Camila
--- Ahh, Lo, foi engraçado, vai...
--- Engraçado porque não foi com você.
Já é noite e estamos finalmente em nossa casa depois de horas e mais horas escutando Lauren reclamar sobre Allyson e sua... Brincadeira.
--- Ninguém te mandou aprontar com ela e não se desculpar – dou de ombros --- Deu no que deu.
--- Você ficou rindo de mim – o biquinho que tanto amo de volta à seus lábios.
--- Awnn que coisinha mais fofa! – aperto suas bochechas deixando-as vermelhas.
--- Não quero. Você riu de mim!
--- Amor, eu não ri de você – digo já tentando conter uma nova onda de risos.
--- VOCÊ ESTÁ RINDO OUTRA VEZ!
E é o máximo que consigo até explodir em uma gargalhada escandalosa que me arranca lágrimas só por relembrar a cena...
--- O que você fez, Ally?
--- Vem dar uma olhada – estende a mão para me ajudar a desviar das muitas pedras.
Pouco abaixo de onde estava eu vejo Normani, Dinah, Verônica e Lucy curvadas sobre o próprio corpo, suas risadas tão altas que poderiam ser ouvidas mata a dentro, tenho certeza.
O motivo é claro, atrás de algumas árvores está minha esposa, de quatro, engatinhando em cima do colchão inflável que fora arrastado até o rio é flutuava sobre as águas, mantido no lugar por uma corda esticada, firmemente amarrada em uma de suas alças enquanto que a outra ponta se mantém presa num tronco forte e grosso.
--- VOCÊ! SEU PEDAÇO DE GENTE! EU VOU TE MATAR! – grita Lauren ao nos ver chegando --- NÃO RIA,CAMILA!
Eu até tentei, mas vê-la tão brava, evitando se mexer para que o colchão não virasse e ela caísse na água gelada foi demais até para mim que sento-me na grama tentando buscar mais oxigênio.
--- Isso é bom para testar seu equilíbrio, branquela! Cuidado com a labirintite!
--- Ai meu Deus, eu não aguento!
--- Ally, você é genial!
--- TIREM-ME DAQUI! PUXEM ESSA PORCARIA! AGORA!!!!!
Claro que ninguém lhe deu atenção.
--- EU VOU ACABAR COM TODAS VOCÊS! VOCÊ TAMBÉM, CAMILA! ESPERE SÓ!
Seus olhos, mesmo à distância eu pude ver, fuzilam, queimavam pela raiva de estar à mercê de nossa boa vontade.
--- Peça desculpas e eu te trago de volta.
--- EU VOU DAR AS DESCULPAS NA SUA CARA, ALLYSON BROOKE!
--- Eu não tenho pressa, vamos passar o dia aqui mesmo...
--- Venha nadando, Laur! Baleias tem instinto natural!
--- EU TE MATO, SUA GIRAFA DE SALTOS! ME TIRE DAQUI E EU ACABO COM A SUA RAÇA!
--- Nãooo – Dinah provoca fazendo sinal negativo com o dedo --- Assim você não tá se ajudando, albina...
Lauren tenta ficar de pé oe o colchão ameaça virar, levando-a novamente a engatinhar sobre ele, arrancando risos de todas nós.
--- Camila não pode ficar nervosa, puxem essa corda!
--- E quem está nervosa aqui, Laur? Além de você, claro...
--- Não se preocupe comigo não, amor, eu tô ... – ela volta seus olhos verdes em minha direção fazendo-me calar.
--- Eu não sei vocês, mas eu tô ficando com fome...
--- Vamos tomar café, morena, deixe que a Lauren se vire...
Segura a mão de Normani e faz menção de se afastarem junto de Vero.
--- Vê, a gente não pode deixar ela aí...
--- Isso! Isso mesmo, Lu!
--- Calada, palmito! - volta-se para sua namorada --- Porquê não? – pergunta parecendo de fato indignada.
---- É, porquê não? – ecoa Dinah pousando as mãos na cintura.
--- Eu acho que a gente devia deixar ela mais um pouquinho lá...
