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História Sempre Tem Um Lado Bom - Vingança Contra a Abelha Decotada


Escrita por: PJ_Redfield

Notas do Autor


E aí, povo!!
Um atrasinho de uns minutos porque estava sem internet às 17h kkkk.
Boa leitura...

Capítulo 28 - Vingança Contra a Abelha Decotada


Levantei no sábado de manhã com minha mão queimando... Eu não sabia que doía tanto assim um dedo fora do lugar. Claro que dói, mas tanto assim? Ou talvez eu que esteja meio fresca.

Minha cabeça não desviava o pensamento de ontem... Primeiro pelo Chris simplesmente me entregando a chave do meu carro e saindo, é claro, mas foquei no que o Barry disse. Ele, as filhas e as sobrinhas vão para o parque essa manhã... E não posso deixar a abelha decotada ir embora com o sabor dos lábios do Chris, assim, na boa. Ela tem que pagar por isso. Eu não sou vingativa... Mas têm pessoas que merecem.

Depois de comer algumas torradas pego a chave do carro e paro para inventar uma desculpa para surgir lá de repente... Se eu chegar dirigindo, vai dar muito na vista. Tem que ser uma coincidência, algo que convença que me esqueci de que estavam lá. Uma caminhada, talvez? Sim, é perfeito...

Volto ao quarto e coloco uma calça de caminhada e uma regata comum, junto com um tênis confortável. Então vou ao carro. Saio de lá em direção ao parque, mas paro uma quadra antes, pensando no que eu deveria fazer... Seja criativa Jill e não precisa ter compaixão. Bom, não posso atirar nela... Nem esfaqueá-la ou causar algum tipo de agressão, que pena. Mas deve ter alguma coisa ao menos razoável para eu fazer... Vamos lá!

Saí do carro e comecei a correr distraidamente. Quando cheguei ao parque, vi várias famílias curtindo o sol matinal como geralmente faziam na manhã de sábado. Eu fiquei atenta para ver se encontrava Barry, mas não o vi em lugar nenhum... Estava muito cheio e eu não queria demonstrar minha procura. Tem que ser casual.

            -Jill?

Ótimo... A voz me faz virar para procurar seu dono e vejo quem eu queria sentado em uma toalha distante que estava estendida no chão. Ele abana e eu retribuo, então me aproximo e já vejo suas filhas brincando com uma menina um pouco mais velha do que elas e uma abelhuda com cara de entediada ao lado mexendo no celular.

            -Oi, Barry!

            -Oi, Jill! Tudo bem?

            -Sim, estou bem... Olá, meninas!

            -Oi!

Elas sorriram e abanaram, menos a garota insuportável que nem havia levantado a cabeça, mas quando fez isso, ela me encarou com um sorriso esnobe no rosto, mas acompanhado por uma certa raiva também.

            -E a mão, Jill?

            -Ah, um pouco pior... – Eu ri.

-Por que não passa na farmácia?

-Sim, vou fazer isso.

Vi que a garota continuava a me encarar, mas eu olhava ao redor saboreando saber que o meu sentimento por ela era recíproco, assim minha vingancinha fará mais efeito.

            -Então meninas, vamos jogar bola?

            -É! – Elas comemoraram.

            -Vamos Jill?

            -Ah, não, obrigada... Vou continuar a corrida e passar na farmácia como disse.

            -Certo... Anda, Mônica.

            -Ah, não, tio... Estou com preguiça.

            -Anda, garota, sabe que suas primas te adoram.

            -Mas eu estou conversando com um carinha pelo celular.

Não diga...

            -Anda, não vou falar de novo.

Ela suspirou jogando o celular para dentro de uma bolsa amarela e levantou com as meninas que correram até uma parte mais aberta do parque, mas ela me encarou ainda com um sorriso irônico.

            -Jill, não quer mesmo jogar conosco?

            -Obrigada, Barry... Mas tenho que continuar porque preciso voltar e começar meu faxinão em casa.

            -Com a mão desse jeito?

            -Fazer o quê... Será mais demorado, mas vou conseguir.

