História Sempre Você... (Camren) - Ansiedade

—Acho que sei por que toda essa felicidade, professora Jauregui...

Sorrio entrando na sala onde Ally organizava sua bolsa.

—Eu tô muito, muito ansiosa, Ally, você não pode imaginar!

Minha euforia é tamanha que estou passe a manhã toda praticamente saltitando pelos corredores da Universidade.

—Ah eu tô vendo! Mas te aconselho a se acalmar, Mila já estará nervosa o suficiente por vocês duas...

Desde que nos decidimos pelo procedimento de *FIV todas as garotas têm feito o possível para nos manter tranquilas, visto que seremos avaliadas pelo médico escolhido. Eu não sabia disso, porém, aparentemente esse processo todo é mais complicado do que parece e é necessário sermos “aprovadas” para iniciarmos o tratamento.

Minha esposa contava com isso tanto quanto eu, o que a tem deixado estressada por receio de não ser possível realizar nosso maior desejo nesse momento.

—É eu sei... Eu vou tentar...

—Vai busca-la no trabalho?

—Sim, vou. Ela conseguiu ser dispensada pouco depois do almoço, então vou pra casa buscar a bolsa que ela acabou esquecendo hoje de manhã e em seguida a pego no trabalho para irmos a clinica.

—Vão nos dizer como foi tudo não é? Assim que saírem de lá!

—Com certeza.

Encontro seus olhos castanhos e acolhedores e sem nem mesmo percebo encurto a distância que nos separa abraçando seu corpo pequeno enquanto seus braços apertam minha cintura.

—Vai dar tudo certo, Laur. Se for isso que vocês querem, vai acontecer e logo teremos um baby Camren pra mimarmos...

—Esse bebê terá as melhores tias do mundo...

—Não poderia ser diferente, visto que as mães são incríveis.

E então toda minha insegurança se esvai.

Allyson tem esse efeito nas pessoas, ela pode tranquilizar até o mais histérico dos seres vivos, porque sempre sabe o que dizer e a forma como deve fazê-lo.

—Eu já vou indo, não quero me atrasar.

—Isso aí... Fiquem tranquilas, as meninas e eu estamos torcendo aqui...

Deixo um beijo rápido em sua bochecha e meio caminho meio corro até o estacionamento e de lá vou o mais depressa possível, sem avançar nenhum sinal, para minha casa onde tenho o tempo apenas para encontrar a bolsa de Camila e então fazer o caminho mais curto até chegar ao prédio onde trabalha, vendo-a já de pé e braços cruzados na entrada.

—Você demorou Lo!

—Vim o mais rápido que pude, Camz...

Espero que ela afivele o cinto para só então seguir num ritmo calmo até a clínica que nos foi altamente recomendada.

—Mani disse que DJ está uma verdadeira pilha...

—Dinah sempre foi a mais ansiosa de nós, amor ̶ sou fixamente encarada e vejo sua sobrancelha arquear levemente—Depois de mim...

Isso lhe trás um sorriso aos lábios e sem me importar com a direção inclino-me para mais perto alcançando sua boca selando-a com a minha por um breve instante.

—Acha que o médico vai nos aceitar?

—Amor, não há nenhuma razão para que não o faça. Somos jovens, saudáveis, casadas, o que mais é preciso?

—Ele pode achar que somos exatamente isso, jovens demais. Geralmente, mulheres que optam por esse método são bem mais velhas, eu pesquisei!

Olho feio para ela deixando claro minha contrariedade.

—O que conversamos sobre ficar lendo coisas na internet?

—Eu sei, eu sei, mas precisava ver alguma coisa, Lolo! Eu não podia ficar totalmente no escuro quando até mesmo você já conhece sobre o assunto!

—A diferença é que leio sobre isso há tempos, bonitinha...

Mantemos um diálogo leve durante os minutos que levam para chegarmos ao consultório, ambas tentando ao seu próprio modo não demonstrar todo nervosismo que sentíamos.

Sentamos numa sala espaçosa enquanto a secretária nos ajudava a preencher alguns formulários intermináveis.

—Você acha que vai dar certo logo na primeira tentativa, amor?

—Ei, calma. Vamos tirar todas as nossas dúvidas daqui a pouquinho, ok?

Acena com a cabeça e entrelaça nossos dedos batendo o pé incansavelmente até que somos chamadas.

Somos apresentadas ao doutor Ferdinand, um senhor de fala tranquila e que soube conduzir à conversa nos deixando a vontade para perguntar tudo o que nos afligia e ainda explicou todo o processo relacionado tratamento e suas probabilidades.

Visto que meus óvulos seriam fecundados, eu teria apenas de usar algum medicamento pra ajudar com minha ovulação (ou eu acho que é isso, foi o que entendi) e em poucas semanas poderíamos voltar para a primeira tentativa, a qual nos foi dito serem grandes chances de não darem certo.

—Eu espero que não demore muito até que eu consiga engravidar, Lo! Não vejo a hora de ter um bebezinho nosso aqui dentro

Já sentadas em nosso sofá não me contenho e acaricio seu abdômen ainda plano sonhando com o dia em que sentiria um serzinho minúsculo se mover.

A noite avançava quando escutamos a campainha tocar de modo insistente e a contra gosto deixo-a para atender a porta pedindo aos céus que não fossem as loucas de nossas amigas. Contamos tudo o que havia para ser dito, o que poderiam querer aqui tão tarde?

—JÁ TÔ INDO! ̶ grito para que, quem quer que esteja do lado de fora saiba que meu humor nesse instante não é dos melhores—Mas que o que...

Minha fala é cortada ao encarar o rosto impassível e conhecido à minha frente.

—Camila está?

*Fertilização In Vitro