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História Sempre Tem Um Lado Bom - Visita


Escrita por: PJ_Redfield

Capítulo 16 - Visita


Eu fiquei ali... Largada no chão sem querer mais levantar. Sem querer dormir, comer ou fazer qualquer outra coisa.

O chão estava gelado, o que me fazia sentir calafrios maiores, mas nada se comparava a minha dor... Algo tão intenso e real. Nunca senti nada assim. Uma agonia e um desespero que me rasgava o peito e minhas lágrimas intermináveis não ajudavam, apenas me causavam uma extrema dor de cabeça... Mas nada que se comparasse, porque minha consciência adorava me punir, me fazendo assistir a cena dos dois juntos a todo segundo, me fazendo desabar mais e ter menos vontade de fazer qualquer coisa da minha vida.

Mas minha mente para quando escuto mais um carro parar na rua e fecho os olhos sentindo uma dor ainda mais intensa.

Não, por favor... De novo não.

Os passos se aproximam calmamente e quando escuto a batida leve na porta, me encolho. Vá embora, Chris... Por favor, vá embora.

-- Jill?

Barry? Não... Não quero ver ninguém.

-- Estamos todos muito preocupados com você... O Brad contou o que aconteceu.

É claro que sim, com certeza ele veio de atrás de mim e o Joseph com o Barry perguntaram o que aconteceu... Porque a idiota apaixonada achou que aquele homem era apaixonado por ela.

-- Eu sei que você está aí... Pode me deixar entrar?

Não... Quero ficar sozinha, por favor.

Abaixo minha cabeça e minhas lágrimas aumentam como antes... Não quero ver ninguém e não quero que me vejam assim. Destruída. Acabada. Por ele.

-- Sei o que está passando... Jill, o Chris está desesperado.

Ah, jura?

-- Olha, ele quer conversar, dê uma chance a ele que voc...

-- NÃO FALA DELE!

Eu gritei involuntariamente o interrompendo e meu choro desesperado voltou junto com os meus soluços altos de agonia.

-- Jill... Ele ainda está por aí te procurando, então não vai aparecer agora. Mas eu quero falar com você, por favor, abra a porta.

-- Eu quero ficar sozinha... Por favor, Barry.

-- Jill, eu... Abra a porta, me deixe te ajudar.

-- Não quero ver ninguém... Me deixe apodrecer sozinha, Barry.

Escuto ele respirar fundo, mas não se afasta... Droga, Barry. Não quero que me veja assim. Sem pensar mais, levanto destrancando a porta, mas volto ao meu lugar no chão. Ele abre a porta e não olho para ele, mas sei que se assusta ao me ver naquele estado, então acende a luz, fecha a porta e senta no chão a minha frente. Eu sinto as lágrimas despencarem de meus olhos e continuo sem olhá-lo...

Então sinto que ele passa um lenço no meu rosto, limpando minhas lágrimas e aquilo me dá mais vontade de chorar, então ele respira fundo.

-- Eu sinto muito, Jill... Isso tudo é culpa minha, jamais devia ter pedido ao Chris levar minha sobrinha sabendo o jeito que ela é.

-- Você pediu para ele acompanhar e não se agarrar com ela no escuro.

Ele respira fundo novamente e sei que ele se surpreendeu ao me ver, provavelmente não imaginando que eu estava tão mal assim... Ele não sabe direito o que falar.

-- Ele me contou o que aconteceu ontem...

-- É, a otária aqui caiu no papo de apaixonado dele.

-- Não diga isso, Jill... Ele é louco por você desde que colocou os olhos em você pela primeira vez.

Eu reviro os olhos e encaro a parede mais distante não querendo ouvi-lo, mas não querendo ser rude com ele.

-- Jill, ele está desesperado... Quando o Brad foi contar a ele, ou melhor, foi brigar com ele, o Chris veio direto para cá tentar falar com você. E você sabe que o Brad não puxa briga nem com uma formiga de tão medroso que ele é, certo? Então imagine só... Você já estava aqui quando o Chris veio, não é?

Eu balanço a cabeça sem dizer mais nada e ele respira fundo mais uma vez, mas eu não olho para ele.

-- Jill, ele jura que não ficou lá com ela depois que você saiu e assim que pod...

-- Por favor, Barry!

