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História Sentença - Capítulo Único


Escrita por: b-binnie

Notas do Autor


Mas Ana o que diabos você tá fazendo aqui escrevendo sobre "Um amor pra recordar?" Não sei, realmente, não sei, mas VAMO.

Capítulo 1 - Capítulo Único


Fanfic / Fanfiction Sentença - Capítulo Único

 

 

 

9 de agosto

Eu costumava pensar em como seria ser como o ar, que pode voar pelo mundo inteiro sem se preocupar, tão discreto, mas tão necessário. Se eu parar para pensar, talvez eu finalmente possa me comparar com a brisa gélida agora.

Estava sentindo muito frio, o vento castigava minha pele sem dó, a altura também piorava bastante a situação. Olhei para baixo, vendo os carros e as pessoas passarem, alheios ao adolescente estranho em cima de um prédio. Esfreguei os pés no concreto, brincando de me equilibrar em um pé só, sentindo uma lágrima solitária escorrer pela minha bochecha.

Eu aguentei, aguentei demais, mas agora a angústia se tornou insuportável, viver parecia um fardo pesado e desesperador. Acho que pensei tanto, chorei tanto, doeu tanto que meu cérebro deu pane, e nada realmente conclusivo sai dele.

Eu achava que a catástrofe na minha vida tinha começado quando ele se foi, mas o desastre já estava acontecendo antes, muito antes, eu só não tinha noção completa disso, ninguém podia me entender, sequer me escutar, nada mais tinha sentido.

Quando eu penso em quais pessoas iriam ao meu enterro, eu não vejo ninguém além da minha irmã e talvez meus únicos dois amigos. Faz tempo que eu não tenho um diálogo decente com o meu pai, ou pelo menos um que fosse além de “Bom dia” e “Me passa o sal?”. Desde alguns anos atrás ele não parece se importar com algo além da igreja e da Jamie, não é como se eu fosse algum tipo de filho ciumento, mas eu sentia que algo estava faltando.

Meu pai sempre teve mais cuidado com a Jamie, ele sempre teve essa imagem da minha irmã, de menininha frágil que pode quebrar a qualquer momento, mas nos últimos tempos, ele passou a enxergar apenas ela. Eu podia ser o filho mais novo, mas ela ainda era a garotinha do papai.

Então veio ele, Jongdae, que chegou como um furacão na minha vida, e com a mesma força foi embora.

 Quando ele estava por perto, só nós dois já era suficiente, mesmo que ninguém soubesse sobre o vínculo que tínhamos, eu estava bem com tudo, me sentia especial, meu pai já não importava tanto.

Mas a maldita doença veio, e agora eu já não posso mais ver seu sorriso, nem ouvir sua bela voz, tanto tempo se passou, mas nada mudou, eu continuo vazio.

 Talvez a solução que tomei não fosse a melhor de todas, mas eu já tinha decidido, para que eu iria querer ficar aqui afinal? Queria poder fechar os olhos e acordar em outro mundo, um mundo diferente desse, em que eu não me sentiria sozinho mesmo que tivessem várias pessoas ao meu redor, porém eu só conseguiria isso se me permitisse pular.

Respirei fundo, abrindo os braços, sentindo a sensação de liberdade me consumir, faltava pouco. Finalmente algo que eu não teria a chance de me arrepender depois de feito, nada teria a perder.

Fechei os olhos e me deixei cair, rumo ao chão frio, no fim daqueles grandes onze andares. Como se estivesse em câmera lenta, eu podia imaginar que estava voando, enfim livre.

Mas isso foi passageiro, logo tive a sensação que meu corpo estava parado, eu não havia sentido nenhum baque ou dor, na verdade, parecia que eu ainda estava sentindo o vento. Será que finalmente estava morto?

Abri os olhos devagar, só podia ver o céu nublado, tentei me mexer e percebi, que eu estava literalmente parado, flutuando no ar.

Olhei para baixo e as coisas estavam estranhamente do mesmo jeito, não parecia que alguém podia me ver, eu com certeza estava morto, mas que tipo de lugar era aquele?

“Você com certeza não está morto” – Ouvi uma estranha voz bem próxima de mim, mas eu não conseguia ver nada.

— Quem está aí? – Perguntei, olhando para todos os ângulos, o que é complicado quando não se tem algo concreto para apoiar os pés, mas ainda não podia ver ninguém.

“Você não está morto, Minseok” – então a imagem de um homem apareceu na minha frente, fazendo com que eu me assustasse, ele era moreno, tinha os cabelos pretos e trazia um sorriso gentil.

— Você é deus? – Não me contive em perguntar.

Ele riu e balançou a cabeça como se eu estivesse dizendo um absurdo.

“Não, eu sou Kai”

Franzi o cenho sem entender.

— Certo, Kai, o que eu estou fazendo aqui? Não era para eu estar lá embaixo? Morto talvez?

Ele suspirou.

“Você faz muitas perguntas”

— E você não vai responder nenhuma?

“Que impaciente” – ele fez uma careta.

Cruzei os braços, esperando uma resposta.

“Você ainda está vivo, eu tive que parar você, porque precisamos conversar”

— Conversar? – ele assentiu – Sobre o quê?

“Eu sei porque pulou, achou que não tinha mais nada para fazer aqui, mas você tem, precisa ajudar alguém”

— Ajudar alguém? – ri com sarcasmo – Eu não consigo nem sequer me ajudar.

“Eu não estaria aqui, se não soubesse que você pode”

— Então é assim? Eu não posso nem sequer morrer? – o olhei indignado.

“Por enquanto não, mas me escute, Minseok, me deixe explicar”

Respirei fundo e deixei que ele continuasse.

“Este é Luhan” – Ao nosso lado surgiu a imagem de um rapaz loiro, ele estava deitado numa cama, lendo um livro. Olhando mais um pouco percebi que o conhecia, ele estudava comigo desde o jardim de infância, só que nunca conversamos mais que duas ou três frases, ele era quieto, e eu também não fazia questão de ter amizade com todos – “Ele está... doente, e eu preciso que você o ajude a ficar bem”

— Eu não sou médico, sabe? – falei sarcástico.

“Sei, mas você pode ajudar com isso, então tente”

— Por que eu iria querer fazer isso? Eu não quero mais ficar aqui, você não entende? – Já estava ficando com raiva.

Ele me olhou entristecido.

“Eu não queria ter que contar isso agora, mas você não está colaborando”

— Contar o que? – perguntei confuso.

“Sua irmã tem leucemia, Minseok, ela não vai resistir por muito tempo, como acha que seu pai se sentiria, perdendo os dois filhos de maneira tão cruel?”

Senti meus pulmões perderem o ar, de repente eu não me lembrava mais como é que se respirava.

Leucemia. Jongdae tinha leucemia, essa doença estava me perseguido?

 Eu nunca odiei minha irmã, depois que meu pai começou a se distanciar, automaticamente acabei me afastando de Jamie também, com a diferença de que ela ainda parecia se preocupar comigo, mas apesar de tudo eu nunca a culpei pelas ações dele, eu queria que ela vivesse.

