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História Sentimentos Cruzados - Revelações


Escrita por: Aiki-Shimizu

Notas do Autor


Ei, meus queridos!

O capítulo de hoje ficou um pouco extenso. Mas, ele está mais interativo do que descritivo, então, penso que a leitura não ficará cansativa.

Confesso que não estou muito satisfeita com o atual capítulo, quase o abortei, mas alguns aspectos nele me fariam falta futuramente, então, com relutância, o salvei.

Tenham uma ótima leitura.

Kisses❣

P. S. Em breve trarei novidades para vocês ;)

Capítulo 28 - Revelações


Fanfic / Fanfiction Sentimentos Cruzados - Revelações

 

Super Man, depois de horas esperando o término de uma conversa difícil entre a ciumenta Mera e o Aquaman, finalmente estava de volta à torre de vigilância, acompanhado do rei de Atlântida. Já havia amanhecido, quando estavam parados em frente ao quarto da enfermaria, onde Diana deveria estar repousando. Os demais membros fundadores os acompanhavam e, com eles, estava também Zatanna.

Nenhum deles escondia a tensão e a expectativa em relação ao que estava prestes a acontecer. Ninguém ousava falar, mas temiam que a solução apresentada por Zatanna não fosse eficaz, afinal, se a intuição da maga estivesse correta e o sentimento fosse o antídoto primordial para quebrar o encantamento, a presença de Aquaman seria inútil, já que ele amava a esposa e o filho, Diana era apenas uma amiga estimada.

― Lembre-se, Aquaman, quando se trata de magia, mesmo que tenhamos o feitiço ou poção corretos, a eficácia se deve à confiança. Se você beijar Diana com receio ou dúvida, mesmo sendo capaz de reverter o efeito da magia, o gesto não vai funcionar. – Zatanna explica calmamente, sem se deixar intimidar pela postura fria do rei de Atlântida.

― Eu entendo e confio nestas questões místicas. Eu vim até aqui disposto a ajudar e vou fazer de maneira correta e precisa. – O loiro fala, sério e determinado.

Os heróis se entreolham apreensivos, enquanto Super Man digita o código que abre a porta do quarto. Apenas Aquaman iria entrar e eles aguardariam do lado de fora. Assim que a porta se abre, o loiro faz menção de adentrar o local, mas antes que pudesse dar o segundo passo, murmura surpreso:

― Mas, o que está acontecendo aqui? – Ele questiona, sem compreender, enquanto Diana, seguida por Batman, sai de dentro do quarto sorrindo para todos.

― Di-a-na! – Super Man gagueja, feliz, surpreso e incrédulo por ver a amiga bem e mais bela do que nunca. Ele rapidamente a envolve em um abraço esmagador, enquanto os demais heróis esboçam variadas expressões de contentamento.

Batman fecha a cara sob a máscara ao observar o abraço de Clark em Diana. Em seguida, encara os demais amigos, trocando um sorriso quase imperceptível com Lanterna Verde e Zatanna.

― Super Man, você vai me fazer voltar para esse quarto imediatamente se continuar me apertando desse jeito. – Diana fala, quase sem ar. Ela era quase tão forte quanto o amigo, mas a maneira como ele a envolveu, lhe deixou totalmente impossibilitada de refrear a quantidade de força que ele aplicou no contato.

― Me perdoe, Diana. É só que, é bom demais lhe ter de volta. – Ele diz, um pouco sem graça e recebe um olhar de compreensão da amiga.

― É bom estar de volta, meu amigo. – Diana complementa, correndo os olhos para todos os presentes.

― Já chega, agora sou eu. – Shayera se coloca entre os amigos e abraça Diana, tentando não demonstrar emoções em excesso, mas falha categoricamente.

Lanterna Verde, Flash, Zatanna e J’onn também têm seus momentos de abraços e palavras afáveis com Diana, e, enquanto isso, Aquaman apenas os observava, feliz por Diana estar bem e irritado por não estar entendendo o que havia acontecido.

― Fico feliz que já esteja bem e que tenha despertado, Diana. – O loiro se manifesta, em meio às acaloradas demonstrações de afetos dos heróis para com a princesa. ― Mas, gostaria de saber o que aconteceu. Eu quase tive uma crise no meu casamento para vir até aqui tentar ajuda-la, acho justo saber qual foi a solução encontrada.

