História Sempre Tem Um Lado Bom - Conhecendo Mais um Redfield

Passaram-se poucos dias, mas cada hora a mais me comia o coração de angústia sem receber notícia alguma do Chris ou da Claire.

Eu já estava pronta para arrumar minhas coisas e ir de atrás deles, mas minha consciência me convencia de que eu devia esperar um pouco mais.

A saudade que eu sentia apertava o meu coração...

Mas a preocupação devorava a minha alma...

Eu caminhava pela rua depois de ter ido tomar café. Eu precisava tomar um ar porque aquelas paredes estavam me sufocando e a lembrança viva dele, de seu carinho e amor e principalmente de nossas noites de amor me assombravam.

Minha mente era traiçoeira, me fazia pensar em coisas ruins ao pensar nele. Então eu tinha que sair espairecer ou enlouqueceria de saudade e angústia por não ter ideia do que pode estar acontecendo com eles.

Será que a encontrou?

Será que ela estava bem?

Ele é o melhor que já conheci, dá conta de tudo sem muito esforço... Mas é estourado demais, não pensa muito antes de agir.

Porém, sei que se sairão bem.

Caminho para o prédio e vejo distante um casal trocando um beijo apaixonado e passeando de mãos dadas pela rua.

Será que estou marcada para não ter um relacionamento comum?

Quando poderemos sair por aí sem medo, apenas para passar um bom momento juntos?

Não estou reclamando... Ficamos juntos desde que o reencontrei, nossas noites são apaixonadas e intensas, ambos temos um fôlego incomparável, mas... Sinto falta disso. Eu queria poder não pensar em uma empresa doida que a qualquer momento pode transformar todos em mortos-vivos.

Queria poder sair na rua sem precisar ficar atenta a todas as direções...

Sem encarar quem faz movimentos bruscos...

Sem engatilhar a arma escondida em minha quando alguém me encara demais...

Queria poder me sentir segura.

E com ele é tão mais fácil... Com ele me sinto protegida e sem ele sinto que a qualquer momento alguém pode chegar e me mata. Sei, é bobagem, mas depois de tudo que passei, é bom sentir que tenho alguém para correr e me salvar.

Sem ele os pesadelos voltaram como antes... As imagens dos monstros e aberrações me assombram e ainda ouço os gritos de nossos amigos pouco antes de morrerem destroçados por alguma coisa.

Sinto falta deles...

Parece que se passaram anos em que eu estava nos S.T.A.R.S. com todos os meus amigos e minha única preocupação era a pilha de relatórios que aquele cretino me mandava fazer em casa.

As noites no bar da cidade...

Os meses naquela cidade...

Tudo se foi.

Meus amigos morreram e a cidade foi varrida do mapa.

Que vida legal a minha, não?

Balançando a cabeça para banir esses pensamentos, passo pela porta de entrada do prédio, dou um aceno ao recepcionista e subo as escadas.

Ao colocar a chave no trinco, noto que já está aberta... Droga.

Vendo que não tem ninguém nos corredores, saco a arma e entro dando de cara com uma garota que se assusta primeiramente e depois ri de mim ao ver a arma na minha mão.

Seu cabelo ruivo brilhava com as luzes, o olhar doce se destacava, mas o sorriso de moleca era incomparavelmente charmoso como o de alguém que eu conhecia... E mesmo com seus olhos azuis, eles expressavam a mesma personalidade forte do homem que balançou meus sentidos desde o primeiro momento em que o vi.

            -Não falei que ela era osso duro?

Com aquela voz ecoando de alguma direção, olhei para meu quarto e vi aqueles olhos verdes apaixonantes fixos em mim acompanhados de um sorriso maravilhoso que me fez ficar sem respirar.

Ele limpava o rosto com uma toalha, mas parou para ficar me olhando e quando abaixei a arma fui até ele que se aproximou e nos abraçamos fortemente. Os braços dele me envolveram de um jeito que toda a minha força e esperança retornaram e ao ouvir seu sorriso doce e sentir um beijo suave em meus cabelos, uma lágrima escorre de meu olho.

Ao me afastar, recebo um beijo rápido nos lábios e ele me puxa para perto dele voltando em um abraço apertado.

            -Senti sua falta, pequena...

            -Imagine eu.

            -Eu sei, eu sei... Aconteceu algum problema enquanto estive fora?

            -Não, está tudo bem...

            -Ótimo.

