História Sempre Tem Um Lado Bom - Apaixonada

Levantei atrasada e corri me arrumar de qualquer jeito mesmo enquanto fazia uma torrada para meu café da manhã. A peguei e saí correndo de casa em direção ao carro e a comi durante o caminho.

Quando cheguei na delegacia fui em direção ao escritório que estava vazio, mas havia um bilhete em cima da minha mesa onde estava escrito “academia”. Uau, de novo?

Larguei minhas coisas ali mesmo e fui apressada para a academia vendo que os demais já estavam treinando, então olhei no relógio e vi que era exatamente a hora de começar a trabalhar... Bom, assim ninguém vai poder me repreender, nem meu “parceiro” de baile.

Me troquei rapidamente no vestiário e quando saí, o Wesker apontou para o Barry e o Joseph, então fui até eles me metendo no treino de tiro ao alvo e comecei tranquilamente, ganhando uma piscadela discreta do Chris que estava com o Brad. Eu sorri e desviei me concentrando no treino.

 

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O dia passou rapidamente e mal pude dizer “oi” para o Chris apesar de nossos olhares terem se cruzado várias vezes durante o dia. Quando fui ao vestiário me trocar para ir embora, fiquei pensando no caminho mais fácil para loja de vestidos e me aborreci ao pensar em fazer isso sozinha... Uma segunda opinião sempre é bom.

Ao sair do chuveiro vi a Rebecca com um sorriso amigável secando os cabelos e parecendo animada, então pensei... Será que ela é tão legal quanto aparenta? Porque parece que ela tem tantas amigas quanto eu, tipo, nenhuma.

-- Rebecca?

Ela virou rapidamente para mim e sorriu ao se aproximar.

-- Tudo bem, Jill?

-- Sim... Eu estava pensando... Você vem amanhã para o baile, certo?

-- Ah, até achei que não... Mas o Roger, o garoto do primeiro andar me convidou e eu aceitei.

-- Legal... Você já tem roupa?

-- Ah... Vestido, certo?

-- Vestido longo.

-- Longo?

-- Sim... Foi o que me disseram.

-- Nossa, que droga... Obrigada por me avisar, se não eu me daria mal. – Ela sorriu.

-- De nada... Pois é, eu vou agora em uma loja que sei que fica aberta até mais tarde, o que acha de vir comigo para escolhermos juntas?

Os olhos dela brilharam e seu sorriso foi estonteante quando se sentou do meu lado parecendo extremamente contente com meu convite.

-- Acho incrível! Que legal, Jill, obrigada por me convidar...

-- Legal... Vamos, então? Como você costuma ir para casa?

-- Ah, sempre vou de a pé.

-- Certo... Na volta eu te deixo em casa então, o que acha?

-- Perfeito!

Ela ajuntou sua bolsa e eu fiquei em pé com ela pulando ao meu lado e saímos juntas... Não imaginava que ela ia ficar tão feliz. Sinto uma pontada na minha consciência por nunca ter dado muita atenção a ela... Acho que vai ser legal, afinal, faz muito tempo que não faço algo com uma amiga, ainda mais ir escolher roupas, acho que vai ser ótimo para mim.

-- Jill?

Ouço a voz que me deixa com as pernas tremendo e me viro para olhar ele correndo em nossa direção e a Rebecca sorri sem jeito.

-- Eu vou indo até a porta...

-- E aí Rebecca. – Ele sorriu.

-- Oi, Chris.

Ela sai e ele me olha com aquele sorriso estonteante e espero ele falar.

-- O que vai fazer hoje?

-- Vou escolher meu vestido para quinta-feira.

-- Ah... – Ele deixou de sorrir – É que eu pensei que nós podíamos fazer alguma coisa juntos.

-- Hoje não vai dar, Chris... Mas amanhã tudo bem.

Ele abriu o sorriso de novo e eu o acompanhei.

-- Certo... Amanhã. Ah, e eu olhei na previsão do tempo e dizia que a chuva tinha acabado, então amanhã vai dar certo para irmos onde eu tinha dito.

-- Legal.