Diana encara o rei de Atlântida e, em seguida, olha para o Batman, tentando entender por que Arthur estava ali e se deveria responder ao questionamento dele. Para evitar que se criasse um clima constrangedor, Shayera intervém em auxílio da amiga:

― Somos muito gratos por sua disponibilidade, Aquaman. Mas, digamos que você era o plano B. Felizmente o plano A foi reativado e resolveu a situação. – A ruiva fala de forma natural e objetiva, esperando que o loiro se tocasse e não fizesse mais perguntas. ― Acho que Mera vai ficar feliz com isso.

― Certamente ela vai ficar feliz, Shayera. Mas, posso saber o que ou quem era o plano A? – Ele questiona, alternando os olhos para a ruiva, Bruce e Diana.

Antes que Shayera usasse uma desculpa qualquer, Flash se intromete na conversa, para desespero do Homem Morcego.

― Claro que pode, o plano A, era o beijo de amor ...

― Cale a boca, imbecil. – Bruce rosna furioso, atraindo a atenção de todos.

― Eu ia dizer do príncipe encantado. – Wally sussurra baixinho, enquanto John lhe recomendava que ficasse quieto para não piorar a situação.

Aquaman, ainda um pouco confuso, depois do deslize de Flash e a reação imediata do Cavaleiro das Trevas, confirma sua suspeita. Ele franze o cenho, preocupado com a novidade, mas não iria se intrometer neste assunto. Dando-se por satisfeito, decide voltar para casa. Antes, porém, se aproxima de Diana e faz uma recomendação:

― Diana, acho melhor você ter muita cautela e evitar se expor até descobrirem quem tramou contra sua vida. Se quiser, pode passar algum tempo em Atlântida, posso ajuda-la a investigar sobre o ataque que sofreu e a seguir pistas para encontrar Circe. Super Man me disse que ela está envolvida nisto e creio que, quando descobrirem que você está bem, irão tentar uma nova articulação para eliminá-la. – A apreensão do rei de Atlântida era claramente perceptível pelo seu olhar e o tom da sua voz, algo muito incomum de se notar vindo dele.

Os olhos de Bruce queimam de ciúme ante a gentileza e preocupação do rei de Atlântida. Se alguém iria ajudar e proteger Diana, esse alguém seria ele. Aliás, já tinha tudo em mente para cuidar da situação.

― Diana, agradece a preocupação. Mas já temos tudo planejado para ela ficar em segurança. – O Cavaleiro das Trevas se manifesta, antes mesmo que a princesa pudesse responder.

Diana tenta conter o olhar de divertimento, claramente identificando o ciúme de seu amado. Já Shayera, Wally, John e Zatanna, exprimem um riso contido, observando a cena.

― Batman está certo, Arthur. Eu agradeço que você tenha se disposto a me ajudar e que se preocupe com a minha segurança. Mas, por enquanto, vou ficar por aqui e assim será mais fácil acompanhar as investigações. Agradeça a Mera também, estou certa de que não deve ter sido fácil para ela concordar com a sua ajuda. – Ela sorri e toca o ombro do rei de Atlântida, demonstrando sua gratidão.

― Eu apenas me dispus a fazer a coisa certa, Diana. Se precisar de ajuda, não hesite em me procurar. – Ele diz, enquanto segura a mão da princesa com cordialidade e afeição. Diana agradece e apenas observa de soslaio a postura irritada de Bruce, encostado na parede. ― Se me dão licença, eu preciso retornar para Atlântida. – Ele volta os olhos para os demais, em seguida, se dirige para fora do ambiente, sendo seguido por J’onn e Super Man.

Os heróis observaram em silêncio os amigos desaparecerem no fim do corredor. Ainda estavam se divertindo interiormente pela cena de ciúmes que presenciaram. Em seguida, se entreolham, todos nitidamente percebendo o clima harmonioso entre a amazona e o Cavaleiro das Trevas, que se encaravam sem conseguir disfarçar a felicidade que os envolvia. Não era segredo para ninguém que, enfim, os dois se acertariam após todo incidente que tiveram que lidar.

Eles logo percebem que estavam sobrando e que também deveriam se retirar, mas, antes que um deles tomasse a iniciativa de evadir do local, Flash não perde a oportunidade de intimidar o casal:

― Ei, princesa. – Diana volta sua atenção para o velocista. ― O seu despertar foi mesmo como nos contos de fadas?  Porque se foi, parece que o treinamento que você e o Morcegão fizeram outro dia no corredor foi bem útil. – Wally quebra o silêncio, ostentando seu sorriso zombeteiro, constrangendo Diana, irritando Bruce e deixando os demais perplexos com a revelação.

