Quando acordei, me espreguicei na cama virando para de bruços para continuar a dormir, mas antes tento abrir os olhos e quando não vejo nada pela escuridão em que meu quarto estava, eu dou um salto. Corro cambaleando para acender a luz e olho que tenho que me arrumar as pressas.
Nossa, mas esse cochilão foi tudo de bom!
Me espreguiço de novo e vou ao banheiro fazer o necessário e já começo a escovar os dentes enquanto escovo meu cabelo amassado pelo travesseiro. O molho um pouco, teimando que eu queria deixar meu cabelo solto, porque hoje quero arrasar.
Ao terminar, vou para minhas roupas e pego o vestido preto que eu trouxe justamente para essa ocasião. Nada demais, mas este era um pouco mais ousado do que o normal que eu usava... Não era colado, mas delineava o corpo, dando o contorno certo. Era um pouco acima do joelho e sem mangas.
Aliso mais meus cabelos e faço uma maquiagem escura, mas nada muito forte, apenas destaco meus olhos e passo um batom bem claro. Coloco a sandália de salto e meu look fecha do jeito que eu queria.
Sem esquecer do perfume o passo e vou até a porta com alguém batendo antes de eu abrir. Eu sorrio com aquilo e abro a porta dando de cara com um moreno lindo e charmoso com jeans e uma camisa social preta. Sinto o perfume dele e ele sorri de canto ao me olhar por inteiro.
-Por que está tão linda?
-Quero seduzir...
-Quem?
-Um cara aí de quem eu estou a fim.
Ele ri todo bobo e eu retribuo com um sorriso leve, admirando a beleza do brilho daqueles olhos verdes que me observam por alguns segundos sem dizer nada, então começa.
-Será que já não seduziu ele?
-Sim, mas quero torturar.
-Estou vendo... E também já estou vendo que não poderei te deixar muito sozinha porque vão cair matando em cima de você.
-Eles podem tentar.
Eu ri e ele me deu espaço para sair. Quando fechei a porta vi os demais saindo e o Forest assoviou ao me ver.
-Você está um espetáculo, Jill! – Joseph disse sorrindo.
-Obrigada.
Todos os demais estavam sociais como o Chris e com os outros caminhando, seguimos para lá apenas com uma troca de sorrisos. Ao chegar, vimos os demais lá e luzes fortes nos iluminaram acompanhadas de muitas palmas.
-Parabéns S.T.A.R.S.! Venham até o palco!
Quando nos aproximamos eu vi o homem que nos cumprimentou quando chegamos sorrindo como uma criança alegre. Ele nos indicou para ficarmos parados diante dos demais que nos observavam e ele começou a falar.
-Nos dois últimos dias todos treinaram com muita garra para a competição que se realizou nesta manhã... Em supervisão do Capitão Mason, foram concedidos e retirados pontos a todas as equipes quando foi quebrada alguma regra. Todas as equipes perderam pontos e sabemos como é a tensão aqui dentro, convivendo com adversários que mesmo sendo colegas de trabalho, não nos deixam abandonar o desejo de ganhar. E hoje, a vitória foi alcançada, com muita garra, inteligência e dignidade. Uma vitória admirável de uma equipe que iniciou a competição em desvantagem e nem por isso se deixou vencer! Esta noite é de vocês S.T.A.R.S.!
Palmas vieram de todos os lados com seu pequeno e não tão monótono discurso. Então o rapaz ajudante do Capitão Mason veio segurando um suporte de medalhas e o homem que discursou veio e colocou em cada um de nós, mas quando veio para mim, deu uma piscada discreta como se parecesse contente e eu sorri.
Quando pegou o troféu e entregou a Enrico, mais palmas vieram e ele pareceu um menino que ganhou um brinquedo novo. Imagino o Wesker aqui, com aquela simpatia não daria nem um sorriso e pensar que amanhã vamos conviver novamente... Que “ansiedade”.
-Parabéns, S.T.A.R.S.!
O homem bateu palmas por alguns segundos também e se voltou ao público.
