. Apesar de ele esconder as emoções, eu conseguia enxergar seu medo.

É disso que são feitos os valentões.

Tinha acabado de fazê-lo se sentir mal-amado e indesejado de propósito. Disse que ele estava sozinho. Mesmo depois de tudo o que ele aprontou comigo, nunca me senti abandonada ou isolada. Sempre tive alguém que me amava, alguém com quem eu podia contar.

– Ok, turma. – A Sra. Penley entrou pela porta, me assustando. Zayn não disse nada e seguiu até sua carteira. – Peguem as bússolas e procurem seu Leste. Quando eu disser “comecem”, peguem os materiais e sentem-se próximos à pessoa indicada para a discussão do dia. Podem colocar as carteiras ao lado ou de frente. Comecem.

Tentei afastar as lágrimas que haviam surgido, quase não tive tempo para recuperar o fôlego antes de meu Leste vir até mim.

– Olá, gatinha. – Olhei para cima e vi Ben, já ao meu lado, procurando por uma carteira vazia.

Hoje não. Coloquei o cabelo atrás da orelha e inspirei. Ben e eu não tínhamos conversado desde o encontro de ontem à noite, e até este momento não tinha percebido isso. – Oi, Ben. – Aguente por mais uma hora, cantarolei para mim. Precisava da minha música, minha cama e, com certeza, da minha avó.

– Estou bem. Agora. – Ele abriu um sorriso radiante e não consegui deixar de esboçar uma risada. Ele era um garoto feliz, era fácil ficar ao seu lado. Daria esse prazer a ele.

– Certo, turma, como vocês fizeram com o Sul na aula passada, apresente-se para o seu Leste – a Sra. Penley instruiu a turma. Todo mundo reclamou, como na outra aula, porque já nos conhecíamos muito bem.

– Eu sei, eu sei. – A professora acenou com as mãos para todos fecharem a boca. – Esse é um bom jeito de treinar para todas aquelas entrevistas que farão para entrar na faculdade. Além de se apresentarem, quero que dessa vez vocês dividam uma lembrança favorita para se conhecerem melhor. Vão em frente.

A Sra. Penley começou a andar pela sala que já estava tomada pelo zum-zum-zum das pessoas que conversavam. Olhei para Ben e bufamos, como se essa fosse a última coisa que gostaríamos de estar fazendo.

– Oi. – Ele esticou a mão, que eu aceitei revirando os olhos. – Meu nome é Benjamin Jamison. Minha lembrança favorita foi ter feito meu primeiro touchdown no ensino médio. Saber que eu era do melhor time e ver o público tão intenso, a sensação foi incrível.

Era difícil não simpatizar com uma lembrança dessas. Com todos os espectadores torcendo por ele, aposto que sentiu o coração saindo pela boca.

– Oi, meu nome é Selena Gomez. – Acenei, me sentindo como se estivesse numa reunião dos Alcoólicos Anônimos em que falaria “Sou alcoólatra”. – Minha lembrança favorita foi quando… – Meus olhos imediatamente seguiram até Zayn e depois para minha mesa.Essa memória em particular era inestimável para mim, mas demorou para eu assumir isso. Talvez eu devesse apenas mentir, mas por que teria que esconder? – Ah, acho que não vai ser nada tão importante como a sua, mas… uma vez fiz um piquenique em um cemitério.

Ben arregalou os olhos.

– Sério? – Olhou para mim, cheio de curiosidade. – E como foi?

– Legal. – Engoli em seco. – Minha mãe faleceu quando eu tinha dez anos, e fiquei com medo de visitá-la no cemitério. Eu realmente tinha medo. Durante dois anos, recusei ir até lá. Odiava saber que ela estava embaixo do chão. Aí, tinha um amigo meu… daquela época, ele um dia preparou um almoço para nós e me levou ao cemitério. Fiquei muito brava quando descobri para onde ele estava me levando, mas ele me disse que eu devia estar feliz porque minha mãe estava lá. Ele disse que era o lugar mais bonito e tranquilo da cidade. Foi muito compreensivo e paciente. Nos sentamos perto do túmulo da minha mãe e comemos nosso almoço, escutando música no rádio que ele trouxe. Ele conseguiu me fazer rir em um instante. Ficamos lá por um tempo, mesmo depois que começou a chover. Agora esse cemitério é um dos meus locais favoritos. Por causa dele. – Meu rosto doía, foi quando percebi que fiquei sorrindo durante a história toda.

Por pior que Zayn tivesse se tornado, e eu tivesse me transformado agora, ainda apreciava essa lembrança. Sorria toda vez que pensava no que ele tinha feito por mim naquele dia. Ele conseguiu trazer um pouco da minha mãe de volta.

– Uau. Minha história do touchdown soou meio superficial depois disso. – Ben parecia realmente interessado no que eu tinha contado para ele.

– Gosto da sua história do touchdown. Gostaria de ter tido mais touchdowns, se pudesse.

– Mas e aí, você e esse garoto ainda são amigos? – perguntou Ben.

Olhei para Zayn no outro lado da sala, encontrei seu olhar, e o pelo na minha nuca se arrepiou. Seu olhar frio passeou por Ben e depois voltou para mim. Não houve nenhum sinal de emoção que sugerisse humanidade.

– Não, somos praticamente estranhos agora.


Notas Finais


esse cap é o que mais dói e doeu em mim aaaaa


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