Com mais um beijo em meus cabelos, ele me soltou e sorriu me guiando até a moça ruiva que olhava ao redor com um sorriso nos lábios e as duas mãos para trás.

Mas ao parar na sua frente, recebi seu sorriso doce de menina e ela esticou a mão para mim que a peguei gentilmente.

            -Essa é minha irmã... Claire.

            -É um prazer, cunhada! – Ela sorriu.

            -E essa é a Jill...

            -O prazer é meu, Claire.

            -Ouvi falar tanto de você, que já me sinto íntima!

Sorri com ela, mas meu nervosismo floresceu, já que na primeira e última vez em que a vi, eu me acidentei achando que era uma qualquer que estava com o Chris. E olhando agora, deu para ver os traços de menina que tem e ficou claro que ele não se envolveria com alguém tão nova.

Mas quando se pega quem ama abraçado com outra pessoa, você não consegue pensar em mais nada além de quebrar tudo e se desmanchar em lágrimas eternas.

            -Também ouvi falar muito de você...

            -Na verdade eu não aguentava mais ouvir falar de você porque na época que você era apenas uma paixão platônica do Chris era só “Jill isso, Jill aquilo e Jill isso aí e aquilo ali”, era uma loucura...

            -Claire!

            -É mesmo?

Chris a encarou feio enquanto ela riu da sua cara concordando para mim que abri um sorriso toda abobalhada.

            -E nem me peça para contar quando vocês finalmente ficaram juntos!

            -Claire!

            -O que é, ela tem que saber como você era um bobo apaixonado que não se declarava para ela!

Ele desviou e eu ri com ela, mas senti que o Chris me abraçou mais e afundou seu rosto em meus cabelos permitindo que a Claire sussurrasse para mim “depois te conto tudo”.

Mas quando ele apareceu de novo, estava com uma expressão séria e eu perdi o sorriso esperando ele falar.

            -Tenho muita coisa para te contar...

            -Me fala.

            -E uma principalmente.

Um olhar sombrio tomou conta dele e me assustei com o que poderia dizer.

            -Você está bem?

            -Sim, estou... Mas dei de cara com alguém enquanto procurava pela Claire.

Meu coração disparou pelo nome que ele poderia dizer, mas me mantive forte esperando realmente o pior.

            -Quem?

            -Wesker...

            -O quê?

            -Wesker está vivo...

            -Como?

            -Eu não sei bem os detalhes, mas... Ele nos odeia, Jill. Está com um ódio tremendo de todos nós e pelo jeito mais especial por mim por ter estragado os planos dele.

É claro que nos odeia...

            -O que ele disse?

            -Deixou claro que não vai parar com seus planos e... Está diferente.

            -Como assim?

          -Está mais forte e rápido... Está mudado. Não sei exatamente como, mas ele criou agilidades sobre-humanas que o tornaram quase invencível.

Invencível? E nos odeia?

Senti que meu rosto ficou pálido e Chris me levou para sentar no sofá ao seu lado para digerir bem a informação.

            -Me conta tudo o que aconteceu lá.

            -A Umbrella não para Jill... Cada vez cria armas piores e mais desenvolvidas, gerando mais mortes e dor.

            -Zumbis?

            -Muitos...

            -Tyrant?

            -Sim...

            -O que mais?

            -Hunters, cachorros, minhoca gigante...

            -É, pelo jeito eles gostam desses.

            -E mais... A ilha era propriedade da família Ashford que é uma das fundadoras da Umbrella.

            -Fundadoras?

            -Sim... Lá encontramos Alfred Ashford, o filho maluco do fundador, perseguiu Claire e tentou matar ela várias vezes.

            -O cara era um idiota, se achava por ser Ashford e era tão doido que se vestia como a irmã às vezes.

            -O quê? – Perguntei.

         -Quando acordei, estava em uma cela e ouvi barulhos e explosões não muito distantes. O homem que cuidava da cela, me deixou sair e vi como tudo estava um caos, porque zumbis, cachorros e outras aberrações estavam espalhadas pela ilha.

            -Jill... – Chris suspirou – Claire estava em Raccoon City também, antes da cidade explodir.

            -É mesmo?

           -Sim... Eu estava procurando o Chris, porque nunca mais tinha conseguido falar com ele e precisava saber o que aconteceu... Só acho que escolhi o dia errado.

