História Sempre Tem Um Lado Bom - Sempre Pode Piorar

A piranha me olhava com a certeza da vitória e com as palavras do Capitão Mason, ela partiu em disparada para cima de mim que apenas esbocei um sorriso de canto. Com o golpe exagerado dela, eu desvio e a empurro para o chão fazendo ela cair de boca e as pessoas ao redor rirem.

Eu mereço alguém tão ruim em combate assim? Acho que usarei só uma mão... A questão aqui é por essa oferecida em seu devido lugar.

Ela levanta com raiva e eu sorrio amigavelmente fazendo ela ficar mais irritada e vir para cima de mim, mas eu desviei e segurei seu braço um segundo antes de me acertar, então ela sussurrou.

            -Não adianta, eu vou roubar seu namorado para mim...

            -Só vai tentar.

Eu a afastei de mim sem querer realmente acertar um golpe já, quero desviar mostrando que ela não é nem capaz de me acertar parada.

Ao vir em minha direção com uma sequência de golpes, eu me protejo e ao final, acerto um na boca dela me fazendo ter uma ótima sensação de conforto. Mas ela limpa os lábios e mesmo eu achando que era veneno escorrendo e não sangue, eu continuei ligada ali esperando ela vir de novo, mas ela me observou e sorriu amargamente.

            -Ele já está no papo... Quando menos esperar ele vai estar nu na minha cama comigo por cima dele, daquele corpo forte e excitante.

Ela quer me provocar... Vadia. Merece apanhar mesmo, sair mancando ou até mesmo rastejando para fora daqui.

            -Já sinto o olhar dele em mim... Ele não vai resistir, bonitinha. Mas te devolvo ele depois, não se preocupe, só quero experimentar durante uma noite aquele homem suado fazendo amor comigo a madrugada toda.

Eu parti para cima dela dando uma rasteira e a prendendo contra o chão, segurando bruscamente seu braço para trás e ela gritou.

            -Eu não empresto!

Eu puxei mais e ela gritou mais alto, me fazendo sentir uma mão em meu ombro. Então saí de cima dela que ficou choramingando no chão e vi um olhar curioso do Capitão em mim e ao olhar para piranha largada aos meus pés eu percebi que talvez não devia ter puxado tanto porque a chance de eu ter quebrado o braço dela com esse golpe era grande.

            -Belo golpe de finalização... Quase finalizou de vez a adversária.

Eu desviei sentindo algo ruim em sua ironia e com um olhar não parecendo bravo, mas talvez desapontado, voltou a falar.

            -Eu gosto de agressividade... É uma característica essencial para um bom policial, mas... Infelizmente aqui é proibido, Jill. Terei que tirar um ponto seu por isso.

Droga... Piranha maldita.

            -Desculpe.

            -Eu não me incomodo, já disse, admiro... Mas aqui tenho que seguir regras. Volte a seu lugar.

A piranha levantou empurrando o garoto que auxiliava Mason e tinha ido ajudá-la, mas ela me encarou feio.

            -Sua louca!

            -Ué, cadê seu senso de humor agora?

Ela não me olhou e eu ri indo para meu lugar e vendo o olhar de descrença do Enrico em mim, então voltei a ficar séria ao sentar ao lado dele.

            -Me desculpe, Enrico...

            -Foco, Jill... Não se deixe levar.

            -Desculpe.

Ótimo... Nocauteei a bruaca, mas perdi um ponto por isso e decepcionei minha equipe que contava comigo. E eu pensei que seria a última a perder o controle aqui, que grande ilusão.

As palavras dela ricochetearam em minha cabeça, os sussurros de que ela conseguiria o Chris me enlouqueceram... Só em seus mais cobiçados sonhos, sua baranga.

 

...

 

Depois de todos terem lutado, Mason nos liberou. Foi evidente que os demais tinham grande agilidade em combate, mas o mais bonito de ver foi o Chris mostrando como era um excelente lutador, ganhando um ponto e imensos elogios do Capitão Mason que disse que ele merecia um troféu só pelos treinamentos. O sorriso de sem jeito do homem que me fascina, me deixou abobalhada e quando voltou, Forest pulou nas costas dele, mas o Chris o empurrou rindo.

