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História Sentimentos Cruzados - Café para dois


Escrita por: Aiki-Shimizu

Notas do Autor


Ei amores! ❤

Já que gostaram do clima de romance no capítulo anterior, mais um pouquinho de love para dar sequência, logo retomaremos à ação.

Ótima leitura a todos.

Kisses❣

Capítulo 34 - Café para dois


Fanfic / Fanfiction Sentimentos Cruzados - Café para dois

 

Bruce se levantou da cama com relutância, após longos minutos de contemplação dedicados à deusa que dormia tranquilamente sobre o seu peito. A respiração suave e o semblante sereno e satisfeito que Diana exibia provocavam uma sensação de prazer indescritível no coração do Cavaleiro das Trevas. Por si mesmo ele não admitiria, mas quem o conhecesse bem identificaria a mesma serenidade e satisfação em suas linhas faciais tão comumente enrijecidas e marcadas pela dureza que experimentara das adversidades da vida.

Para sua sorte, a noite chuvosa em Gotham não deixou margem para nenhuma atividade criminosa que dependesse da ação do Morcego. Uma rápida patrulha durante a madrugada e as poucas ocorrências captadas puderam ser resolvidas pelo departamento de polícia. O que propiciou que ele retornasse logo para casa, encontrando uma princesa teimosa e emburrada por ele não ter aceitado sua companhia. Mas, em contrapartida, sedutora, apaixonada e tão ansiosa quanto ele para se deixar levar pelo desejo e pela gama de sentimentos que os consumiam.

Ainda era cedo para os padrões de horário que ele costumava despertar. E ainda que houvesse dormido pouco, como sempre, não se lembrava de quando dormira tão bem. Sem pesadelos, sem aflições. Um repouso no corpo e na alma.

Ele sorri, já em pé ao lado da cama, ao notar a princesa buscar por ele involuntariamente na cama, ainda adormecida e, em seguida, se enrolar nos lençóis tentando de alguma forma suprir a ausência do calor do corpo dele junto ao dela. Sem poder controlar, seu pensamento refaz as imagens da madrugada enveredada na consumação do amor, do desejo, da completude que tanto ansiavam e por vezes fora adiada e evitada.

De fato, ele passaria a vida toda nessa cama ao lado da princesa que reinava absolutamente em seu coração. Mas, ele ainda tinha os seus fardos, os seus fantasmas, a sua missão. Diana tornava isso mais leve de alguma forma, mas ele não enxergava uma redenção completa para si. E agora era inevitável não pensar nos desdobramentos que a inconsequência, segundo a sua razão, de seus atos poderia acarretar ao deixar a princesa entrar tão profundamente em sua vida. Agora não havia mais rota de fuga segura. Seu autodomínio e sua indiferença não tinham forças suficientes para fazer dela mais uma em sua vida. Mais forte que o laço mágico da amazona era o laço do amor que o estava envolvendo. Ele precisaria saber lidar com isso, aceitar, aprender. Porém tinha plena convicção de que não seria fácil.

Bruce se martirizava por saber que não conseguiria fugir dela como era capaz de fugir de qualquer outra mulher, contudo a subjugação era só uma máscara para não reconhecer a dimensão do medo de não poder fazê-la feliz. No mais íntimo do seu coração, ele desejava extrair sempre o riso solto e leve que Diana lhe dedicava gratuitamente, ouvi-la gritar seu nome extasiada de amor, ver as safiras azuis em seus olhos brilharem de encantamento ao encara-lo. Queria dar o mundo a ela (e ele podia dar, de certa forma), mesmo sabendo que o melhor presente seria o seu sorriso convencido.

“Princesa!” Ele suspirou, pesaroso e deslumbrando, ao ser despertado das ponderações interiores por um bip em seu celular.

Pegando o aparelho e vestido um hobby preto com as iniciais B.W., ele se retirou do quarto sem fazer o menor ruído para não acordar a amazona. Se tivesse sorte, conseguiria retornar antes que ela despertasse e se deleitar com mais essa visão esplendorosa durante a manhã.

 

***

 

Atravessando o enorme hall de entrada da mansão Wayne, Alfred Pennyworth se detém por alguns minutos ao observar seu estimado patrão descendo as escadas tão cedo para os padrões habituais, descomposto e ligeiramente despreocupado ao deslizar o dedo sobre a tela do celular, sem sequer se dar conta de sua presença.

