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História Sempre Tem Um Lado Bom - Noite de Sábado


Escrita por: PJ_Redfield

Capítulo 9 - Noite de Sábado


Eu estava no quarto do Joseph e ele fuçava no guarda-roupas dele para pegar roupas para os meninos e para mim. Até que ele se virou com um sorriso no rosto e surpreendentemente me mostrou um vestido curto meio esverdeado e florido.

-- Eu sabia que eu ainda tinha isso guardado.

-- De alguma ex? – Eu ri.

-- Não, não, de uma prima minha que veio há mais de um ano e esqueceu isso aqui, mas eu deixei guardado aí no caso dela voltar.

Ele o estendeu para mim e indicou o banheiro, me fazendo olhar para lá.

-- Pode ir tomar um banho se quiser. No banheiro tem toalhas limpas, escova para cabelo e acho que tudo que precisar... Menos maquiagem. – Ele riu.

-- É, eu achei que não teria.

Ele riu e foi para a porta olhando para mim com um sorriso.

-- Fique a vontade, Jill... Pode se trocar tranquila aí, o quarto é seu.

-- Obrigada.

Ele fechou a porta e senti um calafrio que me fez tremer... Nossa essa roupa molhada pode me fazer pegar um baita resfriado.

Fui ao banheiro e pensei por um momento se eu tomaria um banho ou não, mas com mais um calafrio, eu tranco a porta e ligo o chuveiro sem molhar mais os cabelos e só fico ali por um minuto para me aquecer, então desligo. Encontro uma toalha na cômoda e me enxugo, pensando o que eu faria em relação a minha roupa íntima... A calcinha não estava molhada, então a coloquei de volta, mas o sutiã meio úmido, dou uma sacudida e o recoloco, sentindo um friozinho. Então visto o vestido e vejo que ele ficou um pouco mais curto do que os outros que eu tenho, mas nada extremamente visível, então me conforme, porque pelo menos é algo seco. Pego a escova de cabelo e tento ajeitar os fios meio rebeldes pela chuva e surpreendentemente consigo deixá-los no lugar. Também dou uma limpada na lateral do rosto por causa de uns pequenos borrões da maquiagem e acho que está razoável.

Volto ao quarto e pego a jaqueta do Chris de novo a vestindo e sentindo aquele perfume irresistível impregnado nela e sorrio como boba. Me olho no espelho mais uma vez e não fico muito satisfeita, mas era o melhor que eu podia fazer.

Saio do quarto e escuto vozes enquanto caminho e inevitavelmente escuto os cochichos dos três na sala.

-- Pense pelo lado bom... Depois de meses você a convidou para sair, agora só esperar mais uns meses que você cria coragem para se declarar. – Joseph riu.

-- Foi mal, Chris... – Brad pareceu entristecido – Não tínhamos visto que ela estava com você, se não, não teríamos entrado no carro.

-- Pois é, agora já está feito... – Chris falou normalmente – Mas não importa, acho que agora está se encaminhando.

Eu sorrio e mesmo antes com passos lentos, ainda preciso dar mais alguns chegando na sala e vejo o Joseph com o telefone no ouvido parecendo esperar alguém atender e os outros dois na sala, sentados no chão ao redor da mesa de centro. Vou até eles e antes de sentar, o Chris coloca uma almofada fofa para mim e apenas dou um sorriso de agradecimento.

Noto que ele encara a jaqueta dele em mim e ao virar para ele eu sorrio e ele retribui antes de eu falar.

-- Você quer ela de volta?

-- Não, pode ficar.

Reparo rapidamente que ele estava com uma roupa seca, mas que a camisa era meio pequena e os músculos dele eram mais evidentes, mas desvio antes de corar ou de deixar que ele note o calor súbito que me causou.

 

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-- É a sua vez, Jill.

Olho para as minhas cartas que tinham tudo para vencer mais uma vez e reparo o olhar tenso dos outros, então rio e jogo mais fichas no centro da mesa.

-- Aumento a aposta.

-- De novo? – Brad me encarou.

-- Ela quer nos sugar até o último centavo... – Chris sorri.

E mesmo com as reclamações, eles aumentam e sem me surpreender, ganho novamente e eles respiram fundo, jogando as cartas na mesa.

Joseph tinha pedido uma pizza que agora já estava quase no fim e as horas passaram harmoniosamente com nossas rodadas de pôquer. Eu fui a que mais ganhou, logo atrás de mim o Joseph, Chris e por último o Brad que não ganhou nenhuma.

-- Vocês são muito amadores.

Eles me encararam e eu ri deles que se entreolharam com um sorriso e se espreguiçaram onde estavam.

