História Sempre Você... (Camren) - Algumas Horas

―Quer sair hoje?

—Acho que não, Camz não ia gostar...

―Ahh qual é Lauren! Acho que não saímos nós três juntas desde que você se casou!

—Deixem de ser exageradas! Nós almoçamos juntas todos os dias!

Outra vez Vero e Dinah tentam me convencer a ir “pra noite” com elas, coisa que minha esposa definitivamente detesta.

—Estamos falando de sairmos pra curtir, aproveitar, ver gente!

―Mas eu vejo gente o tempo todo!

—Não adianta DJ, essa daí é uma tapada mesmo!

—Vai Laur! A gente conversa com a bunduda!

Confesso que me sinto tentada. De fato a muito tempo eu não tenho uma noite com as garotas e acho que é exatamente disso que estou precisando.

―Eu vou falar com ela, ok? Acho que vai ser legal!

—Isso! ̶ Dinah se empolga derrubando água por tudo quanto é lado.

―Ainda vão proibir nossa entrada nesse lugar, escrevam isso.

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—Prometo que não demoro, tá?

—Tá tudo bem Lo, vai se divertir com as garotas...

―Mas e você? Eu posso te deixar na casa da Lucy, Mani vai estar lá...

—Eu prefiro ficar aqui mesmo, vou encontrar o que fazer...

Não gosto de deixar Camila sozinha, contudo estou realmente ansiosa por algumas horas junto de minhas melhores amigas.

―Vai sentir minha falta?

Aproxima-se e deixa um beijo leve em meu rosto.

—Só quando respirar...

Ahh esse sorriso... Mesmo depois de tanto tempo eu ainda sinto minhas pernas tão firmes quanto geleia sempre que ela me olha desse jeito.

―Eu te amo Camz... Te amo muito...

—E eu a você, Michelle...

Faço um bico manhoso ao ouvir suas palavras.

―Não gosto quando me chama assim...

—Pois eu adoro...  Adoro esse brilho lindo nesses olhos verdes sempre tão lindos, adoro o desejo que estou vendo neles nesse momento. Não me importa que saia essa noite porque sei que é para mim que voltará mais tarde. Sei que sou eu quem ocupará cada de seus pensamentos. Você é o meu tudo, Lauren... Encontro-me mais em você do que em mim mesma e você sabe disso...

Levo minha mão à sua bochecha fazendo um carinho leve observando-a inclinar a cabeça de encontro a ela.

—A senhora esta um tantinho sentimental hoje, não é?

―Eu sempre sou...

Abraço seu corpo de encontro ao meu sentindo seu calor sempre tão familiar.

—Meu amor...

Daria minha vida por Camila se fosse preciso, por isso, vê-la nessa angústia velada tem me quebrado aos poucos.

Como se um pedacinhos de minha alma fossem arrancados devagar e do modo mais doloroso possível.

—Pensando bem, vou ligar pra Vero. Dizer que desisti.

―Não! Não Lauren! Você pode ir, eu tô bem...

—Acontece que eu já não quero ir...

E era a mais pura verdade. Naqueles instantes breves em que a senti junto a mim toda a animação me deixou. Alguma coisa de muito errado estava acontecendo e isso estava me matando. Não saber o que minha esposa escondia era uma verdadeira tortura.

—Mas eu quero que você vá Lo... Por favor...

Estreito meus olhos. Sua postura demonstrava ansiedade, quase como se ela estivesse aliviada por ficar sozinha essa noite.

E parando para analisar toda a situação isso faria todo o sentido. Camila é muito ciumenta, não aceitaria que eu saísse assim tão tranquilamente e muito pior, não incentivaria. Pelo contrário, passaria horas reclamando e fazendo manha até que eu desistisse e terminasse a noite ao seu lado.

—Não quer minha companhia, é?

Seus olhos assustados denunciando que era exatamente isso. Ela não me queria.

―Eu só entendo que você tá precisando de um espaço Lauren ̶ vira-se de costas e caminha até a cama—Só isso...

A dor em meu peito por me sentir rejeitada é forte demais para que consiga disfarçar a tempo.

―Eu, Camila? Sou eu quem precisa de um espaço ou é você?

—Amor, não, tá? Não comece...

—Começar o que? Você prefere que eu saia a me pedir pra ficar com você quando isso nunca ouviu bem, nunca aconteceu! Porque não me diz o que esta acontecendo?

—Porque não tem nada pra contar!

—Ah não? Então como você explica seu comportamento nas últimas semanas?

