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História Sempre Você... (Camren) - " Estou cansada, D. "


Escrita por: Camren_Yes

Notas do Autor


Ouçam a música, por favor, por favor! Link nas notas finais!

Play quando indicado, deixem para repetir caso seja necessário.

Capítulo 55 - " Estou cansada, D. "


— Eu vou matar aquela latina desgraçada! Espere só!

Essa deve ser a quinta vez que Dinah ameaça minha esposa. Bom, quinta vez na última meia hora.

— Tudo bem que ela precisava ir e tal, mas, agora, Lauren?

Ainda de olhos fechados volta a me recostar nos travesseiros sentindo o latejar constante, porém já não tão forte em minha cabeça.

— Deixe-a, Di.

Desde que Camila se fora, dois dias atrás, tenho ouvidos as reclamações de minha amiga sobre sua atitude e desde então tenho buscado fazê-la compreender.

— Ela devia estar aqui, ao seu lado, ou você pensa que eu não sei que é isso o que você mais quer?

Aí está algo que não posso negar, mas, eu a compreendo. Camila precisa estar bem e se essa é a hora para isso, não seria eu a impor dificuldades.

Levo meus dedos da mão direita até minha testa pressionando na espera de que isso alivie de algum modo, o que, é claro, não acontece.

— Dor?

— Humhum.

Sinto o colchão afundar e logo seu perfume invade minhas narinas, enquanto aperta levemente meu braço.

— A enfermeira vai brigar com você outra vez...

— Isso muito me preocupa, sabe?

Claro.

— Será que ela tá bem mesmo?

— Mani foi com ela, Laur, fique tranquila, ok? Ela vai cuidar da bunduda e do bebê.

Meu suspiro é tão longo que poderia ser ouvido ao final do longo corredor desse hospital.

— Estou cansada, D.

Não preciso dizer que não se trata de nada físico, Dinah é minha irmã.

— Vai passar...

Dessa vez permito que as lágrimas quentes molhem minhas bochechas. Estou cansada de ser forte o tempo todo. Ou de tentar.

— Sabe o que é pior? Digo nisso tudo de talvez nunca mais voltar a enxergar? ̶ não espero sua resposta— Eu talvez nunca venha a conhecer o rosto do meu filho e isso dói, Deus sabe como, porém, é a possibilidade de jamais voltar a vê-la que me dilacera. Os olhos, o sorriso, a ternura...

Os braços fortes circulam meu corpo levando-me a deitar em seu peito, seus dedos longes acariciando meus cabelos. Nada é dito. Nada poderia tornar esse momento menos difícil.

( Play )

O desespero de possivelmente não voltar a ver minha mulher é tamanho que sinto a necessidade de gritar minha dor ao mundo, o que faço sendo acolhida por essa loira marrenta que molha minha cabeça com seu choro.

— Eu não vou aguentar. Não vou.

— Vai ficar tudo bem. Eu prometo.

— Como você pode prometer isso, Dinah? Você não sabe!

— Mas eu confio! Não é justo, Lauren, não com você e com toda certeza não depois de tudo pelo que passaram!

— Eu não vou aguentar, Dinah...

— Lauren, escute! Isso vai passar tá me ouvindo? Você vai conhecer seu filho, você vai pode ver a Mila sempre que quiser, entenda isso! Ontem mesmo você disse que conseguiu vislumbrar um reflexo ou algo assim, não foi? Então você só precisa descansar e logo tudo será apenas uma lembrança horrível a qual vamos lutar pra esquecer.

Afasto-me caindo novamente em meus travesseiros.

— Eu nem sei se o que vi foi real ou coisa da minha cabeça, Dinah!

— Ei pare com isso! Lauren, você precisar acreditar que vai ficar tudo bem! Eu entendo seu desespero, mas...

— Entende? Não, ninguém entende merda nenhuma! Sou eu que fiquei cega do dia pra noite, é a minha cabeça que brinca de montanha russa comigo! Sou eu quem está presa nessa escuridão, Dinah, não venha me dizer que você ou qualquer outra pessoa é capaz de compreender o que tô sentindo porque vocês não são! Ninguém sabe o que é estar sozinha todo o tempo, ninguém sabe o que sentir-se vulnerável, exposta, fraca, inútil!
Eu sinto medo a cada hora, a cada instante sinto as esperanças desse pesadelo acabar diminuírem mais e mais! Eu tô cansada de pensar e pensar e chegar à mesma conclusão de que já não serei o suficiente para ela!