-Esta noite é nossa comemoração e nossa maneira de retribuir a presença de cada um de vocês! Agradecemos por terem vindo e agora deixemos a competição de lado, somos todos colegas e é momento de interagir e descontrair... Se divirtam!
Mais palmas agora e a música alta começou, mas primeiramente uma mais formal. O homem veio nos cumprimentar de perto todo sorridente.
-Eu sempre apostei em vocês... Parabéns!
Agradecemos e saímos do palco. Eu segui os meninos olhando para o lugar bem arrumado com sofás nas laterais, um barzinho mais ao canto e alguns quitutes também.
-Cara, é sério que podemos beber de graça? – Forest sorriu.
-Quero me embebedar até cair hoje, só por causa de tudo que nos fizeram passar nesses dias! – Joseph sorriu.
-Vamos lá, então!
-Traz cerveja para nós!
O Chris falou quando levantaram e com ele ao meu lado, vejo que senta mais perto e eu sorrio quando me viro para ele.
-Vai beber hoje?
-Acho que merecemos nos divertir...
-Também acho.
-Mas não gosto de cerveja, vou pegar outra coisa.
-Mas também não exagera.
-Você também não.
Ele riu daquele jeito torto dele e eu desviei para não babar. Senti a mão dele na lateral da minha barriga me fazendo um carinho escondido entre o outro braço, porque o Enrico e o Richard estavam em nossa frente.
-Você está muito linda.
-Você também... É melhor tomar cuidado.
-Principalmente você, com esse bando de marmanjo querendo uma noite com uma das quatro garotas que tem aqui... E você é incomparavelmente a mais linda e atraente.
-Obrigada, mas eu me cuido.
-Se não cuidar, eu cuido por você.
-Com licença...
Com uma voz nos interrompendo, olhamos para frente e vemos o Capitão Mason todo arrumado nos olhando tranquilamente. Quando estende a mão para mim, vejo a cara azeda que alguém ao meu lado faz.
-Me dá a honra, Srta. Valentine?
Ele sempre me chamou de Jill e agora vem com cordialidade... O Chris com certeza ferveu com isso, mas não pode falar nada e eu também não posso recusar.
-Claro que sim.
Eu sorrio e levanto com ele me guiando até a pista e educadamente me puxa e coloca a mão nas minhas costas me conduzindo.
-Eu estava pensando...
Ah, não... Não me meti em furada, não é?
-Você é uma policial admirável, Jill... Excepcional.
-Obrigada.
-Você gosta de seu emprego nos S.T.A.R.S.?
O quê?
-Já pensou em vir para cidade grande? Com certeza se daria muito bem por aqui...
-Ah, eu pretendo evoluir na minha carreira, mas...
-O que acha de vir trabalhar comigo?
Como é?
-Você é excelente e são pessoas assim que eu procuro e sem querer ofender, é difícil encontrar mulheres com tamanho talento e honestamente, vocês são muito mais observadoras e inteligentes.
-Ah... Obrigada.
-Pode pensar nisso?
-Ah, eu... Me pegou de surpresa.
-Entendo... Mas pense nisso e qualquer coisa venha visitar minha base, onde treino e modelo os meus.
-Tudo bem.
-Pegue meu cartão.
Ele colocou os dedos no bolso da camisa e colocou em minha mão me deixando meio tonta com a proposta.
-Te garanto um salário ótimo, o dobro ou triplo do seu atual, podemos negociar. Treinamos o dia todo e assim como aperfeiçoará ainda mais suas habilidades, você pode trocar conhecimento com os demais, gosto que se ajudem lá dentro.
-Isso é muito interessante.
-Pense bem nisso... Posso te oferecer muitas portas para sua evolução, posso te indicar para onde quiser depois de um tempo se aperfeiçoando.
Com certeza isso é extremamente interessante, mas... Olho para onde minha equipe está e mesmo antes de cara amarrada, o Chris sorria enquanto tomava uma cerveja e conversava com os demais.
