Senti Camila apertar meus dedos e soube que fizera besteira.
—Não vai cumprimentar Alexia, filha? Ela veio até aqui só para te dar um beijo.
E então a confusão estava armada. Ao menos internamente, já que pude ver o corpo de minha esposa enrijecer instantaneamente frente às palavras de minha mãe.
Caminho até a garota oriental ali e deixo um breve beijo em seu rosto recebendo outro em troca enquanto sentia o olhar de Camila queimar meu corpo.
―Você está maravilhosa Lauren! O tempo só te fez bem!
Agradeço gentilmente e retribuo o elogio de modo tímido. Uma coisa eu não podia negar. Alexia estava ainda mais linda do que anos atrás. Um sorriso que nossa...!
—Lembra-se da Camz?
—Ah claro ̶ estende a mão que é apertada por minha mulher que mantém uma expressão serena—Você também esta ótima! Acho que os anos nos favoreceram a todas, não é?
―Com certeza ̶ passa seu braço por minha cintura juntando nossos corpos.
Um silêncio pesado se segue e tudo o que posso fazer é me concentrar em sentir o calor furioso que emana da garota ao meu lado.
―Bom nós estamos um pouco cansadas da viagem, então se nos der licença...
—Certamente. Sua mãe disse que ficarão por alguns dias, podemos conversar mais outra hora.
Sabe a expressão “engolir a seco”? Pois bem, nunca a compreendi tão bem quanto nesse momento.
—Vamos subir, amor?
Concordando com a cabeça uma latina sai pisando firme deixando-me com um medo crescente revirando meu estômago.
Dois segundos depois estou eu subindo os degraus da enorme escada chegando ao meu antigo quarto onde a encontro sentada na ponta da cama.
―Camz eu não sabia...
Para minha surpresa seu tom de voz permanece baixo e tranquilo.
—Eu sei. Você ficou ainda mais branca que o normal, não teria como fingir isso.
Aproximo-me sentando-me ao seu lado e logo a tenho sobre meu colo.
—Não vai brigar comigo?
—Eu poderia e na verdade meu desejo era esse até chegar aqui no quarto. Mas pensei e não quero que comecemos uma discussão por algo que já deveria ter sido esperado por nós duas.
—Obrigada por entender, linda...
Passo minha mão por seu rosto beijando-o em seguida.
―Ela está bonita, não está?
Pensamentos tomam conta de meu cérebro numa velocidade invejável.
—Ahh...
―Lauren, Alexia esta perfeita, pode dizer, sei que você não é cega.
—Bonita pode ser, porém, nada que posso ser comparado a você.
Observo-a estreitar os olhos formando um biquinho desconfiado.
—Porque eu acho que devo questionar essa sua resposta?
—Porque você sempre faz isso, amor...
―Você gostou de vê-la.
Mais direta que isso, impossível.
—Eu não diria isso...
―Lo, você sorriu pra ela!
—Não! Eu sorri por vê-la, não foi pra ela!
Só depois de deixar minha boca é que percebo o tamanho da besteira que disse.
—Camz, não foi o que eu quis dizer!
—Mas foi exatamente o que você disse ̶ levanta-se e caminha até a janela onde fica de pé encarando o céu claro aos poucos ser tingido de laranja anunciando o fim do dia.
―Amor, não. Eu usei as palavras erradas.
—Foi mesmo? Sorri também foi um erro?
―Eu nem percebi isso! Olha, eu fiquei surpresa, foi só.
—Você nem percebeu... O que significa que de algum modo ela ainda mexe com você.
Era só o que me faltava!
—Camila, não diga bobagens!
―Eu não quero brigar, ok? Já passou.
—Não passou nada. Quero que você me entenda e não fique com ideias descabidas rondando sua cabecinha. Tá, eu posso ter gostado de revê-la, mas foi só porque ela me trás boas lembranças. Nós fomos boas amigas Camz, você sabe e não a via há anos.
—Como não se algumas semanas atrás vocês se encontraram? Tá lembrada?
—Foi de relance e rapidamente, amor.
―Tá bom. Desculpe.
—Nada que ser desculpado. Você é maravilhosa...
―Sou?
—Com toda a certeza, bebê.
Sua risada é o que basta para aliviar a pressão em meu peito.
—Quer tomar um banho?
Quando ia responder minha irmã bate à porta e sem esperar uma resposta entra saltitante.
―Papai disse que o lanche tá pronto, vocês precisam descer agora.
—Veja só amor, a pirralha acha que já é gente grande!
―Sabe que pra mim ela será sempre a Tay que vivia chorando por não poder sair conosco?
—Ei! Isso já faz muito tempo!
―Nem tanto maninha, nem tanto!
—Vocês são duas idiotas, por isso se dão bem!
—Minha cunhadinha tá merecendo um castigo, não acha Lolo?
―Lolo? Você ainda a chama desse jeito?
Sinto minhas bochechas esquentarem. Taylor sempre riu desse apelido bobo que Camila insiste em usar. O pior de tudo é que eu gosto!
—Calada Taylor!
―Depois disso aqui ̶ faz sinal entre a morena e eu—Acha mesmo que tem alguma moral pra qualquer coisa... Lolo?
O riso é livre entre essas duas meninas, as mais importantes de minha vida.
Minha irmã, hoje uma jovem de dezenove anos, sempre foi meu ponto fraco. Quer dizer, antes de Camila, de modo que o que mais me machucou ao deixar Miami foi ter de me afastar dela.
―Vamos antes que mamãe mande a guarda nacional até aqui.
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