Na volta até os quartos, tomei um banho longo, satisfeita pelo dia ter acabado, pois pareceu durar uma eternidade. Depois de secar como dava meus cabelos, coloquei uma roupa linda e segui para o refeitório procurando os demais da minha equipe e indo me juntar a eles.

            -...aquele golpe fez o Mason arreganhar a boca, Chris! – Joseph sorriu.

            -É bom para todos verem que não podem nos olhar de cima.

            -É isso aí... Bando de depravados! – Forest riu.

Os risos se estenderam e com um olhar rápido vi o Forest me encarando com um sorriso oculto, então sustentei o olhar feio até ele começar a falar.

            -Mas e aí, Jill... Conta para nós o que aquela garota disse para te fazer voar para cima dela daquele jeito.

            -Era um combate, só exagerei um pouco.

            -Mas deu para notar que ela quis te provocar... O que ela disse?

“Que vai levar o Chris para cama!” quer que eu berre isso, seu otário? Minha vontade é de voar para cima dele e estrangulá-lo, mas farei pior... Quando voltarmos, ele sentirá o gostinho da minha vingança.

            -Não importa... – Enrico interrompe – Vamos recuperar isso. A Jill ganhou um ponto de manhã, perdeu agora, mas ganhará outros amanhã. Não tem problema.

Meu desejo de ver o Enrico como Capitão do Alpha aumentou ainda mais, porque se fosse o Wesker aqui, ele já teria me mandado fazer as malas e ir embora.

            -Cara, vou ir pegar o jantar porque estou morto de fome... Nem café da tarde tivemos! – Joseph reclama.

Os demais riem e eu levanto para o acompanhar com meu prato. Vejo os demais nos seguindo e o Chris ficando para trás parecendo brigar com o Forest por alguma coisa que já imaginei o que seria... Então ele pega o prato e deixa o Forest para trás com cara feia. Eu rio e desvio deles esperando na fila.

            -Jill?

Eu me viro e vejo o Capitão Mason me olhando com um leve sorriso que retribuo esperando ele falar, mas com seu sinal, eu o acompanho para fora da fila, mais distante dos demais.

            -Algum problema, Capitão?

            -Sim, eu queria dizer que sinto muito pelo ponto que tive que tirar de você hoje... Como falei, gosto de agressividade, acho indispensável para um policial. Mas as regras daqui são bobas. Algumas são rigorosas demais e outras nem tanto... E ficou evidente que quis ser agressiva com a garota, e não pude fingir não reparar isso.

            -Desculpe se decepcionei, Capitão.

            -Não, pelo contrário... Queria dizer para ficar tranquila, porque daremos um jeito nisso amanhã.

            -Como assim?

            -Pensarei em um jeito de te devolver este ponto. Teremos muito o que fazer amanhã e já tenho o planejamento todo programado, mas pensarei em um modo de te dar uma chance para recuperar isso...

            -Obrigada, Capitão Mason.

            -Não por isso... Agora coma e descanse, será um longo dia amanhã.

            -Obrigada... Boa noite, senhor.

            -Boa noite.

Ele saiu e me senti menos infeliz ao saber que terei uma chance de recuperar o ponto que fiz minha equipe perder... O que quer que ele peça para eu fazer nos treinos de amanhã, vou fazer. Não quero decepcionar meus colegas, quero ser digna de estar com eles. Não quero envergonhar bancando a descontrolada outra vez.

Volto ao meu lugar na fila, com Joseph me devolvendo o lugar a sua frente e olhando curioso para mim, mas noto demais olhares ao redor também.

            -O que ele queria?

            -Depois eu conto...

            -Ok.

Quando voltamos com os pratos cheios de comida para a mesa, era evidente a curiosidade da minha equipe em relação da razão que o Capitão tinha me puxado ao canto e o que tinha cochichado para mim.

            -O que ele disse, Jill?

A preocupação de Enrico era evidente em suas palavras, mas sorri demonstrando que apenas devia se sentir animado por aquilo.