Qualquer coisa que ocupe minha cabeça...

            -Tudo bem... Fique a vontade para comer se quiser, tem comida nas cestas e suco também.

            -Ah, ótimo! Quero sim... – Eu sorri.

Preciso de uma desculpa para continuar aqui sem desconfiança. Ele sorriu e se afastou indo em direção as meninas que já jogavam animadas... Eu sorri ao ver a cena, então sentei e encarei ao redor, com meus olhos parando na bolsa amarela que tinha tudo a ver com a abelha decotada.

Certo... O que eu faço agora? Olhei ao redor e vi várias famílias se divertindo e alguns cachorros correndo e brincando, até que meu olhar para em um cocô. Como as pessoas vêm ao parque e não limpam as necessidades de seus cachorros? A menos que... Isso seja um sinal.

Eu sorri perversamente e olhei para a bolsa amarela e para o cocô, começando a rir antes mesmo de fazer alguma coisa... É isso, é perfeito. Uma pequena amostra do que merece, já que não posso atirar na cara dela por ter se engraçado com o MEU homem.

Ao olhar para o Barry, vejo que todos estão distraídos e ao redor ninguém vai estranhar eu ajuntar um cocô, apenas é pelo bem do parque, ué... E estão distraídos também. Pego um último doce em uma embalagem e deixo ao lado, pegando apenas a embalagem e indo agarrar o cocô com ela para não me sujar, mas não consegui parar de rir. Mas tinha que ser rápida, se me pegassem, meu plano iria água abaixo. Quando agarro aquilo, é inevitável fazer uma cara de nojo porque parece que o bichinho estava com uma baita dor de barriga, porque se desmanchou um pouco na minha mão vestida com a embalagem. Ao agarrar tudo sem deixar nada cair, volto a toalha e olho ao redor para ter certeza de que não há testemunhas e com a confirmação, despejo aquilo na bolsa dela rindo mais ainda... Sem achar o suficiente, ainda dou uma esfregada por dentro para sujar a carteira, alguns lenços e o próprio celular dela.

Certo, me sinto uma adolescente de colegial... Dane-se!

Sem conseguir parar de rir, levanto e pego o doce que deixei ao lado, me livrando da embalagem suja no lixeiro próximo e me aproximo de onde o Barry está com as meninas.

            -Tchau, gente!

            -Tchau!

Todos abanam, menos a que me encara, mas eu a encaro por alguns segundos e rio sem me controlar e saio dali. Ela não vai demorar para voltar para cá, afinal, nem queria ir brincar com as meninas.

Minha Nossa... Não acredito que eu fiz isso. Eu esfreguei cocô na bolsa da garota, mas ela merece, certo? Ainda fui boazinha...

Eu saio correndo dali e fico atrás de uma árvore comendo o doce e esperando para ver a cena... Porque eu tenho que ver essa cena. Eu rio de novo da minha maldade, mas ao me lembrar dela agarrando o Chris e de todo sofrimento que passei por isso, por um momento penso em procurar mais cocôs, mas apenas rio.

Dou um salto quando escuto um grito e já começo a rir, então olho entre os galhos da árvore e vejo a abelha decotada chorando com as duas mãos sujas em frente a bolsa e a lateral do rosto sujo também, com o celular na mão... Não acredito que a retardada colocou o celular na orelha sem olhar para bolsa. Obrigada, bocó!

Barry corre até ela e as meninas também, então corro de vez dali vendo algumas pessoas rirem ao redor, mas ninguém mais contente do que eu...

Quando chego ao carro, eu não me aguento de tanto rir... É claro que o Barry vai saber que fui eu, mas não importa. Me sinto um tanto vingada. Quem diz que vingança é ruim? Ah, não, é muito bom...

Eu ligo o carro com um sorriso no rosto e aceitando o conselho do Barry vou até a farmácia mesmo não sentindo mais dor na mão, apenas na boca de tanto rir...

Em casa de novo, me jogo no sofá e rio ao me lembrar do que fiz para garota... O que será que o Chris vai pensar quando souber? É óbvio que o Barry sabe que fui eu, será que vai ficar bravo comigo? Ah, não importa, se ele ficar bravo, uma hora passa.

