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História Sempre Fui Sua - Chapter 25


Escrita por: selenandzayn

Notas do Autor


Queria desejar feliz natal a cada uma de vocês e quero agradecer por estarem acompanhando a fanfic e estarem gostando tanto quanto eu, cada comentário que leio fico tão maas tão feliz que nem sei o que dizer. Adoro voces meninas, de verdade. Tentei várias vezes criar uma fanfic que desse certo mas nenhuma deu quanto essa está dando, muit obrigada, esse capítulo dedico a vocês. E postarei sempre pois estou de férias hahaha vão ter que me aguentar kkkkkkkk

Capítulo 26 - Chapter 25


Seguindo até o meu carro depois da aula, notei o ex-namorado da K.C. encostado nele.

– Liam? – perguntei, momentaneamente curiosa para saber por que ele estava me esperando, porém me sentindo mais irritada, porque tudo que queria era ir para casa.

– Oi, Sel. Como está? – Ele estava com as mãos nos bolsos e olhava para mim e para o chão.

– Estou indo. Como posso te ajudar? – perguntei abruptamente. Sempre questionava como a pessoa estava quando ela fazia o mesmo, mas estava chateada com Liam. Ele podia apodrecer no quinto dos infernos.

Ele sorriu, nervoso.

– Hmm, escuta. Me sinto muito mal pelo que aconteceu comigo e a K.C. Tentei ligar e passei na casa dela, mas ela não quer me ver.

Isso era novidade para mim. Quando perguntei à K.C. se tinha notícias de Liam, ela me disse simplesmente que “não”. Minha amiga não estava sendo sincera como sempre foi.

– E…? – Abri a porta do Bronco do meu pai e joguei a bolsa lá dentro.

– Sel, preciso vê-la. – Ele estava com os olhos vermelhos e inquietos. – Estraguei tudo. Eu sei disso.

– Essa é a sua desculpa? – Eu não tinha nada a ver com isso, mas gostava de Liam. Pelo menos gostava antes de ele ter traído minha melhor amiga. Queria entender. – Por que você traiu?

Passando as mãos no cabelo preto, ele voltou a se encostar no carro.

– Porque eu tive a oportunidade. Porque eu acabei me deixando levar lá no Loop. Sempre tive muitas meninas em volta de mim, e deixei que isso subisse à minha cabeça. K.C. só foi algumas vezes comigo, e nunca mostrou nenhum interesse.

Minha cabeça doía ao pensar no que dizer para ele. Não podia fazer isso agora.

– Liam, preciso ir pra casa. Vou falar para a K.C. que você quer conversar com ela, mas não vou ficar do seu lado nisso. Se você merecer, ela irá te perdoar.

Pessoalmente, não sei se perdoaria se fosse ela.

– Me desculpe. Não quis te meter nisso.

– Sim, você quis – brinquei, relutante. No fundo do meu coração, não acreditava que Liam era um garoto ruim. Mas ele fez merda, e não sei se valia a pena perdoá-lo. Sorte minha por não precisar tomar essa decisão.

– É, eu sei. Me desculpe. Você era minha última esperança. Cuide-se e… só pra você saber, mil desculpas por esta bagunça. – Ele se afastou e andou até seu Camaro.

Soltando um suspiro, entrei no carro e dirigi, antes da novela do dia se transformar em E o vento levou.

                                                                                                           +++

– Hmmm… o que se passa, uva-passa? – gritei ao abrir a porta da frente. Meu corpo estava implorando pela minha cama, mas decidi fazer uma cara de feliz para a minha avó. Estava com saudades dela.

E eu, de forma egoísta, precisava que ela me lembrasse de que eu era uma boa pessoa.

Depois do que disse para o Zayn hoje, não queria nem me olhar no espelho.

Podia sentir o cheiro de sua chegada da rua. O rico aroma de molho e carne dançava nas minhas narinas, envolvendo-me em um cobertor quente antes mesmo de eu ter fechado a porta da frente.

– Oi, moranguinho! – Minha avó parecia ter vindo da cozinha até o corredor de entrada dançando, me levando em seus braços. No ano em que fiquei fora, senti falta de seus abraços super perfumados. O laquê de seu cabelo misturado à loção e ao perfume que ela usava, além do couro dos cintos e sapatos, criavam este aroma de lar na minha mente. Depois que a mamãe morreu, precisei muito da minha avó.