Intrigado era o mínimo que se podia dizer do olhar do mordomo que, na noite anterior, vira seu patrão extremamente irritado subir para a suíte antes de se preparar para a patrulha costumeira. Depois disso, Bruce se atrasara para a patrulha na madrugada passada. Saiu e retornou afoitamente, com um ar de inquietação e satisfação perceptíveis em sua postura.

Seus anos de experiência convivendo com o herdeiro Wayne, garantiam a Alfred a dedução de que algo ocorrera na noite anterior e que ele havia perdido alguma novidade. Sua experiência também lhe garantia a certeza que descobriria do que se tratava tão logo confrontasse seu patrão esta manhã.

― Está adiantando para cumprir sua agenda empresarial, senhor. A reunião com os acionistas na WayneTech é as dez horas, ainda são oito horas, pesadelos de novo? – O mordomo questionou, enquanto guardava o relógio no bolso do colete, encarando-o.

― Apenas já dormi o suficiente, Alfred. E não se preocupe com a minha agenda empresarial, vou ligar para o Lucius cuidar de tudo hoje. – Bruce passou pelo mordomo, seguindo em direção ao escritório, concentrado nas informações na tela do celular.

Alfred virou-se, perplexo, acompanhando o caminhar do patrão, ainda se questionando se estava tendo devaneios ou se de fato havia visto um prenúncio de um sorriso, estampado na face do mesmo, quando ele o encarou.

― Patrão Bruce, está tudo bem? – O questionamento do mordomo fez com que Bruce parasse, sem, porém, encara-lo.

― Tudo como sempre, Alfred. – Bruce foi seco, mas não o suficiente para despistar o perspicaz mordomo.

― Digamos que esteja então. Devo servir o café no escritório, senhor? – Alfred insistiu em um diálogo, sondando seu filho de criação.

Bruce se deteve na porta entreaberta do escritório, encarando o mordomo com uma expressão quase impassível.

― Sirva o café no quarto, Alfred. Café para dois. – Um brilho de divertimento permeou o olhar do Wayne ante a reação surpresa do mordomo.

Antes que Bruce pudesse se acomodar na confortável poltrona de couro em que se sentara no escritório, a figura do mordomo com um olhar repleto de questionamentos se posicionou em sua frente, confrontando o comportamento nada convencional que o Wayne demonstrava.

― Patrão Bruce, eu não me lembro de nenhuma visitante cruzando a porta desta casa, ontem à noite ou pela madrugada, após o senhor voltar da vigilância.

― De fato, Alfred. Nenhuma visitante entrou pelas PORTAS desta casa nem ontem à noite e nem de madrugada. – Bruce deu um sorriso de lado e um olhar sugestivo para o mordomo se divertindo interiormente com a dedução que se seguiria.

Alfred respirou fundo tentando não concluir o que as evidências demonstravam. Seu patrão não podia ter feito o que ele estava intuindo. Tinha que ser um engano. Ele não estaria tão contente se a visitante fosse quem ele estava pensando. Não, havia algo errado. Tinha que haver.

― Patrão Bruce, eu me recuso a acreditar que o senhor faria algo tão estúpido quanto o que parece ter feito. Só há uma pessoa com resistência em utilizar a porta que já tenha frequentado esta casa. O senhor não pode ter cometido um erro tão recorrente após tantos anos.

― Alfred, meu caro. – Bruce inclinou a poltrona para frente, apoiando as mãos sobre a mesa e esboçando um olhar indecifrável para o mordomo. ― Apenas se preocupe em preparar um café da manhã ao padrão Wayne. Não há o que se questionar sobre a visitante. Agora, se me der licença, preciso fazer algumas ligações. – Bruce girou a poltrona, dando as costas para o mordomo, enquanto selecionava um contato no celular. Um sorriso furtivo se formou em seu rosto quando o mordomo bufou atrás de si.

― Eu juro que se aquela gata entrar de novo em sua vida eu desisto, patrão Bruce. Desisto! – Alfred protestou, inconformado, enquanto se retirava do ambiente a fim de cumprir a ordem de seu patrão.

 

***

 

Na suíte máster da mansão Wayne, um pequeno reflexo de raio de sol que escapara entre as cortinas, acompanhado de uma brisa fresca da manhã, fez com que Diana despertasse, sorridente, enquanto esticava os braços preguiçosamente pela cama. As mãos passearam pela superfície do lençol, deduzindo o que ela já imaginava: Bruce não estava ali.