― O senhor das regras andou beijando uma colega de trabalho nos corredores da torre de vigilância? Inacreditável. – Lanterna Verde entra na provocação, antes que viesse a repreensão do Batman ao Flash.

― Wally, eu pensei que havia te pedido... – Diana tenta contornar a situação, mas Flash a interrompe.

― Segredo? Ah, princesa. Agora não tem mais motivos para esconder isso. Todos nós sabemos que o feitiço que te afetava só foi desfeito graças ao beijo do Morcegão, então, relaxa. – Ele aumenta o sorriso e Diana se dá por vencida, sentindo as bochechas queimarem.

― IDIOTA! Você tem um centésimo de segundo para sumir da minha frente e voltar para suas funções. – Batman rugiu, encarando o velocista com tamanha fúria que faria até o Coringa pedir clemência. Antes que o Morcego pudesse piscar, o velocista já havia desaparecido, sorrindo por ter conseguido tirar o amigo do sério. Com exceção do Batman, todos não contiveram o riso.

Após a cena, todos os demais se dão conta de que já haviam ficado tempo demais ali, era hora de cada um retornar às suas funções, antes que o mau humor de Bruce se estendesse também a eles.

― Eu vou encontrar o Wally, estamos no mesmo turno de vigilância. Com licença. – John se despediu, ainda sorrindo, e também deixou o ambiente.

― Eu também preciso ir. Senhor Destino e eu temos muito o que investigar ainda. – Zatanna fala, olhando para os que restaram no local e, depois volta sua atenção para Diana. ― Diana, acredito que você não terá efeitos colaterais da magia, mas caso sinta qualquer reação estranha em seu corpo, você deve falar imediatamente. – A morena recomenda.

― Tudo bem, Zatanna. Mas, me sinto extremamente bem fisicamente. Estou apenas confusa pelo tempo que fiquei desacordada e com a quantidade de informações novas que preciso processar. Agradeço muito seu empenho e te peço um grande favor. – A morena assente com a cabeça, demonstrando que estava disposta a ajuda-la. ― Qualquer pista sobre Circe, por menor que seja, me informe imediatamente, não me esconda nada. – A princesa corre os olhos de Zatanna para Bruce, deixando claro o seu receio de que omitissem qualquer novidade dela. ― Aquela bruxa vai pagar caro por vir atrás de mim novamente. – A fúria faiscava nos olhos da amazona ao mencionar sua inimiga.

― Não se preocupe, Diana. – Zatanna toca o ombro da princesa e lhe dirige um olhar sincero. ― Estamos fazendo um trabalho em equipe e nada será omitido de você. Há muitas lacunas para serem preenchidas para resolvermos todo esse mistério, e encontrar Circe não será fácil, por isso mesmo estamos juntos nisso. Eu te dou a minha palavra de que você será a primeira a saber, quando obtivermos algo de concreto. – Apesar de receosa, Diana agradece a maga com um sorriso cordial.

― Agora, você precisa colocar a cabeça em ordem, Diana. Eu suponho que Bruce fez um resumo dos últimos acontecimentos e, então, eu vou te colocar a par dos detalhes. Vamos até o seu quarto, apesar de estar descansada, imagino que você deve estar louca por um banho e por explicações mais completas. – Shayera se pronuncia, intuindo corretamente o que a amiga precisava no momento.

― Você está certa. Eu preciso mesmo de um banho e quero ficar ciente de cada detalhe sobre o que aconteceu. – Diana se prepara para seguir a ruiva, mas antes troca um olhar questionador com o Morcego.

― Eu vou acompanhar Zatanna até os tele transportadores e ficarei aguardando você, princesa. Quando estiver pronta me encontre na sala de controle. – Diana assente com a cabeça, ainda insegura se deveria ou não aceitar o convite imposto pelo Morcego e logo se retira acompanhada da Mulher Gavião. Bruce e Zatanna também deixam o local.

 

***

 

Já próximos à plataforma de tele transporte, Zatanna e Bruce conversavam sobre os últimos acontecimentos.