-- Mas e aí... – Joseph pareceu malicioso – Vocês já arrumaram par para festa da delegacia?

Nossa, até tinha me esquecido disso... Pensei que talvez o Chris fosse me convidar e acabei esquecendo porque não comentou nada e esse pensamento me deixou para baixo, mas tentei manter a aparência.

-- Putz... – Chris fala – Tinha esquecido completamente disso.

-- Não diga...

Chris o encarou, mas o Joseph voltou os olhos em mim ainda com um sorriso malicioso e finjo não entendê-lo.

-- E você, Jill?

-- Eu estou sem par ainda, também.

-- Cara... Nem sei o que fazer da minha vida sobre essa festa. – Brad bufou – Quem eu vou convidar?

-- Não sei, mas tenho certeza de que no fim de segunda-feira todas as garotas bonitas já estarão convidadas... Então é melhor nos três agirmos antes disso se já tivermos alguém em mente.

Joseph encarou significativamente o Chris e eu desviei me fingindo de boba para não constrangê-lo, então escuto Brad rir.

-- Mas não esquente, Jill... Sexta-feira tinham acabado de receber a notícia e tenho certeza de que você será a mais convidada da delegacia.

Eu ri com ele e o Joseph, mas vejo o Chris desviar deles mostrando que não gostava da ideia. Então olho para o relógio e percebo que já é uma hora da manhã... E embora a chuva tivesse parado por umas duas horas, agora ela tinha voltado com mais força.

Vejo que o Chris repara meu olhar e então me cutuca me fazendo virar para ele que fixa um sorriso nos lábios.

-- Quer ir para casa?

-- Você é quem sabe...

-- Eu te levo quando quiser, Jill, é só dizer.

-- Tudo bem... Pode ser.

Ele levanta e eu pego o dinheiro das apostas com os outros dois de bico e eu rio com o Chris me acompanhando.

-- Sinto minha carteira extorquida. – Joseph emburrou.

-- Foram vocês que insistiram...

Eles levantam e Brad pula ao nosso lado, com clara certeza de que pediria carona ao Chris para voltar para casa e vejo que com a mesma percepção, ele disfarçadamente revira os olhos.

-- Por mim, podíamos rodar a noite jogando. – Joseph sorri.

-- É, eu seria muito lucrativo. – Respondo.

-- Para você, Jill...

-- Fazer o quê... Ah, Joseph, e o vestido?

-- Ah, pode ficar.

-- Não, imagina... Posso devolver na segunda?

-- Como quiser.

-- Digo o mesmo. – Chris falou.

Brad sorri e vai até a porta e o acompanhamos com o Joseph acenando, então nos despedimos e saímos. A chuva não estava muito grossa agora, mas aquela garoa chata e persistente continuava.

Corremos ao carro e Brad se enfiou no banco de trás e o Chris se sacudiu antes de ligar o carro, mas ele não sorria mais. Então saímos de lá em direção a rua e o silêncio prevaleceu...

 

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Chris ainda estava sem sorrir e encarava a estrada parecendo pensativo. Ele só pode estar assim porque com esse tempo e a essa hora não vai poder me levar no lugar em que queria e também porque não estamos sozinhos no carro... E pelo caminho que tomou, vai me deixar em casa primeiro e depois o Brad, já que a casa dele é no caminho depois da minha. Por isso ele deve estar ainda menos amigável.

Quando noto, ele estaciona o carro na frente da minha casa e por um momento me lembro que meu carro está na casa dele, mas não digo nada. Ele sai do carro e viro para trás acenando para o Brad.

-- Até segunda-feira, Brad... Boa noite.

-- Até, Jill, durma bem!

-- Obrigada.

Eu saio com o Chris tendo aberto a porta e corremos até a minha varanda, então quando vou tirar a jaqueta dele, ele faz um sinal para eu parar.

-- Não, pode ficar com ela... Está frio ainda. Me devolve outra hora.

-- Mas não quero que você passe frio... Eu já estou em casa.

-- Não discuta, Jill...

Ele deu aquele sorriso brilhante para mim e não consigo resistir a volta desse estado dele... Simplesmente lindo.

Ele me olha por alguns segundos e eu a ele, então ele desvia e olha para o carro dele perdendo o estado sorridente e noto que ele se sente preso por causa do Brad que com certeza declararia ao mundo todo o que visse aqui.

-- Eu... Posso te ligar amanhã?

-- Claro que sim.

-- Eu queria vir te ajudar amanhã com o trabalho que o Wesker te deu...

Abro um sorriso súbito com a ideia de passar mais um dia inteiro com ele, mas ele frustra minha expectativa com as próximas palavras.

