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História Sempre Tem Um Lado Bom - DOR e Raiva


Escrita por: PJ_Redfield

Capítulo 17 - DOR e Raiva


Encarando a claridade passando pela janela olho novamente no despertador e vejo que faltam dez minutos para despertar, então resolvo levantar. Já o impeço de despertar depois e vou ao banheiro me olhando no espelho e não me admirando pela minha expressão de morta... Minhas olheiras fundas gritam ao mundo que chorei rios de lágrima a noite toda. Pego minha maquiagem e tento cobrir isso em mim, mas de repente paro me lembrando o porquê de minhas olheiras de morta e sinto meus olhos se umedecerem novamente, então jogo a maquiagem de lado e lavo o rosto desistindo de tudo.

Me visto e coloco água na chaleira para fazer meu chá e enquanto isso vou arrumar minha cama e quando pego um travesseiro vejo a camisa dele ali amassada... Vou até ela e a olho sentindo meus olhos fraquejarem de novo, então a jogo para longe de mim e saio.

Com meu chá pronto não sinto ânimo nenhum de fazer torradas, então sento no meu lugar e encaro o lugar a minha frente... Onde ele sentava.

Reviro os olhos e vou para o sofá me sentar, mas paro a um pé dele... Ele dormiu aqui há uma semana. Me afasto dali e me apoio no balcão de costas para tudo que me fizesse lembrar dele, então quando termino meu chá, vou guardar as coisas e vejo o pacote de café que ele tinha comprado... Fala sério!

Bato com força no balcão fechando meus olhos para tudo e sentindo aquela dor resplandecer em meu peito novamente... Seja forte, Jill. Você chorou tudo o que tinha durante a madrugada, não chore mais, precisa melhorar essa cara para chegar na delegacia e dar de cara com as pessoas que vão ficar te olhando e esperando que comece a chorar novamente.

Dou as costas a tudo e vou ao carro me lembrando que tenho o relatório de ontem para terminar, o que vai me manter ocupada. Vou até meu destino tentando me concentrar na rua e quando estaciono, para minha infelicidade já vejo o carro dele parado na vaga de sempre. Me passa uma leve vontade de furar os pneus ou acidentalmente deixar um tijolo cair no para-brisas, mas me viro e sigo para o escritório.

Ao virar no corredor já escuto vozes vindo de lá e facilmente reconheço a voz do Joseph que parece irritado.

-- Você mancou feio, Redfield, muito feio!

-- Minha Nossa, quantas vezes tenho que explicar como tudo aconteceu?

A voz brava do Chris me atravessou como uma agulha em meu peito e paro para respirar fundo... Não estou pronta para dar de cara com ele agora.

-- De qualquer forma, não é para nós que tem que se explicar...

-- Eu fui ontem na casa dela e queria ir de novo, mas o Barry ficou me enrolando.

-- Dê um tempo a ela, Chris... – Barry fala calmamente.

-- “Tempo”? Para ela pensar mais bobagem a meu respeito e achar que sou um canalha? Tenho que falar com ela, Barry, me explicar...

-- Eu sei, Chris, mas ela não vai te ouvir agora... Espere pelo menos até segunda-feira, aí vá procurar por ela, mas por favor, a deixe quieta hoje.

-- Barry, o que ela disse para você ontem... – Ele parou.

O Barry contou... Contou tudo o que eu disse? Ótimo.

-- Ela acha que eu menti para ela e vocês sabem o tempo que eu amo essa mulher! Vocês sempre me viram admirar ela de longe e sonhar, sendo apenas um amigo para ela. Vocês realmente acham que agora que consegui uma chance, eu ia pegar a primeira que surgisse?

Eles ficaram em silêncio e senti aquela fraqueza nas minhas pernas novamente, então me apoiei na parede não conseguindo acumular forças para entrar e dar de cara com ele ali que vai ficar me olhando a todo instante.

Onde está o Capitão Wesker? Só ele para tornar o ambiente silencioso e cortar qualquer papo ou cochicho entre os demais...

-- Não sei não, Chris... Mas da nossa visão foi bem ruim e realmente não pareceu que você dispensou a garota. – Brad disse.

-- Porque eu não a empurrei, eu a segurei pelos braços para longe de mim, vocês não teriam como ver de onde estavam... Vocês têm que acreditar... Vocês têm que me ajudar a convencer ela, por favor.

O ambiente ficou em silêncio total... Nem eles acreditam nele. Porque é mentira... Ele está mentindo. E para que quer me enganar de novo? Isso é cruel da parte dele, porque ele já me fez acreditar nele, já me fez declarar o que eu sentia e já conseguiu pisar em mim... Por que continuar com isso?

-- Eu acredito em você, Chris... – Barry fala – Mas se tivesse visto o estado dela ontem, você iria entender porque estou pedindo para deixar ela em paz pelo menos por hoje.

-- Eu tenho que falar com ela, Barry... Ela estava feliz comigo, só sorria e se sentia bem, eu sei disso.

-- Nós também... Mas é tudo muito recente e tenha certeza que ela passou a noite toda chorando por sua causa.