― Estou muito feliz que você tenha reconsiderado e decidido salvar a princesa. É um alívio saber que a minha teoria estava certa. – A maga sorri para o amigo, claramente feliz por saber que, enfim, Diana e Bruce se acertariam.

― Era a coisa a certa a se fazer. – Bruce responde, friamente, tentando não demonstrar emoção. ― Mas, um fato me deixou intrigado. Apenas em uma segunda tentativa o gesto funcionou para quebrar a magia. – Ele encara a maga, esperando uma explicação.

Zatanna pensa um pouco, tentando encontrar uma explicação. Se o gesto tivesse falhado, ela imediatamente saberia o motivo, mas como deu certo, ela demora a refletir. Entretanto, conhecendo bem o Batman e sua aversão à magia, ela logo conclui o que deve ter acontecido.

― Bruce, você se lembra quando te dei algumas dicas sobre como lidar e manipular magia? – Antes que o Morcego assentisse, ela prossegue. ― Confiança é o segredo. Não adianta conhecer o feitiço ou a poção correta e executá-los tomado por receio ou desespero. Creio que, dadas as circunstâncias, em uma das tentativas você deve ter se esquecido disso. – Ela toca no ombro do amigo, que não esboça qualquer reação, apenas reflete.

De fato, Bruce estava reconhecendo que em um primeiro momento tomou a atitude de beijar a princesa, incrédulo e com receio de que a alternativa não surtiria o efeito desejado. Já o segundo beijo, que ele julgava ser um beijo de despedida, foi um beijo esperançoso, suplicante e repleto de sentimento. Contudo, não admitiria ou iria expor isso para Zatanna. Por isso, ele logo desvia um pouco o foco de si.

― Então, já que a sua teoria estava correta, de qualquer forma a presença do Aquaman seria inútil. – Ele começa a ponderar, mas logo interrompe sua consideração ao notar o balançar negativo da cabeça da maga.

― Na verdade, Aquaman seria perfeitamente útil. Mesmo ele não nutrindo sentimentos pela princesa. O título de nobreza é sim um fator comprovadamente eficaz para romper a magia nesses casos. Eu levantei a minha teoria sobre o sentimento nobre porque ela tinha fundamento e porque era uma oportunidade única para você parar de fugir da sua felicidade, Bruce.  – A maga confessa, deixando o Homem Morcego completamente surpreso. ― Eu vou entender se você ficar furioso comigo, mas eu não me arrependo de ter levantando esta possibilidade. Principalmente depois de perceber o clima entre você e Diana

Bruce não falou nada, apenas encarava a maga com um olhar inquisidor e incisivo. Contudo, ao contrário do que parecia, ele não estava furioso. Aliás, ele sequer sabia descrever o que estava se passando em sua mente depois desta revelação. Só o que vinha em sua mente era a imagem dos beijos que trocara com Diana mais cedo e a maravilhosa sensação de corresponder ao sentimento que cultivavam um pelo outro.

 Zatanna apenas observava o amigo calado e sombrio. Ela não esperava uma atitude diferente vinda de Bruce, por isso, não se deixou abalar pela postura imóvel e fria que ele sustentava diante dela. Ela se afastou e encaminhou-se para os tele transportadores. Porém, antes que ela desaparecesse, o Morcego finalmente conseguiu se expressar.

―Zatanna. – Ele a chamou e ela o encarou, sem muito ânimo. ― Obrigado. Por tudo. – Ele conseguiu falar, com esforço, e esboçar um sorriso discreto, que foi retribuído com um sorriso eufórico da maga se desmaterializando aos poucos.

 

***

 

― Ainda é difícil acreditar em tudo o que você acabou de me contar, Shayera. – Diana encarava a ruiva enquanto penteava os cabelos ainda molhados. Ambas estavam sentadas na cama da heroína, de frente uma para outra, e conversaram sobre tudo o que aconteceu à princesa. Desde o momento que Morgana capturou Diana, até Bruce despertá-la. A ruiva não poupou a amiga de nenhum detalhe e também não permitiu que Diana ocultasse nenhum aspecto do gesto de Bruce ao despertá-la. ― Eu serei sempre grata a vocês por todo empenho para me resgatarem.

― Nós sabemos que você faria o mesmo por nós, Diana. Aliás, já fez muitas vezes. – A ruiva pondera. ― Agora, você vai precisar de tempo para organizar seus pensamentos. São muitas novidades para lidar de uma só vez. Ruins como os inimigos que desconhecemos e boas como a tão esperada baixa de guarda do Batman.