Não sei se eu teria forças para viver sem ele agora... Mas também não posso recusar por isso. E adoro meu emprego. Não posso pensar nisso agora, melhor empurrar o pensamento para frente.
-Vou pensar.
-Ótimo, me ligue quando decidir. Obrigado pela dança e espero te ver novamente em breve... Muito em breve.
Ele se afastou dando um leve beijo em minha mão e saiu no meio dos demais. Eu olhei para o cartão dele e voltei ao sofá ao lado do Chris que ria com os demais, mas uma voz que eu já não aguentava mais se sobressaiu entre os outros.
-Conseguiu o número dele, Jill? – Forest perguntou.
-Consegui, você quer para ligar para ele?
Os demais riram e o Chris se virou para olhar o cartão em minha mão e me olhou desconfiado.
-Por que ele te deu um cartão?
-Ele me ofereceu um emprego.
-O quê?
Ele se virou para mim parecendo não acreditar e os demais se surpreenderam com minha resposta e sorriram.
-É sério, Jill? – Richard perguntou.
-Sim...
-Isso é ótimo! – Enrico sorriu – Um emprego desses pode te levar aonde quiser na sua carreira, devia aceitar.
Chris desviou com o conselho que recebi e não disse nada, apenas tomou mais da cerveja já abrindo outra.
-O que mais ele disse?
-Que dobraria ou triplicaria meu salário e depois de um tempo treinando com os dele, ele poderia me indicar para onde eu quisesse trabalhar.
-Nossa, isso é uma chance imperdível.
-É, é sim... – Chris falou – Você devia aceitar. Vou pegar algo mais forte.
Ele levantou e saiu em direção ao bar e desviei dele vendo Forest olhá-lo de canto sem sorrir dessa vez, então olhou para mim pela primeira vez sem sarcasmo ou ironia.
-Vai aceitar?
-Tem pessoas em Raccoon que não sei se consigo deixar para trás, Forest.
-Amigos continuam do seu lado, Jill... Todos querem seu bem, não tem porque se prender a isso, você é jovem, deve pensar em você.
Eu sorri sem jeito querendo ir de atrás do Chris, mas sei que darei muito na cara se eu levantar agora.
Os demais continuam a conversar e vejo o Chris no bar conversando com o barman que o serve muitos copos de alguma coisa. Depois de alguns minutos eu levanto e vou para lá recebendo o olhar apenas do Forest que sabe minha intenção. Me aproximo do Chris e começo a escutá-los na conversa.
-Mulheres são todas loucas! – O barman sorri.
-Verdade...
-São mesmo!
Eu concordo ao me aproximar e sento ao lado dele que fica de cara amarrada encarando o copo agora vazio.
-Vai aceitar o emprego?
-Não pensei nisso e nem quero pensar agora.
-Então não descartou a possibilidade?
-Não penso em sair do meu emprego agora, adoro os S.T.A.R.S..
Não acho propício uma discussão no estado dele. Ele está meio tomado já, então é melhor mantê-lo de bom humor.
Ele olha para mim e eu sorrio prendendo os olhos nele agora, mas noto que não quer que eu me afaste e definitivamente quer que eu recuse de vez a proposta.
-Tem alguém em Raccoon que não consigo deixar para trás.
-Alguém que você teima em não querer...
-Eu nunca mais disse isso.
-Mas também não diz que quer de volta.
-Não acho que aqui seja o melhor lugar para isso ainda mais no seu estado.
-Eu só comecei a beber!
-Então desamarre essa cara e venha comigo até os outros.
-Tudo bem...
Ele sorriu um pouco e pegou uma mecha do meu cabelo a enrolando nos dedos e me olhando nos olhos.
-Não posso ficar tão longe de você.
-Eu também não.
-Eu sei.
Ele riu e eu o acompanhei caminhando até o sofá, então se joga sentando ao lado do Forest que o observa enquanto ele sorri para o nada.
A música mais animada começa e o povo todo comemora indo para pista. Forest e Joseph levantam com garrafas na mão e puxam o Chris.
-Vamos agitar! Vem, Jill!