Eu viro bruscamente para ele que me olha parecendo querer me ouvir.

-- Não venha na minha casa defender ele. Ninguém precisa me contar o que aconteceu porque eu estava lá e eu vi.

-- Jill, mas talvez...

-- Eu não cheguei e vi os dois se beijando e saí, Barry... – Eu o interrompi – Eu cheguei, vi eles saindo do meio das árvores e fiquei lá assistindo. ELA o beijou e ele se esquivou na primeira vez, mas na segunda tentativa dela, ele não fez NADA... Ele cedeu completamente e deixou ela empurrar ele para parede.

Barry desviou de mim, mas eu continuei... Eu precisava.

-- E eu esperei... Se ele disse a você que não cedeu, ele mentiu! E se não acredita em mim, pergunte ao Brad. Eu esperei... Esperei ele surgir fugindo dela, se afastando, mas isso não aconteceu! Ele ficou lá... Ficou lá com ela e não se importou nem por um momento comigo e nem sequer passou pela cabeça dele o que aconteceu ontem.

-- Jill... Apesar de ser minha sobrinha, eu sei como ela é. Por isso sua mãe a mandou para cá, para ver se sossega um pouco aquela menina, e eu garanto que a principal culpada foi ela.

-- Eu sei... Mas ele não se afastou, Barry. Ele cedeu.

-- Sim, talvez por um momento... Sei que ele também teve culpa pelo que aconteceu, mas não o crucifique antes de vocês conversarem.

-- Se ele aparecer na minha porta, Barry... – Eu parei tremendo de raiva – Se você realmente é amigo dele e quer o bem dele, faça ele não vir, porque eu juro que não respondo por meus atos.

-- Tudo bem... Eu vou pedir para ele te dar um tempo, ok? Mas ele virá, Jill... Ele estava desesperado, ele é apaixonado por você assim como você é por ele.

-- Não, Barry... Você está errado. Eu acreditei nisso e olha como estou agora!

-- Jill, a maior culpada foi ela... Não estrague isso que vocês sentem por causa de uma falta de consciência dele por cinco segundos. Ele disse que quando ela o empurrou na parede, ele a afastou novamente.

-- Eu não acredito.

-- Ele jurou para mim, Jill... E acredite em mim, sei quando ele está mentindo. Ele estava transtornado e me implorou para vir ver se você estava para tentar falar com você e enquanto isso ele está te procurando por aí.

-- Vai cansar de procurar.

-- Jill, vocês precisam conversar... Eu sei, não agora e não hoje. Mas o escute. Ele merece uma chance de ser ouvido. Acredite no seu coração que tenho certeza que mesmo ferido, ainda quer ele do seu lado.

-- Não quero mais saber dele... Não quero mais ouvir ele, nem ver ele... Não quero mais nada, Barry.

Minhas lágrimas fluem como loucas novamente e ele passa o lenço no meu rosto de novo, mas de nada adianta.

-- Quer que eu diga alguma coisa para ele?

Eu olho para o Barry e a dor aguda e intensa dentro de mim transborda, mas acredito que o silêncio seja melhor para ele talvez sofrer alguma coisa se realmente alguma coisa foi real.

-- Não. Só o quero longe de mim hoje e sempre.

-- Não diga isso... Ele vai se acabar se eu disser isso para ele.

-- Não quero ele perto de mim, Barry.

-- Tudo bem... Mas em algum momento ele virá, Jill. E vocês terão que conversar.

-- Se ele aparecer talvez eu atire nele... Isso faria eu me sentir melhor.

Ele riu das minhas palavras e discordou com a cabeça.

-- Duvido muito disso...

-- Não duvide.

Ele sorriu e passou a mão no meu cabelo, parecendo desembaraçá-lo um pouco, mas não me movo, então ele levanta e me puxa.

-- Venha, levante desse chão.

Eu fico em pé e me apoio na parede sem olhar para ele.

-- Quero que tome um banho quente e tente dormir, tudo bem?

-- Não vou conseguir dormir.

-- Mas tente. Tome um calmante ou algo do gênero e deite na cama esvaziando a cabeça...

-- Na minha cabeça eu lembro sem parar dos dois, Barry... O tempo todo, cada segundo, ele está beijando ela na minha frente outra vez.