Levanto ainda sorrindo e percebo que aquilo me fez um bem muito grande, agora tenho uma razão para rir. Tomo o remédio que comprei e vou limpar a casa para me distrair, já ligando o som e colocando a roupa para lavar, quando vejo a roupa dele... Quando fomos para sua casa comer a pizza ele me emprestou essa muda de roupa e nunca mais devolvi. Tenho que levar para ele... Sei que isso despertará lembranças em nós dois, afinal, quando tentei pegar a foto e ele veio de atrás de mim, quase nos beijamos. Não rolou, mas foi quase.

Coloco as roupas para lavar, desviando as boas lembranças que elas trazem e foco em qualquer outra coisa para me distrair.

 

...

 

Já à noite, depois do jantar, eu tomo um banho e me apronto para ir dormir, mas é inevitável encarar aquele urso me olhando com olhos tristes e ressentidos. Eu vou até ele e o pego no colo, sentindo que está me acusando e desvio.

            -Sei no que está pensando... Mas isso é para o bem dele, porque jamais me perdoaria se eu estragasse sua carreira e seus sonhos.

Eu o carrego até o guarda-roupas e o coloco lá dentro, fechando porta. Então ouço o telefone tocar e meu coração se enche de esperança ao pensar que pode ser ele para saber como está minha mão. Me apresso ao pegar o telefone e atender já com um sorriso.

            -Alô?

            -Jill...

Barry? Droga, já serei acusada...

            -Barry... Tudo bem?

            -Ah, sim, só liguei para saber como está sua mão.

O quê?

            -Ah... Está bem melhor.

            -Passou na farmácia?

            -Sim.

            -Que bom...

Ele ficou em silêncio... Por que me ligou tão tarde para me perguntar da minha mão? Será que quer que eu pergunte algo da sua sobrinha ou que eu me entregue mesmo? Nunca!

            -Vai ficar por casa amanhã?

            -Acho que sim... Não posso dirigir e não tenho para onde ir, então acho que vou curtir a solidão. – Eu ri.

            -Está certo... Então, tudo bem. Me desculpe por ligar a essa hora.

            -Imagina, Barry.

            -Boa noite, Jill.

            -Boa noite.

Ele desligou e coloquei o telefone no lugar... Isso foi no mínimo estranho e muito curioso. Desvio o pensamento e vou para a cama, dormindo novamente com aquele sorriso preso em minha mente.

 

...

 

Meu domingo foi bem monótono. Depois de acabar com meu faxinão, vou para a sala assistir a uns filmes velhos que eu tinha junto com um pote enorme de pipoca com chocolate.

Passo o dia assim e novamente me surpreendendo com o Barry ligando para mim, novamente me perguntando como estava minha mão e parecendo incomodado por isso. Eu não pude deixar de sentir uma dorzinha no coração por não ter recebido nenhuma ligação do Chris... Mesmo quando éramos só amigos, ele teria ligado para mim para saber como estou. Será que não se importa ou só realmente está tentando me apagar de sua vida? A segunda opção me dá um nó no peito e deixo isso de lado.

Me arrumo para dormir sentindo algumas fisgadas na mão e meus pensamentos me punem ao pensar nele... O que será que está fazendo agora? Quanto tempo vai demorar até eu ter que vê-lo sair com outra mulher? Me dá um nó no corpo todo com este pensamento e sinto meus olhos lacrimejarem por isso, mas me engulo me lembrando de que fui eu quem escolheu isso. O melhor para ele é ficar longe de mim... E talvez com outra mulher seja mais rápido... É, assim seria melhor... Só tenho que me convencer disso.

 

...

 

Levanto um pouco mais cedo do que o normal e me arrumo para ir trabalhar. Tento afastar pensamentos ruins, mas os de ontem penetraram em minha cabeça de um jeito que me gela a barriga. Desvio disso e vou pegar as suas roupas limpas e passadas para levar para ele.