Eles me puxam junto e vamos todos para pista dançar. Eles bebem e dançam animados e eu rio olhando para o Chris, Joseph e Forest que agitam de verdade ao som da música. Enrico e Richard ficam bebendo e conversando ao lado, enquanto também riem dos demais que já mostravam o grau de bêbados.
Eu saio dali em direção ao bar e peço algo para tomar, não curto muito cerveja. O rapaz me traz um negócio todo colorido e delicado e tento tomar com calma, mas quando me viro para voltar para pista dou um salto em ver aquela criatura na minha frente.
-Vamos dançar, boneca?
-Sai fora, Bruce...
-Sem ressentimentos, por favor.
-Você é um trapaceiro e perdeu mesmo assim, que humilhante, não é?
-Pois é, então por isso mesmo você que devia se desculpar comigo e me convidar para dançar.
-Há-há... Vai embora e fique com sua turminha sem noção, se quer tanto uma transa por que não vai atrás daquela piranha?
-Eu já experimentei e nem é grande coisa...
-Isso é nojento.
-E além do mais ela já está ocupada e parece que seu namorado logo experimenta também.
Ele apontou para pista e vi a piranha se esfregando no Chris que mesmo bêbado, tentava afastá-la de perto, mas ela voltava passando os braços em seu pescoço e rebolando como uma prostituta.
Eu respiro fundo me contendo para não praticar um assassinato na frente de tantos policiais e o Bruce ri.
-Vem comigo agora?
-Não... Some daqui.
-Qual é, Jill, estávamos nos dando bem ontem! Fomos a melhor dupla, até o Mason disse isso!
-Eu estava deixando de te detestar tanto, só isso... Aí quando voltou a falar daquele jeito nojento e na frente do Chris para provocar e tirar nossos pontos percebi que eu estava errada em ter acreditado que poderia ser profissional. Agora se me der licença, preciso exterminar uma piranha.
Quando vou sair dali alguém me empurra e Bruce me segura e já sinto algo escorrer na minha perna. Quando olho, vejo algo espumando em mim... Cerveja?
Eu viro para xingar o idiota, mas Bruce é mais rápido o empurrando para longe dali.
-Some, idiota!
Ele volta para mim com um sorriso e pisca maliciosamente. Eu reviro os olhos e saio dali procurando um banheiro.
-Te espero aqui, boneca!
Eu o ignorei e fui para o banheiro limpar minha perna e quando termino eu paro... O Chris está lá com aquela prostituta e do jeito que está tomado, é melhor não perdê-lo de vista. E se ela arrastar ele para algum lugar? Do jeito que está alto agora, não vai diferenciar nada, é um perigo.
Volto rapidamente ao bar olhando para pista e o procuro até ouvir uma risada maliciosa ao lado e vejo o Bruce que me olha de canto. Eu procuro o Chris e não vejo nada.
Ah, não... Ele até pode estar bêbado, mas não é desculpa, eu mato os dois!
-Pois é, acho que a Micaela ganhou a noite... Está ganhando ainda, na verdade.
Eu olho para ele que ri tomando sua bebida e tremo em perguntar.
-Para onde ela foi?
-Pegou seu amigo e saiu... Para onde eles foram, acho que é óbvio.
Eu gelo e sinto minhas pernas bambearem, mas quando dou as costas para ele, sinto que me puxa pelo braço a passa os braços pela minha cintura.
-Deixa eles, vai... Por que não me deixa te mostrar como um homem de verdade faz? Anda, Jill, estou louco por você.
-Me solta, Bruce!
Tentei empurrá-lo, mas do jeito que também já estava meio alto ele me puxou mais forte sem me deixar sair.
-Anda, boneca, vamos para o seu quarto que quero te levar ao delírio enquanto você me leva com esse seu corpo espetacular.
-Me solta!
Ele me puxa em um beijo e tentei me soltar, mas ele me segura de um jeito que quando sinto a língua dele invadindo a minha eu a mordo fazendo ele sair e alguém surge o empurrando.
-Qual é, otário!