-- Mas amanhã tenho um compromisso que não posso adiar, e...

Qual compromisso?

-- Bom, me desculpe... Eu queria vir, mas...

-- Tudo bem, Chris, não precisa fazer isso.

-- Mas eu queria te ajudar.

-- Você já me ajuda sempre que pode e quando não pode também... – Eu sorri.

Será que ele vai sair com alguém? Como assim um compromisso? Talvez eu deva perguntar... Não, não, vou parecer uma psicótica, não tenho direito nenhum de perguntar.

-- Que compromisso vai ter amanhã?

Antes de eu perceber, minha boca já tinha agido por vontade própria e tento esconder o tamanho da minha curiosidade, mas ele ri daquilo.

-- Claire... Minha irmã. Ela vem passar o dia comigo e não posso deixar a fedelha na mão.

-- Sua irmã?

-- Sim.

Eu sorri extremamente aliviada e continuo calmamente.

-- Como ela é?

-- Ah, extremamente chata... Mas a melhor irmã que existe. – Ele sorriu.

-- Vocês se dão bem?

-- Muito bem... Bom, às vezes brigamos como quaisquer irmãos, mas como só temos um ao outro, sempre estamos presente quando o outro precisa.

-- Que legal...

-- Sim, ela é incrível... Chatona, mas uma irmã espetacular. – Ele sorriu – Queria que ela conhecesse você.

-- Um dia podemos resolver isso.

-- Sim, eu ia gostar.

Ele voltou a me olhar daquele jeito de antes, mas desviou novamente olhando para o carro dele e respirando fundo.

Acho que ele não vai evoluir muito a conversa agora, parece bravo pela presença do Brad e pelo jeito não consegue nem falar o que devia ter planejado... Será que eu digo alguma coisa? Hum...

-- Eu gostei muito de hoje...

Ele me olha e abre um sorriso torto “daquele” e me seguro para não cair.

-- É mesmo?

-- Sim... Ah, e cadê o meu urso?

-- Ah, é... Posso te entregar ele na segunda-feira? É que seu carro está na minha casa e não queria que viesse sozinha a essa hora, por isso te trouxe direto para cá. Mas se quiser, eu o pego, mas é que acho que vai molhar mais.

-- Tudo bem, mas...

-- Daí nós podíamos... – Ele parou.

Ele pareceu sem jeito, mas meus olhos brilharam com esse início de frase dele e esperei pacientemente ele recuperar o Chris mais direto da tarde de hoje e conseguir falar.

-- Eu podia te dar carona na segunda-feira de manhã para ir e na volta vamos lá em casa e pega seu carro.

E o “nós” para onde foi?

-- Isso se não for te atrapalhar, não é... Bom, digo, amanhã vai precisar?

-- Não, acho que não.

Meu desânimo pela perda do “nós podíamos” me invadiu e não olhei para ele, mas senti que sua tensão aumentou provavelmente pela mudança do meu humor, mas não consegui disfarçar.

-- Quando voltarmos segunda-feira...

Eu olhei para ele mais rápido do que devia e ele sorriu, então ficou me olhando daquele jeito doce e meigo dele e encolhi os ombros pelo que me fazia sentir assim, mas não desviei.

-- Você podia ficar lá em casa para comermos alguma coisa e... Talvez poderíamos ir no lugar que eu tinha dito, já que hoje o tempo não ajudou.

Eu sorri com a ideia e concordei com a cabeça o fazendo sorrir mais e parecer voltar a ser mais confiante.

-- Legal...

-- Legal.

Ele ficou ali calado e me perguntei se ele tentaria alguma coisa se o Brad não estivesse aqui e acho que apesar do jeito dele, acho que faria sim... Minha consciência se frustra com a ideia de que eu estava perdendo a chance de sentir o gosto maravilhoso da boca dele com um beijo intenso e bem demorado.

-- Eu acho que eu... Tenho que ir.

-- Pois é...

-- Boa noite, Jill... Durma bem e tenha bons sonhos.

-- Obrigada... E você também, Chris.

Eu olhei para ele e seus olhos verdes brilhantes me encaravam de um jeito que eu sentia que ele me chamava para mais perto... Sentia o que ele sentia e aí eu percebi como ele deixava claro a maioria dos pensamentos dele. E percebi como eu fui burra em não ter percebido isso antes.

Que droga... Eu quero tanto que ele... Que ele... Chris.

Sinto uma vontade extremamente súbita em esquecer o Brad naquele carro para fechar a noite com o gosto dos lábios desse homem que me vira a cabeça, tira a minha sanidade e faz com que meu coração quase ultrapasse minha garganta.