“Sei que culpa seu pai por ter se afastado de você, mas o senhor Sullivan teve motivos para ter mais preocupações com a Jamie, está certo que foi errado da parte dele te deixar tão de lado, mas isso não significa que ele não se importa, tanto que preferiu não te contar sobre o estado de saúde da sua irmã, ele só não queria que você se preocupasse”

Kai me olhava com pena, quando senti as lágrimas voltarem a seu lugar costumeiro em meu rosto.

“Você tem quatro meses, é o prazo para que consiga salvar Luhan, caso contrário, o tempo retrocederá e você irá retornar para esse mesmo lugar e cairá para a morte”.

Eu ouvi a sentença, mas simplesmente não conseguia pensar em nada.

Logo, senti novamente a ventania de quando estava caindo, mas agora meu corpo subia, então de repente, me vi no alto do prédio novamente, observando a cidade lá do alto.

[...]

Fechei a porta silenciosamente, o relógio da sala marcava sete da noite, o caminho de volta foi longo, cheio de dúvidas e pensamentos, se o que tinha presenciado realmente acontecera ou se fora uma alucinação causada pelo medo da altura, mas algo me dizia que tudo foi bem real.

Passei pela cozinha, vendo meu pai de costas preparando o jantar, provavelmente não me ouvira chegar, subi as escadas lentamente, ainda atordoado com os acontecimentos.

Parei em frente ao quarto de Jamie, a porta estava fechada, mas eu podia ouvir a doce melodia de sua voz, então resolvi ao menos ver como ela estava.

Bati três vezes na porta, sendo recebido com um sorriso alegre.

— Chegou só agora, Min? – perguntou, vendo que eu ainda estava vestido como fui para o colégio.

Assenti, coçando a nuca.

— É que eu fui fazer um trabalho com uns amigos, mas o que você está fazendo?

Ela sorriu animada.

— Venha ver – disse enquanto me puxava para dentro – Dê uma olhada – Me entregou alguns papéis na mão.

Sentei na cadeira, em frente a penteadeira para lê-los. Era o roteiro de um musical da escola, já era de se esperar que ela fosse participar.

— Você vai cantar? – perguntei, já prevendo a resposta.

— É claro, ouça.

Com um papel em mãos ela começou a entoar a melodia.

— “So I lay my head back down

And I lift my hands and pray to be only yours

I pray to be only yours

I know now you're my only hope”

Suspirei quando ela terminou de cantar.

— Jamie, como você está? – disse com a esperança que ela ao menos me contasse a verdade.

Ela me olhou curiosa, como se quisesse saber o porquê de ter perguntado isso tão repentinamente.

— Estou bem, mas e você? Me lembrei que hoje fez um ano que aquele seu amigo foi para junto de Deus, eu rezei por sua alma. – O que eu menos queria lembrar naquele momento era a morte de Jongdae.

Assenti e me levantei rapidamente.

— Eu vou tomar um banho, continue ensaiando, você está indo bem – disse conforme saia de seu quarto, fechando a porta atrás de mim, ainda a ouvi me chamar depois disso, apenas ignorei, pois, queria ficar sozinho.

Deitei em minha cama e passei a observar o céu estralado pela janela, ouvi meu pai dizer que o jantar estava pronto, mas eu não pretendia descer, fome era a última coisa que eu sentia.

Minha mente voou direto para a imagem de Luhan que havia visto, ele parecia tão bem, que doença seria essa? E por que um ser misterioso teria me tirado da morte só para salvá-lo?

Parecia loucura, se eu contasse ninguém acreditaria, então por que eu estava cogitando realmente ajudar aquele garoto? A verdade é que talvez eu estivesse vendo as coisas por outro lado, o qual eu pensava que iria querer que alguém tentasse salvar Jongdae se pudesse.

 

[...]

 

— Onde esteve ontem à tarde? – ouvi Yifan perguntar, quando chegou ao meu lado, sendo seguido por Tao – Você sumiu, e tivemos que terminar o trabalho de física sozinhos, mas como somos legais colocamos seu nome.

— Obrigado – sorri, notando que me olhavam como se ainda esperassem a resposta da pergunta – Eu fui para casa, estava cansado, queria dormir.

Eles não pareceram muito convictos, porém continuamos a andar pelos corredores.

Enquanto iniciavam uma conversa estranha sobre filmes de terror, passei a vasculhar os corredores com os olhos, procurando Luhan, havia decidido que não faria mal se eu ao menos conversasse com ele.

O encontrei saindo da biblioteca, com um monte de papéis nas mãos, ele andava distraído olhando para frente, até que o vento que vinha de uma das janelas ficou mais forte, fazendo com que seus papéis voassem pelo corredor.

— Min? Você está ouvindo? – Tao perguntou, vendo que eu não respondia nada.

— Eu já volto – falei sem prestar atenção no que falavam e corri até onde o garoto estava, recolhendo os papeis com uma expressão envergonhada.

Me abaixei e o ajudei a pegar os que ainda estavam no chão.

— Obrigado – ele disse tão baixo que quase não escutei.

— Não há de quê – falei observando sua face vermelha – Onde vai com tantos papéis assim? – perguntei realmente curioso.

— Ah, a senhora da biblioteca pediu que eu os colocasse no quadro de avisos, porque ela estava muito ocupada – ele disse olhando para o chão, o que fez sua franja loira cair sobre os olhos.

— Eu te ajudo, então – falei, e ele finalmente ergueu o olhar para mim.

— O quê? Não precisa, é simples, e os seus amigos... – Olhou atrás de mim e não disse mais nada, me virei e notei que Yifan e Tao já não estavam mais ali.

— Acho que eles já foram para a sala, mas ainda tem tempo, eu te ajudo –disse pegando alguns dos papéis de suas mãos.

Caminhamos até o quadro de avisos, não ficava muito distante, mas mesmo assim ele ainda parecia um tanto desconfortável com a minha presença.

Enquanto Luhan tirava os papéis velhos do painel, eu ia colocando os novos, até que ele me interrompeu quando fui colocar um meio amarelado.

— Não coloque esse, por favor.

— Por que não? – perguntei olhando o conteúdo do papel, era uma ficha de inscrição para participar da equipe de som do musical do colégio, aquele que Jamie estava participando.

— Porque eu vou ficar responsável pelo som, e prefiro fazer isso sozinho – disse quando ainda tirava os papeis que permaneciam grudados no quadro, sempre num tom baixo.

— Mas não é muito trabalho para uma pessoa só?

Eu sabia que era apenas uma peça de escola, mas mesmo assim parecia muita coisa para se fazer sem ajuda, principalmente alguém como ele que parecia tão frágil, e possivelmente doente.

— Eu já fiz isso outras vezes, não é tão complicado.

— Não gosta das pessoas?

Ele me olhou sem saber ao certo o que responder.

— Não é isso, é que... acho que elas não gostam de mim – sorriu tristemente.

Em silêncio terminamos de colocar os avisos, por que alguém não gostaria dele? Eu nunca o vi fazer algo ruim.

 Logo em seguida o sinal bateu.

— Vamos, é aula de história agora, e deve saber como o professor gosta de chegar sempre antes de nós na sala – alertei-o, e caminhamos até a sala de aula.

No intervalo, me sentei na mesa perto da janela, como de costume.

— Resolveu aderir os costumes da sua irmã e praticar boas ações? – Tao riu ao meu lado.