– Ah, tinha me esquecido de “moranguinho”. O papai ainda me chama de “batatinha”. Por que vocês, Gomez, ficam dando apelidos de comida no diminutivo para mim? – provoquei-a, sabendo que eram nomes carinhosos.

– Ah, não. Não negue a uma velhinha o prazer de inventar apelidos carinhosos. – Ela deu um beijo na minha bochecha que fez um estalo.

– Vó, você é mais jovem de coração do que eu. – Joguei a bolsa perto da parede e cruzei os braços no peito. – A única coisa velha em você é a sua música. – Franzi a sobrancelha.

– Os Beatles são eternos. Diferente daquela “gritaria” que você chama de música. – Revirei os olhos e ela segurou meu braço, levando-me até a cozinha.

Minha avó é um produto da geração dos anos 1950: autoritária, cada fio de cabelo no lugar certo, mas ela também floresceu durante a juventude na rebeldia da década de 1960. O desejo de estar ativa em seu ambiente e conhecer o mundo fez com que ela viajasse bastante quando era uma jovem adulta. Quando ela descobriu que eu ia passar um ano na França, ficou muito empolgada. Experiência é a melhor professora. Seu ditado me acompanhava aonde quer que eu fosse.

Quando ela estava na casa dos sessenta anos, parecia muito mais jovem. Tinha cabelo castanho-claro um pouco grisalho, e costumava usá-lo solto nos ombros. Uma alimentação saudável e exercícios a mantinham em forma, feliz e vigorosa. Ela era eclética. Já a tinha visto usar terninho e camisetas dos Rolling Stones.

– Então me conta, como está a escola? – Ela pegou uma alface e começou a enxaguá-la na pia.

– Está bem. – Minha cama não estava muito longe agora e meu corpo estava muito letárgico até mesmo para se entreter com a ideia de contar a verdade para ela.

Mas seus olhos vieram na minha direção e ela fechou a torneira.

– O que está acontecendo? – ela respirava pelo nariz. Isso nunca era bom. Essa mulher me conhecia muito bem.

– Nada. Eu disse que está tudo bem. – Por favor, deixe pra lá.

Ela estreitou os olhos.

– Quando você está feliz, você me conta sobre tudo: lição de casa, Feira de Ciências, França, cross-country

– Estou muito bem – interrompi, passando a mão na testa. – É que hoje foi um dia difícil, só isso. Acordei tarde e comecei o dia com o pé esquerdo. Que horas você chegou?

Ela levantou uma sobrancelha perfeitamente arrancada após a minha mudança de assunto, mas deixou pra lá.

– Acho que lá pro meio-dia. Achei melhor chegar um pouco mais cedo para limpar tudo e começar a lavar as roupas… – Suas palavras foram sumindo enquanto ela fazia um gesto no ar com a mão. – Mas parece que você já cuidou de tudo.

– Bom, aprendi com a melhor. Não que eu não esteja feliz com a sua presença, mas a senhora realmente não precisa se preocupar. Tudo está indo bem.

– Que bom. – Franzindo a sobrancelha um pouco, continuou ela: – Na verdade, isso é ótimo. Saber que você vai embora para Nova York no ano que vem me preocupa um pouco, mas te ver cuidando de si mesma e da casa ajuda. Acho que você não precisa tanto de mim ou do seu pai.

– Disso eu já não sei. Cozinho muito mal, então ter você por aqui vai fazer com que eu coma melhor! – Eu ri quando ela balançou a folha alface na minha direção e algumas gotas d’água voaram em meu rosto.

– Ei! – Peguei uma folha de papel-toalha do balcão e passei no rosto.

Sentindo-me um pouco mais leve, pulei da cadeira para ajudar com o jantar. Minha avó preparou salada, macarrão e cogumelos salteados. Fiz o meu pão de alho de dar água na boca, que era basicamente a única coisa que eu realmente sabia cozinhar no fogão. O restante da minha dieta costumava incluir qualquer coisa que desse para cozinhar no micro-ondas. Ela arrumou a mesa no quintal dos fundos e coloquei uma música de fundo, que ambas gostavam.