-- Aí dava para levar alguma coisa para comermos e... Bom, vemos amanhã.

-- Tudo bem.

-- Eu vou deixar você ir se não você pode se atrasar e amanhã não vou te deixar fugir de novo.

-- Certo... – Eu ri – Tudo bem.

-- Ótimo... Até amanhã, Jill. Divirta-se.

-- Obrigada. Até amanhã, Chris.

Eu me afastei e ele ficou com aquele sorriso animado em minha direção e não se moveu até eu chegar na porta de saída e acenar pela última vez, com ele fazendo o mesmo.

Caminho com a Rebecca para fora da delegacia e realmente a noite parecia estar se limpando, agora com poucas nuvens cobrindo algumas estrelas.

-- Você formam um lindo casal, Jill.

-- Obrigada, mas... Não somos um casal, Rebecca.

-- Não? Ah, desculpe... Mas ele gosta de você, certeza.

Nossa, fui a única que não percebia isso?

Eu sorri sem jeito e entramos no carro seguindo para a loja de vestidos.

 

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Eu olhava nas fileiras de vestido e não encontrava nada que me agradasse e a Rebecca parecia do mesmo jeito, mesmo já tendo ido provar dois modelos. Quando virei para a penúltima, vi um verde com brilhos ao redor do busto que achei muito bonito, então virei para Rebecca sabendo que nela ficaria melhor do que em mim.

-- O que acha desse para você?

Ela virou e abriu um sorriso ao ver o vestido e correu em nossa direção passando a mão nas lantejoulas que ele tinha.

-- Nossa, é lindo... Ah, mas prova você, afinal, você foi quem viu primeiro.

-- Não, não... Sei que vai ficar melhor em você.

-- Certo... Mas antes quero achar um para você provar também.

-- Não encontrei nada ainda.

-- Mas vamos encontrar, pode acreditar.

Eu sorri e ela me puxou para a fileira seguinte e foi olhar na do lado, então fiquei observando os demais, até que a ouvi soltar uma exclamação de surpresa.

-- Achei! Nossa, olha esse, Jill... É perfeito.

Eu olhei para ela e a vi segurando um vestido azul marinho brilhante e eu não tive certeza do que achar dele.

-- Não faça essa cara! Você vai ver que vai ficar maravilhosos em você... Anda, acredite em mim. A maioria dos vestidos fica mais lindo no corpo do que no cabide, anda, vamos provar.

Eu ri do entusiasmo dela e esperei primeiro ela se trocar porque os outros dois lugares estavam ocupados. Quando a Rebecca saiu eu sorri para ela que correu no espelho e girou, mostrando que o vestido caiu perfeitamente nela... Ficou lindo mesmo.

-- Você está linda, Rebecca.

-- Ah, eu adorei... O que você acha? Fico com esse?

-- Sim, caiu perfeitamente em você.

-- Ótimo! Agora vai você, anda, estou muito curiosa...

-- Ok, ok...

Eu ri e entrei a vendo se admirar no espelho novamente. Eu tirei minha roupa e coloquei o vestido que caiu como uma luva... Eu saí do lugar sem me olhar direito e quando a Rebecca me olhou, colocou as mãos no rosto.

-- Ah, Minha Nossa, Jill... Você está maravilhosa! Vem, olha aqui...

Eu fui no espelho e olhei os detalhes do vestido, agora realmente mais interessada nele... Ele tinha um decote comportado na frente, mas atrás ele era mais aberto aparecendo bem as costas. Na frente ainda tinha um corte na perna deixando um pouco aparecer. Ele era lindo... Realmente maravilhoso, mas achei meio demais.

-- Jill, ficou maravilhoso em você.

-- Você não acha meio exagerado?

-- Não, nem um pouco... Olha o caimento dele, como ficou gracioso em você! E esse corte nas costas e na perna não te deixa vulgar, mas sim provocante e sensual... Acredite, você vai fazer os homens daquela delegacia babarem.