— Eu não tenho culpa que vocês são cruéis – ri de sua expressão ofendida.

Um pouco a frente, Luhan passou com sua bandeja, ainda podia ver um pedaço do papel amarelado amassado em seu bolso, ele se sentou numa mesa distante, sozinho.

Olhei para os dois, que aparentemente marcavam de ir à lanchonete depois da aula.

— Você vem? – Yifan perguntou, mordendo um pedaço de sua maçã.

— Não estou no clima – respondi beliscando a comida.

Realmente, eu ainda precisava organizar os pensamentos, e entender o que de fato eu estava pretendendo fazer, decidir se cumpriria a sentença de uma provável alucinação, ou ignorava tudo, lembrando que isso poderia me custar a vida, o que poderia ser bom se eu considerasse que era isso o que estava tentando fazer no dia anterior, mas eu já não sabia mais se queria tanto assim morrer. Talvez aquilo tenha sido uma espécie de recaída.

— Quando começa a preparação para o musical?

Tao me olhou com uma expressão enraivecida.

— Não quer ir na lanchonete com a gente, mas quer participar do musical da escola? – falou indignado.

Revirei os olhos sem paciência.

— Eu não disse que participaria, só perguntei.

— Semana que vem – Yifan respondeu indiferente, enquanto devorava seu sanduíche.

Suspirei, talvez eu precisasse parar de pensar tanto e simplesmente agir.

Deixei que a semana corresse normalmente, sem que nenhuma novidade surgisse, nesse tempo passei a observar cada vez mais Luhan, percebi que ele gostava de passar parte do almoço na biblioteca, e estava sempre sozinho, não conversava com ninguém além dos professores.

A segunda-feira veio novamente, e com ela a sensação de que eu precisava falar com ele de novo.

Entrei sorrateiramente no teatro, os alunos que geralmente se envolviam nas peças – e alguns que estavam lá por castigo – andavam de um lado para o outro, fazendo suas tarefas.

Vasculhei o lugar com os olhos, procurando pelo loiro, mas não conseguia acha-lo nem sequer nos bastidores, já estava quase desistindo quando a professora de artes cênicas, surgiu atrás de mim.

— Senhor Sullivan? A que devo a honra? Se veio procurar a sua irmã, já aviso que ela ainda não chegou – ela falou me assustando.

— Não, Srta. Garber, na verdade eu estou procurando o Luhan – falei sem jeito.

Sua expressão de repente ficou mais animada.

— O Luhan? Que maravilha! Luhan, venha aqui – gritou para o garoto que estava atrás de mim, a alguns metros de distância, ele estava lá o tempo todo?

O loiro se aproximou relutante.

— Algum problema, professora? – ele perguntou com a voz baixa como sempre.

— Não, nenhum, só estou feliz que finalmente tenha chamado um amigo para te ajudar com a sonoplastia, já estava cansada de ver você tentando se desdobrar para cuidar de tudo – a mulher ruiva disse sorrindo.

Ele fez uma expressão confusa.

— Mas eu não... – não o deixei terminar a frase.

— As coisas vão ficar mais fáceis, Srta. Garber, pode ter certeza.

Logo ela se afastou exalando felicidade, como sempre.

— Por que fez isso? – Luhan me questionou sem entender.

— Bem, eu só achei que deveria te ajudar – respondi com sinceridade – Mas se não quiser, eu vou embora, sem problemas.

— Não, eu quero que fique se puder, eu... – ele falou se embolando e corando de um jeito fofo.

Sorri, achando graça de sua timidez.

— Tudo bem, o que precisamos fazer?

Fomos até a parte superior do teatro – a qual eu nem sabia que existia – onde ficava todos os aparelhos de som.

— Você estava aqui esse tempo todo? – perguntei, observando o lugar.

Ele assentiu.

— Não tem muita coisa para fazer antes do dia da peça, só verificar as caixas de som, a Srta. Garber exagera – sorriu.

O olhei surpreso.

— Luhan, tem cerca de quarenta caixas espalhadas pelo teatro, e você realmente acha pouco?

Ele riu, sua risada era doce, assim como a sua personalidade, achei realmente encantador.

— Acho que eu já estou acostumado com isso – tirou a franja dos olhos.

Cada atitude dele parecia delicada, singela e frágil, de uma forma quase poética. Estávamos sentados nas cadeiras em frente à mesa de som, de lá dava para ver todo o teatro, desde a plateia até o palco.

— A quanto tempo ajuda na produção das peças?

— Acho que faz uns três anos, é bonito ver as pessoas atuando daqui de cima – olhou para baixo com um brilho nos olhos.

— Vamos indo, não tem mais nada para fazer aqui hoje, podemos começar amanhã.

Assenti pegando minhas coisas e o seguindo até a saída do teatro.

— Você já tem dupla para o trabalho de história? – perguntei, mesmo sabendo a resposta, já que desde que começamos a estudar juntos, o que faz muito tempo, vale ressaltar, eu nunca o vi fazer algum trabalho em dupla ou grupo.

Ele simplesmente negou com a cabeça. Naquele momento estávamos caminhando até a saída, haviam poucas pessoas na escola, já que aquele era apenas o horário de atividades extracurriculares e nem todos faziam.

— Eu também não, tudo bem se fizermos juntos?

— Tudo bem, sim – ele bocejou e esfregou os olhos, num claro sinal de cansaço.

— Então, até amanhã – comecei a andar pela calçada a caminho de casa, que era oposto à sua, quando o ouvi me chamar.

— Minseok! – Me virei para atrás vendo-o sorrir – Obrigado... por tudo.

Naquele momento eu passei a ter certeza que era impossível alguém não gostar de Luhan.

 

[...]

 

Me aproximei de minha rua a tempo de ver Jamie sair de um carro estranho, e entrar em casa sem notar minha presença, não me importei muito, eu tinha mais coisas com o que me preocupar.

Entrei em casa em silêncio como de costume, meu pai estava no sofá com a bíblia no colo, enquanto falava com minha irmã, sentada a sua frente, não prestei atenção no que eles falavam, simplesmente subi até meu quarto.

Fiquei alguns minutos deitado, olhando o teto e pensando, fazia uma semana que eu tinha falado com aquela estranha pessoa que dizia se chamar Kai, se eu olhasse pelos olhos do meu pai, ou de qualquer um dos fiéis assíduos da igreja da cidade, diria que era um anjo, mas eu não tinha esse tipo de convicção.

Ainda podia ouvir a voz dele revelando minha estranha sentença.

“Você tem quatro meses, é o prazo para que consiga salvar Luhan”

Bem, agora eu tinha três meses e três semanas.

Me aproximei do calendário pendurado atrás da porta, risquei a semana que passara e circulei a data final, mesmo que ainda não acreditasse completamente, eu queria ajudar Luhan, havia gostado do seu jeito tímido, que parecia estar sempre querendo passar despercebido.

De repente ouvi três batidas na porta, a abri deixando que minha irmã entrasse, sorridente como de costume.

— Algum problema? – perguntei estranhando, ela não tinha o costume de vir no meu quarto sem que fosse para relatar um problema.

Jamie balançou a cabeça negando.

— A Srta. Garber me disse que você está ajudando o garoto que cuida da sonoplastia do teatro, legal da sua parte – ela sorriu.