– Então, acha que vou entrar na Columbia? – perguntei enquanto nos servíamos.

– Tenho um pressentimento sobre essas coisas.

– É, você também teve um pressentimento que meu primeiro beijo seria épico. Nós duas sabemos como ele foi de verdade – brinquei com ela, muito contente naquele momento. A comida parecia suculenta, e a brisa leve trouxe vida às árvores e o cheiro das rosas para a nossa mesa.

Ela começou a rir, quase engasgando ao dar um gole em seu vinho.

– Sabe – minha avó levantou um dedo –, em minha defesa, não sabia que seu primeiro beijo seria com alguém que você mal conhecia. Pensava que seria com aquele garoto que morava na casa ao lado.

Zayn.

Minha animação ruiu à lembrança dele. Memórias distantes de sonhos, agora antigos, que um dia tive com Zayn dançavam na minha cabeça. Tantas vezes quis beijá-lo quando era menor.

– Não é porque andávamos juntos quando éramos mais novos que havia esse envolvimento. Éramos apenas amigos – murmurei, minha sobrancelha agora ficando enrugada de irritação. A conversa estava agradável até tocar no nome dele.

– Não, mas havia outras coisas também. – A expressão pensativa da minha avó me fez querer mudar de assunto novamente. – Havia alguns sinais que pesquei. O modo como vocês dois ficavam sempre de cabeças juntas, o modo como ele te olhava quando você não estava reparando… e o modo como ele vinha dormir aqui escondido.

Ela falou a última parte devagar, seus olhos sábios zombando da minha expressão de espanto. Ah, merda!

– Você não achou que eu não soubesse disso, né? – perguntou ela.

É claro que eu não tinha ideia que a minha avó sabia disso! Bem lá no começo da nossa amizade, me lembro que Zayn subia na árvore entre nossos quartos e entrava de fininho pelas portas francesas. Não foram muitas vezes, apenas quando a sua mãe estava bebendo e ele precisava fugir. Como sempre tive uma cama queen size, ficávamos muito confortáveis, cada um no seu espaço, apesar de sua mão sempre dar um jeito de encontrar a minha durante a noite.

– Bom, você não precisa mais se preocupar com isso. Não somos próximos. – Enrolando um pouco de macarrão no garfo, enchi a boca com a esperança de que esse assunto chegasse ao fim.

– Como ele tem te tratado desde que você voltou?

Com a boca ainda cheia, revirei os olhos e balancei a cabeça para indicar que as coisas ainda não estavam boas e que eu não me importava com isso.

– Você conversou com ele alguma vez, como sugeri? – perguntou ela, antes de começar a comer sua salada.

– Vó, nem me dou ao trabalho de tentar. Fomos amigos, agora não somos mais. Meu coração não está se despedaçando por causa disso – menti.

– Sel, sei que machuca. Ele tem sido um idiota com você.

– Sério, não estou nem aí. Mesmo se machucasse, com certeza não demonstraria isso. Ele me fez coisas horríveis, e se minhas lágrimas são o que ele precisa para ficar bem, então ele pode sofrer. Ele não merece a minha atenção.

Minha avó colocou o garfo na mesa, sem tocar na salada que ainda mergulhava no molho do macarrão.

– Selena, sua mãe que falava assim.

Meus olhos saíram em disparada para ela, chocados com seu tom de irritação.

– Querida, eu amava a sua mãe. Todos nós amávamos. E sei que ela queria o melhor pra você quando tentava te ensinar a ser forte, já que ela sabia que não estaria por perto para te orientar nos dias difíceis. Mas, querida, ser vulnerável nem sempre é uma fraqueza. Às vezes, deixar a outra pessoa se abrir pode ser uma decisão consciente.

Apesar do que a minha avó estar dizendo parecer sensato, pensar em me aproximar de Zayn para uma conversa franca me embrulhava o estômago. Me sentia horrível pelo que tinha dito hoje, mas isso não apagava da memória todas as sacanagens que ele tinha feito comigo. Ir atrás dele o faria dar gargalhadas. Essa era uma imagem que me dava nojo.