            -Ele disse que sentia muito por ter tirado um ponto nosso por minha causa... Disse que “agressividade” é essencial e por isso amanhã me dará uma chance para recuperar isso.

            -Ele disse isso?

            -Sim.

Todos se olharam curiosos, apenas Forest gargalhou e me deu uma piscada de canto já me tirando a paciência.

            -Acho que ele quer te puxar a um canto de novo amanhã, hein, Jill...

Ele dá um salto no acento e encara feio o Chris que o olhava com uma péssima expressão pela gracinha tosca dele que ignoro.

            -Se for arriscado para você, não aceite.

            -Não acho que seja grande coisa que vai propor.

            -Mas coisa pouca também não será... Não podemos nos dar ao luxo de você se machucar e não poder participar conosco na competição de depois de amanhã. Fácil não será e se te colocar em risco, você não vai.

            -Tudo bem.

Eu vou sim... Preciso recuperar este ponto para ninguém me olhar depois do tipo “se você não tivesse perdido o ponto, poderíamos ter ganhado”... Imagine se por isso saímos depois de alguém na competição e perdemos? Não, preciso recuperar isso.

            -Acho que o Mason curtiu você, Jill...

Eu ignorei as palavras do Forest que novamente gemeu de dor encarando feio o Chris que parecia distraído, mas com certeza era ele quem estava o beliscando quando necessário.

            -E se ele pedir um treino particular, o que vai dizer?

            -Não sou descartável como certas pessoas, Forest...

            -Sacrifício pela causa.

            -Não sou o tipinho de pessoa que trata o sexo como uma forma de pagamento.

            -Sacrifício pela causa...

            -Por que não vai você lá se sacrificar pela causa, vai que ele gosta.

            -Não era para minha bunda que ele estava olhando... Sacrifício, Jill...

            -Não me sacrifico desse jeito por causa nenhuma.

            -Forest, já chega! –Enrico disse.

            -Ué, só estou dizendo que a Jill poderia se aproveitar da situação e conseguir mais uns pontos para nós...

            -Boa noite.

Eu levanto me despedindo deles que me olham surpresos e o Enrico e o Chris fuzilam o Forest com o olhar. Eu me afasto com metade do meu prato ainda cheio e o coloco na mesa afastada já com alguns pratos sujos e saio do refeitório sem olhar para ninguém.

Forest está cada vez mais insuportável, talvez eu não me segure mais por tanto tempo... Acho que a melhor coisa do término dessa competição – depois de não ver mais a piranha do shorts, é claro – é que poderei bater nele quando der vontade. E minha vingança virá, tenho que pensar nisso.

No meu quarto, tranco a porta e olho pela janela já pensando no que eu teria de enfrentar amanhã.

Acho que será um longo dia e muitos pontos estarão em jogo e minha sanidade também... Eu não devia ter saído do refeitório, vai que aquela oferecida vai de atrás do MEU Chris? Não, eu confio nele... Só tentará me fazer ciúmes, então não dará bola para ela enquanto eu estiver longe.

Desvio os pensamentos e apago a luz, indo me jogar debaixo das cobertas cheirosas e macias da minha cama... Felizmente, não demoro para pegar no sono.

 

...

 

Com o barulho de uma sirene alta no lugar, acordo assustada e desorientada. Demoro alguns segundos para me lembrar onde eu estava e de tudo que eu deveria enfrentar hoje.

Me jogo na cama de novo aproveitando mais alguns minutos, até que decido levantar e me arrumar. Ao sair de meu quarto e ir em direção ao refeitório, ouço passos apressados de atrás de mim.

            -Jill?

Quando eu viro, meu coração dispara no peito com aquele olhar já de manhã e não sei direito como agir.

            -Bom dia, Chris.

            -Bom dia... Dormiu bem?

            -Sim e você?

            -Também... Posso ir com você até o refeitório?

            -Claro que sim, Chris... Vamos.

Caminhamos devagar até lá parecendo que ambos queríamos falar alguma coisa para o outro, mas nos mantivemos em silêncio, apenas aproveitando a presença do outro. Quando chegamos, vejo os demais sentados e o Forest entre o Richard e o Joseph, mas parecendo carrancudo.