— Obrigado – sorri, sentando em minha cama – Mas você não veio aqui só para me dizer isso, não é?

Ela fez uma expressão engraçada, como de quem havia sido pego no flagra.

— Gosta dele? – Foi realmente direta.

— O quê? – perguntei sentindo meu rosto queimar – De onde tirou isso?

Ela revirou os olhos, sem nunca tirar a expressão calma do rosto.

— Minseok, eu te conheço, mesmo que ache que eu não sei o que acontece com você, eu sei sim, ou pelo menos tento saber e te entender. Sei que o Jongdae não era só seu amigo, e que tudo o que aconteceu ainda dói – Meus olhos começaram a lacrimejar, eu sempre achei que Jamie fosse alheia a tudo – Mas, agora você está diferente, parece mais determinado a fazer algo, que eu não sei o que é, mas tenho a impressão de que aquele garoto está envolvido.

— Por que acha isso? – perguntei com a voz rouca pelas lágrimas que queriam descer.

Ela se sentou ao meu lado.

— Você detesta atividades extracurriculares – Foi o suficiente para eu entender que Jamie me conhecia mais do que eu imaginava – Não participaria de uma sem que tivesse um bom motivo – sorriu bagunçando meus cabelos.

Fiquei um tempo em silêncio, eu não sabia como responder, tinha passado muito pouco tempo com Luhan para gostar dele dessa maneira, mas eu não podia negar que o loiro me encantava.

Jamie suspirou.

— De qualquer maneira, você precisa aproveitar o agora, não que o passado não tenha sido importante, mas se continuar preso a ele, não vai viver.

Passei a mão nos olhos, tirando os vestígios de água que ainda estavam ali.

— Eu... – ela não me deixou responder.

— Não diga nada agora, só pense, Deus vai te dizer o que fazer – ela se levantou – Eu tenho que ir agora, prometi ajudar Landon com as falas.

Franzi o cenho.

— Landon... Carter? – ela assentiu – Desde quando ele participa de teatros?

— Desde que foi obrigado a isso – riu – Até mais tarde.

 

[...]

 

Era fim de tarde quando estava jogando conversa fora com Tao e Yifan, até me lembrar que tinha combinado de ir fazer o trabalho com Luhan.

— Eu preciso ir, tenho que fazer o trabalho de história – falei, me levantando do banco da lanchonete.

— Vai fazer com quem? – Yifan perguntou.

— Luhan – respondi naturalmente

— Aquele quietinho do fundo da sala? – Tao falou enchendo a boca com refrigerante – Achei que ele gostasse de fazer essas coisas sozinho.

— É, eu tenho que ir, vejo vocês mais tarde – Por mais que quisesse contar, Yifan e Tao não entenderiam o drama que eu estava vivendo, me sentia mal por esconder isso, mas uma hora talvez as coisas se acertassem.

Caminhei até o colégio, onde combinei que o encontraria, já que eu não sabia onde ele morava.

— Estou aqui – falei quando me aproximei do loiro, sentado na pequena escada da entrada da escola.

Ele me olhou e sorriu.

— Então vamos – falou se levantando.

Começamos a caminhar em silêncio, olhei para o garoto ao meu lado e ele caminhava com o rosto um pouco erguido, sentindo o sol, sua expressão estava tranquila, ainda não conseguia entender que doença teria aquela pessoa que parecia tão saudável.

— Chegamos – ele parou em frente a um grande prédio que eu conhecia bem.

Eu simplesmente perdi a fala, era o orfanato da cidade.

— Você... nunca disse que era órfão – falei surpreso.

— É porque você nunca perguntou – ele riu me puxando para dentro.

É incrível como você pode conviver com uma pessoa a anos e mesmo assim não saber nada sobre ela.

Haviam várias crianças de diferentes idades brincando na grande sala, algumas faziam desenhos no papel, e outras assistiam televisão.

— Lu, olha o desenho que eu fiz – Uma garotinha que parecia ter cinco anos veio até nós com um papel rabiscado em mãos.

— É muito bonito, Annie – ele disse para a garotinha que saiu toda feliz, correndo até os outros.

— Vem, Min, vamos subir. – Luhan chamou, usando meu apelido, ficando envergonhado quando percebeu o que disse – Desculpa, eu...

— Ei, não tem problema – disse rindo – A minha irmã me chama assim também.

Subimos até seu quarto. Não era bem o que eu imaginava para um quarto de orfanato, era simples, mas aconchegante e incrivelmente colorido pelos milhares de post its que estavam colados nas paredes.

Havia apenas uma cama de solteiro, um pequeno armário e uma escrivaninha simples, as paredes eram todas brancas, o que causava destaque aos papéis coloridos colados nelas.

— Achei que os quartos eram compartilhados – falei observando o lugar.

— E são, mas como eu sou o mais velho, a diretora do orfanato me deu um quarto separado das crianças.

— Desde quando você mora aqui? – perguntei curioso.

— Desde que eu tinha 5 anos, meus pais me deixaram aqui um dia, e nunca mais voltaram. Eles disseram que era apenas um passeio, que seria divertido e que haveriam muitas crianças, mas eu nunca mais os vi – ele riu, porém, havia em seus olhos uma sombra que não se encaixava em uma pessoa como Luhan.

— Tudo bem, então, vamos começar?

 

[...]

 

— Eu odeio isso – resmunguei largando a caneta e ouvindo Luhan rir da minha impaciência.

— Já estamos acabando – ele disse enquanto ainda escrevia.

Passei os olhos pelas paredes, olhando a letra descuidada dentro dos papéis coloridos.

— É legal aqui – falei ainda olhando os milhares de post its espalhados pelas paredes – Por que cola tantos?

— É um jeito de eu me lembrar das coisas boas que vivo no dia a dia – falou sem tirar os olhos do papel em que escrevia sobre a revolução francesa.

Sorri involuntariamente ao ler alguns.

“Hoje, a professora elogiou o meu texto”

“Hoje, tomei sorvete com as crianças”

Meus olhos foram para alguns com a letra ainda mais desleixada.

“Hoje, um casal veio me ver, talvez eu seja adotado”

Meu coração se apertou ao ler aquele, só pude voltar a me sentir melhor ao ver um que parecia mais recente, colado em frente a cabeceira de sua cama.

“Hoje, Minseok me ajudou a colar os papeis no quadro de avisos”

— Há quanto tempo faz isso?

— Acho que desde que cheguei, a Sra. Adams, diretora daqui, viu que eu andava muito triste, então sugeriu que eu fizesse isso.

— E agora você é feliz?

O loiro parou de escrever por um instante, sua expressão mudou.

— Eu não sei, na maioria das vezes penso que não.

Respirei fundo, para soltar a pergunta que vinha segurando.

— Luhan, você está doente?

Ele me olhou com os olhos lacrimejantes.

— Talvez eu deva ter alguma doença mesmo, para ser assim.

— Assim como? – perguntei me aproximando, ele fungou enquanto limpava as lágrimas que tentavam cair – Você pode me contar se quiser.

— Por que? – ele disse deixando que o choro saísse e se levantando da cadeira – Por que você é tão diferente das outras pessoas? Por que se aproximou de mim? Eu sou tão lamentável que nem meus próprios pais me quiseram, muito menos qualquer outra família, eu nunca tive amigos, ninguém nunca se importou, então por que está aqui? Se tornando tão próximo, de repente, de uma pessoa horrível?

