História Sempre será você... - Ao seu lado Pt. 4

                   - Armin -

         - Dois Anos Depois -

 
Estou colocando a minha camisa quando sinto o Jean me abraçar por trás e beijar o meu pescoço.

- Você deveria ficar... – Pede com a voz meio sonolenta me fazendo abrir um sorriso.

- Sabe que não posso, amanhã será o aniversário dos meus afilhados... – Respondo virando para encarar a pessoa que me ajudou a seguir quando o meu coração estava em pedaços – Prometi aos dois que esse ano estaria lá.

Os olhos do Jean de repente ficam vidrados e ele fala com um tom de ressentimento.

- Se eu não tivesse que resolver algumas coisas iria com você.

Suspiro e encaro os seus olhos intensamente.

- Eu entendo, não precisa se preocupar, eu vou ficar bem – Falo e ele me olha de repente irritado.

- Ele vai estar lá – Ao escutar as suas palavras meu corpo fica tenso e eu fecho os meus olhos.

- Jean... Por que você está falando dele novamente? – Pergunto tentando manter a minha respiração calma – Já superei isso...

- Se você realmente tivesse superado não ficaria tenso só de escutar o nome dele e olhe que nem nome eu citei.

Percebo que o Jean ficou magoado e eu beijo o canto da sua boca.

- Não precisa ficar assim, é com você que estou agora... – Minha voz sai culpada e ele abre um meio sorriso me empurrando novamente para cama e ficando em cima de mim. Ele me beija intensamente e eu suspiro segurando a sua nuca, sinto o seu corpo colado ao meu e quando as suas mãos começam a tirar minha camisa eu me afasto nervoso.

- Acho melhor não... – Digo me levantando da cama e encarando a sua carranca.

- Sabe... Até quando vai se afastar de mim quando estivermos na cama? Pensei que você disse que já tinha superado – Sua voz sai irritada e eu me encolho – Faz o quê? Um ano e meio que estamos juntos e você ainda não sente vontade de fazer comigo...

- Jean... Não é nada disso, eu... – Tento falar, mas não encontro nenhuma explicação. Sei que ele está dizendo a verdade e isso faz eu me sentir péssimo, nós nunca fizemos sexo e isso não foi por causa do Jean, ele é muito carinhoso comigo, mas eu sempre travo ou simplesmente não sinto nada.  A verdade é que sempre quando ele começa a me beijar lembro-me do Erwin, de tudo que aconteceu e nunca consigo conter a dor no meu peito. Merda, sei que é errado, mas eu não consigo deixar de lembrar.

- Não precisa falar mais nada... – O tom decepcionado do Jean me traz de volta a realidade e o encaro culpado – Você falou pra mim desde que entramos em um relacionamento que não estava totalmente recuperado... Eu insisti.

Fecho meus olhos e solto uma respiração trêmula.

- Preciso ir... – Falo e pego as minhas coisas.

Estou prestes a passar pela porta quando sinto a sua mão segurar o meu braço, ele vira o meu corpo em sua direção e sussurra no meu ouvido.

- Vou esperar você...

Abro um sorriso e dou um beijo na sua bochecha com carinho.

- Fico feliz por isso.

                   - Erwin -

 Escuto a voz do Levi chamar o meu nome e olho para o seu rosto preocupado.

- Você precisa superar isso... Erwin, já passou o tempo de arrependimentos...

Meu coração aperta e eu fecho os meus olhos.

- Se você fosse o meu amigo teria dito para onde o Armin foi, eu poderia ter concertado as coisas... – Sussurro ressentido.

- Foi o Armin que pediu para não contar nada, eu apenas respeitei a opinião dele.

- Mas... Eu preciso pedir perdão... Não sei nem como ele está... Eu... – Minha voz fica rouca e eu paro de falar nervoso – Eu me arrependi...

O Levi me encara sério por um momento e depois suspira culpado.