Enrico e Richard surgem e Bruce fica com a mão na boca enquanto mexe a língua para os lados me olhando sorrindo.
-Gostinho de morango, boneca!
Eu reviro os olhos e encaro o Enrico que me olha preocupado.
-Você está bem?
-Sim, obrigada... Vocês viram o Chris?
-Ah, ele saiu faz uns minutos...
Meu coração gela e ao olhar para o Bruce ainda alongando a língua, levanta os ombros para mim com um sorriso malicioso e vou para a pista encontrando apenas o Joseph dançando.
-Joseph, para onde foi o Chris?
-O Chris, ah...
Ele olha para os lados como se acabasse de notar que ele não estava ali e começou a rir desenfreadamente para a garrafa de cerveja.
-Não sei, não, Jill... Vem dançar!
-Agora não.
Eu me viro olhando ao redor com o coração na mão e saio de lá procurando pelos cantos e nada então sigo para o dormitório da piranha quase correndo.
Ele não vai estar com ela... Não vai estar lá, não pode, por favor.
Aumentei o passo e ao chegar escancaro a porta dela e nada, vazio. Onde mais podiam ter ido? Será que no dormitório deles?
Saio de lá e vou correndo para o dormitório dos meninos e quando chego escuto barulhos e risinhos baixos... Meu coração sobe até a garganta e sinto lágrimas em meus olhos, então abro a porta com tudo e eles dão um salto.
-Jill, qual é!
Eu começo a gargalhar como uma louca em ver a piranha com o Forest pelado em cima dela tentando se esconder agora. Ele me encara feio e levanto os braços ainda rindo ao fechar a porta.
-Desculpa aí...
Rio que nem uma hiena do lado de fora e meu coração se alivia... Se Forest pescou a piranha, o Chris está seguro das garras dela. É uma prostituta mesmo, hein? Queria tanto o Chris, mas o amigo serviu também.
Voltei para festa e com mais ainda alívio, vejo o Chris dançando com o Joseph. Ambos pareciam tontos e fui na direção deles, mas quando ele me viu, me puxou pela cintura para perto dele sorrindo para mim.
-E aí, gata? Vem sempre aqui?
-Não, mas se você estiver posso vir mais vezes...
Ele me olhou de um jeito provocante e com um desejo louco transbordando de seus olhos e olhei de canto para o Enrico e o Richard que conversavam ao lado.
-Dança comigo.
-Você está bêbado, mal se aguenta em pé...
-Não estou bêbado, estou no máximo alegre e ousado!
Eu ri do jeito dele que me acompanhou com aquele sorriso perfeito dele e me puxou para mais perto entrelaçando os braços em minha cintura e encostando a testa sobre a minha.
-Você está muito provocante nesse vestido... Imagino como fica ainda mais perfeita sem ele.
Eu ri da cantada barata dele que me acompanhou e revirei os olhos com ele me olhando fixamente ainda com o desejo estampado em seu olhar.
-Então é sua ousadia?
-Estou cantando você, não posso?
-Deve... E seu amigo pelo jeito pescou a piranha.
-É, eu vi eles saírem aí fui no banheiro, a natureza chamou por mim.
Tudo no mesmo momento, quase pirei... Não acho bom dizer isso para ele agora.
Meio tropeçando ele ri e eu o seguro o fazendo rir mais ainda enquanto passa o braço em meus ombros e me dá um beijo na testa me puxando mais perto.
-Faz um moonwalk aí, Joseph!
Joseph levantou os braços gritando em resposta e começou a tropeçar para trás me fazendo rir e reparo no olhar do Enrico e do Richard ao ver o Chris abraçado em mim.
-Acho que já deu para vocês!
-A festa só começou! – Chris sorriu.
-E olha seu estado! Já está tarde, amanhã cedo vamos embora, não é, Enrico?
-É isso aí, Jill.
-Venha, vou te levar...
Puxei o Chris que pegou a cerveja do Richard para beber e tiro da mão dele a devolvendo para o dono enquanto eles riem. Saímos de lá com ele me puxando e me abraçando mais me fazendo rir.
