História Sentimentos - Desculpa, Taehyung

Acordei na manhã seguinte, bem fora do horário que eu costumava ir pra escola, com certeza já não entraria mais. Desci as escadas e encontrei minha mãe assistindo TV.

-Filho… Não foi pra escola hoje, por quê? -Perguntou, levantando do sofá e indo em direção a cozinha, provavelmente para arrumar alguma coisa para eu comer.

Vi no relógio da cozinha que já se passavam das 10 horas da manhã, até que acordei cedo, pensei que dormiria até a tarde.

-Estou com uma forte dor de cabeça, achei melhor não ir do que ficar sofrendo lá. -Disse desinteressado, seguindo-a e logo sentando na mesa.

Minha mãe colocou ali tudo o que eu precisava para o meu café-da-manhã e até mesmo um comprimido que ví ser para dor de cabeça, passou por mim deixando um beijo no topo da minha cabeça e voltou para a sala. Tomei meu café sem nenhuma pressa, aproveitando todo aquele alimento.

Depois que terminei meu café, arrumei o que precisava e voltei ao meu quarto, dormiria por mais algumas horas para ver se o efeito do remédio agiria com mais rapidez.

Acordei com a minha mãe me chamando calmamente, sentada na beirada da minha cama.

-Filho, o Jimin está aí, disse que precisava falar com você.  -Disse baixo, afagando minhas madeixas loiras que no momento deveriam estar totalmente desgrenhadas, apontando para todos os lados.

-Eu não quero falar com ele, mande-o embora. -Respondi sonolento.

-Como assim? Ele veio até aqui pra falar com você e parece ser algo sério. Vamos, levante que eu já vou mandá-lo subir. -Disse minha mãe, já levantando da cama e saindo do quarto.

-Mãe, não! -Tentei impedi-la, sem nem ao menos sair da cama, somente chamando-a.

-Eu já disse. Levante e vá lavar esse rosto antes de falar com ele.

Fiz o que ela pediu que eu fizesse, levantei e fui em direção ao banheiro, vendo Jimin começando a subir as escadas assim que eu estava entrando no banheiro. Tentei demorar o máximo possível, não queria conversar com um traíra. Mas uma hora ou outra eu precisava sair daquele banheiro e encarar a realidade.

Fui calmamente até meu quarto, quase me arrastando pelo piso de madeiras do corredor, entrando e logo fechando a porta, vendo-o sentado na beirada da minha cama, encarando o lado de fora da janela que tinha logo ao lado da mesma.

-O que você veio fazer aqui? -Perguntei ríspido.

-Tae, me ouve, por favor. Eu posso explicar. -Ele começou, mas eu não queria ouvir as suas desculpas esfarrapadas.

-Não, Jimin. Você não precisa me explicar nada. -Disse, no mesmo tom -Se veio aqui só pra isso, já pode ir pra casa. -Disse já me dirigindo a porta, pronto para abrir e fazer um sinal para que ele deixasse meu quarto.

-Tae, desculpa, mas me ouve. -Jimin disse, andando rápido até a porta e me impedindo de abri-la, ficando logo na minha frente, me encarando -Eu sei que foi errado o que eu fiz, mas eu achei que seria o certo, mas me arrependi no mesmo dia. -Disse e bufou -Ele me perguntou se eu sabia de quem era aquele número e eu pensei que aquele seria o melhor momento pra eu te dar uma ajuda. Pensei que seria uma boa, mas depois que eu lembrei de tudo aquilo que aconteceu, eu me senti um completo lixo por ter feito isso, mas já estava feito, eu não poderia fazer mais nada -Ele continuava a dizer e eu só ouvia -Eu pensei estar fazendo o certo, mas percebi que não. Me desculpa, Tae, me desculpa mesmo. -Vi seus olhos se encherem de lágrimas assim que ele terminou sua frase.

Eu sabia que Jimin não era alguém ruim, que ele não tinha feito aquilo pra me prejudicar nem nada, mas sabe, ainda me doía lá no coração. Eu ainda não sabia como eu iria pra escola no dia seguinte, porque eu não poderia ficar faltando por semanas. Bufei alto e me afastei da porta, andando em círculos enquanto passava minha mão nervosamente pelo rosto, tentando acalmar todos os meus nervos.

-Olha Jimin, eu realmente fiquei muito decepcionado quando o Hoseok confirmou que foi você quem tinha dito. Eu realmente confiei esse segredo com você e era você a última pessoa que eu achei que faria uma coisa dessas. -Suspirei alto -Mas você é como um irmão pra mim, Jimin, e eu sei que você não fez por mal. Eu… te desculpo. -Disse e senti ele me abraçar forte.

-Desculpa mesmo. -Disse ainda me abraçando, nas pontas dos pés para ficar na minha altura, com um tom choroso.

-Tá tudo bem agora… -Disse quando nos afastamos -Mas quando você contou pra ele? Ontem? -Perguntei, me jogando na minha cama e vendo-o tirar sua mochila das costas e jogar próxima a minha escrivaninha.

-Já faz uns dois meses. -Jimin disse, sentando na minha cadeira de estudos.

-O quê? -Disse me sentando na cama.

-É, uns dois meses. Não sei por que ele só falou ontem. -Jimin disse, brincando com a minha cadeira.

-Não acredito que ele passou esse tempo todo brincando comigo. -Disse bravo.

-Pense bem… -Jimin começou, se ajeitando na cadeira que o fazia parecer menor do que realmente era -...você não queria que ele soubesse e ele continuou com isso até quando deu.

-Só não sei como vai ser daqui pra frente, sabe? Não sei se eu vou conseguir manter uma conversa com ele, mesmo sendo por mensagens -Bufei mais uma vez naquele dia -Por que eu fui ter essa estúpida ideia naquele dia? -Perguntei, dando um tapa na minha testa.

-Antes se arrepender de ter feito do que se arrepender de não ter feito. -Jimin disse, me encarando sério.

-Realmente não sei qual seria o melhor. Eu gosto de conversar com ele por mensagens, mas não esperava que isso fosse acontecer. -Disse, me jogando na cama de novo -Eu só queria que o ano acabasse, que ele fosse embora sem saber quem eu sou. Não quero que tudo aconteça de novo. Eu sofreria menos.

-Isso é o que você acha, você não sabe o que pode acontecer daqui pra frente.