-- E por isso que quero conversar com ela, para que isso não aconteça de novo... Eu preciso explicar o que aconteceu e ela precisa acreditar em mim.

-- Ela não vai acreditar em nada que você disser hoje... Por isso a deixe quieta, ela vai estar triste e decepcionada e se a procurar estando aqui e ela começar uma briga descontrolada? Isso pode afetar a carreira dela e será sua culpa... Então a deixe esfriar a cabeça e fique na sua hoje. A procure amanhã, na casa dela... Bem longe daqui.

Não posso estar em casa amanhã... E nem hoje a noite. Do jeito que ele está, vai acabar indo na minha casa e juro que vou usar a arma debaixo do balcão. Reviro os olhos para mim mesma pelo pensamento e vejo o Capitão Wesker cruzando o corredor e finjo rapidamente ter derrubado a bolsa e me abaixo para pegar o que caiu com ele diminuindo o ritmo ao passar por mim.

-- Cuide para não deixar nada jogado no corredor...

-- Sim, senhor.

Ele entra e vou de atrás dele no embalo, não olhando para lado nenhum, apenas deixando a boca fluir sozinha.

-- Bom dia.

-- Boa dia, Jill...

Eles responderam receosos e quando pego a papelada parada desde ontem ao meu lado vejo que o Barry discorda com a cabeça em direção a ele que continua em pé no lugar dele virado para mim, mas ignoro todos completamente.

-- Vamos que hoje é na academia.

Ele saiu rapidamente e antes de dar tempo para qualquer um falar alguma coisa, eu saio de lá e sigo para academia. Escuto que eles voltam a discutir, mas continuo meu caminho sem ligar para aquilo.

Quando chego lá, vejo que o primeiro que me olha é o Forest, mas dessa vez sem sorriso sarcástico, apenas me observa... É claro que ele sabe. Então a Rebecca vem correndo em minha direção com uma expressão preocupada.

-- Jill, o que aconteceu? Vi que saiu correndo ontem e todos da sua equipe foram correndo de atrás de você... Você está bem?

--Outra hora te conto, Rebecca... Agora não me pergunte nada, por favor.

De canto vejo eles chegando na academia e reparo que o Chris está afastado e segue direto para o vestiário masculino e o Forest vai de atrás dele o trazendo de volta.

-- Ok, vamos começar! – Wesker fala.

-- Jill?

Escuto alguém me chamar e viro para olhar o rapaz da recepção com um buquê de rosas vermelhas nas mãos e noto que a academia ficou em um silêncio só. Ele me entrega o buquê e olho para aquilo desconfiada, mas ele sorri erguendo os ombros.

-- Mandaram entregar para você.

Ele sai e a Rebecca olha por cima indicando o cartão e o pego já imaginando de quem seja, mas arregalo os olhos ao descobrir que eu estava terrivelmente errada...

 

“Espero que tenha acordado bem, moça lindamente estonteante. B. I.”

 

Eu reviro os olhos admirando a coragem daquele velho tarado dando em cima de mim e me fazendo pagar um mico desse no meio de todo mundo, então vou até o lixeiro e jogo aquilo com força dentro fazendo um barulhão que ecoou no lugar todo e rasgo o cartão para não ter perigo de ninguém mais ler e volto ao lado da Rebecca de cara fechada, agora me agarrando ao meu estresse.

Vejo que todos me encaram curiosos, mas desviam para o Chris, certamente achando que foi ele quem mandou... Mas pela encarada dele, ficou evidente que não.

-- O Chris está encarando o lixo como se tivesse uma bomba nele... – Rebecca cochicha no meu ouvido.

 

---------- >>><<< ----------

 

A manhã foi extensa e graças aos céus, Wesker me deixou treinar com a Rebecca, bem longe dos demais, mas misturou as duas equipes. Reparei várias vezes ele chamando a atenção do Chris por estar distraído e “olhando ao redor” como disse, mas eu me desliguei a tudo e foquei no treino.

Quando chegou o intervalo, fiquei no vestiário o tempo todo e a Rebecca ficou ao meu lado, em silêncio. Ela não perguntou mais nada, apenas ficou ali sentada comigo segurando minha mão, como se lesse minha dor.

Se eu falar nisso aqui, vou desmoronar... E não vou chorar na frente dele.

-- Jill?

Ouvi alguém me chamar e ouvimos alguém bater na porta e a abrindo com cuidado, então vejo o sorriso amigável do Brad que apontou para fora.

-- O Capitão está te chamando.

Eu concordo com a cabeça e levanto com a Rebecca ficando ali e quando saio procuro o Wesker que está perto do Barry falando alguma coisa a ele. Quando vou para lá vejo que o Chris disfarça e se aproxima também, mas não olho para ele, então Wesker me indica a porta com a cabeça.

-- Irons está te chamando na sala dele.

Ah, que ótimo... É claro que meu dia podia se tornar bem pior.

Dou as costas a eles e sigo para lá sentindo os olhos do Chris a espreita, mas não ligo para ele e nem ninguém.

Quando chego em frente ao escritório do Irons respiro fundo tentado acumular paciência... Ele não vai dar em cima de mim aqui, certo? Bato e abro a porta o vendo de atrás da mesa. Quando me vê levanta com um sorriso e vem em minha direção...