Ele se pôs a chorar de forma tão desesperadora, que eu não sabia ao certo o que fazer.

Luhan começou a andar até a porta, então eu finalmente reagi, indo até ele e o abraçando pelas costas.

 — Não há nada em você que possa ser lamentável, você é perfeito do jeito que é, e se eu estou aqui agora, é porque sei que é na verdade uma pessoa admirável.

Aos poucos ele voltou a se acalmar.

— Me desculpe – sussurrou com a voz embargada.

— Não tem que se desculpar – disse soltando lentamente meus braços de sua cintura – Às vezes nós só precisamos desabafar.

Logo Luhan se virou, mostrando o rosto inchado e cheio de lágrimas, com cuidado e medo de ele se afastar, limpei sua bochecha com os dedos.

— Eu vou buscar água – falei depois que se sentou na cama.

Após passar um tempo perdido pelos corredores do orfanato, e ser guiado por um garotinho, consegui achar a cozinha.

— Você parece se importar bastante com ele – dei um pulo de susto ao ouvir uma voz feminina ao meu lado.

— Perdão? – perguntei confuso, notando a senhora morena que mantinha um olhar curioso sobre mim, eu tinha alguma lembrança de já ter visto seu rosto algumas vezes, provavelmente na igreja, na época em que eu ainda a frequentava.

— Ouvi você e Luhan conversando, desculpe a intromissão, mas não pude evitar, ele nunca trouxe algum amigo aqui, embora eu já tenha dito que podia – ela se sentou numa das cadeiras envolta da grande mesa, e apontou para a da frente, pedindo que eu me sentasse também.

— Eu entendo – falei vendo sua expressão se tornar menos tensa – Você deve ser a Sra. Adams.

Ela suspirou assentindo e colocou os cabelos atrás da orelha, como se estivesse se preparando para dizer algo importante.

— Eu vou te dizer isso, não porque sei quem você é, mas sim pelo fato de que você está aqui com ele, mesmo que seja por causa de um trabalho, deve saber para não dizer coisas erradas.

Me endireitei na cadeira, sentindo a curiosidade fazer com que ficasse mais atento a suas palavras.

— Do que a senhora está falando?

— Talvez ele não vá gostar de saber que contei isso para alguém, então por favor não comente nada – confirmei com cabeça, para que ela continuasse – Quando Luhan foi deixado aqui, ele passou muito tempo achando que os pais voltariam para buscá-lo, então eu tive que dizer que isso não aconteceria. A partir desse momento, ele passou a achar que ninguém o queria, que tinha sido abandonado, que era inferior a todos, passou a ficar quieto, sempre isolado. Tudo piorou quando todas as crianças que estavam aqui, na mesma época em que chegou, foram adotadas, menos ele – conforme ela ia falando muita coisa se esclarecia na minha mente – E apesar de tudo isso, ele ainda tenta ser um garoto sorridente e amável sempre que pode.

— E é por isso que ele é assim até hoje? – comecei a me sentir mal pelo loiro.

— Sim, é como uma espécie de complexo de inferioridade, segundo os psicólogos, isso o torna sensível, qualquer coisa pode machucá-lo, então por favor, tome cuidado com o que diz.

Então eu finalmente entendi, Luhan não tinha uma doença causada por um algum vírus, bactéria ou a que mais vinha me perseguindo, o câncer. Ele tinha um problema psicológico, porém ainda assim, eu não podia compreender como exatamente eu o ajudaria.

 

[...]

 

— Se sente melhor agora? – perguntei, vendo-o tomar a água que havia levado, quando terminei de conversar com a Sra. Adams.

— Sim – ele olhou para baixo, provavelmente se sentindo envergonhado ainda. – Min, me desculpe.

Rolei os olhos, sorrindo para tentar deixar o clima mais leve.

— Eu já falei que não precisa se desculpar - Caminhei até seu lado, e me sentei em sua cama – Acho que preciso te contar algo.

Luhan me olhou com uma expressão interrogativa.

— Me contar o quê?

No caminho para voltar ao quarto, comecei a pensar que talvez se eu mostrasse que confiava nele, ele poderia confiar em mim também, para que pudéssemos nos tornar mais próximos, quem sabe assim eu poderia achar um jeito de ajuda-lo melhor?

Além de que, aquele assunto que pretendia revelar já estava me sufocando, eu precisava contar a alguém, mesmo que tivesse que omitir algumas partes.

— Há pouco tempo atrás eu decidi me jogar de um prédio – Resolvi ser direto.

Luhan arregalou os olhos.

— O quê? Como assim?

— Aconteceram algumas coisas muito ruins comigo, e eu decidi botar um fim em tudo, mas alguma coisa não deixou que eu fizesse isso, e agora eu estou aqui.

— Minseok, eu não sei o que dizer, por que está me contando isso? – falou com a expressão ainda surpresa.

— Eu não sei, só achei que deveria contar mais algo sobre mim, já que me mostrou tanto de você hoje.

E então ele sorriu novamente, o que me fez sentir que tinha cumprido o objetivo.

— E o que mais pode me contar? – disse encostando as costas na parede, imitei seu gesto.

— Bem... eu não tenho uma conversa decente com o meu pai a cerca de dois anos, eu gostava de desenhar, mas agora eu raramente tenho vontade, pois na maioria das vezes me sinto triste demais para isso.

De certa forma, era realmente bom desabafar dessa maneira. Luhan me olhou virando a cabeça para o lado, como um gatinho fofo.

— Quando se sentir muito mal, tente pensar no que te deixa feliz, eu costumo fazer isso, mesmo que não exista muitas coisas.

— E o que são essas coisas?

Ele riu olhando para o nada, como se estivesse vendo os momentos de sua vida numa tela imaginária no ar.

— O café da manhã que a cozinheira faz todos os dias, ajudar as crianças com o dever de casa, ficar lendo na biblioteca da escola, ao lado da grande janela, onde posso ver as pessoas indo e vindo, e agora ter alguém para contar tudo isso.

Baguncei seus cabelos, pensando no quão simples e ao mesmo tempo preciosas tinham sido aquelas palavras.

 

9 de outubro

E novamente eu não conseguia dormir, mas já estava acostumado. Infelizmente isso não queria dizer que não me incomodava, eu me sentia como se tivesse passado por um moedor de carne, aquela angústia nunca me abandonava, era como uma sombra que me perseguia dia e noite, e as vezes ela conseguia me pegar.

Faziam algumas semanas que eu vinha tendo pesadelos toda vez que eu pegava no sono, nos quais eu visitava Jongdae no hospital, ele estava cheio de tubos, e então o cenário se transformava em um cemitério, mas quem estava no caixão era Jamie e meu pai chorava ao lado, inconsolável, eu tentava me aproximar, mas ele não me via, parecia que eu era invisível para ele, talvez da maneira como eu já era na vida real.

  E eu tinha medo desses sonhos horríveis, pois sempre acordava suando e com lágrimas no rosto, tendo a sensação de que meu sofrimento só aumentava a cada noite, como se aquela ferida nunca fosse curar. Era um grito de socorro que ficava entalado na minha garganta, e da última vez que senti isso, eu saltei de um prédio, talvez se o fizesse novamente não teria a mesma sorte.

