1. Spirit Fanfics >
  2. Sempre Fui Sua >
  3. Chapter 28

História Sempre Fui Sua - Chapter 28


Escrita por: selenandzayn

Capítulo 29 - Chapter 28


Por mais que eu tentasse manter uma conversa com Ben quando ele voltou, minha mente estava muito focada em reconstituir a discussão com K.C. Meu pai sempre me disse que eu podia falar o que quisesse contanto que dissesse de um jeito amigável.

Pu/ta que par/iu, por que fui cuspir aquelas palavras como se tivesse cinco anos de idade?

Podia ter resolvido isso de outra maneira. Sabe o que dizem sobre os planos mais bem articulados? Minhas emoções fugiram do controle, e ela provavelmente tinha ido chorar no ombro de Zayn. Aposto que ele estava adorando isso tudo.

Já estava bocejando de cansaço quando me arrastei pelas aulas de Inglês Avançado e Política, e não tinha energia alguma para treinar ou sair para jantar com a minha avó, como ela havia planejado.

– Sentem-se, todos! – gritou a Sra. Penley em meio ao barulho de carteiras sendo arrastadas e risos. Tínhamos acabado de terminar nossa discussão sobre os capítulos escolhidos de apanhador no campo de centeio e estávamos colocando nossas carteiras na posição certa. A turma ficou empolgada com o livro. Metade deles, eu acho, estava feliz por não ser uma história rural como achavam, e todo mundo gostou da ideia de um adolescente rebelde que fumava muitos cigarros.

O debate foi uma merda para mim. Fomos obrigados a colocar nossas carteiras em círculo, para que pudéssemos fazer contato visual com quem estivesse falando. Zayn ficou me lançando sorrisos maliciosos, sem dúvida já informado de seu progresso na Operação Destruir a Sel e a K.C.

Uma sensação intensa que se movia pelos meus braços e pernas me fez querer gritar com todas as forças até que ele magicamente desaparecesse.

Não me importo se você esteja viva ou morta.

Odiava admitir que me importava se ele estava vivo ou morto. Atormentava-me diariamente pensar que ele não me queria por perto.

Mas esse peso que você não está colocando pra fora está te enfraquecendo. Minha avó estava certa. Não estava melhor agora do que antes de ter decidido me vingar.

– Turma – instruiu a Sra. Penley na frente da sala de aula –, antes de vocês copiarem os exercícios da lição de casa, quero conversar sobre seus monólogos. Lembrem-se, eles devem ser entregues daqui a duas semanas. Vou deixar uma folha pendurada lá fora para vocês escolherem o dia que querem apresentá-los. Seus monólogos podem discutir os itens da lista que entreguei ou vocês podem escolher outro tema com a minha aprovação. Bom, não estou pedindo por atuações dignas de um Oscar – ela garantiu –, então não precisam se assustar. Afinal, isso não é teatro. Apenas apresentem o monólogo e entreguem a redação, utilizando a rubrica que lhes dei, explicando como o monólogo reforça o tema do livro ou do filme. – A Sra. Penley parou de falar enquanto todos começaram a pegar os cadernos e copiar a lição da lousa.

Agir com indiferença não significa ter esquecido.

Será que não chegou a hora de você se vingar?

Quero que seu coração esteja livre.

Um cansaço espremeu meu coração. Virei, olhando para Zayn. Ele levantou os olhos do caderno e me fitou.

Queria sair pelo corredor e ter a certeza de que não haveria mais dor alguma quando virasse a esquina.Queria que ele parasse. E, admito, gostaria de conhecê-lo novamente.

Mas esse peso que você não está colocando para fora está te enfraquecendo.

Antes que conseguisse me controlar, me virei e estiquei a mão no ar. Um aperto se revirou em meu estômago ao sentir como se tivesse entrado no sonho de outra pessoa.

– Sra. Penley?

– Sim, Sel? – A Sra. Penley estava parada na mesa dela, fazendo alguma anotação.

