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História Sempre Você... (Camren) - " Tem razão. Não é da sua conta ".


Escrita por: Camren_Yes

Capítulo 47 - " Tem razão. Não é da sua conta ".


--- Alexa?

Não. É muito azar pra um único ser humano, meu Deus.

Sem nem me notar ela avança e levanta o pequeno chorão abraçando-o forte enquanto sussurra palavras que dessa vez sim o acalmam. É uma cena bastante... Bonita.

Será que conseguirei fazer isso por meu filho?

Antes que possa aprofundar meu diálogo silencioso, a dor forte em minha têmpora me faz lembrar da razão que me trouxe até aqui.

--- Lauren!

--- Ah... Oi.

--- O que faz aqui?

--- Como assim? Eu moro aqui.

Revira os olhos impaciente.

--- Mora nesse hospital?

--- Ahh...

--- Ahh – imita – Então?

--- Então o que?

--- Você está sendo obtusa de propósito, certo?

--- Tá falando de quê, hein?

Balança a cabeça montando um sorriso divertido.

--- Aconteceu alguma coisa? Digo, você não suporta ambientes assim, então, o que te trouxe aqui?

--- Ahh isso... É, não, tá tudo bem. Só tô com um dor de cabeça.

--- Sei. E onde está Camila?

--- Em casa. Esse é seu filho, não é?

--- Humhum... Liam...

Sorrio para o pequeno que tem o rosto escondido no pescoço da mãe.

--- Ele é muito lindo.

--- É o meu príncipe. Ficou um pouquinho adoentado e resolvi trazê-la ao pediatra

--- Tá certo.

--- Porque sua esposa não veio te acompanhar?

--- Ela nem sabe que eu vim.

--- Humm... Olha, não quero me intrometer não, mas, eu te conheço, Laur e sei que, com o pavor que você tem de qualquer coisa que envolva jalecos e injeções, você não viria se consultar por uma simples dor de cabeça, ainda mais sozinha.

--- Bom, estou prestes a me tornar mãe, preciso ser adulta de verdade. Já imaginou se meu filho precisa de um médico, como vou fazer? – ofereço um sorriso tímido torcendo pra que seja o bastante para mudar o tópico da conversa.

--- É, eu fiquei sabendo. Então, Camila já está com quanto tempo de gestação?

--- Quase quatro meses – respondo orgulhosa.

--- Então logo teremos o herdeiro chorando a plenos pulmões!

--- Ou a herdeira, ainda não sabemos.

Uma nova pontada, dessa vez mais aguda, me arranca um resmungo contrariado.

--- Já tô aqui faz um tempão e nada de me chamarem, que saco.

--- E ainda vem me dizer que é só uma dorzinha...

--- Você não disse que ele está doente? Não deveria esperar pelo médico?

--- Ok, eu sei quando não sou bem vinda, já tô indo – sua expressão de falsa ofensa fazendo-me lembrar de tempos menos complicados para ambas.

--- Desculpe, não quis ser rude.

--- Eu sei que não, esse é o seu charme natural...

Apenas continuo sorrindo.

--- Uma última coisa, Laur.

--- Pode dizer.

--- Eu só... Só quero que saiba que... Que eu não concordo com as atitudes de sua mãe. Clara e eu somos amigas, mas o que ela fez foi muito errado e eu disse isso à ela.

Talvez seja estranho, contudo, sinto sinceridade em cada uma de suas palavras.

--- Obrigada, Alexa.

--- Só mais uma coisinha. Não é da minha conta, porém, afastar Michel e Taylor por um erro que eles não cometeram é injusto.

E eu não sei?

--- Tem razão. Isso não é da sua conta. Acho que estão me chamando.

Saio sem esperar por uma resposta deixando-a seguir meus passos. Sei disso porque posso sentir seu olhar queimando minhas costas.

***

--- Lauren? Que droga, onde você se enfiou?

Deixo a chave do carro em cima de uma mesinha e afundo no sofá, grata por finalmente estar em casa.

---Lugar nenhum, Camila.

--- Você estava logo atrás e dê repente manda uma mensagem mudando o caminho, demora é diz que não foi pra canto nenhum?

Massageio minhas têmporas, agradecida por estarem somente doloridas e não latejantes.

--- Eu só dei uma passada lá no hospital, minha cabeça tava me matando.

Sua postura muda de imediato e ela chega ao meu lado, ficando de joelhos na almofada.

--- Lo! Você não me disse nada, eu teria ido com você!

--- Eu não queria te preocupar. Mas, acho que fiz justamente o contrário, né?