Ela sorriu meigamente e fiquei admirada em saber que sobreviveu a tudo aquilo na cidade e agora naquela ilha doida até o Chris chegar.

Realmente ela é uma Redfield...

            -Como conseguiu sobreviver?

            -Encontrei o Leon e conseguimos sair juntos daquele lugar...

            -O rapaz que mandou o e-mail para o Chris?

           -Isso, ele era um policial que tinha acabado de chegar na cidade... Ah, e também finalmente usei os ensinamentos do Chris... Ele me ensinou tudo o que sei e cá entre nós, foi muito útil já saber atirar bem.

            -Seu irmão realmente sabe o que faz...

            -Sim, ele sabe... É cabeçudo e ciumento, mas até que sabe o que faz.

Ele a empurrou levemente a fazendo rir e voltei a encará-los aflita.

            -Me contem mais.

           -Estava procurando um jeito de escapar quando encontrei um garoto... – Ela desviou – Encontrei a Mansão dos Ashford, corri como louca em umas salas sinistras e finalmente conseguimos fugir para Antártida.

          -Foi aí que eu cheguei na ilha... – Chris falou – Quando encontrei o homem que cuidava da cela da Claire, ele me disse que ela tinha conseguido fugir e fui de atrás dela. Mas antes, ainda na ilha, encontrei nosso antigo Capitão... Ele disse que aquele ataque do Tyrant sobre ele foi proposital, Jill...

            -O quê?

            -Ele planejava aquilo e pelo que falou, ele conseguiu aqueles “poderes” porque injetou um vírus no próprio corpo...

            -E como não se transformou?

            -É imune... Não entendi muito bem como, mas o importante já sabemos. Não será fácil parar ele, Jill.

            -Como conseguiu escapar?

            -Ele viu o rosto da Alexia no monitor e se mandou...

            -Alexia?

            -A irmã do Alfred...

            -Que família, hein...

         -Sim... Quando cheguei na Antártida, encontrei uma réplica da Mansão dos Ashford e a Claire estava lá e ela pediu para eu procurar o garoto que veio com ela, mas...

Ele parou ao olhar para ela que desviou dele com os olhos marejados.

            -Ele foi infectado e se transformou...

            -Sinto muito, Claire. – Eu disse.

            -Tudo bem... Porque mesmo infectado, ele retomou a consciência e me ajudou, mas mesmo assim acabou sendo morto.

           -Isso... – Chris continuou – Nos separamos por um momento e peguei uma cena do Wesker com a Alexia que estava mudada também, tinha poderes e uma força incomparável.

            -O que aconteceu?

            -Ela o atacou e o covarde fugiu.

            -E você?

       -Fiz o que pude e consegui apagar ela naquele momento, então fui de atrás da Claire novamente. Quando a encontrei, decidimos ativar o sistema de destruição antes de fugir... E no caminho de nossa fuga, Alexia surge de novo e conseguimos dar um fim de vez nela.

            -Ótimo...

            -Mas ainda antes de fugir, Wesker reapareceu e só consegui escapar porque o complexo começou a explodir.

Meu coração gelou em saber que além de todas as criaturas tentando matá-lo, tinha o Wesker com seu desejo de vingança.

            -E então fugimos...

Ele puxou a minha mão para mais perto, mas ainda senti meu coração disparado por saber que além da Umbrella, tínhamos um maníaco que nos odiava e que se um dia encontrarmos, vai fazer questão de nos matar.

Minha Nossa...

Temos que acabar com a Umbrella e com este homem.

Isso tem que ter um fim!

            -Vocês estão bem?

            -Sim, sem machucado muito sério...

            -Por que não vai tomar um banho?

            -Pode ser... Quer ir primeiro, Claire?

            -Não, pode ir, ficarei aqui conversando com minha cunhada...

Ele a encarou e ela sorriu, agora parecendo menos triste do que antes.

            -Mas chega de coisas ruins, me contem um pouco sobre vocês dois!

Eu sorri e vi que o Chris desamarrou a cara também abrindo um sorriso que me faria cair de costas se não estivesse sentada.

            -Há quanto tempo estão juntos?

            -Desde que fui embora... Bom, ficamos um mês longe, mas estávamos juntos de certa forma. – Ele sorriu.

            -E desde então investigam a Umbrella juntos?

            -Isso mesmo...

            -E durante a noite...

            -Claire! – Ele riu.

            -Sei... Do jeito que você é, tenho certeza de que não dá sossego para ela.