– Temos mais cinco minutos de aula ainda. Posso apresentar meu monólogo agora? – Senti olhos e ouvidos se virando na minha direção, a sala toda começou a prestar atenção em mim.

– Hmm, bem, não tinha planejado dar notas a ninguém ainda. Você já está com sua redação pronta? – A Sra. Penley enfiou a caneta que segurava no coque apertado.

– Não, vou entregá-la até o prazo, mas adoraria apresentá-lo agora. Por favor.

Observei-a ficar pensativa porque provavelmente estava preocupada se eu tinha me preparado, mas olhei implorando para ela com a esperança de que ela percebesse o quanto queria acabar logo com isso.

– Tudo bem – suspirou ela –, se você tem certeza que está pronta. – Ela me chamou para ir até a frente, enquanto andava até o lado para se encostar na parede.

Levantei da carteira e fui até a frente da sala, sentindo os olhares queimando nas minhas costas. Ao me virar para ver todos, meu coração batia como uma britadeira no peito. Fiz uma varredura com os olhos pela sala antes de começar. Se eu não olhasse para ele, conseguiria fazer isso.

– Gosto de tempestades – comecei. – Trovões, chuvas torrenciais, poças, sapatos molhados. Quando as nuvens começam a aparecer, fico risonha com a espera dela.

Apenas continue, Sel. Tentei fingir que estava conversando com meu pai ou com a minha avó. Mantenha a naturalidade.

– Tudo fica mais bonito na chuva. Não sei por quê. – Dei de ombros. – Mas é como se fosse a oportunidade perfeita. Costumava me sentir uma super-heroína quando guiava minha bicicleta nas ruas perigosamente escorregadias, ou como uma atleta olímpica que estava passando por provas difíceis para conseguir alcançar a linha de chegada.

Abri um sorriso ao me lembrar de tudo. Lembrar de mim e de Zayn.

– Nos dias ensolarados, quando era mais jovem, adorava acordar com aquela sensação gostosa. Você me deixava louca te esperando, igual a uma tempestade sinfônica. Você era um temporal no sol, um trovão em um céu entediante e sem nuvens. Lembro que eu tomava café da manhã o mais rápido possível para que pudesse voltar e bater na sua porta. Brincávamos o dia todo, eu ia para casa apenas para comer e dormir. Brincávamos de esconde-esconde, você me empurrava no balanço, ou a gente subia em árvores. Ser sua parceira me dava uma sensação de lar novamente.

Exalei, finalmente relaxando, e meus olhos flutuaram até os dele. Eu o vi me olhando, respirando forte, quase como se estivesse congelado. Fique comigo, Zayn.

– Sabe – meus olhos continuaram nos dele –, quando eu tinha dez anos minha mãe morreu. Ela tinha câncer, e eu a perdi antes de conhecê-la. Meu mundo desabou e eu estava assustada. Foi você quem fez com que tudo ficasse bem novamente. Com você, me tornei corajosa e livre. É como se aquela parte que morreu com a minha mãe tivesse voltado ao te conhecer, e eu deixei de sofrer. Nada mais doía se eu soubesse que tinha você.

Meus olhos se encheram de lágrimas, e a turma se inclinava para me ouvir.

– Aí teve um dia, do nada, que te perdi também. A dor voltou e me senti mal quando vi você me odiar. Minha tempestade desapareceu, e você se tornou cruel. Sem explicação alguma. Você apenas tinha deixado de existir. E meu coração foi despedaçado. Sentia sua falta. Sentia falta da minha mãe. – Minha voz ficou rouca e não sequei a lágrima que havia caído. – Pior do que te perder foram suas agressões. Sua atitude e palavras me faziam odiar vir para a escola. Elas me deixavam desconfortável até mesmo na minha própria casa. – Engoli em seco, e o nó em meu peito diminuiu. – Tudo ainda dói, mas sei que não é minha culpa. Tem muitas palavras que eu poderia usar para te descrever, mas a única que inclui triste, horrível e lamentável é “covarde”. Daqui a um ano terei partido e você não será nada mais do que um fracassado que só foi famoso durante o ensino médio. – Continuava olhando para Zayn e minha voz adquiriu força novamente. A dor em meu rosto por tentar conter as lágrimas diminuiu. – Você era meu temporal, as nuvens carregadas, minha árvore no aguaceiro. Amava tudo aquilo e te amava. Mas agora? Você é uma merda de seca. Achava que todos os idiotas dirigissem carros alemães, mas parece que os babacas de Mustang também sabem deixar cicatrizes.