-Sabe que meu quarto está ocupado, não é?
É verdade... Mas de jeito nenhum posso deixar o Chris solto por aí nesse estado, ou ele pode ser alvo de alguém ou nos entregar para os demais.
-Vou te levar para o meu quarto.
-Já? Assim tão direta?
Eu ri e ele me acompanhou agora me dando mais espaço para caminhar e ao chegarmos perto do meu quarto, ele cambaleou e o ajudei a se equilibrar com ele rindo ainda mais.
Até bêbado esse homem é lindo, como é que pode?
-Aqui, vem...
Eu abri a porta do meu quarto e ajudei ele a entrar mesmo ainda meio cambaleando e o sentei na minha cama. Ele encostou a cabeça na parede e espremeu os olhos agora parecendo com dor, mas ainda sorrindo como um bobo me fazendo rir ainda mais.
-Vai rir da minha dor?
-Você encheu a cara porque quis...
-Você estava mais bêbada do que eu naquela sexta-feira que te levei para casa.
-Duvido muito.
-Minha cabeça está latejando...
Pois é, bebedeira, bem feito! Isso por quase ter me matado do coração quando pensei que estava com a piranha do shorts que agora está nadando no quarto ao lado com o Forest que nem é capaz de trancar uma porta antes de tirar a roupa. Eu rio da lembrança dele pelado, mas desvio caminhando até a porta e noto que o corredor está vazio, me deixando ouvir bem a música ainda. Encostei a porta com cuidado e quando virei levei um susto em ver o Chris parado na minha frente.
-Me assustou...
Ele não respondeu, apenas ficou me olhando. Sem sorriso agora, sem malícia, sem desejo, apenas me olhava fixamente em meus olhos e perco o sorriso ao notar que era “aquele” olhar, o olhar que tanto senti falta... O olhar do meu Chris apaixonado.
Meu coração disparou no peito e minha cabeça girou trazendo a tona todas as lembranças, todas as emoções e tudo o que ele provoca em mim. Cada sentimento, cada arrepio e a saudade que me estraçalhava o peito.
Droga... O que eu faço agora? Eu queria conversar para nos acertarmos, mas queria impor limites, entrar em um acordo, queria ver se realmente somos o melhor um para o outro.
Ele deu mais um passo para perto de mim e eu me afastei automaticamente, mas encostei as costas na porta e ele estendendo o braço tranca a porta e me deixa nervosa... Não com medo dele, mas com medo de mim.
Precisamos conversar primeiro e não com ele assim, controle-se Jill...
Quando se aproxima mais um pouco, não posso e nem quero me afastar... Minha Nossa, como algo assim pode existir, esse desejo de estar perto dele, essa vontade louca que me consome. Essa saudade desesperada... Sinto cada milímetro do meu corpo implorando pelo seu toque, pelo seu beijo, por ele... Por ele.
Ele coloca as mãos na parede me prendendo entre elas e aproxima o rosto deixando a testa dele encostada na minha e sinto a respiração forte dele parecendo acima de tudo tentar se conter.
Meu corpo delira em notar que estamos sozinhos em meu quarto e que nada vai nos atrapalhar... Nada.
-Eu não consigo, Jill... Eu não aguento mais.
Eu também não... Não aguento mais isso, não aguento mais.
Ele desliza a mão da parede e coloca na minha cintura, me puxando levemente para ele e não há nem uma parte de meu corpo que não se arrepia com seu toque. Eu fixo os olhos nos dele que agora mantém o rosto a centímetros do meu e aquele olhar me faz esquecer tudo ao redor, tudo sobre minha vida e faz tudo parecer não importar mais... Nada mais importa.
Ele coloca a outra mão em meu rosto para fazer carinho e eu curvo um pouco o pescoço para sentir melhor seu toque. Com meus olhos fechados ele me guia para algum lugar que não vejo e quando sinto, ele me deita sobre a cama e deita com cuidado em cima de mim, me deixando sentir sua respiração ficar mais forte e o batimento de seu coração acelerar como o meu.