Às vezes eu relacionava os pesadelos com aquele fatídico dia da conversa com Kai, o prazo estava se esgotando, mas eu não podia fazer muita coisa, era fato que havia me aproximado muito de Luhan nesses meses, mas ainda não era tudo.

Eu precisava aliviar esse sentimento, então resolvi sair para caminhar.

O céu da madrugada era escuro, sem a presença de estrelas, parecia que até elas se escondiam de mim.

Não percebi quando comecei a correr, só sei que me ajudou. Sentir o vento me fazia respirar tranquilamente, só queria desaparecer para sempre.

Parei quando já estava bem longe de casa, me sentei num meio fio qualquer e olhei para frente. Lá estava o prédio que pulara a cerca de dois meses atrás, novamente uma sensação ruim me tomou.

“Quando se sentir muito mal, tente pensar no que te deixa feliz, eu costumo fazer isso, mesmo que não exista muitas coisas”

Lembrei da frase que Luhan dissera um tempo atrás e fechei os olhos. O que me deixa feliz? Eu tentava pensar em várias coisas, mas só uma franja loira e um sorriso tímido me vinham a cabeça, então eu soube que a situação já estava fugindo do meu controle.

 

[...]

 

— Pai, o festival de outono já está chegando, o que acha de irmos? – Eu estava na cozinha quando ouvi Jamie falar.

— Não sei se é uma boa ideia ir para um lugar tão cheio, você sabe - Meu pai disse num tom mais baixo, quase um sussurro, tive que me esforçar para entender.

Parei de prestar atenção na conversa, era sempre assim, como eu nunca relacionei isso com algum problema maior que favoritismo?

Quando eu passei pela sala para subir até meu quarto, meu pai me chamou.

— Minseok, nós vamos ao festival de outono depois de amanhã, virá conosco? – Aquilo me surpreendeu, ele não costumava me chamar para esse tipo de coisa.

— Bem, acho que sim – pensei um pouco e tive uma ideia – Tudo bem se eu levar um amigo?

Ele pensou por alguns segundos e concordou com a cabeça, sorri involuntariamente, vendo Jamie rir da minha expressão de felicidade e continuei meu caminho até o quarto.

No dia seguinte, comecei a testar as caixas de som do teatro, junto com Luhan, estava na décima quando me sentei no chão, e fechei os olhos, estava exausto.

— Hey, posso saber por que parou? – disse cutucando a minha bochecha.

O olhei tentando fazer uma expressão brava, mas claramente falhei, pois ele começou a rir. Passei a observar sua expressão feliz enquanto ria, parecia tão bem, meu coração batia descompassado quando começava a reparar dessa maneira nele, coisa que vinha acontecendo com mais frequência.

No fundo eu sabia o que era essa sensação, mas ao mesmo tempo não entendia, pois na minha cabeça, seria impossível substituir Jongdae de qualquer forma que fosse, mas aparentemente meu coração não pensava assim.

— Estou cansado – resmunguei, voltando a fechar os olhos.

Ouvi passos leves dando a volta em meu corpo, parando atrás de mim, logo senti duas mãos delicadas pousarem em meus ombros e passarem a apertar o lugar.

— Como se sente agora? – perguntou depois de um tempo.

— Melhor, bem melhor – realmente aquilo me fez relaxar um pouco – Vai fazer alguma coisa amanhã? – disse quando o loiro saiu de trás de mim.

Ele negou com a cabeça, se sentando ao meu lado.

— Minha família irá no festival de outono, quer vir conosco?

— O festival mais entediante do ano, segundo a escola toda? Como poderia perder? – falou em tom divertido.

— Aparentemente, a minha irmã não acha tão entediante assim, vai entender – disse enquanto nos levantávamos, para continuar o trabalho.

 

[...]

 

 

Era por volta das sete e meia da noite quando entramos no parque da cidade, não aqueles parques com roda gigante e montanha russa, mas sim aqueles simples, cheio de árvores e bancos para passar o tempo admirando o nada.

Ele estava todo enfeitado com as próprias folhas secas das árvores, além de outras decorações com cores semelhantes. As pessoas comiam algodão doce e cachorro quente, que eram vendidos em vários carrinhos espalhados pelo lugar, as crianças brincavam em balões pula-pula e piscinas de bolinha, num local mais distante uma banda tocava, não aquelas de rock com guitarras e tudo mais, e sim aquelas com trombones, tubas, flautas e violinos.

 Talvez esse fosse o motivo pelo qual a maioria dos adolescentes não tivesse o costume de frequentar o festival, afinal, tirando a comida era tudo bem chato e nunca mudava, tanto que eu parei de ir quando deixei de ter idade para brincar no pula-pula.

Até onde eu sei, o festival de outono nunca teve motivos para acontecer, aquela não era uma cidade que ficava mais produtiva no outono, ou em qualquer outra estação do ano, simplesmente decidiram fazer, e agora levam isso como uma espécie de tradição anual.

Procurei Luhan com os olhos, ele dissera que me encontraria lá, sai sorrateiramente de perto de meu pai e Jamie, que mantinham uma conversa animada com alguns vizinhos e comecei a andar pelo lugar tentando encontra-lo.

— Adivinhe quem é? – Uma única mão tampou meus olhos, fazendo com que eu ainda conseguisse ver partes de uma pele branquinha.

— O diretor do colégio? Não, deve ser o dono da confeitaria, para ter a mão cheirando doce assim.

O ouvi gargalhar, enquanto tirava a mão da minha frente, me virei e Luhan ainda ria, com um algodão doce azul na mão.

— Você demorou – afirmou depois de nos sentarmos num banco ali perto.

— Nos atrasamos um pouco – disse pegando um pedaço da nuvem açucarada.

— Não é tão ruim quanto dizem – comentou observando as crianças correrem pelo gramado.

— Você nuca veio? – perguntei surpreso.

Ele negou com a cabeça.

— Nunca tive alguém para vir comigo.

Chegava a ser quase cômico, eu reclamava que não tinha um pai atencioso, mas Luhan nem sequer tinha pai, e ainda assim não chegara ao ponto que cheguei.

— Então agora tem – disse pegando mais uma parte do doce que estava acabando – Quem sabe se ficarmos aqui até mais tarde não conseguimos brincar no balão pula-pula, antes que desmontem.

— Quantos anos você tem? Seis? – perguntou rindo.

Antes que pudesse responder, notei que Jamie se aproximava de nós, junto de Landon Carter. Que eles atuariam juntos na peça, eu sabia, mas estava por fora desta estranha amizade.

— Min, papai está chamando – falou depois de todos se cumprimentarem – Ele está falando com o prefeito.

Me levantei sendo seguido por Luhan, que era questionado pela minha irmã sobre como iam as coisas no orfanato. Não me surpreendi por ela saber onde o loiro vivia, afinal Jamie tinha o costume de ir ver as crianças sempre que podia.

Chegamos perto de onde os dois homens conversavam, o prefeito da cidade era uma pessoa sem graça como qualquer outra, que sempre aparecia em ocasiões como essa, e passava horas conversando com os moradores.