--- Lauren, nós somos um casal, precisamos partilhar tudo, amor. Eu sei como você detesta esses lugares, deveria ter me falado.

--- Eu só me decidi depois, aí te mandei a mensagem. Desculpe.

--- E o que te falaram? Porque tá sentindo tanta dor?

--- De acordo com o médico, preciso relaxar. Ele disse que tudo se deve a muita tensão. Me deu um comprimido lá e daí eu vim embora.

--- Só um comprimido? Isso você poderia ter tomado aqui!

--- Na verdade ele queria que fosse uma injeção, mas eu não deixei...

--- Lauren!

--- Camila!

--- Você é impossível!

--- Eu sei. Mas o remédio deve ser mais forte que os que nós temos aqui, já nem dói mais.

--- Que bom – beija minha testa – Você vai fazer o que esse médico mandou, vai tirar uns dias e descansar.

--- Eu bem gostaria, mas, da não. Daqui a pouco esse bebezinho nasce e vai precisar de leite e fraldas e isso custa muito, muito dinheiro, o que significa que terei de trabalhar muito, muito pra conseguir dar conta.

--- Boba...

Seus braços finos envolvem meu pescoço e por fim, passa as pernas por minha viatura, sentando sobre minhas pernas.

--- Você não gostou da Susana.

Não foi uma pergunta.

---Nem ela de mim.

--- Amor, ela é bastante simpática, sabe?

--- Ahh eu pude apreciar um pouquinho daquela docilidade.

--- É sério, Lo.

--- Camila, aquela mulher ignorou totalmente a minha presença, foi grossa comigo, sequer te falou que eu estava ali pra te ver.

--- Olha, eu oriento que vou falar com ela, chamar a atenção, entretanto, tenho certeza de que ela só fez isso porque eu mesma disse que não atenderia ninguém.

--- Você a esta defendendo – afirmei.

--- Claro que não...

--- Então porque tá dizendo que era só o trabalho dela. Eu vou te fazer uma surpresa e sou tratada dessa forma.

--- A culpa é minha, tá? Vou deixar bem claro que você sempre tem passagem livre até mim... Tá bom?

--- Eu não gostei dela! Me pareceu muito abusada.

--- Lo...

--- É isso mesmo! “ Mila “. Vou dar o Mila na cara dela se te a ouvir te chamando assim outra vez, tô avisando!

--- Aiii que bebê mais bravo!

--- Olha bem pra mim. Acha a que tô brincando, Camila?

--- Acho que você tá exagerando, é diferente.

--- Pois muito bem – tento me levantar, mas ela se mantém firme em meu colo – Vou aceitar que meus alunos me tratem por Lauren, então.

--- Você nem brinque com isso!

--- Oras... Qual o problema?

--- O problema é que você tá querendo fazer isso pra me provocar.

--- Se não dou essa liberdade à eles, você também não deve permitir menos dos seus funcionários.

--- Todos me chamam de senhora, amor, Susi é a única a usar meu nome.

--- Susi! Até esse nome me dá enjôo!

--- Eu não quero brigar, Lauren, muito menos por uma bobagem dessa.

---Bobagem porque não é com você!

---Vai mesmo insistir nisso?

--- Vai continuar aceitando essa intimidade toda?

--- Lauren, pelo amor de Deus, eu trabalho diretamente com ela, acho que o fato de nós tratarmos pelo nome não é nenhum pecado!

--- Tá certo, faça como você quiser.

Finalmente consigo deixa-la sentada no sofá e caminho para nosso quarto, mais precisamente, ao banheiro.

--- Eu fiz o jantar, não demore.

--- Tô com fome não.

Tranco a porta antes que ela me alcance e passo um bom tempo debaixo do jato forte de água morna, torcendo pra que meus pensamentos sejam levados pelo ralo, o que, naturalmente, não acontece.

--- Lauren! Lauren, a Vero tá no telefone!

--- Diz que retorno depois.

--- Ela tá falando que é importante.

A muito contra gosto fecho o chuveiro e deixo o box respingando por todo canto, já prevendo a bronca de mais tarde.

--- Cadê?

Seus olhos escurecem minimamente ao fitarem meu corpo e só então me dou conta de que nem me lembrei da toalha. Mas, não é como se ela nunca tivesse me visto assim. Notando que meu humor não é dos melhores ela me entrega o celular e se afasta poucos passos, fingindo não me olhar ali, de pé, na porta do banheiro.