- Olha, eu nem devia contar, mas posso ver nos seus olhos que está falando a verdade e não gosto de ver um amigo do jeito que está.

Encaro apreensivo o meu amigo e prendo a respiração com as suas palavras.

- O Armin está vindo para o aniversário das crianças...

Arregalo os olhos e respiro com dificuldade.

- Então ele vai estar aqui amanhã? – Pergunto ficando nervoso de repente.

- Sim, só não fala isso pro Eren... Se ele souber é bem capaz de não querer transar comigo, ele quase fez greve quando descobriu que eu sabia quem era o pai do filho do Armin e não disse a ele... – A voz assustada do meu amigo me faz sorrir verdadeiramente depois de muito tempo.

- Agora o Eren que manda? – Pergunto brincando e o Levi balança a cabeça negativamente.

- Nunca...

- Isso é o que você fala – Retruco e depois fico em silêncio pensando na relação que o meu amigo tem.

Eu poderia ter tudo isso, mas joguei fora e agora estou pagando, sabe... Quando descobri que o Armin foi embora eu fiquei muito mal e não conseguia me concentrar direito nos meus compromissos. Para piorar o meu estado, o meu pai morreu quatro meses depois a partida do Armin e isso me deixou mais abalado.

Amanhã terei a chance de conversar com a pessoa que fez o meu coração bater de maneira diferente e que ainda me deixa triste em pensar que joguei fora o que poderíamos ter... Um filho... Se não fosse a minha atitude sem coração estaria com o meu filho e com o Armin até hoje.

Meus olhos começam a arder e levanto rapidamente da cadeira deixando um Levi completamente confuso na sala. Preciso pôr a minha cabeça em ordem antes de falar com o Armin, eu devo perdão a ele... Eu preciso do seu perdão.

                     .   .   .

Entro lentamente na casa do Levi com o coração batendo furiosamente contra o peito e olho para os lados do cômodo procurando os cabelos loiros que ansiei em ver pessoalmente por tanto tempo, mas suspiro decepcionado quando não o encontro. Não consegui dormir na noite passada, fiquei muito agitado.

- Oiiii! – Grita a Shizuko se jogando nos meus braços – O papai falou que o senhor viria ajudar.

Sorrio e abraço a menina de olhos verdes, ela cresceu bastante e sempre é muito doce.

- Sim, você está linda – Falo abrindo um sorriso e ela olha para o vestido florido.

- Eu sei! O papai mandou fazer para mim! Foi tão legal! – Exclama animada e depois olha para algum ponto atrás de mim e o seu rosto se ilumina e ela passa feito um raio por mim gritando – Tio Armin! O senhor voltou!

Meu corpo congela e viro lentamente o meu corpo olhando para a pessoa que não saiu da minha cabeça nos últimos dois anos, vejo o seu sorriso ao encarar a Shizuko e ele a pega nos braços com carinho.

- Oi Pequena! O tio sentiu falta desse abraço gostoso – Sua voz clara me deixa sem ação.

- Eu não sou mais pequena, eu cresci! – Reponde a Shizuko e depois grita – Papai! O tio Armin chegou.

Não demora muito para outra criança passar por mim correndo e se jogar nos braços do Armin.

- Cara, você também está um rapazinho! – Diz com alegria abraçando fortemente o Shion e depois ele olha para frente, nesse momento os nossos olhares se cruzam e ele congela e seu sorriso apaga.

Abro a minha boca para falar, mas a voz do Eren faz o Armin desviar o olhar e sorrir para o amigo, meu coração murcha ao perceber a sua reação ao me ver, dou um passo para trás lentamente e vou rapidamente em direção à cozinha. Preciso tomar um copo com água.

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Não sei quanto tempo fiquei dentro da cozinha pensando, mas quando sinto uma presença atrás de mim viro para ver quem é e dou de cara com a pessoa de cabelos loiros. Ele me encara em silêncio até que fala.