— Realmente faz muito tempo que não via seu filho, Reverendo, ele cresceu muito – tentei não revirar os olhos com aquele comentário do prefeito, e apenas sorri.

Para minha surpresa, meu pai não desviou o assunto, ou sequer notou a presença dos outros dois rapazes que estavam conosco.

— Ah sim, este é o meu garoto – “meu garoto?”, pensei, aonde ele queria chegar? – É preciso ser um bom pai, de pulso firme para que as crianças nos deem orgulho – Colocou a mão no meu ombro, aquele discurso estava me dando nojo – Sabe, as pessoas de hoje em dia não observam bem os filhos, se fossem cuidadosos, assim como tenho sido, não teria tanto jovens delinquentes por aí – aquilo me estressou em níveis extremos.

Afastei seu braço com força.

— Quem você que é para falar dessa maneira de outras pessoas, sendo que nem sequer consegue ver a existência de mais de um filho na própria casa?

Segurei o pulso de Luhan, para sairmos rápido de perto daquele monte de hipocrisia, sem sequer olhar para atrás.

Eu nunca imaginei que o grande Reverendo Sullivan fosse capaz de mentir descaradamente dessa maneira, estava sentindo uma repulsa sem tamanho, de tão ridícula que havia sido aquela conversa.

O que ele queria? Que eu confirmasse e sorrisse, para que ele pudesse sair como o pai perfeito? Isso eu não poderia fazer nunca.

— Onde vamos? – O loiro perguntou, depois que já tínhamos saído do parque e passarmos a andar mais devagar.

— É surpresa – falei em tom baixo, sem ânimo para tentar descontrair.

Após isso ele não perguntou mais nada sobre o acontecimento no festival, agradeci por isso, eu realmente queria esquecer por um tempo.

No caminho, deixei que minha mão gelada escorregasse de seu pulso, para alcançar sua mão quente, ele não reclamou, muito menos se afastou, apenas me seguiu em silêncio.

Andamos em volta do grande parque, até chegar a antiga ferrovia, não muito longe dali, há muito tempo o lugar foi desativado, os trens agora passavam por outro lado, então eu adquiri o costume de ir até lá para pensar.

Nos sentamos nos trilhos, observando a noite estrelada.

— Eu queria ser como uma estrela cuja luz nunca se apaga, poderia olhar para as pessoas por mais tempo, poderia ver o mundo mudando e evoluindo. Mas é apenas um sonho, e logo eu acordo e preciso enfrentar a realidade – ele comentou olhando para o céu.

— A vida só é bonita se você estiver nela, que graça teria ser um mero espectador?

— Que engraçado, justo você, o garoto suicida me dando lição de moral sobre a vida – ele riu de um jeito fofo.

Fiquei envergonhado, é realmente muito fácil falar quando se trata de outra pessoa.

 Luhan só conseguia rir, mesmo sendo tão psicologicamente abalado, era tão cheio de vida que me deixava sem fôlego, me fazia ter vontade de viver e ficar para sempre olhando esse sorriso.

— Você parece estar mais feliz agora.

Ele voltou seus olhos castanhos para mim, suspirando em seguida.

— Eu me sinto feliz quando você está aqui, porque nunca fui bom o suficiente para ninguém, mas mesmo assim, você não se afastou – disse enquanto suas bochechas ganhavam um tom vermelho.

Tirei a franja de seus olhos, encantado com suas palavras.

— Se importa se eu testar algo? – perguntei vendo sua expressão tranquila.

— Não, o que é?

Sem responde-lo, aproximei meu rosto do seu, selando seus lábios com delicadeza.

Depois de alguns segundos, me afastei por poucos centímetros, apenas para poder ver seus olhos.

— Testou o que queria?

Não pude segurar a risada, fazendo-o rir comigo, de modo que nossas testas se encostavam levemente.

Isso até ouvirmos um pigarreio.

Virei o rosto encontrando Landon com uma expressão sem graça.

— Jamie pediu para avisar que está indo embora, e que o Sr. Sullivan quer falar com você, quando estiver em casa.

— Tudo bem, obrigado – disse vendo-o se afastar.

Ficamos um tempo em silêncio, encarando o chão, até Luhan se levantar.

— Acho que precisamos ir agora.

 

[...]

 

Fechei a porta com força, dessa vez, sem me importar se faria barulho ou não. A casa estava silenciosa e escura, exceto pela luz da cozinha.

Caminhei na direção das escadas, mas fui interrompido no meio do caminho.

— Minseok? – ouvi a voz dele – Venha até aqui.

Andei até a cozinha sem ânimo algum para conversar.

— O que foi? – perguntei vendo-o tomar um líquido estranho de uma xícara.

Ele se encostou na pia, de costas para a janela, e olhou para mim.

— Me desculpe, por estar tão distante da sua vida, acho que preciso lhe contar algo.

Suspirei impaciente.

— Então conte.

— A Jamie está doente, ela tem leucemia há dois anos, por isso tenho dado tanta atenção a ela, não te contamos para que não se preocupasse.

— Eu sei – falei, fazendo-o me olhar com surpresa.

— Como você...

— Eu sei de tudo isso, e você realmente acha que é um motivo para ignorar a minha existência?

— Não, meu filho, escute, eu sei que errei, mas de certa maneira, eu não sabia como agir quando descobri sobre a doença, foi tudo culpa minha.

— Sim, foi culpa sua, tudo culpa sua, por culpa sua eu quase me matei – falei já sentindo as lagrimas saírem de meus olhos.

— Do que está falando? – ele disse se aproximando, mas eu me afastei.

— Não importa, eu só tive que passar por muita coisa sozinho, por causa disso, não sei como uma pessoa que fala tanto sobre Deus pode agir dessa maneira.

— Minseok, você sempre foi mais forte, mais determinado e independente, eu achei que poderia viver bem sem que estivesse sempre em cima de você, eu sei que não foi certo, então se puder me perdoar, eu serei muito grato.

Esfreguei os olhos respirando fundo.

— Eu tenho que pensar, não posso simplesmente ignorar tudo.

Após isso, dei meia volta, indo em direção ao meu quarto.

 

9 de dezembro

O dia do teatro finalmente havia chegado.

Nas semanas que se passaram, meu pai começou a tentar ser mais presente, passou a perguntar como havia sido o meu dia e ir até o meu quarto para dizer “boa noite”. Não foi fácil me acostumar com isso, mas eu sabia que ele estava tentando.

Depois daquele dia, eu e Luhan nos tornamos ainda mais próximos, causando um certo ciúme por parte de Tao e Yifan, porém eu sentia que eles tinham noção do estava acontecendo.

Nos bastidores, a Srta. Garber ia de um lado para o outro com um vestido chamativo e os cabelos ruivos soltos, que voavam quando ela corria para resolver algum problema, mais nervosa que os próprios alunos, o que não deixava de ser engraçado, inclusive, fazia Luhan dar risadinhas adoráveis.

— Dez minutos! – ouvi alguém gritar próximo aos camarins.

Logo Luhan apareceu, me puxando pelo braço.

— Vem, está na hora de trabalhar.

Subimos até a sala de som, de lá era possível ver todas as pessoas sentadas conversando entre si, enquanto esperavam o espetáculo.

Em questão de minutos as luzes se abaixaram, e começamos a colocar em prática o que fizemos nesses meses.