            -Na verdade é ela que não me dá sossego...

            -Chris!

Eles riram de mim e ele me abraçou agora comigo retribuindo aos risos, mas levantei do sofá e encarei os dois que pareciam ter o mesmo olhar.

            -Vão tomar banho, arrumarei algo para comermos...

            -Fizemos uma parada antes de vir, mas não enrolamos muito... Eu sabia que devia estar preocupada.

            -Se demorassem mais, eu iria de atrás de vocês!

            -Gostei dela, Chris... Mesmo ela sendo ciumenta e impulsiva como você, ela será a parte madura do casal.

Ele jogou uma almofada nela e levantou do sofá me dando um beijo rápido e indo para o quarto sorrindo.

            -Vou para o banho...

            -Tudo bem.

Ele sai e vou ao telefone encomendar comida, mas sinto os olhos dela em mim e sorrio com seu jeito sem saber direito como tratá-la.

            -Ele quase enlouqueceu quando sofreu aquele acidente, Jill...

            -Imagino que sim.

            -Se sentiu culpado por não ter te contado sobre mim.

            -Eu que entendi tudo errado, devia ter perguntado.

            -Mas nós mulheres piramos mesmo, acho que ninguém teve culpa... Apenas o Forest, mas ele também não teve a intenção.

            -Pois é, foram detalhes que se juntaram e resultaram nisso.

            -Exatamente...

            -Mas estou bem!

            -E é isso que realmente importa!

-Isso mesmo... O que quer para comer?

            -Ah, eu como de tudo!

            -Tudo bem... – Eu sorri.

Depois de eu ligar pedindo uma pizza bem recheada, ela se aproximou e sentou na cadeira a minha frente ainda com um sorriso amigável.

            -Mas me fala, cunhada... Ama meu irmão?

Eu sorri com a curiosidade dela e concordei com a cabeça.

            -Amo demais seu irmão, Claire... Pode ficar tranquila.

            -Ele te ama há muito tempo.

            -Eu também.

            -É tão bom finalmente ver ele feliz com você... Quero muito que tenham uma vida feliz juntos.

            -Eu também... Mas antes temos muito para resolver.

            -Sei disso e quero participar.

            -Como assim?

            -Depois de tudo que vi em Raccoon City e na ilha Rockfort, minha vida mudou completamente e formei novos objetivos...

            -Pense bem...

            -Já pensei.

            -Seu irmão vai pirar...

            -Ele vai ter que engolir.

Eu ri vendo como os Redfield eram cabeça dura mesmo, uma briga desses dois deve sair até faíscas.

            -Ele me contou que esteve em Raccoon City também... Bem que podíamos ter nos encontrado, não é?

            -Sim, podíamos... Por um acaso encontrou um monstro enorme que andava com um lança foguetes por lá?

            -Ah... Não.

            -Ótimo, ele era um porre... Tinha como objetivo matar os S.T.A.R.S. e quando sobrou apenas eu por lá, não me dava sossego.

            -Credo, Jill...

            -Pois é, mas ele morreu.

            -Que bom!

            -Sim...

Só a lembrança do Nemesis já me dava um embrulho no estômago, mas querendo me desviar disso, sorri ao pensar no que perguntar.

            -Me conta do Chris...

            -O que quer saber?

            -Tudo...

            -Hum... Ele ficou de olho em você desde a primeira vez em que surgiu, me lembro dele contando que tinha entrado uma garota linda na equipe dele.

Eu ri com as palavras dela, mas minha curiosidade floresceu ainda mais quando voltou a falar dele.

            -Ele não parava de falar de você... Dizia como era linda e simpática, como o tratava bem e a todos os outros. Falava sem parar como mandava bem com a arma, com fechaduras e no combate corpo-a-corpo... Você o deixou completamente bobo por você.

            -Eu não sabia que gostava de mim...

          -Pois é, eu cansei de dizer para ele te convidar para sair, mas ele ainda negava que estava na sua... Depois que confessou que estava apaixonado para valer, já estava próximo de você e teve medo de você se ofender.

            -Bobagem... Eu gostava dele também.

            -Eu disse para ele que você não ia resistir... – Ela riu – Mas só quando vi ele triste por estar longe, mas teimando em continuar assim para não ter risco de ficar longe de você, que notei que te amava de verdade.

            -Ele é único...