— Calma aí, Lauren! Tudo bem que eu tô puta com a Camila, mas, nós duas sabemos que ela nunca te deixaria. Ela te ama demais pra fazer isso.

— E eu a amo demais para condena-la a continuar vivendo comigo! O que eu tenho a oferecer desse jeito, me diga! Uma vida de dependência? Cuidar das minhas coisas à vida toda? Dar mais trabalho que o bebê que ela tá esperando?

Sinto sua ausência e sei que ela está de pé, muito provavelmente encarando meus olhos inexpressivos.

— Então... Então foi por isso que você não tentou impedi-la!

O tom de acusação cravando mais fundo o punhal que eu mesma enfiei em meu coração.

— Você a manipulou!

— Camila precisava disso, precisava buscar sua libertação e eu dei isso a ela.

— Você a libertou de quê, Lauren? De você?

— Eu estou limitada, Dinah ̶ minha voz soando estranha até para meus ouvidos— Quero que ela se cure, quero que as feridas que ela carrega enfim cicatrizem, porque agora é com ela. Eu não posso mais. Quando ela chorou eu estava lá para enxugar cada uma de suas lágrimas, acalmar cada soluço. Quando ela gritava era eu a lutar contra todos os seus medos, todos os seus demônios, porque eu prometi que cuidaria dela, prometi que não soltaria sua mão e não o fiz. Por anos eu a carreguei mesmo sem forças, mesmo atormentada por não lhe bastar e hoje o melhor que tenho a fazer e deixa-la caminhar com suas próprias pernas, trilhar o seu próprio caminho. Eu a amo demais para pedir ou aceitar que ela se sacrifique por mim.

— Você está louca se acha que ela aceitará isso. Aquela mulher te ama, Michelle, a ponto de enfrentar suas dores pra estar bem pra você, sua idiota! Ela tá grávida de um filho seu!

Ninguém entende... A dor de perdê-la é real demais, mas a dor de obriga-la a ir é ainda pior.

Ela viveu no obscuro por tempo demais para que, agora que ela finalmente está prestes a quebrar suas barreiras, eu a force a estar num mundo onde nenhuma luz pode chegar. A escuridão diante dos meus olhos é somente reflexo da minha alma agora destroçada. Existem coisas que nem mesmo o tempo não pode apagar e esse medo que sinto me parece ser uma delas. Nesses últimos dias é o seu rosto que tem me assombrado. Seu sorriso de menina, os olhos sempre atentos e inteligentes, os cabelos que tanto me chamaram atenção na primeira vez que a vi.
Talvez eu esteja sendo infantil, medrosa, covarde, não me importo com a denominação que possam vir a dar para minha decisão, contudo. Não serei egoísta. Não vou aprisiona-la num mundo meu.

Cansada demais para continuar essa batalha de argumentos vencidos que Dinah nos impôs, dou-lhe as costas desejando mais do que nunca ser tão invisível às pessoas quanto elas se tornaram para mim.

Eu preciso da Camila como todo ser vivo precisa de ar para sobreviver. Eu a sinto comigo a cada instante, a cada respiração e sua lembrança terá de ser o bastante. Ela vai permanecer comigo sempre e sei que nunca voltarei a ter paz enquanto viver, mas, esse é agora o meu destino. Não o dela. Não do nosso filho.

Eu disse a ela para que levasse todo o tempo necessário, e não podem me julgar por isso, pois, em nenhum momento pedi que voltasse para mim.

“— Porque eu tenho medo... Medo de que algo aconteça e eu não tenha sido capaz de te provar o quanto sou apaixonada por você, o quanto você me faz bem...

— Mesmo quando eu tô quebrada? Mesmo quando eu sou só um monte de caquinhos que você precisa juntar?

— Mesmo assim, amor... “ .

Camila deve voltar para ela mesma, resgatar a criança que nunca amadureceu cedo demais. Eu acreditei que estaríamos juntas quando esse dia chegasse, sonhei, desejei esse momento, e sim, ela estará comigo, mesmo que eu não esteja com ela...

 


Notas Finais




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