Em dado momento, quando não precisávamos estar tão atentos no som, passei a observar o garoto ao meu lado, este assistia à peça com um brilho nos olhos, ele realmente gostava de ver as encenações.

Meu coração se acelerou ao ver que ele olhou para mim e sorriu, senti vontade de tocar sua pele macia e foi o que fiz, passando a mão em sua bochecha e vendo-o fechar os olhos.

 Estava tão absorto nele que quase não vi o momento em que Landon beijou a Jamie, tenho quase certeza que isso não estava no script, mas deixei para procurar saber sobre isso outra hora.

Quando tudo terminou, as luzes se acenderam e as palmas da plateia poderiam ser ouvidas da esquina.

Depois de sermos parabenizados pela Srta. Garber, e esta sair chorando de emoção para abraçar as outras pessoas da equipe, chamei Luhan para ir a um outro lugar.

— De novo essa coisa de surpresa? Achei que tinha superado – falou num tom divertido, enquanto o conduzia com nossas mãos entrelaçadas.

— Ei, não reclame, só vamos até o parque.

— E o que vamos fazer lá? – disse curioso.

— Você vai ver – sorri puxando-o para andarmos mais rápido.

O bom de viver em cidades pequenas, é que tudo é relativamente perto, portanto não demoramos a chegar no parque, que agora já estava livre dos enfeites do festival de outono, então conseguimos sentar em baixo de uma árvore, para respirar o ar puro do lugar.

— E então, por que estamos aqui?

— Estenda as mãos e feche os olhos – falei gentilmente.

— O que está aprontando? – perguntou desconfiado.

— Só faça isso – disse sorrindo e ele fez como pedi.

 Coloquei o objeto sobre a palma de suas mãos, era uma correntinha de prata com um pingente de estrela, sai cedo para compra-la, já que queria lhe dar um presente especial.

 — Por que você está me dando isso? – falou passando as mãos pelo pingente com admiração.

Olhei em seus olhos, fazendo com que me encarasse de volta.

 — Porque você é minha estrela Luhan, uma estrela cadente que caiu de repente na minha vida, mas a bagunça que você fez, só me trouxe felicidade, se eu pudesse voltar no tempo eu faria tudo igual e sofreria tudo de novo, só para estar aqui com você nesse momento, eu achei que era eu quem estava te salvando esse tempo todo, mas foi você quem me salvou, trouxe de volta um sentimento que achei que jamais sentiria novamente – respondi com toda minha sinceridade.

Luhan me olhava sorrindo, pela primeira vez não estava com os olhos marejados ou bochechas vermelhas, ele parecia... confortável.

— Tem pessoas que são especiais, só por existirem e você é uma delas, Min – disse enquanto passava os dedos no colar – Eu estou apaixonado por você.

Me inclinei até ele, beijando sua boca, dessa vez um beijo de verdade, com direito a sorrisos no meio dele.

 Eu finalmente havia entendido que Luhan não era um substituto para o Jongdae, e o sentimento que crescia em meu peito era puro. Quando você ama muito uma pessoa e depois a perde, parece que a ferida nunca vai fechar e que você nunca estará pronto para amar novamente.

Existem pessoas que fazem parte da sua vida temporariamente e isso não faz delas menos importantes, elas deixam sua marca e precisamos entender que nada é eterno.

Jongdae me amou e foi amado por mim, ele cumpriu seu papel nesta vida e descansou, o tempo passou e tenho certeza que onde ele estiver, ele estará feliz. Meu coração estava finalmente cicatrizado, estava pronto para amar novamente.

— Descobri uma coisa agora – Luhan falou quando nos separamos.

— O quê? – perguntei beijando sua bochecha.

— Que não existem mais coisas que me deixam feliz, agora eu sou feliz.

Sorri e o abracei, mas de repente senti como se algo tivesse me puxando para longe dele, me segurei com mais força em seu corpo.

— Lu, que dia é hoje? – perguntei temendo a resposta.

— Bem, é para ser nove de dezembro, mas já deve ter passado da meia noite, por quê?

Nove de dezembro, quatro meses. Olhei no relógio, ele marcava 00h30min.

— Não pode ser.

— O que não pode ser? – Luhan perguntou, entranhando minha expressão assustada.

Novamente senti algo me puxando, dessa vez mais forte, tanto que não consegui manter os braços em Luhan.

— Minseok! – ele gritou enquanto eu sentia meu corpo ser tomado por uma nuvem branca.

Fechei os olhos e comecei a tossir, quando os abri outra vez, eu estava novamente em frente a Kai, que sorria para mim, flutuávamos no ar ao lado do prédio, da mesma maneira que fizemos quatro meses atrás.

“Você conseguiu”

— Sério? – perguntei surpreso – Então por que eu estou aqui?

“Você conseguiu, mas só por eu ter lhe dado alguns minutos a mais, então a recompensa não pode ser completa”

— O que quer dizer com isso? Eu ainda vou morrer? – perguntei desesperado, eu não queria mais morrer, não agora que eu tinha Luhan.

“Não, mas eu não posso fazer você voltar para o tempo em que estava vivendo”

Não entendi uma palavra.

— Como assim? – falei confuso.

“Já vai entender, está pronto?”        

— Não, espera! – ele me encarou esperando pelo o que eu ia dizer – Por que isso aconteceu? Por que queria tanto que eu salvasse Luhan?

Ele suspirou exalando uma calmaria sem tamanho.

“Tudo o que posso dizer, é que Luhan teria o mesmo destino que você, se não o salvasse”

— Mas... – antes que conseguisse falar, senti meu corpo subir, olhei para baixo e Kai acenava para mim.

Logo me vi na beira do prédio novamente, devido a surpresa meu pé escorregou, e eu cairia para frente outra vez, se dois braços não me agarrassem e me puxassem para atrás.

— Luhan? – disse ao ver o rosto conhecido, me olhando assustado.

— Você está bem? Não vai mais fazer isso vai? – ele perguntou.

Sem conseguir me conter, o abracei.

— O que está fazendo? – perguntou surpreso, mas sem tirar meus braços de si, como sempre, doce.

Me afastei e o olhei, vendo estranheza em seus olhos.

— Luhan, que dia é hoje?

— Terça-feira.

Neguei com a cabeça.

— Não da semana, do mês – falei sentindo a respiração ficar ofegante.

— Dia nove de agosto.

Nove de agosto.

O tempo havia retrocedido, como Kai dissera no começo de tudo.

— Não se lembra de nada? – perguntei esperançoso.

— Me lembrar do que? Você não quer ir ao hospital?

Todas as lembranças não existiam mais na memória dele, eu não cumpri a sentença com precisão, mas mesmo assim sorri, eu ainda estava vivo, e tinha a chance de recomeçar, de criar novas memórias com ele.

— Não, eu quero ir a lanchonete, vem comigo?

Suas bochechas ficaram vermelhas, era ainda o velho Luhan, que eu faria questão de reconquistar, pois o nosso amor, é como o vento, não posso ver, mas posso sentir.

O amor não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade.

Está sempre pronto para perdoar, crer, esperar e suportar o que vier.

- Um Amor para Recordar.

 

 

 


Notas Finais


Recomendo muito a trilha sonora desse filme.
Byee


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