Ao chegar, já vejo o carro dele e vou em direção ao escritório ouvindo conversas altas e me lembro do que fiz a sobrinha do Barry... Será que ele decidiu esperar para me punir hoje?

            -Bom dia, pessoal.

            -Bom dia, Jill!

Coloco minhas coisas nas mesas e disfarçando escuto a conversa deles... Joseph fala com o Brad de alguma garota que ignoro no momento e o Barry ao pronunciar “Mônica” para o Chris, me faz focar os ouvidos neles.

            -...isso que importa, a mãe dela a buscou no sábado a tarde.

            -Ainda bem, Barry... Desculpe, mas agora a cidade ficou um lugar bem melhor.

Eu sorri com as palavras do Chris e continuei focada ali, me sentando e ligando o computador como se eu não ouvisse nada.

            -Tudo bem, sei que ela arrumou muitos problemas para você... Mas tudo se resolveu no final.

            -Nem tudo... Tem problemas que só pioraram.

Senti o olhar deles em mim, mas fingi que estava lendo um papel ao lado e lutei para não mudar minha expressão, até que Barry fala mais alto chamando a atenção do Joseph e do Brad também.

            -Pois é, me deixem contar uma coisa... – Ele riu – Sábado eu estava no parque com minhas filhas e minhas sobrinhas e algo incrível aconteceu.

Eu comecei a rir igual a uma hiena e senti o olhar de todos em mim, mas não consegui me controlar até uns dez segundos, então respiro fundo e paro.

            -Tudo bem, Jill? – Brad pergunta.

            -Sim, só lembrei de uma piada...

Se o Barry tinha alguma dúvida de que fui eu quem fez aquilo, não tem mais.

            -Pois é, aí fui jogar bola com as meninas e não sei como... – Ele sorriu – Quando minha sobrinha mais velha, a Mônica, voltou para atender o celular tocando na bolsa, tinha uma baita cocô de cachorro dentro.

Eu gargalhei agora e todos me acompanharam, mas a risada que mais se destacou foi a dele... O Chris com aquela risada gostosa de se ouvir me fez desviar e olhar para ele. Quando ele olha para mim, eu desvio sem rir mais, mas meus ouvidos ficam atentos as possíveis acusações de Barry.

            -Nossa, então um cão se entusiasmou dentro da bolsa da sua sobrinha, Barry? – Joseph riu.

            -Coitadinha dela.

Eu disse sem tirar os olhos do papel para não me entregar mais.

            -Na verdade... Eu achei que era isso, até ver que estava rebocado demais para um cocô normal. Só se ele esfregou a bunda ao redor e nossa, como fedia.

            -Coitadinha... – Eu sorri.

            -Pois é, Jill... Ela surtou quando viu o que tinha acontecido, porque foi distraída na bolsa, enfiou a mão dentro para pegar o celular que estava tocando e colocou na orelha... E além de sujar todas as coisas dela inclusive o celular novo, ela ficou ainda com o cheirinho nas mãos e no rosto até mesmo depois de lavar muitas vezes.

            -Que dó...

Eu ri e os outros também, mas eu fiquei extremamente satisfeita por saber que o aroma impregnou nas mãozinhas traiçoeiras dela... Talvez assim pense de novo em colocar as mãos no Chris. E o melhor ainda é que ela sabe que fui eu e foi com uma lembrança muito linda de mim para casa.

            -Pois é... Mas Jill...

Eu parei, olhando para ele agora com uma cara de culpada, mas fiquei séria sem me entregar.

            -Como você por coincidência passou pelo parque enquanto estávamos lá...

Ah, não, Barry! Vai me entregar na frente de todo mundo...

            -E ficou um minuto sozinha por ali, achei que talvez pudesse ter visto alguma coisa...

Ele tinha um sorriso do tipo “eu sei o que você fez no sábado passado”, mas eu desviei balançando a cabeça e ciente do olhar de surpresa dos demais em minha direção já por reconhecer a indireta, mas me fiz de burra.

            -Não vi nada, Barry... Mas coitadinha dela. – Eu sorri – Acontece, existem pessoas ruins no mundo mesmo... Ou talvez pessoas que só querem se vingar.