Só para ter certeza de que não estava sonhando, ela abriu um olho lentamente, se acostumando com a claridade, e observou a decoração clássica do quarto de Bruce, se convencendo de que realmente havia passado uma noite inesquecível. Sorridente, ela abraça o travesseiro do Wayne, enterrando o rosto no mesmo, ainda sentindo o perfume dele impregnado no tecido de fios egípcios que revestia o objeto almofadado.

Ela sabia que era pedir muito, entendia os motivos e responsabilidades do príncipe de Gotham, mas, ainda assim, acordar com Bruce ao seu lado seria o ápice da perfeição de tudo que viveram durante a noite e madrugada passadas. Mesmo com um pequeno lampejo de frustração, Diana logo tratou de dar vazão às maravilhosas lembranças que tomavam sua mente. Tudo que vivera junto de Bruce até darem um passo tão importante em resposta ao sentimento que nutriam. A entrega sem reservas que seus corpos e almas compartilharam nas últimas horas.

Como seria de agora em diante ela não fazia a menor ideia, mas estava convicta que tudo poderia ser ajustado, mesmo com contratempos e questões, muitas questões.

Ela tenta ajeitar os cabelos desgrenhados com as mãos e os dedos, enquanto se senta sobre a cama, impressionada com a sensação de bem estar que lhe tomava o corpo, a mente e o coração. Ela nunca esqueceria a noite passada, nem em mil anos, ela tinha certeza disso.

Desejosa por um banho para se recompor, levantando-se, ela recolheu suas peças de roupa espalhadas aleatoriamente pelo chão da suíte. O vestido ainda úmido, amassado, sem condições de ser usado no momento. Diana sabia que poderia pedir a Alfred que cuidasse disso, só não sabia com que cara iria aparecer diante do mordomo durante esta manhã, para pedir-lhe tal gentileza.

Apreensiva e já sentindo as bochechas corarem ao imaginar tal cena, Diana se dirigiu para o banheiro, ela pensaria melhor sobre o que fazer durante o banho. Parando em frente ao espelho, ela contemplou-se por alguns instantes, examinando seu sorriso, seu olhar, sua pele. Modéstia a parte, ela tinha que admitir que se reconhecia incrivelmente bela hoje. Balançando a cabeça para o próprio reflexo diante das observações e dos pensamentos convencidos, ela seguiu para o banho. Olhou indecisa para enorme hidromassagem em um ponto do recinto. “Grande demais para uma princesa sozinha.” Ela pensou alto, enquanto optou por seguir para a ducha em sua frente.

A água quente que caía sobre os cabelos e sobre o corpo lhe proporcionou um relaxamento imediato. Enquanto as mãos massageavam as madeixas negras, espalhando um xampu cujo aroma ela reconhecia perfeitamente dos cabelos de seu amado, era impossível não se lembrar dos dedos de Bruce enroscando-se em suas mechas, as mãos fortes percorrendo lhe as curvas, o hálito refrescante pairando sobre o seu pescoço.

“Por Hera, Shayera tinha mesmo razão.” Diana falou para si mesma, extasiada com as lembranças, enquanto se lembrava da implicância da ruiva que, se tratando de homens, insistia que ela não deveria julgar sem experimentar.

― Posso saber sobre o quê a Mulher Gavião tem razão? – A voz grave a questionou rente ao ouvido, enquanto as mãos fortes lhe envolveram por trás, causando um arrepio imediato e inevitável.

Diana não esperava que veria Bruce agora pela manhã, não depois de ter acordado e não tê-lo encontrado ao seu lado. Não esperava também que teria a sua companhia no banho. Ela estava tão imersa em seus pensamentos que sequer notou a aproximação silenciosa do Wayne no local. As bochechas coraram um pouco devido a surpresa e o corpo reagiu imediatamente com um calor crescente. Com dificuldade, ela girou o corpo para encara-lo, os sentidos falhando ante ao toque dele.

― Não, você não pode. – Ela respondeu sorridente, envolvendo-lhe o pescoço com os braços e contemplando as gotículas de água que percorriam o rosto do moreno que pairou rapidamente a cabeça pelo fluxo intenso de água.

― Hum, sou perfeitamente capaz de te fazer me contar do que se trata. – Ele a puxou para um beijo rápido e apertou o corpo dela contra o seu. O contato e o toque das mãos de ambos sobre a pele um do outro os fizeram deixar escapar um pequeno gemido de satisfação.

