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História Sempre Tem Um Lado Bom - Afundando o Estresse


Escrita por: PJ_Redfield

Capítulo 5 - Afundando o Estresse


Fiquei parada na frente do meu guarda-roupas decidindo o que eu iria usar. Nunca gostei de sair com eles ousada demais, ia um pouco mais arrumada do que no trabalho, mas nada de incrível. Então pego a minha calça jeans e a visto voltando ao guarda-roupas decidir a parte de cima, então opto por uma regata azul rendada mesmo, colocando nos pés uma sapatilha preta.

Vou ao espelho e escovo meus cabelos agora soltos, mas ainda um pouco úmidos do banho. Passo um lápis e um rímel nos meus olhos e um batom claro só para dar um charme a mais. Me olho no espelho e decido que é o suficiente.

Pego minha bolsa e vou para a porta, deixando apenas a luz da cozinha acesa e saio. Tranco a porta e vou para o meu carro sentando no banco e parando um pouco e mesmo eu tendo prometido que ia afastar as lembranças do Chris da minha cabeça, elas voltam com tudo.

Ah... Vou pirar assim.

Ligo o carro e saio dali seguindo para a casa do Joseph que era a mais próxima, depois a do Chris, Brad e Barry.

 

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Chegando lá, eles saem e tranco meu carro seguindo com eles que pareciam extremamente animados. Brad pulou nas costas do Joseph que o empurrou e quase ambos caíram, Barry ouvia atentamente algo que o Chris dizia em voz baixa para ele e apesar de eu me esforçar, não consegui ouvir.

Sentando na nossa mesa semanal, eles pedem suas cervejas e eu peço o meu suco. Chris como sempre senta ao meu lado e no dele Barry, depois Brad e Joseph. Eles conversam contentes sobre o trabalho e sobre uma partida de futebol que sempre quiseram marcar, mas nunca fizeram. Eu tento me concentrar neles, mas infelizmente meu estresse é mais forte e começo a me lembrar das pastas que o Wesker “gentilmente” me deu para acabar com meu final de semana.

Fecho a cara ao me lembrar e encaro a mesa o amaldiçoando. Qual é o problema dele? O que eu fiz para ele me detestar assim? Ah, credo.

As bebidas chegaram e pela primeira vez encarei meu suco frustrada por não ser algo mais forte.

-- O que o Wesker queria com você, Jill? – Barry pergunta.

-- Estragar o meu sossego, como sempre.

-- O que ele disse?

-- Me deu trabalho para o final de semana.

-- O quê? De novo? – Joseph se exalta – Qual é o problema dele como você?

-- Talvez ele tenha uma queda por você, Jill. – Brad riu.

Os demais o acompanharam, menos o Chris que o encarou feio o fazendo desviar.

-- Ele me detesta.

-- Talvez ele seja gay e não goste da raça feminina. – Joseph riu.

Agora todos riram e eu encarei a mesa com meu estresse mais elevado do que antes.

-- Não sei o que eu fiz, mas ele me detesta, só pode ser isso... Eu o admiro por ser meu Capitão, mas eu detesto ele por se empenhar assim em acabar com a minha paz de espírito.

-- Ele sempre foi assim, bem na dele. Sempre reservado.

-- Porque ninguém gosta dele.

Senti os olhares deles na minha direção parecendo animados pelo meu jeito e ouvi risinhos, mas não dei importância. Então vi o Chris tomar um gole de sua cerveja e encarei meu suco novamente, então quando ele o colocou na mesa, o peguei para mim e empurrei o suco para ele, tomando mais da metade do copo.

-- Ele é frio e desprezível, ninguém na delegacia vai com a cara dele, todo mundo tem medo de chegar perto.

A cerveja gelada caiu no meu estômago com um baque e ao ver o garçom passando o chamo com um sinal.

-- Não quero isso, me traz uma coisa mais forte.

Coloco a cerveja na bandeja dele e sinto o olhar dos demais em mim, mas não dizem nada, só me ouvem.

-- Qual é o prazer que ele sente em saber que passo a noite em claro fazendo as porcarias que ele manda? E aí quando encharco uma delas com café, me manda ficar refazendo aquilo, isso é uma palhaçada.

O garçom chega com um negócio com uma aparência ótima, super colorido e parecendo inofensivo. Puxo para mim e tomo um gole saboreando aquilo que era docinho e lembrava a um chocolate quente, eu volto a ele e fico o tomando sem parar até quase acabar e no final sinto o gelo cair sobre minha boca, então me limpo e empurro aquilo.

-- Vai com calma aí, Jill. – Joseph riu.

-- Por quê? Só vocês podem beber? Esse é o problema da raça masculina! Vocês acham que só porque são os machões podem tudo e nós temos que ser submissas apenas concordando com a cabeça e dizendo “sim, senhor”.

O garçom passa por ali e tira meu copo vazio com um sorriso amigável no rosto.

-- Traz mais uma para mim.

