História Sempre Você... (Camren) - Boa Menina...

—Finalmente em casa!

Jogo-me no sofá só desejando minha cama que no momento se encontra muito distante para que eu vá até lá.

—Cansada é?

Abro os olhos encontrando Camila de pé a minha frente com as mãos na cintura e um sorriso divertido nos lábios.

Desde que voltamos de Miami há algumas semanas o clima entre nós está mais leve, quase como se um peso tivesse sido tirado de cima de nossos ombros e isso tem deixado minha esposa mais sorridente e bem mais acessível do que esteve nos últimos meses.

É como se ela tivesse decidido esquecer tudo o que falamos uma para a outra e todas as “imperfeições” daquele feriado.

—Eu amo o que faço, mas às vezes pergunto-me porque insisto em ensinar estudantes que pouco se importam em aprender.

—Acabou de responder sua própria pergunta.

—Boba...

—Sua boba...

Senta sobre meu quadril e deixa beijos por meu rosto aquecendo não apenas meu corpo como meu coração também. É inexplicável a sensação de bem estar quando a pessoa que mais nos importa corresponde a esse sentimento.

—Tá com fome?

—Não...

—Comeu lá na Universidade né?

Apenas a encaro e tento segurar um sorriso que insiste em aparecer.

—Eu já disse que não quero que faça isso! Por acaso se esqueceu da vez em que foi para na emergência por intoxicação?

—Isso aconteceu anos atrás!

—Pois o meu carro sofre com as lembranças até hoje!

—Nem foi pra tanto...

—Fique aí que não.

Ela tenta se levantar, contudo, eu aperto mais meus braços ao seu redor sentindo-a ainda mais próxima, se é que isso é possível.

—Ally disse que nós a temos negligenciado e aparentemente as outras estão de acordo.

—Você acha?

—Sei lá. Elas são um tanto paranoicas...

—Podíamos convida-las pra vir aqui no domingo, assim ficamos juntas e elas param de reclamar. Se bem que Vero e Dinah te veem diariamente e Allyson trabalha no mesmo lugar que você...

—O que eu posso fazer se sou uma companhia adorável e irresistível?

—Tão engraçada você.

—Eu sei ̶ digo de repente sentindo meu estômago protestar contra alguma coisa, mas guardando essa informação para mim.

—Você vai precisar dar aulas a noite sempre?

—Só por enquanto, depois volto ao ritmo normal tá?

—Humhum. Sabe que não gosto de ficar aqui sozinha...

—Eu já disse que pode ir comigo e ficar me esperando por lá, porém, sua teimosia é demais.

—Falou a mulher mais tenaz que já caminhou na Terra.

—Te amo!

—Sei...

Inicio um beijo leve e gostoso o estendendo por algum tempo até que sinto uma leve pontada em minha têmpora esquerda fazendo-me gemer baixinho.

—O que foi?

—Nada. Vem, vamos continuar...

—Lauren você gemeu e não foi no bom sentido.

—Só uma dorzinha de cabeça chata, eu passei o dia e parte da noite lendo e explicando matéria, é natural.

—Então acho melhor você ir tomar um banho pra gente dormir.

—Mas eu queria te namorar um pouquinho.

—Namorar é ficar juntinhas também sabia?

—Humm...

—Vai logo ̶ levanta-se e estende a mão para mim que aceito a contra gosto—Vai indo para o chuveiro que eu vou procurar algum analgésico pra você.

Eu até poderia protestar, mas sua expressão de “obedeça” não me dava outra opção.

—Sim senhora.

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—Amor!

Estou inclinada sobre o vaso sanitário no banheiro de nosso quarto enquanto coloco o pouco que tinha em meu estômago para fora.

—Você devia ter me chamado!

—Saia daqui Camila ̶ consigo dizer fracamente.

—Eu avisei! Eu falei pra você não comer por aí, tá vendo no que deu?

Mesmo brigando comigo suas mãos alcançam meus cabelos segurando-os no alto, longe do meu rosto.

Mais alguns minutos e já não tenho mais o que despejar, entretanto, os espasmos ainda persistem deixando meu abdômen dolorido.

—Eu vou te levar ao médico.

—Não. Já passou...

—Como já passou? Você está pálida, Lauren!