Eu voltei meus olhos aos papeis ciente dos risinhos discretos, mas a gargalhada do Chris se sobressaiu novamente e eu sorri sem olhar dessa vez, porque sabia que ele olhava para mim... É, agora ele sabe que eu me vinguei e realmente deve ter curtido isso. E sim, foi por sua causa, Chris.

            -É, pode ser... Mas quem quer que tenha feito isso, fez bem feito. E ela merecia uma lição bem dada. – Barry sorriu.

Eu sorri no meu lugar, sem olhar para cima porque sabia que os outros esperavam que eu confessasse, mas jamais farei isso... Mas sim, esfreguei cocô na bolsa dela mesmo e faria de novo se tivesse chance, só que dessa vez com mais cocô!

            -Mas e aí, Redfield... Eu vi você ontem na lanchonete do centro.

Eu paralisei... Parei todo o meu disfarce de estar fazendo outra coisa e encarei a mesa atenta as palavras do Joseph.

            -Quem era a ruiva gatinha com você?

O quê?

Percebi que o Brad deu um chute no Joseph e me indicou com a cabeça, mas desviei antes que vissem que eu reparei.

            -Gatinha, não é? – Chris perguntou.

            -Sim, muito... Se não der certo, me apresenta.

Minha barriga embrulhou completamente, até eu ver o Chris jogar uma bola grande de papel na cabeça do Joseph que ri.

            -É minha irmã, palhaço!

Nossa... Suspiro em meu lugar e abaixo mais a cabeça fechando os olhos ao pensar que não estava saindo com alguém. Mas ele vai sair, Jill... E em algum momento verá isso, o homem que ama nos braços de outra mulher.

Wesker chegou cessando os risos e veio com uma papelada diretamente para mim e sem surpresa, já suspirei... Lógico que ficarei um tempo sem ir para academia treinar, já que minha mão resolveu isso por mim.

            -Vai ter de ficar de castigo até sua mão melhorar... Sem academia.

            -Sim, senhor.

            -Se divirta...

Ele saiu apontando a saída para os demais que o acompanharam, mas meus olhos traiçoeiros se ergueram para ver ele passar e durante um segundo, trocamos um olhar de mil pensamentos e sentimentos. Os olhos dele passavam um pouco de tudo, mas ele saiu com os demais e respirei fundo com a saudade me afogando no peito... Tenho que aprender a conviver com isso. E tenho que parar de olhar para ele desse jeito, porque esse um segundo já me faz fraquejar e ele não merece que eu o torture assim.

 

...

 

O dia passou de uma maneira super entediante, afinal, aquele silêncio era terrível, prefiro os demais aqui em silêncio comigo. A Rebecca veio me ver nos intervalos e conversou abertamente comigo, parecendo tentar me animar.

Na hora de saída, me lembro das roupas dele que tenho que devolver e corro para o estacionamento para ver se ainda o encontro, depois de deixar a papelada pronta em cima da mesa do Capitão. Jogando minhas coisas em meu carro, vejo o seu na vaga habitual e vou para lá com a sacola na mão. Ao chegar, me encosto na lateral e encaro o capô... Foi em cima desse capô que nos beijamos pela primeira vez. Sem contar na minha bebedeira, mas nosso beijo de verdade... E quando confessamos o que sentíamos um pelo outro. Ele disse que era apaixonado por mim e eu confessei também, porque mesmo sem perceber antes, eu já o amava como uma louca... Eu o amava e o amo com uma força que me corrói por dentro.

            -Jill?

Dou um salto e desvio ao ver o Chris desviar os olhos do capô e olhar para mim, com o Forest do lado... Ah, que ótimo.

            -E aí, Jill... Só na boa?

            -Sim, Forest, estou bem e você?

            -Maravilha...

Ele sorri e aponta para o carro pegando a chave do Chris e já o contornando.

            -Eu vou... Te esperar aqui dentro.