― Sabe, eu vou ficar devendo esta última para Morgana. – Diana brinca, com certa ironia, arrancando risos da amiga.

― Ah, o amor, sempre traz um bom humor único para as pessoas. Mas, trate logo de terminar de se arrumar. Bruce já deve estar impaciente, estamos aqui há horas. – A ruiva apressa a amiga, que reflete um olhar inseguro imediatamente.

― Eu ainda não tenho certeza se é prudente me hospedar na mansão Wayne. Talvez isto atrapalhe as coisas entre Bruce e eu. – Diana expõe o que a afligia.

― Diana, eu entendo perfeitamente o seu receio. Mas, se o convite partiu de Bruce, pode ter certeza que ele pensou em tudo. Duvido que, depois de ter sofrido tanto, ele vá bancar o idiota. – Apesar de tentar ser convincente, Diana arqueia uma sobrancelha, confrontando as palavras da ruiva. ― Tá, ok. Talvez ele possa bancar o idiota, mas daqui a uma semana ou duas, até lá vocês terão mais motivos para se entenderem do que para se afastarem. – A ruiva esboça um sorriso sugestivo.

― Bruce é imprevisível, Shayera. Eu sei que as coisas serão complicadas no começo.

― Tudo bem, Diana. Mas, você vai ter que encarar estas dificuldades de uma forma ou de outra, não vai? Se você quiser, pode ficar no meu apartamento por um tempo ou mesmo aqui na torre, mas acho que você deve aceitar o convite do Bruce, olhe o lado positivo da proposta. – A ruiva insistiu, fazendo Diana soltar um longo suspiro.

― Nada me impede de voltar para cá, caso algo saia errado, não é? – Diana se deu por vencida, com um sorriso apreensivo e foi encorajada por um olhar motivador e positivo da ruiva.

 

***

 

Na sala de controle, Bruce empregava seu tempo pesquisando com afinco informações que o ajudasse a desvendar o paradeiro de Circe e associar possíveis aliados a ela. Ele estava incomodado com a demora de Diana, mas, depois do que passara nos últimos dias, não podia reclamar de algumas horas esperando o término de uma conversa entre amigas.

Ao sentir que não estava mais sozinho no local, ele questiona seu acompanhante, sem sequer desviar os olhos do que estava fazendo.

― O que você quer, Kent? – A voz era de pura impaciência.

― Conversar um pouco. – A voz do kriptoniano fez a contraposição, pelo som cortês.

― Não lhe parece que eu estou ocupado? – Bruce se mantinha digitando e tentando se livrar do amigo.

― Sim, mas sei que uma breve interrupção não irá comprometer seu empenho. – Clark puxa uma cadeira e se senta ao lado de Bruce, demonstrando claramente que não iria desistir da conversa.

― Eu tenho alguma chance de você se tocar e me deixar em paz? – Bruce bufa, em um último intento de se livrar do amigo.

― Desta vez, não. – Clark sorri, sabendo que conseguiria seu intuito.

― Ok. Qual é o assunto? ― O Morcego se rende, virando-se para encarar o Escoteiro.

― Diana, é claro.

― Isto eu já sabia. Vá direto ao ponto.

― Bruce, eu estou feliz que você tenha se apaixonado por Diana e ela por você. Vocês dois são meus melhores amigos, por isso me preocupo com o futuro desta relação. – Bruce revira os olhos, impaciente, sob a máscara. Tudo que ele mais temia era que Clark resolvesse lhe dar conselhos amorosos, e lá estava ele, se metendo em sua vida particular. ― Você está acostumado a boicotar a própria felicidade, mas, Diana é diferente de todas as outras mulheres que já passaram em sua vida.

― Acha mesmo que eu não sei? – Bruce o interrompe, ficando cada vez mais irritado com o rumo da conversa.

― Sei que você sabe, Bruce. Mas, eu me preocupo com o que uma decepção poderia causar a ela. Quando conversei com Diana, há algum tempo atrás e, ela me convenceu a reatar com a Lois, eu percebi o quanto ela estava sofrendo ao falar com tanta propriedade sobre o amor. Eu só te peço que tente de verdade ser feliz com ela.

― Terminou seu sermão de irmão mais velho? – Bruce se mantém ríspido e indiferente.

