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História Sempre Você... (Camren) - Eu sei...


Escrita por: Camren_Yes

Notas do Autor


2/3

Capítulo 24 - Eu sei...


Camila

—Você está pálida demais, amor...

Beijo o rosto de uma Lauren ainda adormecida e deixo o quarto sorrindo de minhas próprias palavras. Nem mesmo tendo passado a vida toda em Miami minha esposa conseguiu se livrar da pele leitosa.

Desço a escada o mais silenciosamente possível por ser ainda muito cedo, mas para minha “felicidade” o dia resolveu não começar dos melhores.

—Bom dia senhora Jauregui.

―Onde está minha filha?

Ignoro seu tom ácido e respondo sua pergunta explicando em seguida que levaria seu café o quarto.

—Ela não estava se sentindo bem ontem à noite então vou deixa-la dormir um pouco mais.

―Poderíamos conversar por alguns minutos antes?

Sem esperar qualquer reação de minha parte, Clara vira em seus calcanhares e se põe em direção a um pequeno escritório onde se senta pedindo-me para fechar a porta.

—Não entendo o que nós temos para conversar senhora.

Aponta para a poltrona de frente com o pequeno sofá onde estava e eu me sento ainda confusa com seu “pedido”.

—Você eu não sei, contudo, eu tenho muito a lhe dizer, Camila.

Permaneço em silêncio apenas encarando-a já sentindo meu coração protestar aumentando ritmo de suas batidas.

—Deve estar muito satisfeita não é?

—Com o quê?

―Bom, depois de tantos anos, Lauren finalmente se posicionou contra mim. Abertamente, quero dizer.

—Senhora, eu nunca...

―Por favor, Camila ̶ me interrompe—Estamos apenas você e eu aqui, não precisa continuar com essa postura de boa moça quando ambas sabemos que não passa de pose e mais nada.

—Eu realmente não entendo o que aonde a senhora quer chegar com isso.

—Eu explico. Diga-me como está seu relacionamento com minha filha.

Estreito meus olhos que ainda estão fixos nos seus deixando óbvia minha desconfiança.

—E seu interesse nisso se deve há...?

—Serei direta como sempre fui. Acha mesmo que tem feito bem à Lauren?

Mesmo sabendo que poderia cair numa armadilha e ser traída por minhas próprias palavras eu afirmo que sim sem hesitação.

—Já disse que para mim não precisa mentir, garota.

Sua voz de repente ríspida e seca de uma forma que nunca ouvi.

Clara Jauregui nunca escondeu o desgosto que teve ao ser obrigada a me aceitar como sua nora, contudo, jamais perdeu a falsa doçura de sua voz sempre carregada de sarcasmo.

—Eu que praticamente a vejo uma ou das vezes ao ano percebo como você tem se distanciado de minha filha e ainda acha que pode fazer algum bem a ela? Pensa que não noto os olhares preocupados de Lauren para você? Acha que não vi o quanto ela tem parecido cansada pelo esforço em mantê-la por perto?

—Do que a senhora está falando?

—Eu quero que deixe minha filha livre! Ou pretende leva-la consigo para seu mundinho?

Sinto como se algo muito pesado tivesse me acertado no peito fazendo-me afundar um pouco mais em meu lugar.

—Algum tempo atrás meu marido fez alguma referencia a seus pais estarem felizes com seu trabalho. Responda Camila, eles estão mesmo felizes? Os dois?

É o bastante para que eu me levante com expressão impassível.

—Isso não lhe diz respeito.

—Está enganada! Não vou permitir que arraste minha filha para ainda mais longe de mim!

—Qual seu problema comigo? Há anos sou atacada gratuitamente e a senhora nunca me disse o que eu fiz para merecer esse tratamento!

—Você roubou minha filha! Você afastou Lauren de mim!

—O que? Isso não é verdade! Lauren já nem morava mais nessa casa quando a conheci!

—Ela voltaria para cá. Voltaria para junto de mim se você ̶ aponta um dedo em minha direção―Não tivesse virado sua cabeça!

—Eu era a adolescente! Se alguém podia ser influenciada esse alguém era eu!

—Por sua culpa eu perdi minha filha e isso eu jamais poderei aceitar! Se tivesse continuado com Alexia seria muito diferente, pois ela sim sempre soube qual o lugar que deveria ocupar na vida de Lauren ao contrário de você que só fez arranca-la de mim! Lauren me amava incondicionalmente, eu era a mulher de sua vida até que uma adolescentezinha estranha e patética resolveu atrapalhar os meus planos! Você a enredou direitinho e a levou para longe! Hoje minha filha e eu somos praticamente estranhas uma para a outra!

—Não me culpe por isso! Se estão assim foi porque a senhora se recusou a aceitar uma escolha que só cabia a ela!

—O que você quer Camila? Destruir minha família como fez com a sua?

Todo o sangue circulante em meu corpo deve ter congelado ao ouvi-la dizer isso.

—Já não basta o estrago que fez entre os seus agora quer leva-la com você? Sabe que é isso o que vai acabar acontecendo não sabe? Você não é capaz de fazê-la feliz então porque não deixar o caminho aberto para alguém que realmente a mereça?

—A senhora não sabe de nada ̶ minha voz distante até para meus ouvidos que apitavam fortemente.

―Exato! E com o pouco que eu sei tenho a certeza de que você não serve para minha filha! Só você não vê como tem afundado e a levado junto! É isso o que você quer? Destrui-la?

—Lauren me ama!

—Isso não passa de uma ilusão!

—Nós queremos ter uma família! Nós vamos ter isso porque somos apaixonadas uma pela outra.

—Se você ama minha filha como diz, deixe-a livre. Permita a ela ser feliz de verdade.

—Ela é feliz comigo!

—Até que você se perca na próxima esquina não é? Eu sei você sabe e Lauren também sabe que isso é uma questão de tempo. Eu não tenho conhecimento de como tudo aconteceu, porém, não é necessário ser muito inteligente para enxergar que as marcas que você carrega são profundas demais para que você se liberte de cada uma delas.

—A senhora não sabe de nada.

Antes que possa dizer mais alguma coisa caminhos a passos largos e rápidos para longe deixando aquela casa para trás, mas sem conseguir me desfazer da sensação de peso que se abateu sobre mim.

Outra vez aquela dor já tão conhecida se instala em meu peito fechando minha garganta por onde um soluço tenta escapar.

Depois de algum tempo caminhando o celular em minha mão vibra e posso ver que essa não é a única, várias outras chamadas perdidas anunciam que minha esposa já sentia minha falta.

Cansada física e mentalmente me vejo de pé olhando para a água salgada de um mar agitado e sem pensar duas vezes atiro o aparelho o mais distante que consigo.

—Mas eu sim. Eu sei tudo o que aconteceu... 



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