Ele concorda e sai trazendo mais um copo tão bonito quanto o último, então o aproximo de mim e fico sugando pelo canudinho me lembrando da cara de sarcasmo do Wesker. Vejo que os demais trocam olhares e sorrisos em minha direção e encaro a mesa deixando meu estresse aumentar.

-- Se continuar assim vai ficar bêbada. – Brad fala.

-- E daí? Amanhã é sábado... Ah, não, é claro, eu tenho que trabalhar, querem que eu fique sóbria para trabalhar amanhã? Vocês estão mancomunados com aquele idiota?

Os vejo evitando risos e o Barry ri alto, mas o encaro feio e vejo o Chris levar o meu suco até a boca e beber.

-- Por que está bebendo isso?

-- Porque alguém sóbrio tem que voltar dirigindo depois.

-- Eu estou sóbria!

-- Você sabe o que é isso que você está bebendo?

-- Não importa.

-- Pois é... Se soubesse e pudesse pensar nisso, saberia que já está quase bêbada.

-- Eu não fico bêbada.

Eles riram e o Brad começou a falar sobre o jogo de ontem, tirando o foco de mim. Eu terminei meu copo e dei um sinal ao garçom para me trazer mais um.

 

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Eu encarava a mesa a minha frente vendo os pontinhos vermelhos da toalha formarem desenhos e meu sexto copo daquela gostosura de bebida estava quase ao fim novamente, mas quando dou um sinal ao garçom, vejo o Chris fazer que “não” para ele. Eu o encaro bruscamente.

-- Já chega para você.

-- Quem é você? Meu pai?

-- Não, mas se eu fosse já tinha te dado umas chineladas.

-- Ah, é claro, só vocês podem encher a cara quando estão deprimidos.

-- Não, mas o lance é saber quando parar.

-- Eu sei quando parar... Não se meta.

Eu dou mais uma sugada pelo canudo até a última gota daquilo vir para mim e reviro os olhos. Quando o garçom chega indico o copo e ele o pega, mas o Chris se envolve.

-- Dessa vez traga uma água gelada para ela.

-- Tome você água! Eu quero isso aí...

-- Não vai mais tomar isso.

-- E quem é você para me dizer o que vou ou não fazer?

-- Alguém que quer o seu bem.

-- Não se meta, Chris.

-- Não haja como criança.

Eu o encaro mais feio do que antes e rio, então noto que os demais voltam a nos olhar.

-- Olha só quem fala! O super corajoso, mas que tem medo de convidar uma garota para sair.

O Joseph dá uma gargalhada alta e o Brad o acompanha, o Barry ri na dele e o Chris me encara escondendo um sorriso.

-- Você se acha tão adulto e corajoso e acha que no lugar de convidar alguém para sair é melhor ficar fofocando dela no vestiário com seu amiguinho sem noção.

-- Definitivamente já chega de bebida para você.

-- Qual é o seu problema, hein? Do que você tem tanto medo? Todas as garotas da delegacia babam quando você passa e está com medo de convidar uma delas. Isso é patético...

-- É isso aí, Jill! – Joseph sorriu.

-- Vocês pareciam pirralhos do colegial fofocando sobre quem convidariam no baile de inverno... – Eu ri – E o Forest dando uma de machão como se ele soubesse o que é sexo com uma mulher de verdade.

Eu estico a mão para pegar o copo de cerveja do Brad a minha frente, mas quando vou beber o Chris o tira de mim.

-- Ei!

-- Eu disse que já chega.

-- Agora está dando uma de corajoso? Mas quando o assunto é mulher, você dá uma de covarde...

Os demais riram e ele me encarou feio dando um sorriso sarcástico e eu cutuquei a bochecha dele rindo também.

-- Covarde.

Ele me encarou e levantou bruscamente tirando dinheiro da carteira e jogando na mesa enquanto nós o observávamos.

-- Vem, eu vou te levar para casa.

-- Não, eu não vou.

-- Não estou pedindo. – Ele falou carrancudo – Barry, vocês esperam aí que eu volto depois para pegar vocês.

-- Não, leve ela que eu levo os dois. Não vamos morrer de caminhar duas quadras.

-- O quê? – Eu disse – Não! Eu sou a motorista hoje!

-- Ah, sim, do jeito que você está não vai nem dar conta de ligar o carro.

-- Pelo menos não tenho medo de convidar alguém para sair.

Eu ri e ele deu a volta me puxando pelo braço, mas eu lutei contra ele sem sucesso algum.

-- Me solta, Chris!

-- Não.

Eu bufei e ele me arrastou para fora indo até o carro e eu cambaleei a cada passo com ele ainda me segurando pelo braço.

-- Chris?

Olhamos para trás e vimos o Barry correndo para nos alcançar.

-- Você não prefere que eu leve ela?

-- Por quê?

-- É, Barry, por quê? – Eu perguntei.