A piscada nada sutil dele fez o Chris revirar os olhos e fingi não perceber, então olho para ele e noto em como ele consegue mudar o jeito de olhar para mim. Naqueles segundos antes do Brad me derrubar, era o “meu” Chris amoroso e apaixonado, hoje de manhã, no segundo que trocamos um olhar, havia um resquício de mágoa e amor reprimido... E agora, é o Chris de antes, o Chris doce e amigo, mas apenas isso. Os olhos dele me encaram como se eu fosse qualquer outra pessoa da face da Terra e isso me incomoda bem mais do que deveria.

            -Precisa de alguma coisa?

            -Ah, não...

            -Como está a mão?

            -Melhor.

            -Ainda dói?

            -Um pouco.

Minha garganta trava e não sei mais o que dizer... Não tivemos bem uma conversa de verdade depois de tudo e não pensei nisso antes de vir aqui entregar as roupas para ele. Eu sei que o Forest está de ouvidos atentos no carro para ouvir cada palavra, então é melhor eu me engolir e agir normalmente como o Chris está fazendo... Do jeito que EU pedi para agirmos.

            -Está dando carona para o Forest?

            -Sim, moramos no mesmo prédio, então vamos revezar...

            -Legal.

Eu abaixo o olhar e vejo a sacola em minhas mãos, que serve como minha passagem de saída dali para correr como uma desesperada para casa.

            -Eu trouxe suas roupas... Limpas.

Eu estendi a sacola para ele que a pegou curioso e parecendo não se lembrar, mas minha boca quis fazê-lo lembrar daquele dia antes que eu pudesse pará-la.

            -Naquele dia que me emprestou, quando me molhei para ir ao seu apartamento...

            -Ah, sim... Obrigado.

Com um barulho de vidro descendo, o Forest aparece na janela do motorista, meio deitado sobre o banco para se esticar para nós.

            -Eu sempre soube que era você quem estava lá!

Em matéria de bobagens inoportunas, o Forest ganha em disparada.

            -Achei que pensava que era a Brendha.

            -Pois é, mas você era meu primeiro palpite... Mas quem sabe agora que ele está livre, eu consiga convencer ele a pegar ela.

Ele fez com que uma raiva súbita subisse por todo o meu corpo com suas palavras e seu sorriso debochado... Eu sei que está me testando e estou caindo como ambos querem que eu caia, mas minha encarada nele e minha boca agiram sem consciência.

            -Seu amigo SEMPRE esteve livre, Forest... Mas sim, faça isso, convença ele a ir pegar todas que não valem nada como você costuma fazer. Até amanhã, Chris.

Eu dou as costas a eles e vou para meu carro sentindo o calor no meu rosto e minha visão embaçar com as palavras dele. Quando chego ao carro, dou graças de que estou estacionada mais a frente e não podem me ver começar a chorar. Ajeito o espelho e vejo o Chris entrando no carro com uma expressão brava e parece que os dois discutem, mesmo com o Forest sorrindo igual a um idiota.

É claro que ele disse aquilo de propósito para me torturar, mas sei que algum dia ele vai convencer o Chris a sair com alguém para me tirar da cabeça. E tenho que aceitar isso, tenho que esquecê-lo... Não sei como, mas tenho que ao menos conseguir fingir melhor, porque minhas últimas palavras me entregaram completamente.

Nem o Forest e nem ninguém pode conseguir me fazer fraquejar... E nem ao menos os olhares do Chris, ou qualquer coisa que tenha a ver com ele.

Vou conseguir fazer isso... Tenho que aprender. Devo voltar a minha vida normal acreditando que aquilo tudo foi um sonho só meu, assim conseguirei agir como ele fez há pouco.

Sim... É isso que tenho de fazer.

Tudo aquilo não passou de um sonho bom...


Notas Finais


Espero que tenham gostado mesmo com essa separaçãozinha da Jill e do Chris... Mas continuem ligados porque ainda tem muito para rolar!
E a abelha decotada levou uma lasquinha do que merecia... Me desculpem, mas eu não podia por a Jill para dar um tiro nela kkkk vontade não faltou, mas não dava! Então, fui mais light ;-) .
Ótimo final de semana!
Próximo capítulo: Segunda-feira.
Bjooon :-)


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