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História Sempre Você... (Camren) - Visitante


Escrita por: Camren_Yes

Capítulo 46 - Visitante


O crachá com a palavra “ VISITANTE “ pendurado em minha roupa me permite caminhar livremente pelo prédio onde minha esposa trabalha, mas não esconde os olhares curiosos e alguns até mais atrevidos que me lançam no caminho. Acho que as pessoas aqui não estão acostumadas à camiseta preta, jeans e all star. Talvez o rabo de cavalo balançando de um lado para o outro contribua para a imagem quase juvenil que devo estar passando.

--- Ah com licença. Poderia me dizer onde encontro a senhora Camila Jauregui, por favor?

A mulher, bonita até, me encara sem qualquer constrangimento, passando seus olhos críticos desde a raiz dos meus cabelos até a ponta dos meus tênis.

--- E você seria...?

--- Lauren. A esposa dela.

Sua expressão surpresa e incrédula só me dá mais certeza de que escolhi as vestes erradas nesta tarde. Contudo, o que posso fazer se é assim que gosto de estar quando longe do meu próprio trabalho?

--- De fato? - Gruda seu olhar na aliança dourada que ostento orgulhosamente em meu anelar esquerdo --- Infelizmente não estou autorizada a permitir a entrada de ninguém. Além disso, Camila não gosta de receber... Visitas

Essa mulher está sendo irônica comigo?

--- Acho que ainda não entendeu... Susana – digo observando o nome em seu próprio crachá --- Eu sou casada com a senhora Jauregui, estou certa de que ela pode me receber.

Qual é? Eu vejo que nem tem tanto movimento assim na sala adiante. A imensa parede de vidro mostra vários homens e umas poucas garotas sentados concentrados em seus monitores.

--- Aqui você é somente uma visitante e eu digo que Camila não vai receber ninguém. Ela está muito ocupada.

Mas que coisa!

--- Eu espero.

--- Não pode esperar aqui, sinto muito.

Seu tom debochado demonstrando o quanto sente.

--- Veremos.

Poucos passos e sento-me num sofá solitário disposta a tomar um bom chá de espera, mas irredutível em minha vontade de ver Camila e ainda mais, em esfregar nessa cara de cavalo que sou sempre vem vinda onde quer que minha menina esteja. Alcanço meu celular depois de me contorcer toda para tira-lo do meu bolso apertado e respondo alguns emails de alunos enquanto o tempo resolve se arrastar.


Eu vou dar nessa ruiva de farmácia, tô avisando!

DJ:

Vai lá! Mas, calma, vamos fazer uma vídeo chamada, não perco isso por nada!

......

É sério, Dinah! Essa mulher tá cheia de sorrisinhos debochados pro meu lado! Tá adorando me fazer esperar e nada da Camila aparecer!

DJ:

Se essa Susan, ou sei lá o nome, tá fazendo isso é pq sabe que tá te deixando irritada. Liga pra bunduda e avise que está aí.

......

Eu faria isso, se minha mulher me atendesse!


O telefone da diaba, digo, secretária toca uma, duas vezes até que ela responde com um “ Sim, Mila “ que me azeda até a alma.

--- Pois não, Mila, num instante – olha para mim – Não, nada de importante. Já levo pra você.

Levanta-se e sem me dedicar uma olhada sequer caminha por entre as mesas atrás daquele vidro entrando numa sala logo em seguida.

É oficial, Jane. Ela vai morrer.

***

Estou a ponto de explodir quando os muitos funcionários começam a deixar suas mesas e passam por onde estou, alguns sem me notar, outros que eu preferiria que seguissem esse exemplo.

Estou sentada nessa poltrona há quase duas horas, sendo que na última, o cabelo de fogo se enfiou na sala da minha esposa e jamais saiu de lá.

--- Alô!

Atendo sem notar quem me ligava.

--- Isso é jeito de falar com sua mãe?

Era só o que me faltava!