--- Completamente de acordo.
--- Eu tentei, Laur – justifica Lucy seguindo as outras garotas.
--- HEEEEY! EU QUERO SAIR DAQUI!
Suspiro buscando controlar minha vontade de rir.
--- Meninas...?
--- Ahh sério, Mila? Você vai acabar com nossa diversão!
--- Eu não entro aí...
--- VOCÊ ME COLOCOU AQUI, PIGMEU!
--- E VAI CONTINUAR ATÉ A HORA QUE EU QUISER!
--- Viu? Ally decidiu, caso encerrado.
--- Gente, chega, tirem a Lo...
--- ÉÉÉ!
--- Você fique calada! – a menor encara as outras --- Se vocês quiserem, puxem aquela branquela de volta, eu já tive o trabalho de trazê-la sozinha...
--- O que me lembra... Como você conseguiu fazer isso, Ally?
--- Esse corpinho aqui abriga muita força bruta, minha filha! Vão, resgatem aquela ingrata... Mas, que fique claro – diz olhando para Lauren que escutava tudo atentamente --- Só tô fazendo isso pela sua mulher e pelo filho que ela tá carregando. Espero que tenha aprendido a lição – encerra caminhando majestosamente de volta ao acampamento sem ver a careta que Lauren lhe fizera enquanto Vero e DJ tentavam puxar o colchão.
--- Terra chamando, senhora Jauregui! – Lauren diz estalando os dedos diante do meu rosto.
--- Eu vou morder!
--- Você não teria coragem...
Estreito meus olhos e ganho um sorriso fofo em troca...
--- Te amo. Mesmo você tendo tido de mim com aquelas cinco hienas que se dizem minhas amigas...
--- Que bebezinha mais birrenta! Vem cá – seguro sua mão antes que ela se afaste mais --- Quero beijo.
--- Não.
--- Quero beijo, Lauren.
--- Não!
--- Lóreeeen...
--- Eu já disse que... – pisca os olhos com força buscando algo em que se apoiar.
--- Lauren? Lauren o que você tem?
--- Eu só preciso sentar... Por favor.
Seguro sua mão levando-a até nossa cama onde ela se senta levando as próprias mãos à cabeça.
--- Dor?
--- Humhum.
--- Vamos à emergência!
--- Não. Só quero me deitar.
--- Amor...
--- Deitar.
Devagar ela se apoia em um de seus braços conseguindo deitar de modo desajeitado.
--- Lauren.
--- Deitar, Camz.
--- Eu vou buscar seu remédio.
Corro até o armário do nosso banheiro procurando o comprimido que o médico lhe receitara e pouco depois faço-a engolir junto de um bom gole d'água, não me passando despercebido seus olhos injetados, vermelhos como nunca.
--- Lauren...
--- Só quero... Só me deixe ficar quietinha...
--- Se você não melhorar eu te levo ao médico, tá me ouvindo?
Ela tenta concordar com um movimento de cabeça, gemendo em resposta.
--- Vem. Fique comigo.
Tiro meus sapatos deitando ao seu lado enquanto faço um carinho leve em sua bochecha.
Ela está tão pálida!
Horas e mais horas se passam e a agonia de ver minha Lauren sofrendo me corta por dentro. Não foram poucas as vezes que insisti tentando lhe convencer a procurarmos ajuda, contudo, ela é teimosa demais para me escutar.
--- Aiii... – reclama ainda de olhos fechados.
--- Chega Lauren, eu vou te levar ao médico você queira ou não!
Levanto e vou em direção ao closet a procura de algo para vestir.
--- Camz! – sua voz manhosa.
--- Você vai e pronto!
--- Tá, mas, acenda a luz pra eu me vestir...
Todo meu corpo congela no lugar.
--- Como é? – pergunto não controlando minha voz receosa.
--- Aí, caramba, isso dói! A luz, amor! Acenda!
Volto para o quarto, o coração batendo tão depressa que posso escutar o sangue correndo em minhas veias e então me deparo com minha esposa sentada no colchão, os olhos perdidos à procura da luz que eu não tenho condições de lhe dar.
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