—Eu estava vomitando como quer que eu esteja?

—Não precisa falar assim não, sua grossa.

Suspiro.

—Desculpe. Por favor...

—Vem, eu te ajudo.

Faz com que eu me sente sobre a bancada da pia enquanto me encara fixamente a procura de alguma coisa que eu não sei bem o que é.

—O que tanto olha?

—Seus olhos não estão brilhantes ̶ coloca o dorso de sua mão sobre minha bochecha—E não parece ter febre. Com certeza foi alguma coisa que vou comeu. Outra vez.

—Camzi... Não briga comigo...

—Brigo sim! Eu sabia que ia dar nisso, mas você me escuta? Óbvio que não!

Apenas abaixo minha cabeça sentindo minha dor de cabeça diminuir.

—Desculpe...

Mais alguns segundos e ela segura meu rosto fazendo-me encontrar seus olhos preocupados.

—Tá tudo bem... Eu vou te ajudar a tomar um banho e você vai tomar o mesmo remédio que te receitaram naquele dia e aí pela manhã já estará boa...

Concordo e mesmo que não fosse necessário deixo-a me ajudar debaixo do chuveiro sentindo meu corpo relaxar sob seu toque cuidadoso e gentil.

—Fique aí quietinha, eu só vou buscar água pra você...

Aceno positivamente para ela já sentindo meus olhos pesados e o colchão afundar-se contra minhas costas.

—Lo, tome aqui...

Quase sem ver aceito o copo com água e engulo o que quer que ela mesma tenha colocado em minha boca e volto a me deitar dessa vez sendo abraçada por seus braços que me apertam contra seu peito.

—Adoro quando você cuida de mim Camz...

—E eu amo poder fazer isso... Descanse sim? Eu estarei aqui quando acordar...

Permito que a sonolência me tome de vez ainda sentindo seus dedos passeando por minha barriga me fazendo sorrir do modo mais sincero que eu posso.

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—Bom dia bebê...

—Lo! Você devia estar dormindo, é o meu dia de preparar o café...

—Você passou a noite em claro que eu sei, o mínimo que posso fazer é isso...

Aproxima-se e beija minha bochecha deixando sua mão por dois ou três segundos mais que o normal, para sentir minha temperatura.

—Eu tô bem, mocinha...

—Não custa nada conferir... Como se sente?

—Super bem. Minha cabeça já não dói e nem estou enjoada.

—Boa menina...

Só então reparo à calça apertada que ela está usando junto de saltos altíssimos.

—Vai a alguma festa matinal da qual não fui informada, ou seja, não convidada?

—Se trabalhar for motivo de festa, então sim...

—Ahh se você for com essa roupa com toda a certeza vai ser motivo de comemoração pra aquele bando de idiotas do seu departamento!

—Lauren ̶ me encara fixamente por alguns segundos—Não.

—Não o que?

—Eu tenho uma reunião importante agora pela manhã, nem pense em falar da minha roupa.

—Mas se é tão importante assim você não deveria usar algo mais discreto hein?

—Não comece.

Sirvo nossos pratos e comemos num silêncio incomodo, ao menos para mim.

Pensar em minha mulher andando de um lado a outro, vestida desse jeito e recebendo olhares de apreciação, para não dizer outra coisa, é o que basta para sentir minha cabeça latejar fracamente outra vez.

—Eu marquei nossa primeira consulta... Próxima terça ok?

Isso consegue melhorar um pouquinho o meu humor que estava bom e agora despencou.

—Fertilização? Tem certeza Camz?

—Absoluta. Eu quero que nosso bebê seja o mais parecido com você possível.

Embora a ideia não tenha sido a que mais gostei, por mim, Camila seria inseminada e eu teria uma latinazinha para mimar por toda minha vida, não tenho como negar sua vontade, ainda mais vendo seus olhos brilharem apenas em mencionar um possível “baby albino”, como DJ e Vero já o dizem.

—Então faremos como você deseja...

Estendo minha mão alcançando a sua e entrelaço nossos dedos sem deixar de me surpreender, mesmo depois de anos, com o encaixe perfeito entre eles enquanto me permitia imaginar dedinhos minúsculos e gordinhos que logo estariam bem ali, no meio, como deve ser.