--- O que você quer? Já não disse pra não voltar a ligar?

--- Lauren Michelle eu ainda sou sua mãe!

--- Problema seu! Já vou dizendo que tô sem paciência, fala logo.

--- Calma, eu não eu não tenho culpa dos teus problemas, menina.

--- Clara, você é a razão de mais de metade deles. Agora, para de me encher o saco.

Encerro a ligação no momento exato em que a folgada aparece, seguida por uma mulher mais baixa, ambas sorridentes.

Faço questão de ficar de pé, braços cruzados na altura do peito e minha melhor expressão de “ que merda é essa! “ .

Só então os olhos castanhos que tanto amam me encontram e vendo minha postura nada amigável seu sorriso diminui aos poucos.

--- Oi Lo.

Beija meu rosto e mesmo sem querer passo meu braço por sua cintura mantendo-a junta à mim. É quase instinto.

--- Faz tempo que chegou?

Olho para minha “ adversária “ de olhos cerrados. É claro que ela não disse nada sobre eu estar aqui.

--- Um pouco. Vamos?

--- Humhum...

--- Ah, esperem, por favor. Vou descer com vocês.

Ahh mas não vai mesmo!

--- Pode ir. Minha mulher e eu podemos esperar.

--- Imagina! Vamos as três juntas.

Falsa!

--- Acho que já notou, mas essa é minha esposa, Lauren. Lo, ela é minha secretária, Susana.

--- É um prazer, senhora Jauregui.

--- Ôôô...

--- Perdão, o que disse?

--- Nada.

O térreo nunca me pareceu tão longe. Naturalmente que a latina ao meu lado notou o clima carregado, porém, a falsa do outro lado com toda certeza não seria interrogada como eu, o que serve somente para me deixar mais nervosa.

--- Bom, foi ótimo te conhecer, Lauren. Até amanhã, Mila.

A safada beijou o rosto da minha esposa! Na minha frente!

--- Você me segue no seu carro, Lo?

--- Tenho outra opção?

--- O que te deu, hein? Não pense que eu não percebi o jeito que você tratou a Susi.

--- Susi? Susi, Camila?

--- Eu não tô entendendo, Lauren.

--- Quer saber? Deixa pra lá. Vamos.

Vou até meu carro e depois de encarar os vidros por alguns instantes Camila faz o mesmo e logo sai cortando caminho por onde podia em meio ao trânsito pesado.

---- Susi! Eu vou mostrar quem é Susi!

Sabendo o que teria de enfrentar quando estivéssemos em casa e sentindo meu cérebro protestar, resolvo enfim ir até o hospital mais próximo e conseguir algo que faça minha cabeça desistir da ideia de estourar ali mesmo.

Digito uma mensagem rápida dizendo que não me demoro, envio ara Camila e pouco depois estou numa sala de espera fria e quase vazia.

Até meus olhos ardem tamanha a pressão em minha cabeça, sem contar a forte náusea que insiste querer despejar todo meu almoço nesse chão. Sentada, cabeça baixa e entre os joelhos não escuto até que a pontinha de tênis parecidos com os meus aparecem em meu campo de visão e ignorando as pontadas em minha nuca, levanto os olhos encontrando um rostinho infantil de olhos puxadinhos e... Assustados.

O choro estridente tem ligação direta com a parte dolorida do meu cérebro, além de me apavorar.

Sem hesitar coloco-me de joelhos à sua frente pondo-me a dizer palavras que, penso eu, pudessem acalma-lo e ao mesmo tempo carro o lugar procurando por alguém que o conheça.

--- Calma... Calma, menininho, sua mãe. Já volta.

Quanto mais eu falava, pior ficava seu choro.

--- Ai meu Pai, tô ferrada.

Cadê a mãe dessa criança?

--- Liam! Meu Deus, Liam, você quase mata a mamãe.

Reiterando... Agora sim eu tô ferrada.



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