Eu ri e me observei novamente no espelho com ela sorrindo alegremente para mim e analisei as partes dele... É, ela tem razão. Ele me deixou com um corpão. Era justo na parte de cima, mas embaixo era mais caído... E o decote de trás e a abertura na perna realmente não achei que deixasse vulgar, mas ainda achei ele elegante demais.

-- O Chris vai arregalar a boca quando te ver... Você vai com ele, certo?

Eu desviei com minha frustração sobre isso me invadindo de novo e pensei até quanto eu poderia contar para ela.

-- Não, não vou com ele.

-- Não? Nossa, eu jurava que ele ia te convidar...

-- Ele convidou... Mas antes eu fui praticamente convocada por outro.

-- Quem?

-- O Wesker.

-- O quê? Ah, não, Jill, ninguém merece...

-- Pois é.

-- Bom, mas no baile você poderá ficar com outras pessoas, não é?

-- Sim, lá sim.

-- Ótimo... O Chris vai morrer quando te ver vestida assim com o braço dado para outro, ele vai se arrepender completamente por não ter agido mais rápido.

É, ela tem razão... Ele tem que sofrer um pouco.

-- Você está certa... Vou ficar com esse.

-- Legal!

Fomos até a moça e ela marcou aqueles para nós, já embrulhando e guardando em outro lugar. Então pagamos e saímos de lá sorridentes e quando entramos no carro vejo que já é tarde.

-- Nossa, como demoramos.

-- Ah, essas coisas nunca andam rápido... – Ela riu.

-- É, tem razão. Onde você mora?

-- Ah, sabe aquela rua... Ah, que bobagem, pois no mesmo prédio que o Joseph mora.

-- Beleza.

Liguei o carro e seguimos para lá conversando como amigas de infância sobre os detalhes dos nossos vestidos, e comentando sobre sapatos e em como a delegacia estaria arrumada. Quando chegamos na frente do prédio, desliguei o carro e ela me olhou muito animada e eu sorri.

-- Foi muito legal, Jill, obrigada por me convidar!

-- De nada... Acho que podíamos marcar alguma coisa para fazermos um dia desses.

-- Ah, eu ia adorar... Não tenho nenhuma amiga nessa cidade e todas as garotas da delegacia me olham de canto. Menos você, é claro.

-- Não ligue para isso, Rebecca... A maioria delas são antipáticas.

-- Pois é... Mas eu gostaria muito de ser sua amiga, Jill.

-- Então já pode me considerar como uma.

Ela sorriu e me abraçou se despedindo e eu contribuí feliz também com essa aproximação, ela parece legal.

-- Legal... Boa noite, Jill. Até amanhã!

-- Boa noite... Até!

Ela saiu e foi correndo para o prédio acenando para mim e notei que a animação dela me contagiou também, e voltei para casa com um sorriso no rosto.

Quando entrei em casa fui direto para o chuveiro. Depois fui comer uma fatia de pão mesmo me sentindo exausta de tanto olhar vestidos, mas acho que realmente aquele que a Rebecca achou para mim será perfeito... Não que eu queira fazer os caras babarem, porque só quero que um se admire comigo.

Eu sorri maliciosamente imaginando a cara de bobo dele em me ver extremamente arrumada dos pés a cabeça e fui lavar a louça com o pensamento ainda fixo em mim. Quando me arrumei para dormir, coloquei a camisa dele de ontem sentindo o cheiro do perfume da pele dele impregnado na camisa que respirei fundo e consegui pegar no sono com um sorriso nos lábios, torcendo do fundo do coração que amanhã não chovesse.

 

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Levantei sem atraso e minha rotina matinal foi a mesma, a não ser pela minha vontade de me arrumar um pouco mais, mas ao pensar que eu iria para academia mesmo, já imaginei que não adiantaria muito. Prendi meu cabelo para o alto, tomei meu chá e saí para delegacia.

Entrei no escritório e deixei minhas coisas lá, já imaginando que estavam na academia então fui naquela direção. Cheguei e a Rebecca já acenou para mim e eu retribuí, então fui em direção aos meninos da minha equipe, que sorriram ao me ver.

-- Bom dia.

-- Bom dia, Jill. – Eles responderam.