Eu não aguento mais... Não aguento mais essa distância, essa saudade.
-Seja minha, minha pequena... Se entrega para mim.
Sinto uma lágrima escorrer de meus olhos e os abro vendo o rosto dele praticamente encostado no meu e sua carícia em meu rosto continua até limpar minha lágrima e eu sorrio sentindo uma dor aguda em meu peito...
Foi isso que você tentou afastar de você? Tentou afastar o homem que ama? Que te ama? Se ele prefere você do que a carreira dele, você apenas tem de aceitar... E se entregar.
Quando ele aproxima o rosto do meu, ele parece temeroso com minha possível reação... Mas eu não posso e não consigo reagir de maneira diferente. Ao sentir o calor dos lábios dele no meu, meu corpo inteiro estremece... Mais uma lágrima escorre e sinto uma lágrima dele cair em meu rosto.
Me perdoa, Chris... Me perdoe.
Ele começa um beijo lento, apaixonado... E a saudade que eu sinto dele, ele passa com a mesma intensidade para mim me mostrando como sentiu minha falta.
Nada mais importa... Nada mais.
Eu não tenho força para nada além de continuar a beijá-lo. Sinto que ele desce a mão que antes estava em meu rosto até minha coxa e com calma a coloca por dentro do meu vestido, a subindo com cuidado e me fazendo tremer com o toque dele em meu corpo. A suavidade de seus dedos, o carinho que ele usava e o sentimento nítido em cada centímetro apagou minha mente...
Ele desce o rosto para meu pescoço e me beija ali. Ele faz tudo com tanto cuidado, com tanta calma e com tanto carinho... É impossível descrever o que ele me faz sentir assim, apenas sei dizer que não há homem no mundo que me despertou nada sequer parecido. O olhar, o sorriso, o toque, tudo forma este homem mais que perfeito feito só para mim e que tentei lutar contra um amor louco dentro da minha alma, mas não posso, sou fraca para isso, preciso desse homem... Preciso dele.
Subindo mais com os dedos pelo meu corpo, ele levanta um pouco seu próprio corpo para dar acesso a sua mão e antes seus dedos deslizando na lateral de meu corpo, agora desviam para o centro dele. Minha barriga se arrepia com o toque e quando ele sobe passando entre meus seios eu me contorço involuntariamente o ouvindo sorrir.
Ao abrir meus olhos percebo que ele não está mais beijando meu pescoço, mas está com os olhos espremidos e a cabeça apoiada na outra mão.
-O que foi?
Ele sacode a cabeça em discordância e volta ao meu pescoço me fazendo soltar um leve gemido ao engatar dois dedos no meio do meu sutiã, entre meus seios. Ele abaixa o rosto e segue com os beijos para meus ombros e depois para o meu decote o puxando mais para baixo, mas quando noto que ele se afasta eu abro os olhos e o vejo afastar o rosto espremendo os olhos novamente e rio.
Será que ele está passando mal?
-Você está bem?
-Estou...
-Se for vomitar, não vomita em cima de mim não, hein... – Eu ri.
-Eu não... Não vou... Droga!
Ele sai de cima de mim em uma velocidade incrível indo para o banheiro e eu rio daquilo, já o ouvindo tossir lá dentro e levanto me ajeitando um pouco. Caminho até lá e o impeço de fechar a porta, me abaixando do seu lado e ele desviando.
-Sai daqui, Jill...
-É meu quarto, para onde eu vou?
-Não aqui.
Eu ri dele que parecia realmente mal, então levantei e peguei uma toalha no armário com ele empurrando o botão da descarga e sentando no chão de olhos fechados e me abaixo limpando a boca dele com a toalha e ele abre os olhos assustado me fazendo rir de novo e ele me encara feio.
-Não tem graça...
-Para mim tem.
-Há-há...
-Você disse que só estava alegre e ousado.
-Talvez errei um pouco ao calcular minha bebedeira.
-Completamente.