Clark confronta a postura fria e evasiva do amigo, balançando a cabeça negativamente como se o repreendesse. O kriptoniano sabia que a conversa não iria evoluir como ele esperava. Por mais que fossem amigos, sabia que Bruce não iria expor seus sentimentos e demonstrar suas inseguranças quanto a um relacionamento com a princesa. De qualquer forma, Clark sabia também que, Bruce não teria dado este passo se não estivesse disposto a tentar.

― Acho que você entendeu o recado, não é? Eu torço por vocês. – Clark pousa a mão no ombro do amigo, sorrindo. Mesmo com toda rabugice, Bruce não conseguia afetar a boa fé do Escoteiro.

Bruce até pensou em esboçar um sorriso, mas, apenas assentiu com a cabeça. Ele entendia perfeitamente a preocupação de Clark e, por acaso, se lembrava perfeitamente da conversa que ele mencionou. Havia ficado ouvindo atrás da porta, movido por ciúme, boa parte do diálogo entre Diana e Kent. As palavras de Diana ainda ecoavam com clareza em sua mente, uma dúvida também.

― Aproveitando que você tocou no assunto, sobre essa conversa com Diana, eu me lembro de tê-los encontrado juntos no quarto dela e, se bem me recordo, você estava pedindo perdão à princesa. Eu posso saber o que o tão polido Super Man fez para a sua estimada amiga? – Bruce faz a pergunta com certa ironia, tentando não evidenciar traços de ciúme. Mas, de fato, seu disfarce nem seria necessário, pois ao ouvir a pergunta, Clark foi quem não pode conter a reação que o colocou em situação delicada.

Super Man perdeu a cor perante a pergunta do amigo. Em outra circunstância, poderia relatar o fato sem problemas, mas, sabendo dos sentimentos que o amigo nutria pela princesa, se sentia extremamente desconfortável e constrangido para confidenciar-lhe a insinuação tão estúpida que fizera envolvendo Diana.

― Isto já ficou resolvido lá atrás, Bruce. Não há motivos para desenterrarmos esse assunto. – Ele tenta fugir do assunto, mas, seu nervosismo instiga ainda mais a curiosidade do Morcego.

― É mesmo? Então, não entendo seu desconforto. Você está da cor da sua capa, Kent. E eu estou especialmente curioso para saber o assunto. Mas, posso perguntar para Diana depois. – Bruce pronuncia a última frase a contragosto, pois, na verdade, queria esclarecer seu questionamento imediatamente.

Clark sabia que não iria conseguir se safar de confessar sua história vergonhosa para o amigo Morcego. Sabia também que, se deixasse que ele perguntasse à Diana, Bruce iria ficar ainda mais furioso e intrigado com a sua atitude.

― Droga, Bruce. Eu nem sei como te falar isso. – O kriptoniano coça a cabeça, nervoso ante o olhar incisivo do Cavaleiro das Trevas. ― Foi uma grande estupidez da minha parte e eu nunca deveria ter envolvido o nome de Diana em um problema meu e da Lois.

― Fale de uma vez, Kent. – Bruce exige, com uma entonação ligeiramente elevada. Apesar de ser o Homem de Aço, era notório como o kriptoniano parecia um rélis soldado, ante a postura imponente e inquisidora do Batman.

― Quando Lois quis reatar comigo, após me perdoar por ter descoberto que eu era o Super Man... Para decepciona-la e evitar que ela insistisse ... – Clark, fazia longas pausas, tentando procurar as palavras certas. ― Eu só queria protege-la... – Bruce estreita o olhar sob a máscara, claramente impaciente. ― Eu disse que Diana e eu tínhamos um caso. – Ele fala, envergonhado, deixando Bruce chocado com a revelação.

― Você o quê? – A voz de Bruce era pura fúria, passada a surpresa da descoberta.

― Me desculpe por isso, Bruce. Diana ficou furiosa quando descobriu e com toda razão. Ela e Lois se tornaram vizinhas e claro que a Lois foi tirar a história a limpo. Eu me envergonho muito por ter agido assim. Diana sempre foi uma amiga, uma irmã. Eu fui um idiota.

Clark prosseguia se explicando e se desculpando desenfreadamente. Porém, Bruce reteve apenas um terço dos argumentos que se seguiram, não demorou para que o ciúme criasse hipóteses diversas na cabeça do Cavaleiro das Trevas, que encarava o amigo com um olhar indecifrável sob a máscara.

