História Sentimento Puro - Capítulo Dois

[Sasuke]

Estava nevando muito e mal conseguia ver o resto do caminho em meio as árvores. Resolvi parar em uma caverna e tratei de procurar alguns gravetos secos pra fazer uma fogueira. Sugeitsu e Karin estavam comigo. Nós três decidimos retornar para Konoha a pedido do Hokage. Ninguém sabe ao certo o que ele quer conosco. 

Konoha...

Isso me trás tantas lembranças... E uma delas se destaca por isso.

Eu estava cego pelo ódio e deixei me levar pelas minhas emoções. Não dei atenção pro que realmente se importa comigo... Que sempre esteve ao meu lado independente do que eu fiz. Me pergunto se é tarde demais para voltar atrás. Me pergunto se tenho alguma chance. 

Deixei a vila com uma promessa, e estou certo que ainda vou cumpri-la.

- Ahh Sasuke.. Estou cansada demais. Por que não continuamos amanhã? - Karin falou deitando ao meu lado.

Mas como sempre, fiz tudo errado. E isso me atormenta todo o dia. Karin está comigo agora, e ela acha que possivelmente está grávida. Dormimos uma vez juntos, uma vez, e ela vem me dizer que está grávida. Não posso negar que tenho algum tipo de sentimento por ela, mas se esse filho for meu eu assumo qualquer responsabilidade. 

Sakura, será que você vai me perdoar? 

- Temos que chegar hoje se possível. Não podemos deixar pra amanhã. - Falei sem tirar os olhos da tempestade de neve com esses meus pensamentos. 

- Por favor, meus pés doem. Não posso fazer muito esforço. - Falou fazendo bico e grudando em meu braço. 

- Sugeitsu te carrega. - Falei e Karin fechou a cara.

- O que? Eu tenho que levar essa coisa na minha costa? A viagem toda? - Sugeitsu falou fazendo berro.

- Sim. Aliás, já é um grande favor pra mim. - Falei me afastando de Karin.

- O que você quer dizer com isso, Sasuke? - A mesma falou se exaltando. 

Revirei os olhos e me deitei para o outro lado. Sem dúvidas Karin consegue ser mais irritante do que a Sakura. Por que diabos eu estou tocando tanto no nome dessa garota? Ela insiste em ficar na minha cabeça toda a hora. 

- Vamos apenas descansar um pouco. Continuamos assim que a tempestade ficar um pouco fraca. - Falei fechando os olhos e caindo no sono em poucos minutos. 

[Sakura]

Cheguei atrasada demais no Hospital e acabei ficando boa parte do dia por lá. Ino tinha me ajudado em atender os pacientes doentes, essa "epidemia" de resfriado está atacando todos. Assim que deixei o Hospital fui para o meu laboratório particular tentar misturar ervas medicinais para encontrar o remédio certo. Eu estava exausta e era praticamente madrugada.  Meus olhos insistiam em fechar toda a hora e acabei dormindo na mesa mesmo. Acordei com Shizune me cutucando dizendo que estava me procurando por todo o Hospital, dizendo que temos uma paciente grávida de apenas alguns meses e com dores. 

Imediatamente corremos para lá e fui para a sala que a paciente estava. Peguei seu relatório e chequei seus dados. Uma paciente de dezenove anos e grávida de três meses. Antes que eu pudesse ler o seu nome dei duas batidas na porta e entrei seguida. 

- Licença, meu nome é Sakura e sou a médica que vai examinar o seu bebê. - Falei sem levantar o rosto e indo em direção a maquina de ultrassom.

- Sakura? - Eu conhecia essa voz em algum lugar. 

Ergui o rosto e dei de cara com Karin e... Sasuke do seu lado, segurando sua mão. 

- K-karin? - A olhei incrédula.

Eu estava em choque. Deixei a prancheta escapar de minhas mãos e cair no chão espalhando todos os papéis. Meu olhar foi em direção à Sasuke, eu estava estática, sem mover um músculo. Não podia acreditar no que estava vendo. Por que Karin está aqui? E ainda por cima junto com... ELE?

- Sakura? - Shizune me chamou tocando em minhas costas. - Você tem que dar uma olhada no bebê. 

Sasuke me olhava espantado também. Era como se ele estivesse mais surpreso em me ver. Seu olhar era puro pânico. 

- Sakura? - Shizune me chamou mais uma vez me fazendo olhá-la.

- Ah sim, o bebê. - Falei limpando o canto do meu olho assim que senti uma lágrima escorrendo. 

Fui até os dois e levantei a blusa de Karin um pouco, permitindo que sua barriga ficasse de fora. Passei um pouco de creme em sua barriga e comecei a examiná-la. Pude sentir o olhar de Sasuke sobre mim e isso me deixava cada vez mais nervosa.

- Karin, me disseram que você anda sentindo dores certo? E que chegou no hospital ainda com dor. Anda sentindo muito frequentemente? -Perguntei quebrando o silêncio enquanto olhava o bebê pela tela do computador. 