– Não quero saber o que se passa na cabeça do Zayn. Não importa o que ele tenha lá no fundo, isso não é uma justificativa para ele tratar as pessoas desse jeito. Não me importo. – Seus olhos castanhos vieram à minha mente.

– Sim, você se importa – minha avó declarou. – Sei como a morte da sua mãe te afetou. Sei que quer ser médica para poder ajudar as pessoas que sofrem como ela sofreu quando estava com câncer. Sei que levou a sério os conselhos dela e acha que tudo vai melhorar assim que entrar na faculdade. Mas os defeitos do Zayn não são os únicos que estão te machucando.

Joguei o garfo no prato e sequei a camada de suor na sobrancelha. Como isso se tornou minha culpa?

– Não, pode parar. Estou cansada de ouvir todo mundo defendendo-o. Ele se afastou de mim. – Encostei bufando na cadeira e cruzei os braços sobre o peito.

– E você o deixou, Sel.

– O que eu devia fazer, caramba?! Ele não queria falar comigo. Eu tentei.

Cama. Sono. Fuga.

– Calma. Não estou falando que você não foi uma boa amiga. É claro que foi. Foram os problemas dele que começaram isso. Mas é fácil dizer que você tentou e então se afastar. É fácil dizer que não pode forçar a ajudar alguém que não quer ser ajudado e então se afastar. Você acha que está sendo nobre e forte virando as costas ou esperando até o fim das aulas. Mas esse peso que você não está colocando pra fora está te enfraquecendo. Às vezes, o melhor remédio é ser vulnerável, botar tudo pra fora e fazê-lo ver como ele tem te machucado. Aí sim, você poderá dizer que tentou.

Fechei os olhos e coloquei as mãos na testa mais uma vez. Tinha tantas coisas na cabeça: a Feira de Ciências, o cross-country e a K.C. Por que estava perdendo meu tempo tendo esta conversa?

Enfurecida, mexi a mão no ar e soltei-a no colo.

– Por que você se importa? Você ameaçou conversar com a mãe dele quando isso tudo começou.

Pelo que sabia, minha avó nunca gostou muito de Zayn. Apesar de ela sempre me encorajar a conversar com ele, ela sempre teve nojo de seu comportamento. Tinha parado de contar a ela e ao meu pai cada detalhe do tratamento repugnante que ele me dispensava, porque não queria que isso fosse resolvido a menos que fosse por iniciativa de Zayn. Quando acontecesse, imaginei que ele fosse me procurar. Mas ele nunca veio.

– Porque você nunca mais foi a mesma. E porque quando você for para a faculdade, quero que seu coração esteja livre.

Livre.

Como era mesmo se sentir assim?

– Já esqueci. Estou livre. – Não estava entendendo o que ela queria de mim.

– Agir de maneira indiferente não é esquecer – ela me alfinetou com seu olhar desafiador.

Meu corpo desmoronou. Depois disso perdi todo o meu arsenal.

Sentindo-me física e mentalmente esgotada, fiquei muito feliz quando ela me deixou ir para a cama sem pedir ajuda com a limpeza. Depois que entrei no quarto, tirei a roupa e entrei no chuveiro quente e tranquilo. Este esconderijo pulsante era o único lugar para onde eu podia fugir sem sair de casa. Podia ficar pensando, calada, o quanto eu quisesse; ninguém era o mais sábio ou me incomodava.

Eram apenas seis da tarde, e eu ainda tinha que ler alguns capítulos de O apanhador no campo de centeio para o dia seguinte e resolver alguns exercícios de Física, mas não tinha como lutar contra a sonolência. Programei o alarme para as quatro da manhã – o que me daria bastante tempo para levantar e fazer a lição – e fui até as portas francesas para fechar as cortinas.

Percebi que o vento começou a ficar mais forte e o céu, ofuscado por nuvens cinzentas. As árvores da vizinhança ainda tinham um verde vibrante e um raio, que de repente iluminou o céu, fez com que um breve sorriso de agradecimento surgisse em meu rosto. Saber que uma tempestade estava a caminho me tranquilizava, então deixei as portas abertas.

 



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