-- Jill... Como você está hoje?

Eu sempre soube que ele gostava de dar em cima de todas daqui, mas nunca achei que eu teria a minha vez nisso.

-- Muito bem.

-- Não é o que esses olhinhos tristes passam...

Ah, fala sério.

-- Estou bem, senhor... E como eu disse ontem, não tem razão para se preocupar.

-- Mas como não? É um grave pecado fazer uma moça jovem e esbelta como você chorar daquele jeito... Foi um rapaz, não é?

Eu mereço mesmo isso?

-- Sabe, Jill... Vocês mulheres pecam em uma parte. Esses moleques por aí não querem nada com nada, uma mulher incrível como você, merece um homem mais velho e maduro o suficiente para dar o valor que você merece.

Eu NÃO mereço isso...

-- Abra seus olhos para ver homens que valem a pena dispostos a te dar tudo o que você merece.

Ele sorriu e se aproximou de mim, mas eu dei um passo para trás pensando como eu poderia me livrar dele sem ser demitida por desacato... Eu estou perdida.

-- Recebeu minhas flores?

Eu concordei com a cabeça e ele sorriu maliciosamente me causando náusea.

-- Você gosta de rosas, certo?

Quando vem de pessoas que me agradam, sim.

-- Geralmente as mulheres gostam e achei que te ajudaria a dar um sorriso hoje.

Até parece...

Ele deu mais um passo na minha direção e eu dei outro para trás, mas vi que seus olhos me estudaram depois disso.

-- É melhor eu voltar para o treino...

Quando me virei, ele pegou no meu braço e eu parei com meus nervos saltitando em minha sanidade.

-- Você entendeu, não é... Eu posso fazer tudo o que quiser, sou seu escravo... Só que quero algo em troca.

Ele acaricia meu braço e eu o puxo bruscamente o olhando com nojo e taco um dane-se em tudo.

-- Então ofereça isso a quem se interessa a ter alguma coisa com um velho nojento e sem vergonha como o senhor!

Ele me fuzila com o olhar e saio dali batendo a porta e volto a academia cuspindo fogo e caminho até a Rebecca que me olha assustada e cochicha próxima a mim.

-- O que ele queria?

-- Ele é nojento, Rebecca... Ele tentou... Ele deu em cima de mim e ficou falando cada coisa nojenta, ui, tenho vontade de vomitar só de me lembrar.

-- O quê? Ah, Minha Nossa... Era dele o buquê?

-- Sim...

-- Nossa... Ele não é casado?

-- Sim.

-- E o que el...

-- SERÁ QUE DÁ PARA AS DUAS COMADRES SE CONCENTRAREM NO TREINO?

Os berros do Wesker ecoaram no lugar todo e voltamos a treinar, mas minha mente não sabia mais a qual desgraça dar mais espaço...

 

---------- >>><<< ----------

 

Finalmente a manhã acabou. Wesker disse que a tarde seria no escritório e não sei se senti alegria ou de vez tristeza.

Minha dor e raiva voltaram aos poucos quando fui ao vestiário... Permaneci lá mais tempo do que o normal para ter certeza de que todos já tinham saído e depois de muito custo, convenci a Rebecca a ir também.

Quando percebo que a academia está em silêncio, saio de lá e vou ao escritório vazio e sento na minha mesa puxando a papelada. Lembro daquele velho nojento acariciando meu braço e meu estômago embrulha... Nunca passei algo tão ruim nessa delegacia. Com certeza esse é o pior dia da minha vida e acho difícil algum outro bater o recorde.

Ligo o computador e foco onde parei na papelada não querendo de maneira alguma ir almoçar no refeitório ou em lugar nenhum... Quero silêncio e sossego, só isso.

Mas minha mente traiçoeira e cruel me faz olhar para a mesa dele... Então me lembro de seu cheiro, de seu toque, de seu beijo. Do sabor doce que tem sua boca, do calor que ela me passava e do sentimento que despertava em mim. Então minha mente adorando me torturar, passa novamente o filme da minha desgraça e me lembro dos dois se beijando... Como ele pode dizer que se afastou? Se ele a empurrou na primeira vez, por que não fez isso na segunda? E o que diabos estava fazendo no mato com ela?

Fecho meus olhos com minha imaginação perversa me causando mais enjoo só de imaginar o que faziam... Não, não pode ser.

Sinto as lágrimas voltarem e apoio minha cabeça na mão, apoiada na mesa e choro... Não consigo conter os soluços, então apenas os mantenho em volume baixo e me entrego as lágrimas. Estúpida, estúpida, estúpida... Caiu como uma pata cega. Você merece cada lágrima, Jill.

Com um micro barulho no lugar, abro meus olhos e sem levantar a cabeça ou sequer tirar a mão do meu rosto, olho de canto e vejo alguém parado ao meu lado. Escuto sua respiração forte e não tenho dificuldade alguma para reconhecer o que consigo ver e ouvir: aquele tênis, aquela calça e sequer aquela respiração.

Não, por favor... Chris, por favor.



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