Clark só se deu conta que Bruce não estava prestando atenção, quando lhe dirigiu duas ou três perguntas e não obteve respostas. O Escoteiro silenciou e cruzou os braços, aguardando uma manifestação do amigo. Após longos minutos, Bruce enfim conseguiu externar a dúvida que lhe corroía:

― Você gosta dela? – Bruce pergunta, temendo uma possível resposta positiva.

― Da Lois? – Super Man questiona, com um sorriso inocente.

― Da Diana. – Bruce fala com receio, e o Super Man pisca algumas vezes, demonstrando incredulidade diante da suposição.

― Claro que gosto, como uma irmã. – Ele sorri, tentando aliviar a tensão no rosto de Bruce, mas não obtém sucesso. ― Eu amo a Lois e Diana me ajudou a enxergar isso. Ela não só me perdoou como me deu um conselho valioso “nada pode proteger tanto a pessoa que amamos do que ficar ao lado dela e enfrentar tudo juntos”. Acho que serve para você também. – O olhar sincero que ele dirige a Bruce passa convicção suficiente para que o Morcego se contente com a resposta, mesmo que a raiva pela ousadia do kriptoniano ainda queimasse seus olhos.

Um desejo de trancar Clark em um quarto levemente impregnado de kryptonita, para fazê-lo pensar melhor antes de envolver o nome de Diana em qualquer disparate como esse passa pela mente de Bruce, como medida punitiva ao Escoteiro. Mas, no fundo, ele sabia que o amigo era inocente. Inocente, mas não bobo, já que podendo mencionar qualquer heroína escolheu logo a mais bela de todas. Pensar nisso reacende a ideia da punição, mas, Bruce respira fundo ao se lembrar que os olhos da mais bela heroína da Terra estão voltados para ele, mesmo que não se julgasse merecedor.

Batman faz menção de girar a cadeira para se dedicar novamente às suas pesquisas e simplesmente ignorar Super Man para que ele se retirasse, entretanto, a imagem de Diana se aproximando com Shayera o faz hesitar.

Ele observa a princesa, com trajes civis, lançar um sorriso cordial para Clark e um sorriso inseguro para ele. Nas mãos, uma pequena mala, o suficiente para um fim de semana fora. Ele logo conclui que a princesa ainda estava receosa em ser sua hóspede, mas logo que ela estivesse na mansão, Alfred e ele mudariam isso.

Bruce também tinha certa resistência em levar Diana para a mansão Wayne, não queria que o envolvimento deles ocorresse de maneira precipitada e ele viesse a fazê-la sofrer, mas, depois dos últimos acontecimentos, queria tê-la por perto. Primeiramente por precaução, sabia que Diana não iria descansar até encontrar seus atuais inimigos e temia uma atitude impulsiva por parte da princesa, que a colocasse em risco novamente. Segundo, porque mesmo com todo receio, depois de dar vazão aos seus sentimentos, sabia que não suportaria ficar longe dela. A sua rotina de empresário e vigilante lhe consumiam muito tempo, logo, na mansão, poderia desfrutar pelo menos de uma fração de tempo mais generosa com ela, já que na torre de vigilância as escalas nem sempre permitem que se encontrem.

Ele rapidamente salva os arquivos com as informações importantes que obteve e vai ao encontro da princesa, que o aguardava. Diana se despede de Clark e Shayera e segue ao lado de Bruce até a plataforma de tele transporte, já programada para os deixar na batcaverna. Os dois se mantém sérios perante os olhares incentivadores dos amigos.

― Não se preocupe, princesa. Vai dar tudo certo. – Bruce a conforta, enquanto são envolvidos pela luz dourada nas plataformas.

Diana respira fundo e sorri antes de desaparecerem. Instantes depois, a imagem a sua frente era o frio e sombrio refúgio do Homem Morcego. Ela morde o lábio inferior, ainda nervosa, mas logo relaxa quando Bruce se aproxima, retirando a máscara e beijando-a com paixão.

― Bem vinda à minha vida, princesa. – Ele diz, após terminar o beijo, iluminando os olhos azuis de Diana.

Talvez ela não estivesse emocionalmente pronta para entrar tão profundamente na vida de Bruce Wayne/Batman, mas, certamente, ela estava disposta a encarar o desafio e enfrentar o que viesse pela frente junto do homem que sempre amou.


Notas Finais


Continua...


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