Claro que Verônica não tinha nada de interessante para me falar, queria somente me encher o saco e marcar alguma espécie de acampamento no fim de semana próximo. Levei a conversa de modo que a garota ali não descobrisse seu teor, deixado em aberto aceitar o convite ou não. Tentava encerrar a ligação quando vejo minha mulher caminhar passando por mim e para minha surpresa, voltar com minha toalha em suas mãos.

--- O que vai fazer?

--- Como o que vou fazer? Nós vamos fazer, tapada, nós vamos acampar!

---Não é com você, sua anta!

Sem dar a mínima para minha pergunta, Camila se põe a enxugar a pele das minhas costas tão devagar quanto possível.

--- Você tem problema, é?

---Camila?

--- Olha, ou você fala comigo ou com a filhote latina, decida!

A questão é que ter essa latina assim, tão próxima, não me ajuda a pensar direito.

Logo o tecido felpudo é substituído por seus lábios quentes e, sem querer, solto um gemido involuntário e saudoso, que, obviamente, não passa despercebido.

--- Credo, vocês não respeitam nem o filho que ela tá carregando. Vê aí e depois avise, sua pervertida.

Deixo meu braço pender ao lado do meu corpo enquanto busco forças para pedir que minha esposa pare com essa... Brincadeira.

--- Camila, o que você pensa que tá fazendo?

--- Te secando... Literalmente...

Inferno de mulher!

--- Sabe perfeitamente que não podemos fazer isso.

--- Correção... Eu não posso...

--- Como – engasgo quando suas mãos ágeis apertam minha cintura – Chega.

--- Não.

Acho que não tem problema aproveitar ao um pouquinho...

--- Eu te amo, sabe? E tô morrendo de saudade do seu corpo...

A vontade de continuar é quase forte demais pra que eu concorde. Quase.

--- Não.

Consigo dar alguns passos, não sem antes alcançar a toalha enrolando em volta do meu tronco.

--- Não?

--- Não.

Procuro uma roupa leve e vou direto até a sala, ligando a tevê num canal qualquer fingindo prestar atenção.

--- Lauren, o que aconteceu?

--- Comigo nada.

---- Então me rejeitou de graça, é?

Merda!

Sem nem mesmo vê-la, consigo notar sua mágoa.

--- Não é isso, Camila.

--- Então é o que?

Suspiro buscando a paciência que me faltou mais cedo.

--- Vem cá – dou lugar para que ela se sente ao meu lado --- Só não acho justo. Não pense que eu não te desejo, porquê isso sim seria uma loucura. Mas, se você ainda precisa fiar abstinente, é algo que vai servir para nós duas, afinal, essa gravidez foi uma decisão nossa, não é?

Acena positivamente com a cabeça.

--- Não fique pensando besteiras, ok?

--- Você ainda me ama, Lauren? De verdade.

--- Que pergunta absurda é essa?

--- Só me responda, por favor...

--- Eu te amo mais que qualquer coisa, sabe disso.

--- Mais que coca cola?

--- Humm... Talvez não tanto assim...

--- Lo!

--- Tá bom, tá bom... Mais que coca cola.

--- Bom...

--- É? Então vem.

Apoio minhas costas no braço do sofá enquanto ela se recosta em meu peito.

--- Eu ainda tô brava com você.

--- Eu sei.

--- Eu não quero te controlar, mas... Olha, eu vi como aquelas pessoas me olharam. E eu estava vestida quase como uma colegial! Eu sinto muito ciúmes de você e aquela mulher... Camila, ela fez o que fez pra me provocar! Não posso aceitar isso.

--- Eu vou falar com ela, já disse. Prometo que não vai se repetir.

--- Se eu já não gostava de você trabalhando naquele lugar, agora muito menos.

--- Amor, não. A gente tá bem agora, não vamos entrar nisso.

--- Eu não quero saber dessa mulherzinha de gracinhas pro teu lado, Camila. Juro que se desconfiar de alguma coisa, acabo com ela.

---Chega desse assunto.

--- Só tô deixando bem claro. Uma gracinha, Camila, e você nunca mais pisa naquele lugar.

--- Você tá mesmo querendo brigar.

--- Não. Deixando claro.

--- Sei...

--- Você já comeu?

---Não quis jantar sozinha.

--- Então vamos lá, já passou da hora desse bebê aqui ser alimentado – beijo seu pescoço e com um pouco de dificuldade consigo me levantar sem que ela precise se mover --- Fique aqui bem quietinha, eu pego uma prato pra você.

--- Vamos comer no sofá?

--- Não é como se fosse a primeira vez – meu sorriso enfatizando o que eu realmente queria dizer.

--- Lauren!

É... Algumas coisas nunca mudam... Felizmente.



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