- Sim. Esse pequeno anda me dando muitos problemas. E parece que a cada dia as dores aumentam de intensidade. - Falou fazendo uma careta.

- E quem é o pai? - Perguntei engolindo o seco.

Eu sabia da resposta. Estava claro pra mim. Mas eu só apenas quero confirmar, e se for verdade, não sei... São tantas coisas, tantos problemas,  tantas complicações...

Karin apenas deu um sorriso e olhou pra Sasuke, apertando sua mão. 

Fechei os olhos e respirei fundo. Não podia chorar ali... Não ali.. Sakura se controle. 

- Acho que já sei a resposta. - Sorri tristemente e olhei para Sasuke. - Bom, tenho que dizer que vocês não estão se referindo à ele e sim à ela. - Falei retirando as luvas e desligando a máquina.

- Isso quer dizer que..- Karin falou sorrindo alegremente. 

- Sim, o filho que vocês vão ter é uma menina. Parabéns aos papais. - Bati palmas sentindo meu peito doer.

- Ahh, que maravilha Sasuke! - Karin o abraçou chorando em seu ombro.

Pude ver que Sasuke não estava nem alegre e nem triste. Sua feição era um nada. Ele não tinha reação qualquer. 

- Karin como você ainda é nova, tem que tomar alguns cuidados durante a gravidez. O esforço que você faz resulta em dores, e você tem riscos de até abortar o bebê. Estão recomendo que repouse bastante durante sua gestação. - Levantei indo em direção a porta. - Nos vemos por aí. 

[Sasuke]

M-menina? Vai ser uma menina? Não pude deixar de notar o rosto da Sakura assim que ela entrou na sala e nos encontrou. Meu coração doeu, e aposto que ela sentiu o mesmo. A reação dela mexeu muito comigo. 

Eu não posso ser o pai dessa criança. Não posso.

Raiva, era tudo o que eu sentia. Raiva. Paguei pelos meus erros uma vez, e agora está acontecendo tudo de novo. Ela está tão linda. Não me lembro qual foi a última vez em que tive um contato com a sua pele branca e delicada. Sakura... O que você fez comigo? O que eu fiz? 

- Sasuke estou tão feliz! - Karin falou dando pulinhos de alegria. - Nossa filha. Nossa!!

- Não. - Falei a cortando.

- Não? 

- Não é nossa filha. Essa coisa que está dentro de você não tem o meu sangue. - Falei apontando com todo o meu ódio. 

- Sasuke? Mas o que voc-

- ESSE FILHO NÃO É MEU!! -Gritei me levantando. - Não é meu. Karin você pode até enganar o mundo com essas tuas histórias, mas a mim não, a mim você não engana.

- Claro que é SUA filha Sasuke! De quem mais pode ser? - Perguntou irônica.

 - Sugeitsu. - Falei soltando o que estava dentro de mim.

- Sugeitsu?!? Oi? - Riu sem graça. - Claro que não. 

- É o que vamos ver. - Peguei minha capa e abri a porta.- Quando essa coisa nascer vamos fazer o teste de DNA, e essa sua máscara vai cair.

- Coisa? Onde você vai? - Perguntou se levantando da cama. 

- Procurar a Sakura e explicar tudo. 

Eu precisava falar com ela, precisava mais que tudo. Ela não pode me abandonar. Eu ainda preciso do seu amor.

[Sakura]

A cada passo que eu dava era uma eternidade até chegar em casa. Eu não senti nada ao meu redor. As pessoas passavam como borroes e eu só sentia a minha garganta doer e minha vista sendo atrapalhada pelas lágrimas. Deixei tudo com Shizune e vim correndo. Minha rrespiração estava acelerada e meus pés doíam. 

Soluços balançavam meu corpo fortemente e sentia minhas pernas tremerem por conta do frio.

- Sai da frente! - Bati em uma pessoa e continuei correndo.

Meu coração doía como nunca. Sasuke tinha me quebrado, dessa vez em trilhões de pedaços. Era a gota d'água. Não esperava que sua chegada fosse desse jeito, e ainda com tudo isso. Eu sonhava com ele voltando pra casa, sonhava acordada todos os dias, me dava um frio na barriga só de pensar em sua silhueta passando pelo portão de Konoha. Agora... Parabéns Sasuke, você finalmente conseguiu acabar comigo.

Eu ainda corria desesperadamente pelas ruas. Só conseguia ouvir a minha respiração. Minha perna falhou e eu cai no meio da neve toda. O que estava preso aos poucos estava saindo, e aos poucos eu chorava. Aos poucos meus gemidos iam aumentando e aos poucos eu sentia meu corpo todo ficar fraco por conta do choro. Até que eu gritei na esperança de tudo aquilo sair e me joguei no chão, ficando deitada. Não sei ao certo quanto tempo fiquei ali, mas foi tempo o suficiente para que eu chorasse até cair no sono, sem ninguém interromper.