            -O que aconteceu com você e o Forest?

            -Como assim?

            -Estão que é unha e carne aqui e você estava sozinho...

            -Eu briguei com ele ontem e parece que desde então está reinando comigo.

            -Por que brigou com ele?

            -Por causa dessa insistência de discutir com você. Ele sabe que não gosto disso e como não adiantou nada eu pedir várias vezes, ontem resolvi ser grosso...

Eu ri daquilo e vi que seus olhos pregaram nos meus quando fiz isso e parei levantando as mãos.

            -Me desculpe, eu deveria dizer algo do tipo: “não se afaste dos seus amigos por minha causa”, mas não consigo, desculpa.

            -Tudo bem... – Ele sorriu – Você não tem razão nenhuma para gostar dele, só para odiar mesmo.

Fui até a mesa de comidas para o café e ele me acompanhou me fazendo sentir um início de alegria por estar na sua presença de novo. Peguei um prato e coloquei algumas torradas com geleia e um café forte para acompanhar, já sabendo que eu teria muito para encarar hoje.

            -Café hoje?

            -Sim... Preciso me manter bem acordada.

            -É, acho que teremos muita coisa hoje.

            -Eu também.

            -Sinto falta das suas torradas... Elas são as melhores.

Eu sorri sem jeito quando ele apontou para as torradas da mesa e me olhou de um jeito profundo me passando as lembranças de nossos momentos juntos.

            -Tenho que te convidar para tomar café da manhã comigo de novo, então...

            -Sim... Um “chá da manhã”.

            -Pode ser. – Eu ri – Mas ainda tenho o pacote de café que levou, se quiser eu faço para você.

            -Gosto de te acompanhar no chá.

            -Tudo bem.

Nós sorrimos e percebi como ele me fazia sentir bem e leve ao seu lado e principalmente sua facilidade de me fazer sorrir.

            -Bom dia bonitão!

A voz daquela franga surgiu e eu nem olhei, apenas fechei a cara me concentrando nas colheres de açúcar pensando se eu perderia pontos em arremessar o açucareiro nela “sem querer”.

            -Bom dia, Micaela.

            -Descansou bastante?

            -Mais ou menos.

            -Vamos dar uma volta hoje?

Meu sangue borbulhou em minhas veias e meu coração veio até a boca, mas me mantive fixa em meu café.

            -Não vai dar.

            -Mas pode ser mais tarde, eu espero, bonitão.

            -Não vai dar, Micaela.

            -Você prometeu!

            -Não, eu disse que talvez pudéssemos ir.

            -Vai andar para trás?

            -Vou, sim... Desculpe, não deveria ter dito para te chamar ontem.

            -Não desculpo, não.

            -Não posso fazer nada, então.

            -Pode sim...

            -Mas não vou.

Ai... Eu sorri alegremente e coloquei meu café na boca olhando para ela agora que me fuzilava e dei uma piscada discreta demonstrando minha felicidade com as palavras dele.

            -Sei que vai mudar de ideia... Até mais tarde.

Minha Nossa, ela não desiste?

Mas meu sorriso não se desfaz sabendo a raiva que ele provocou nela com a dispensa definitiva... Sei que ela vai tentar de novo, mas ele já chutou.

            -Feliz agora? – Ele perguntou.

Eu ri sem poder me conter e vi que expressou um sorriso de canto, mas ele ainda não parecia feliz.

            -Temos que conversar, não é?

            -Acho que sim.

            -Tenha certeza, Jill.

            -Tudo bem, Chris... Precisamos conversar.

Ele ainda não parecia feliz... Está inseguro. Não sabe o que dizer direito e nem o que eu vou responder para ele. Na verdade nem eu sei direito.

-Vamos para mesa?

-Sim... – Eu sorri.

Caminhamos até lá recebendo cumprimentos e fiquei feliz ao ver ele sentar ao meu lado. A saudade em meu peito pareceu triplicar com a presença dele e mesmo não conversando mais e nos mantendo focados no café ou na conversa dos demais, foi o melhor café da manhã do último mês.