Então ele vem em minha direção subitamente e fecho meus olhos, mas sinto sua boca me dar um beijo leve na bochecha e seu braço ao redor de mim me soltar ainda mais rápido.

-- Boa noite, Jill.

Ele sai rápido demais dali e corre para o carro, mas não consigo me mover por alguns segundos. Então me recomponho e destranco a porta, dando um último aceno na direção deles e entro em casa os ouvindo sair.

Jogo minha bolsa no sofá e sento ali encarando a parede mais distante pensando em tudo que havia acontecido hoje: cada gesto, cada palavra, cada olhar, cada passo a mais que demos... Meu sorriso se arreganha e abraço a mim mesma sentindo e perfume da jaqueta dele e fecho os olhos me afundando nela e lembrando que quase ganhei um beijo de verdade dele. E só de pensar nos braços dele me puxando e me prendendo a ele enquanto seus lábios doces, macios e quentes me beijam, sinto algo extraordinário... Mas paro aí mesmo e vou ao meu quarto para tentar dormir.

 

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Acordei no domingo afundada em minha cama e com a jaqueta dele vestida no meu travesseiro e eu fortemente agarrada aos dois. Eu ri da minha criancice e levantei disposta para meu dia monótono de domingo, pensando que eu poderia ter passado esse dia com ele também, mas é claro que eu jamais pediria para ele deixar a irmã de lado.

Minha manhã foi curta, mas produtiva... Lavei toda a louça que deixei do dia anterior para me arrumar para sair com o Chris, lavei toda a roupa suja que eu tinha e relutei em lavar a jaqueta dele para perder seu perfume, mas lavei.

O dia estava sublime, um sol maravilhoso que ajudou muito no meu trabalho doméstico. Limpei toda a casa com um sorriso no rosto, pois não havia nem um segundo em que eu não me lembrava daquele homem maravilhoso.

Meu almoço foi rápido e eu encarava a todo tempo o telefone... Ele disse que ligaria. Será que aconteceu alguma coisa? Ou simplesmente esqueceu... Faço cara feia encarando meu prato, mas dou um salto quando escuto o telefone tocar e corro até ele, mas paro antes de atender.

Calma, Jill... Não mostre que você veio correndo, faça ele esperar um pouco.

Tocou a segunda vez... A terceira... A quarta!

Atendi rapidamente e tentei parecer normal e não uma desesperada.

-- Bom dia...

Eu me seguro no balcão e abro um sorriso totalmente abestalhado aproveitando que o dono da voz não pode ver eu me derreter.

-- Bom dia, Chris.

-- Como passou a noite?

-- Muito bem e você?

-- Também, mas... Preferia que o Brad não estivesse ontem.

-- É, eu também.

Eu ouvi ele sorrir e ouvi um cochicho do outro lado. A irmã dele já está lá?

-- Sua irmã já chegou?

-- É, ela está aqui esparramada no meu sofá.

-- Manda um “oi” para ela.

-- Ok...

Ouvi ele mexer o telefone, ou esfregá-lo, sei lá e ouvi uma voz clara no fundo dizendo em voz alta “oi, cunhada” e tive que me segurar para rir em silêncio, então escuto um barulho e o Chris volta a linha.

-- Ela disse “oi”.

-- Tudo bem... Muitos planos para o resto do dia?

-- Ah, alguns, mas ainda estamos esperando o almoço. E você, o que anda fazendo?

-- Ah, eu estava dando uma geral na casa e na roupa suja e a tarde vou fazer os relatórios... Não se esqueça de trazer meu urso amanhã.

-- O Júnior?

-- Não, eu só quero o grandão.

-- Que feio.

Eu ri e o ouvi fazer o mesmo, então desejei ardentemente que estivesse na minha frente para fingir um desmaio para ele me segurar com aqueles braços fortes, sarados, tentadores e...

-- Eu vou indo, então... Nos vemos amanhã de manhã?

-- Sim. – Eu sorri – Vem para tomar café comigo?

-- Isso é um convite?

-- Pode ser.

-- Tudo bem... Pode ser.

Ele riu e eu também e me desmancho ainda mais aproveitando que ele não pode me ver como uma boba arreganhada e abestalhada por ele.

-- Então está combinado... Boa sorte aí com tudo e mantenha o café longe quando terminar.

-- Pode deixar.

-- Se cuide e até amanhã.

-- Você também... Até amanhã, Chris.

-- Abração, Jill...

-- Abração, Chris. – Eu ri.

Eu esperei ele desligar e demorou alguns segundos até ouvir um barulho ao fundo e finalmente a linha caiu e coloquei o telefone no lugar ainda suspirando.

Ah, eu pareço uma idiota... Tenho que me conter.



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