Eu ri de novo e vi ele dar um meio sorriso. Então o puxei pelo braço o ajudando a levantar e ele veio comigo para cama de novo, mas eu o ajudei a deitar desta vez. Ele ficou de barriga para cima e continuou com os olhos fechados e uma expressão não muito boa... Acho que a sensação ruim não é tanto por ter vomitado, mas por ter cortado completamente o clima em que estávamos antes.
-Como você está?
-Está tudo girando...
-Queria mesmo se arriscar comigo com você nesse estado?
-Minha função é tentar.
Ele riu e eu o acompanhei lembrando que parecia que anos tinham se passado desde o dia que ele me jogou essa desculpa.
Então eu paro e encaro a parede mais distante... Ia rolar. Com certeza, ia rolar. Se não fosse essa parada súbita, já poderíamos estar no processo. Nossa, o que foi aquilo? Como ele me fez sentir tanta coisa em apenas um momento desse? Eu perdi completamente a razão... Nada ia nos parar. Esta noite teria sido nossa.
E agora como vai ser? Não conversamos ainda, precisamos ver se realmente vamos nos acertar ou nos afastar de vez... Talvez ele nem me perdoe.
Não, ele tem que me perdoar por essa separação que eu causei, porque me daria uma tremenda dor no coração ao pensar que amanhã ele estará sóbrio e talvez fingisse que nada aconteceu... Ou talvez fosse eu quem fizesse. Não quero fazer isso. Mas tenho que pensar no porquê de eu ter feito esta escolha.
Uma lágrima escorre de meu olho e viro para ele que mantém um braço em cima de seus olhos e a expressão ruim não existe mais.
-Chris... Você está acordado?
Nossas brigas irracionais, discussões e ciúmes descontrolado... Será que pode se resolver se voltarmos a ficar juntos? Será mesmo?
Mesmo o querendo de volta, ainda não quero o prejudicar. Antes de qualquer coisa, precisamos conversar, preciso impor esses limites... Quero que ele me prometa ser mais racional e se ver alguém de gracinha comigo, que pare e pense primeiro. E o mesmo vale para mim.
Eu quero progredir em minha carreira e quero ainda mais que ele progrida... E acho que para isso acontecer normalmente, teríamos que manter isso em segredo para ninguém usar isso contra nós. Mas sei que com os amigos que temos seria impossível manter isso em discrição, principalmente pelo Forest. Vamos acabar deslizando e se o Wesker souber... O Irons... O Irons poderia ameaçá-lo para mim, tenho certeza de que se aproveitaria dessa notícia. Não sei se o Wesker se importaria, mas qualquer atitude nossa mesmo sendo normal, ele nos chamaria a atenção e usaria isso para nos punir.
Reviro os olhos pensando nisso e me apavoro com a ideia de nossa separação retornando a minha mente como a melhor opção.
Não! Eu não aguento mais viver longe dele! Não posso fazer isso, não consigo mais viver desse jeito! E se eu precisar arriscar tudo, eu arrisco... E se ele escolher o mesmo, podemos dar um jeito, vamos conseguir.
Eu esboço um sorriso e olho para ele com a respiração forte, mas baixa e tranquila. Ele apagou completamente... Eu rio e levanto da cama pegando um pijama confortável e vou ao banheiro para me trocar. Tiro toda a maquiagem e volto ao quarto com meus olhos se fixando nele... Ele tinha virado um pouco o rosto para o meu lado e continuava a dormir.
Me aproximo da cama e puxo uma manta por cima dele que continua ali imóvel e acaricio seus cabelos carinhosamente com ele dormindo profundamente.
-Durma bem...
Eu sento nos pés da cama olhando para ele e vejo o espaço que ficou entre ele e a parede e sem pensar mais, deito ali olhando para cima.
Preciso dele... Sem “mas” desta vez.
Sorrio com o pensamento e fecho os olhos tentando pegar no sono e desviando o pensamento de que ele estava ali ou não conseguiria me concentrar para dormir.
Amanhã estaremos em casa outra vez e vamos colocar tudo para fora, não quero mais continuar assim e acredito que ele também não.
Amanhã... Amanhã.
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