            -Sim... Ele nunca foi santo, sempre gostou de sair com a mulherada, mas também não era um galinha. Gostava de aproveitar... Mas quando te conheceu, tudo isso mudou. Ele não saia mais e torcia para não te ver sair com algum cara também.

            -Era com ele que eu queria sair...

           -Pois é, mas sabe que é mais teimoso que uma mula... Só que quando finalmente achou que você talvez gostasse dele, você tinha que ver, era uma distribuição intensa de sorrisos apaixonados. – Ela riu – Quando saíram, ele não se aguentava de felicidade e de ansiedade em poder de vez abrir o jogo para você... Aí quando isso aconteceu e ficaram juntos, ele me ligou tinindo de alegria, até estranhei de tão animado que estava.

            -Ele sempre foi amável comigo, mas eu também não queria estragar tudo... Então apenas fui uma amiga.

           -Eu imaginei isso... Ele parecia uma criança que ganhou o presente que sempre quis, mas quando aconteceu tudo aquilo no baile, ele enlouqueceu.

            -Isso eu realmente posso imaginar...

            -Ele estava furioso com a garota e desesperado por não ter notícias suas, tinha medo de te perder para sempre.

            -Quase perdeu...

          -E aquele mês distante depois de você ter rompido tudo com ele, puxa, Jill... Ele ficou péssimo, toda a alegria e o brilho do olhar dele sumiram. Me apertava o coração ver ele tão deprimido e enfim... Vocês voltaram depois e ele ficou novamente que é pura felicidade, aí se separaram novamente... Mas depois da Mansão, ele estava frio e diferente... Depois não falou mais comigo.

            -Entendo... Tentou te proteger.

          -Sim... Ele é assim, esquentado e impulsivo, mas faz de tudo para proteger as pessoas que ama e você tem muita sorte por isso, cunhada! – Ela sorriu.

            -Eu sei... O Chris é o homem ideal para toda mulher e fico muito feliz em saber que escolheu a mim para estar do lado dele.

            -Só escolhi a mulher ideal para mim, pequena...

Com a voz dele surgindo, olho em sua direção o vendo se aproximar com um sorriso no rosto e me abraçou carinhosamente por trás.

            -Bem que pensei que estariam falando de mim.

            -Só contei o óbvio... Que a ama desde sempre!

            -Isso é verdade.

Ele me deu um beijo nos cabelos e sorri ao segurar seus braços ao meu redor, mas ele apontou para ela.

            -Agora você se manda para o banho, porque está mais suja e fedida do que eu, anda logo.

            -Pior que você?

            -Exatamente!

            -Duvido muito disso, é uma tarefa difícil...

Ele tentou alcançá-la, mas ela se esquivou e saiu correndo para o quarto. Então ele me virou para ele passando os braços ao meu redor e me olhando daquele jeito marcante que já me passava seus desejos mais intensos.

            -E você mocinha... Cochichando sobre mim?

            -Claire me contou sobre a época que me conheceu...

            -Ela é uma tagarela...

            -Deixe ela, gostei de saber que gostou de mim assim que me viu... Eu também gostava de você, Chris.

            -Pois é... Mas agora estamos aqui e nada mais tem força para nos manter longe um do outro.

            -Concordo plenamente...

Ele se aproximou e me beijou, primeiramente de maneira doce e calma, mas depois me puxou mais perto, intensificou o beijo e me colocou sobre a bancada da cozinha de pernas abertas para ele se aproximar mais do meu corpo.

Quando senti seu membro encostar em mim, eu gemi de prazer antecipado... Ele beijou ardentemente meu pescoço e tive que conter um gemido mais alto. Ele passou as mãos pelo meu corpo e ao chegar em meus seios, os acaricia gentilmente ainda beijando meu pescoço e se esfregando mais em mim me deixando sentir como estava pronto para o que quiséssemos.

            -Jill, eu posso... Opa!

Com a Claire surgindo, Chris se afasta rapidamente escondendo a “animação” atrás da mesa e eu desci do balcão, mas ela riu de maneira histérica ao nos encarar.

            -Casal... Por favor, pelo menos esperem eu ligar o chuveiro para saber que não voltarei tão cedo!

            -Do que precisa, Claire?

            -Queria saber se posso pegar uma roupa sua...

            -Claro que sim, eu arrumo para você.

Saí dali tentando conter o fôlego, mas vi ela encarar o Chris com um sorriso malicioso e desviei constrangida.