Ele me olhou preocupado e depois para o Chris que esperava impaciente sua resposta, então ele se aproximou do Chris e abaixou a voz.

-- Chris, ela está bêbada...

-- E você acha o quê?

-- Acho que você pode não manter seu autocontrole se ela tomar alguma atitude que ela não tomaria sóbria.

-- Acha que vou tirar proveito dela?

Eles cochichavam e pensei se achavam que eu não estava ouvindo, então eu ri.

-- Se eu estivesse bêbada mesmo, eu diria que ainda posso ouvir, sabiam. – Eu sorri – Acha que ele vai fazer o quê? Frouxo do jeito que ele é...

Chris abriu a porta do carona do meu carro e me largou lá dentro me deixando resmungar sozinha. Ele falou mais alguma coisa com o Barry e contornou o carro indo para a direção. Ele fechou a porta e se esticou para colocar o cinto em mim e senti o perfume gostoso dele e aquilo já me deixou nas nuvens.

-- Você está tão cheiroso.

Ele me ignorou e ligou o carro indo em direção a minha casa parecendo bravo.

-- Está com raiva de mim?

-- Não.

-- Então por que está com essa cara?

-- Por nada.

-- Não seja chato... Você não é assim.

-- Pois é, eu só sou um covarde.

Eu ri alto e vi que ele escondeu um meio sorriso, então continuo a olhá-lo e meu coração acelera como de costume quando prendo o olhar nele.

-- Não fala assim comigo... Não você.

Quando vi, ele saiu do carro e o sigo com o olhar vendo que já tínhamos chegado na minha casa. Ele abre minha porta, tira meu cinto e me puxa para fora, mas cambaleio para fora e ele me segura, então eu rio.

-- Acho melhor você continuar a não ser de beber.

-- Só quis afundar meu estresse...

-- Acho que você o soterrou.

-- Não acho.

Ele me puxou para casa e no último andar da minha varanda, tropeço e ele me segura me fazendo rir novamente, mas ele me segura e percebo como é bom ter os braços dele ao meu redor. Levanto a cabeça para olhá-lo e vejo que ele fixa os olhos nos meus.

-- Por que você é tão lindo, hein?

Finalmente ele ri para mim e eu continuo a olhá-lo.

-- Você tem um sorriso tão lindo... Me deixa boba quando sorri.

-- É mesmo?

-- Sim.

Eu levanto a mão até seu rosto e ele para de sorrir, então acaricio seu rosto roçando meus dedos em sua barba leve e bem feita.

-- Já falou com a garota por quem está interessado?

-- Não, ainda não.

-- E por que não fala agora?

Ele focou o olhar em mim e senti o coração em seu peito aumentar o ritmo e coloco minha outra mão sobre ele.

-- Está nervoso?

-- Por que estaria?

-- Sim, por que estaria?

Eu contorno seus lábios com meus dedos e ele fecha os olhos com meu gesto me fazendo sorrir, então ele desvia.

-- Vou te levar para dentro.

-- Não, não quero... Fica aqui comigo.

-- Não quero que faça nada do que se arrependa depois.

-- Nada que eu pudesse fazer agora faria eu me arrepender depois.

Ele voltou a me olhar e senti o nervosismo dele, então aproximo meu rosto do dele mesmo com minhas pernas bambas. Encosto minha testa e meu nariz nos dele e sinto sua respiração mais ofegante e sorrio.

-- Você está nervoso.

-- Jill, não faz isso...

-- Por que não? Não finja que não ia gostar...

-- Eu não disse isso... Não quero me aproveitar do teu estado.

-- Então não se aproveite, deixe que apenas eu faça isso.

Eu aproximo meu rosto do dele e esfrego levemente meus lábios no dele e sinto que ele me puxa com mais jeito para o corpo dele e sua respiração aumenta me fazendo sorrir novamente.

-- Não faz isso comigo, Jill...

-- Por quê?

-- Não me provoca...

Eu puxei o lábio inferior dele com os meus e sinto que ele luta para se manter sem ação e eu rio de novo.

-- Me beija...

-- Não.

Eu deslizo minha mão até sua nuca e me aproximo mais encostando de vez meus lábios nos dele e por dois segundos o sinto tremer para se conter, mas sem conseguir mais, ele me puxa para ele e me beija de verdade.

Então minha consciência me deixa e tudo fica escuro...

 

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Minha cabeça estremece e puxo mais as cobertas para perto de mim, mas sinto minha barriga embrulhar e abro os olhos com minhas pernas me levando rapidamente ao banheiro em direção ao vaso e vomito sem cerimônias... Eca.

Olho ao redor e vejo que estou no meu banheiro, na minha casa. Minha cabeça gira e levanto sentindo meu estômago dar um nó. Vejo que a luz da cozinha está acesa e vou para lá tonta como nunca e quando vou ao interruptor para desligá-la, minha visão volta até a sala e minha boca se abre... No sofá, deitado e parecendo dormir tranquilamente estava ele... Chris.



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