- Oi... – Sua voz é suave, mas percebo que seus olhos estão nervosos – O Eren precisou ir buscar o bolo e as crianças pediram pra ir junto... Eu só vim tomar um copo com água.

- Não precisa ficar nervoso perto de mim...  – Falo e ele suspira – Como você está?

Porra, que tipo de pergunta foi essa? Preciso ficar calmo.

- Bem... – O Armin pega um copo e eu encho prestativo o recipiente.

Fico em silêncio e o clima parece ficar tenso, vejo o modo como ele bebe lentamente a água e quando termina fica calado.

- Armin... – Começo a falar e ele me encara curioso – Eu queria...

- Não precisa... – Seu tom nervoso me interrompe e eu balanço negativamente a minha cabeça.

- Por favor... Deixa-me continuar, preciso fazer isso... – Minha voz sai suplicante e ele balança a cabeça quase imperceptível – Me perdoa... Sei que errei e me arrependo, nunca deveria ter dito aquelas coisas...

Seus olhos se arregalam e fico ainda mais nervoso.

- Eu... Não tinha o direito de machucar você dessa maneira... No dia que deixei você dormindo na cama onde tínhamos dormido juntos eu nunca tive a intenção de humilhar você, o bilhete que escrevi sei que foi muito incessível da minha parte e eu... Não queria que você pensasse que não foi importante pra mim – Vejo os seus olhos ficarem brilhantes e continuo – Minha intenção não era deixar você sozinho, mas a minha mãe ligou dizendo que o meu pai estava no hospital e tive que sair correndo da sua casa...

- Isso não explica as coisas que disse para mim quando contei que estava esperando um filho seu... – Sua voz sai embargada e meu coração afunda – Nem quando jogou na minha cara que o meu amor não te interessava...

- Eu... Estava com medo... – Falo nervoso sentindo os meus olhos arderem.

- E como você acha que eu estava? Foi naquela época que precisei de você e tudo que você fez foi virar as costas pra mim e para o nosso filho...

Fecho meus olhos abalado e sentindo a culpa invadir a minha mente, ando em sua direção e seguro o seu rosto entre as mãos. Ele tenta se afastar, mas eu encosto as nossas testas uma na outra.

- Perdão... – Sussurro sentindo as lágrimas caírem dos meus olhos – Eu não consigo viver com a culpa de ter feito você sofrer... Dá pra mim outra chance...

Agora ele está soluçando e meu corpo está tremendo, o puxo para um abraço e ele começa a soluçar nos meus braços. Acaricio o seu cabelo com as mãos trêmulas...

Ficamos assim até ele se acalmar e se afastar de mim.

- Eu perdoo você, mas não posso dar outra chance... – Sussurra e eu suspiro triste.

- Por que não? Prometo que vou ser melhor... Por favor – Suplico com a voz rouca.

- Eu estou com outra pessoa... – Fala baixinho e eu dou um passo para trás como se tivesse levado uma facada. Um bolo se forma na minha garganta e engasgo com um soluço – Desculpe...

- Não precisa se desculpar... Eu fui o único responsável pelo rumo que as coisas tomaram – Falo com dificuldade – Sabia que cedo ou tarde encontraria uma pessoa que te trataria bem e cuidasse de você como não consegui, disse a mim mesmo que aceitaria... Mas nunca pensei que iria doer tanto saber que não me esforcei o bastante para fazê-lo feliz...

O Armin ofega e coloca a mão sobre a boca tentando conter um soluço, abro um sorriso triste e falo.

- Desculpe... Você realmente merece uma pessoa que te trate como não consegui...

Quando termino de falar saio rapidamente da cozinha indo em direção à rua.

Eu fui muito idiota de não dar valor ao que tinha, agora preciso aceitar e tentar seguir em frente, mesmo que o meu coração tenha sido quebrado por um erro que não tem reparo.