Mal a conheci e já me pegou no flagra com o irmão dela... Nem quero saber o que pensará de mim!

Fui até o guarda-roupas e peguei a primeira coisa que vi pela frente, uma calça comum e uma blusinha fina de manga longa.

Dei a ela que piscou para mim antes de seguir para o banheiro.

            -Agora podem curtir... Prometo que dou uma meia hora para vocês matarem a saudade e se divertirem um pouco.

Eu senti meu rosto virar um pimentão, mas ela saiu rindo e trancou a porta. Eu ri da situação e segui até a cozinha recebendo um olhar dos pés a cabeça daquele homem que se aproximou e senti meu corpo arder de desejo.

Quando me puxa para seu colo, entrelaço minhas pernas ao seu redor e mantenho minha testa na dele encarando fixamente seus olhos em chamas.

            -Senti muito a sua falta, Chris...

            -E eu a sua... Eu amo você, pequena.

Eu sorri e ele me levou até o sofá, me deitando sobre ele e já vindo para cima de mim. Sinto a corrente de desejo que nos cerca e quando vem ao meu pescoço, me entrego completamente e sinto suas mãos trabalharem em todo o resto do meu corpo...

...

Claire ficou alguns dias conosco.

Ela e o Chris saiam de vez em quando e eu optava por ficar no apartamento para dar a eles momentos de irmãos que não seriam os mesmos comigo.

Passaram tanto tempo separados e logo vão novamente ficar longe, então preferi deixá-los aproveitarem.

Continuamos com o trabalho e a Claire foi muito útil nos ajudando com fatos e relatando tudo o que passou na ilha Rockfort.

E com ela por perto, eu e o Chris tivemos de nos conter um pouco... Eu dormia com ela no quarto e o Chris permanecia na sala, mas quando ela ia para o banho ou saía para dar uma volta pelo prédio ou comprar comida, nossos amassos eram ferozes.

Às vezes não conseguíamos nos segurar e partíamos para os finalmentes rapidamente sem cerimônia alguma, porque é incrível eu ainda enlouquecer com tanta intensidade nos braços dele.

Mas sentíamos falta de uma noite tranquila de amor que costumávamos ter antes, porém, não reclamávamos de nada e ambos tratávamos a Claire da melhor forma possível... É claro, com exceção das discussões básicas que eles tinham toda hora por coisas bobas.

Mas quando ela contou que queria se juntar a causa, ele pirou... E como pensei, uma briga deles saía mesmo faíscas. Ele estava preocupado, queria mantê-la segura e ela teimava em entrar nisso para nos ajudar.

Nenhuma decisão foi tomada, mas eu sabia que ela não desistiria... E sabia que ele não ia ceder tão fácil.

E com tudo, nós duas agíamos como irmãs e nos demos bem o tempo tudo, sem nenhuma intriga. E Chris parecia contente com isso, exceto quando nos uníamos contra ele em alguma coisa que estava errado e ainda teimava.

Mas esse tempo com ela foi mais descontraído e mesmo com as investigações, ela tornou tudo mais tranquilo.

Só que o dia dela ir embora chegou.

Não pensei que eu ficaria realmente triste, mas confesso que me apeguei a ela e seu jeito descontraído e espontâneo me alegrava muito.

Espero realmente que possamos nos reencontrar em um futuro melhor... Longe de tanto sangue, morte e desgraça.

Com seu abraço apertado em mim, eu sorri ao apertá-la mais sabendo que demoraria para vê-la outra vez.

            -Adorei te conhecer, Claire...

            -Eu também adorei conhecer você, cunhada!

            -Logo nos reencontramos.

            -Sim, por favor... E cuide do cabeçudo do meu irmão.

            -Pode deixar! – Eu sorri.

Ela se afastou com o Chris ao lado e sumiu pela porta.

            -Já volto...

Ele me deu um beijo rápido e saiu para levá-la ao aeroporto.

Me afastei depois de fechar a porta e já senti uma dor em meu peito de saudade da “ruiva desmiolada”, como o Chris a chamou.

Eu vou até a janela, contente e agradecida por ter tido a oportunidade de ter este tempo com ela para me animar mais e tanto eu como o Chris podermos nos aliviar um pouco dessa tensão de estarmos fixados na destruição da Umbrella.

Mas apesar de tudo, ainda mantínhamos isso em mente...

A Umbrella tem que pagar...

Ela vai pagar.