-- Jill, eu acredito que ele se afastou dela... Mas eles estavam atrás de um pilar, pense nisso, você pode só não ter conseguido ver de onde estava. Ele pode ter cedido por poucos segundos, mas foi súbito, você nunca foi beijada sem consentimento antes?

-- Ele mentiu para você... Assim como mentiu para mim a semana toda.

Ele respirou fundo e colocou as mãos em meus ombros.

-- Não se feche assim quando ele vier, Jill... Conversem e o escute.

-- Não quero mais ver ele.

Ele derruba os braços ao lado do corpo dele e suspira, então pega no trinco da porta e me olha.

-- Tente descansar, Jill.

-- Sim... Para ir trabalhar pela manhã e ser obrigada a dar de cara com ele, mal vejo a hora disso.

Eu desvio e sinto minhas lágrimas caírem rasgando a minha pele e sorrio sarcástica ao lembrar de que realmente vou ter de ver ele amanhã.

-- Vou pedir para ele não te procurar... Te dar um tempo, ok?

-- De preferência um tempo de anos.

Ele sorriu e colocou a mão em meu ombro novamente e levantou meu rosto em sua direção com um sorriso amigável.

-- Eu sei que tudo vai se resolver... O que vocês sentem não vai se acabar por causa de uma confusão.

Ele caminha para fora da porta, mas eu me viro para ele antes que suma.

-- Barry...

-- Sim?

Ele se vira e me olha esperando minhas palavras e mesmo não querendo, preciso que o Chris saiba, preciso que ele saiba...

-- Você perguntou se tinha algo que eu quisesse que você diga a ele...

-- Sim, pode falar.

Eu respiro fundo sentindo mais lágrimas saírem de mim e volto a olhá-lo com aquela dor dentro de mim me desmanchando.

-- Ontem ele perguntou o que eu sentia por ele e eu não disse uma coisa... – Eu respirei fundo – É muito mais do que uma paixão. Eu o amava... Eu o amava com toda a força do meu coração, diga isso a ele.

Barry sorriu e quando foi abrir a boca eu fui mais rápida.

-- Mas diga também... Que sim, eu o amava. E por isso, por causa do que ele fez essa noite, ele destruiu meu coração... Eu sinto uma dor insuportável dentro de mim e eu sei que a maior culpada fui eu por ter me apaixonado e acreditado em todas as palavras dele... Diga que ele estraçalhou meu coração. Diga que me arrancou a alma... Diga que ele conseguiu acabar comigo. Mas diga que eu o amava com todas as minhas forças... E agora eu o desprezo com a mesmo intensidade.

Ele desviou de mim e concordou com a cabeça, parecendo triste e me olha com um olhar de pena e compaixão.

-- Tente descansar, Jill... Boa noite, querida.

Ele saiu para o carro e eu fechei a porta a trancando novamente. Se em algum momento o Chris sentiu alguma coisa por mim, ele vai sentir pelo menos um centésimo da minha dor quando o Barry contar tudo a ele. Sei que é humilhante eu estar assim, mas do mesmo jeito quero que saiba que conseguiu me destruir completamente...

Por que, Chris? Disse ao Barry que se afastou quando ela te levou na parede? Eu não acredito... O que estavam fazendo no meio do mato? Por que foi com ela lá para fora? Por que foi para tão distante junto com ela? Queria fazer algo sem ninguém ver, não é?

Eu esfrego as mãos no meu rosto e sigo ao meu quarto apagando a luz percebendo que me sinto melhor no escuro. Tiro meu vestido e vou ao chuveiro tomando o banho mais demorado da minha vida, fazendo com que saísse mais água dos meus olhos do que do próprio chuveiro.

Quando acabo, coloco a primeira roupa que vejo na minha frente e vou a cama dando de cara com o urso do parque... Ele me olha triste, como se soubesse o que aconteceu, então me aproximo e o empurro bruscamente para o chão, me afundando nas cobertas.

Meus olhos parecem cachoeiras de tanto que derramam lágrimas e já os sinto doloridos por causa disso... Fecho os olhos e vejo os dois juntos outra vez. Então os abro e viro para cima encarando o teto escuro e permitindo que as lágrimas me dominassem, sem mais força nem para lutar contra elas...

Por que, Chris?



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