Mas nada que se destacasse mais do que aquele sorriso único que me jogou um olhar de canto e eu desviei para não corar, mas vi que o Joseph pegou o momento e encarou o Chris com um sorriso malicioso que eu fingi não ver.

 

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O dia rastejou, mas foi profissionalmente produtivo. Brad estava me ensinando maneiras de pilotar o helicóptero, não que eu estivesse entendendo, mas ele parecia animado em estar comigo que apenas o escutava e balançava a cabeça.

Quando deu o horário, corri ao vestiário e a Rebecca estava lá me perguntando coisas do meu dia e eu fiz o mesmo a ela que não parava de tagarelar. Ao me olhar no espelho percebi que eu precisava dar uma ajeitada em casa para sair com o Chris, então acenei para Rebecca e saí.

-- Até amanhã, Rebecca.

-- Tchau, Jill!

Eu saí e vi o Barry com o Joseph ao canto e quando acenaram lembrei que a Rebecca comentou que ia de a pé e morava no prédio do Joseph, então corri até ali.

-- Ei, Joseph?

-- Fala aí, Valentine.

-- Sabe a Rebecca, certo?

-- Sei, o que é que tem?

-- Tem que ela mora no seu prédio e sempre vai de a pé para casa.

-- O quê? Todos os dias?

-- Sim.

-- Nossa, é longe para caramba.

-- Pois é, aí eu pensei que...

-- Vou oferecer carona, pode deixar.

-- Legal, obrigada... Até amanhã Joseph, Barry.

-- Até, Jill.

Eu corri para fora imaginando se eu deveria esperar o Chris no carro dele para marcar bem certo ou quê, mas quando coloquei os pés no estacionamento já vi ele vindo em minha direção com um sorriso enorme e eu retribuí.

-- Não está chovendo!

-- É, parece que hoje vai dar certo...

-- Sim, vai dar... – Ele sorriu – Posso ir de atrás de você até sua casa? Quer passar lá primeiro?

-- Sim, acho melhor.

-- Tudo bem... Aí passamos em um mercado para comprar algumas coisas para comer, o que acha?

-- Tipo um piquenique noturno?

-- Tipo isso... Tudo bem?

-- Sim, acho ótimo...

-- Maravilha... Vou atrás de você, então.

-- Certo.

Ele foi para o carro dele e eu para o meu, já o ligando e indo em direção a minha casa com ele de atrás. Quando chegamos, ele caminhou ao meu lado com um sorriso enorme enquanto encarava o céu estrelado.

-- Feliz?

-- Muito... Prometo que vai valer a pena, Jill.

-- Eu sei.

Eu falei baixo mais para mim mesma do que para ele, mas pelo riso doce dele, acho que conseguiu me ouvir. Abri a porta e larguei a bolsa e as chaves no balcão.

-- Fica a vontade... Vou me arrumar.

-- Ok.

Fui ao meu quarto e fechei a porta já indo ao guarda-roupas e escolhendo um dos meus outros vestidos... Era um totalmente azul e tipo regata em cima e parecia se dividir porque embaixo ele era rodado e tinha bolinhas brancas. Eu o adorava, então coloquei uma sapatilha escura optando pelo conforto dos meus pés hoje e fui ao espelho ajeitar meu cabelo, secá-lo ainda pela umidade do banho no vestiário e fiz uma escova rápida. Me maquiei com cuidado e escovei os dentes muito bem, então me olhei no espelho e achei o suficiente.

Então pronta, sentei na cama e parei para pensar... Ultimamente tudo o que eu faço é pensar nele o dia todo e ir dormir fixando a imagem dele em minha mente para ver se ele aparece em meus sonhos também.

Que droga... Não posso mais mentir para mim mesma. Estou extremamente animada por hoje, porque pelo jeito dele, ele vai tomar uma atitude e quero tanto isso, quero tanto estar nos braços dele, quero tanto sentir o perfume de sua pele, o gosto de seus lábios... E ouvir o que ele sente por mim.

Não posso mais negar, não posso mais esconder... Estou completamente apaixonada por esse homem... Estou perdidamente apaixonada por Chris Redfield.