Ao olhar em volta da sala, percebi que todos estavam parados e quietos. Uma menina se acabava de chorar. Terminei de secar uma lágrima que caía nas minhas bochechas e sorri.

– E gostaria de agradecer à Academia…

Todos riram, saindo do transe em que estavam depois da minha história séria e triste, e começaram a bater palmas e a ovacionar. Coloquei a cabeça para trás e olhei para o teto antes de dar uma reverência dramática e sarcástica, o que fez com que meus colegas rissem ainda mais. Os aplausos ensurdecedores tiraram a minha atenção das pernas trêmulas.

Foi assim. Zayn podia me pressionar, me machucar, conseguir o que quisesse, mas mostrar a ele que me machucou, só que não acabou comigo, foi como venci. Uma euforia se instalou em meu estômago ao mesmo tempo que sentia ondas de contentamento me banhando.

Livre.

– Esse monólogo foi baseado em quê? Sra. Penley, ela fez as pessoas chorarem! Quem vai conseguir se sair melhor depois disso? E temos permissão para xingar? – reclamou de brincadeira uma das garotas da minha bússola.

– Tenho certeza de que você se sairá muito bem. E, Sel, foi maravilhoso. Você realmente conseguiu estabelecer um parâmetro. Mas não me lembro desse tema na lista, então tenho certeza de que tudo estará na redação, certo?

Confirmei, voltando para o meu lugar, pensando que lidaria com isso mais tarde. O sinal tocou e todos começaram a seguir até a porta, prontos para encerrarem o dia.

– Bom trabalho, Sel!

– Uau!

Algumas pessoas que nunca conversaram comigo me deram tapinhas nas costas e me elogiaram. Zayn saiu voando da sala, como o estopim de uma dinamite. Só que, desta vez, eu estava livre da explosão. Eu o deixei ir, sem nem precisar me esforçar para fingir que não me importava.

Abrira meu coração e agora só dependia dele.

– Sel – Ben veio até a minha carteira, enquanto eu pegava a bolsa –, foi demais. Tem certeza que quer perder seu tempo estudando medicina e não fazer teatro ou algo assim? – Ele tirou a bolsa do meu ombro e pendurou no dele.

Segui até a porta com ele logo atrás de mim.

– Você está bem? Estava chorando. – Ele parecia realmente preocupado.

Virei para olhá-lo e esbocei um sorriso sem fazer força no rosto.

– Estou ótima. E adoraria ir na corrida contigo neste fim de semana.

Ele parecia surpreso com a minha mudança de assunto, mas seus olhos brilharam ao pegar na minha mão.

– Ok! Mas… você sabe que tem que vestir uma saia bem curta, né? É tipo o uniforme das garotas – provocou ele, e pude perceber que estava flertando.

– Bom, sou rebelde, não sabia disso?

Empurramos a porta, de mãos dadas. Vi Zayn com a testa encostada na parede.

– Até mais, Zayn – gritou Ben enquanto passávamos por ele, sem noção do que acabara de acontecer entre Zayn e eu na sala de aula.

Ele se virou, porém, não respondeu. Percebi que seus olhos estavam vermelhos. Ele estava com as mãos enfiadas no bolso da frente de seu casaco preto e respirava como se tivesse acabado de correr por um quilômetro. Fora isso, não manifestava emoção alguma. Ele não parecia chateado ou feliz. Nada.

O que se passava em sua cabeça?

Será que um dia eu descobriria?



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...