O Chris ao meu lado... Sem tanta daquela tensão do último mês, parecia que o que aconteceu ontem realmente obteve sucesso. A atitude dele com a piranha fez eu me deixar levar e ele pareceu gostar de ter a certeza de que tudo que um dia eu disse que sentia por ele ainda existe, forte e intenso... Todo o amor que senti permaneceu vivo dentro de mim e viverá eternamente.

Depois do café, voltamos a academia onde estava uma bagunça com cada equipe meio largada a um canto. Mas quando o Capitão Mason entrou, todos levantaram esperando a ordem dele, que nos mandou nos aproximarmos, fixando um sorriso perversamente prazeroso no canto da boca.

            -Bom dia.

            -Bom dia, senhor!

            -Pensei em algo diferente para hoje... Notei que grandes rivalidades foram se formando debaixo deste teto desde ontem e pensei em um modo de fazer com que pensem que aqui dentro acima de tudo somos colegas de trabalho.

Não estou gostando nada disso...

            -Então hoje será diferente... Em primeiro lugar, esqueçam suas equipes. Não são mais seus aliados, nenhum deles.

O quê? Como assim?

Cochichos e encaradas surpresas tomaram conta do lugar e ao trocar um olhar com o Chris, ele pareceu gostar daquilo tanto quanto eu.

            -Hoje, seremos duplas... Apenas terão um parceiro para confiar, para acompanhar e proteger. Se ele cair, você também cai. Se ele vencer, você também vence.

            -Vem comigo?

Chris sussurra em meu ouvido e eu concordo com ele, embora não ache tão simples assim, já que nossos colegas “não serão mais aliados”.

            -E para ajudar vocês a melhorar as relações, as duplas serão formadas por integrantes de equipes diferentes.

O quê? Como é que é?

            -Então este será seu único aliado hoje. Os treinamentos serão em duplas e como disse, a derrota e a vitória acompanha os dois... Se um perder um ponto o outo perde também e se um ganhar, o outro ganha também.

O quê?

            -Isso animará vocês a se manter mais cuidadosos e protetores... E vai apimentar as coisas daqui também, tornando tudo mais divertido.

Alguns cochichos vieram à tona novamente e com um assovio dele, fez tudo voltar ao silêncio. Então com um sinal para a nossa equipe, nos aproximamos dele e pensando que poderíamos ser os primeiros a escolher, meu estômago se embrulha ao vê-lo dar um sinal para a equipe da piranha do shorts e do nojentão.

            -Notei que alguns integrantes de vocês não se deram muito bem ontem... E é isso mesmo que quero, formem duplas, um de cada esquipe aqui.

O quê? Não!

Ele seguiu para as outras equipes dando instruções e fuzilei uma desgraçada que veio saltitando se pendurar no pescoço do Chris toda sorridente.

            -Viu só, bonitão... É o destino!

Vi que os demais já estavam de papo com os outros e sacudi a cabeça pensando se eu teria saúde mental para suportar vê-lo ao lado dessa prostituta o dia todo.

Não pode ficar pior do que isso...

Ao levantar o olhar vejo um sorriso nojento em alguém que vinha em minha direção me olhando fixamente.

É claro que podia ficar pior!

            -E aí gracinha, topa ser minha parceira?

            -Parece que não tenho outra opção.

            -Ah, vamos lá... Será divertido.

            -Pensei que me achasse muito inferior, tem certeza de que quer alguém como eu com você?

            -Tenho, sim... Como disse, não sou cego. Você atira muito bem e luta como uma leoa, adoro, não resisto. E ficar do seu lado o dia todo, será tentador.

Será torturador, isso sim.

Olho para o lado e vejo que a minha “felicidade” ricocheteia no Chris também que encara feio o nojentão ao meu lado assim como eu encaro a piranha. Com nossos olhares se cruzando, parece que por um momento tentamos passar força, paciência e segurança ao outro.

Agora não dá para ficar pior... O Chris tinha acabado de dar o fora naquela vaca e agora ficarão juntos o dia todo e terei de assistir a isso sem reclamar. E ao meu lado, terá um cara nojento e desprezível para suportar e controlar para não me fazer perder mais pontos da minha equipe.

Agora sim esse treinamento vai ferver...