―Não tenho nada o que explicar, eu estou como sempre estive!

—Como sempre esteve antes de nos conhecermos, você quer dizer, né?

E então eu sei que mirei num ponto errado e sem querer acertei bem no alvo.

―É isso?

Vejo-a balançar a cabeça negando.

—Você não sabe nada Lauren.

—Então me diga... Eu posso te ajudar...

Caminho até ela sentando-me ao seu lado, mas quando tento segurar suas mãos ela se afasta.

―Eu não preciso de ajuda, preciso que você saia com suas amigas!

—Camila...

―Lauren, me deixe sozinha, ok? É só o que vai me fazer bem...

—Eu não sirvo pra nada, então? Tá nem aí para o que eu sinto!

Quando foi que essa conversa se tornou uma discussão?

—Não seja injusta! Sabe perfeitamente que isso não é verdade!

—Eu sei? Eu sei?

Sinto a raiva crescendo em meu peito a cada palavra que sai de sua boca.

―Sabe sim! Será que é tão difícil me deixar sozinha um pouco? É assim tão complicado entender que eu preciso de um tempo só pra mim?

—Então diga isso! Não invente desculpas! Não diga que isso me fará bem e que esta pensando em mim quando não é nada disso!

―Você definitivamente quer brigar, não é?

—Eu quero saber o que está acontecendo aqui!

—NADA! QUE PARTE VOCÊ NÃO ENTENDEU?

―NÃO GRITE COMIGO!

Ficamos assim nos encarando, ambas ofegantes e com suas próprias razões para se acreditarem certas.

—Isso tudo é pela volta da Alexia? É por minha mãe?

―Isso tudo é porque estou cansada de sua submissão, Lauren.

—Camila...

―Olha, vai, ok? Saia com a Vero ou com quem mais você quiser, só saia daqui.

—Essa casa também é minha!

―Pelo amor de Deus, chega! Só me dê algumas horas Lauren! Eu não quero continuar discutindo, aliás, por mim nem teríamos começado isso.

—Por você tanto faz Camila, tem sido assim há muito tempo.

—Tem certeza de que esta falando de mim?

Sem mais o que quiser apenas lhe dou as costas e caminho para fora pensando milhares de coisas sem chegar à conclusão nenhuma.

Quando foi que as coisas se complicaram assim? Estava tudo bem, não entendo como tudo desandou desse jeito!

Mando uma mensagem rápida para Hansen cancelando tudo, não estava com a menor disposição ou humor para qualquer coisa, sendo assim, só fiquei dirigindo pelo que me pareceu um tempo muito longo.

Sei que Camila ainda me ama, não poderia duvidar disso por um minuto sequer, mas também acredito que algo esteja a incomodando de tal modo que esse sentimento tem sido sufocado e é isso que tem me matado. Busco em minha memória por detalhes que possa ter deixado passar, qualquer coisinha que tenha feito e que a tenha incomodado, entretanto, nada me aprece ser uma justificativa plausível.

Já passava muito da meia noite quando me vejo de volta à sala de minha casa com um peso enorme em meu peito. Toda a raiva se esvaíra deixando no lugar um arrependimento amargo. Se Camila esta assim eu devo ter culpa e ao invés de ajuda-la eu acuso a garota de não se importar com nosso casamento.

Esse sentimento só se intensifica ainda mais quando entrando em nosso quarto vejo-a dormindo encolhida na cama, os olhos inchados e o nariz vermelho evidenciando seu choro recente.

Sento-me tão devagar quanto possível para não acorda-la encontrando algumas fotos nossas próximas ao seu travesseiro.

Sorrio e as alcanço passando-as uma a uma sentindo lágrimas quentes subindo aos meus olhos.

Tiro minha roupa e deito-me ao seu lado abraçando sua cintura ouvindo seu suspiro satisfeito.

Não posso e não vou permitir que isso acabe.

Camila é minha e eu sou dela.

O sono me tomava quando a sinto se mexer e uma folha que até então estivera debaixo de seu corpo escorrega para o meu lado.

Sento-me na cama e acendo o abajur reconhecendo a letra naquele papel.

Passo meus olhos sentindo meu coração se se apertar mais e mais a cada frase e ao terminar meu maior desejo é tomar minha esposa nos braços e repetir que tudo ficaria bem e que nada me faria desistir.

Queria dizer que ninguém precisa ser forte o tempo todo e que eu estou aqui para isso!

—Eu não vou me esquecer Camz...