― Bruce, você não deveria estar trabalhando? – Diana o questionou, mordendo-lhe os lábios pretensiosamente e o encarando com um olhar surpreso e convidativo.

― Costumo pagar pessoas para fazerem isso por mim. – Ele sorriu, convencido, fazendo-a revirar os olhos. Fato que o divertia particularmente. ― Mas não mude de assunto, princesa. – Uma das mãos subiu até a nuca, puxando gentilmente os cabelos negros para inclinar o pescoço da princesa em uma posição privilegiada. A outra mão segurava firme a coxa da amazona flexionada à altura de seu quadril. ― Sobre o quê Shayera tinha tanta razão para lhe deixar tão distraída e sorridente?

― É segredo de meninas. – Ela sussurrou arfante, enquanto a língua de Bruce percorreu a extensão de seu pescoço.

― Se insiste em manter segredos para mim, sou tentado a obter sua confissão. – Ele mordiscou-lhe o pescoço e o lóbulo da orelha com satisfação, e Diana suprimiu um gemido.

― Não vou contar e nem vou permitir que você obtenha uma confissão. – Ela se pronunciou, vacilante, com as unhas traçando caminhos descontínuos sob a pele do Wayne.

Bruce balançou a cabeça em discordância, pressionando o corpo da princesa contra o azulejo da parede e prendendo suas mãos acima da cabeça.

 ― Você é quem quis assim, princesa. – Ele se justificou, encarando rapidamente os olhos azuis intrigados e cheios de desejo, antes de tomar-lhe os lábios em um beijo quente e apaixonado.

Diana retribuiu a investida com paixão, as línguas disputando domínio e provocação durante o beijo até faltar o ar. A mão livre de Bruce apertou mais forte a cintura da amazona, subindo até a altura dos seios. Enlouquecido com o roçar dos mamilos sob o seu peitoral, os lábios não demoraram a descer para o colo e envolver os seios em uma provocação torturante de leves mordidas e carícias delirantes.

A amazona estava enlouquecendo sob o domínio sedutor do Wayne, ciente de que ele estava provocando-a premeditadamente para usar a sedução como meio de interroga-la em seguida, contudo ela queria entrar nesse jogo, mesmo que talvez não tivesse a mesma malícia e experiência, ela podia se arriscar.

Desprendendo os pulsos cativos acima de sua cabeça, Diana usou as mãos para percorrer a estrutura corporal do Wayne, parando sob seu membro rijo, acariciando sua extensão e fazendo Bruce estremecer.

― Prin-ce-sa! – A voz falhou com a exploração surpresa que ela se empenhou a fazer em seu corpo e o desejo ebuliu quando ela gargalhou travessamente rente ao seu ouvido, puxando em seguida o lóbulo de sua orelha.

― Eu também quero jogar, Bruce. – Ela revelou, intensificando as carícias e abafando um gemido do Wayne com os seus lábios brincando com os dele.

“Céus, essa mulher vai me levar à loucura”. Bruce murmurou para si mesmo, se deixando levar pelas sensações que as carícias dela lhe proporcionavam. Ele poderia interrompê-la, reverter a situação, mas não era orgulhoso a tal ponto só para se sobressair. Ele lhe deu permissão para prova-lo, testa-lo e leva-lo ao limite da loucura por prazer, se deleitando com os suspiros vitoriosos que ela emitia.

Sem poder se conter mais, necessitado dela, ele a ergueu pela cintura, sentindo as coxas fortes se entrelaçarem em seu quadril. A visão maravilhosa da amazona nua em sua frente era um disparo inevitável de luxúria em seu interior.

Mordiscando-lhe os seios, as mãos exploraram a intimidade quente e úmida, fazendo-a estremecer de prazer e puxá-lo para si suplicante para preenchê-la. Ele interrompeu as carícias atordoado, no limite do auto controle, fazendo-a protestar.

― Vai confessar o segredo? – Ele posicionou seu membro pulsante na entrada de sua intimidade.

Diana bufou, protestou, mas ela o queria dentro dela, necessitava urgentemente da completude perfeita que a união de seus corpos dispunha. Ela se deu por vencida:

― Você venceu! – Ela decretou empurrando os quadris para revestir o membro de Bruce, estremecendo ao senti-lo completamente dentro de si.

Bruce a encarou lascivo, mas, sobretudo, apaixonado. Segurando-a firme enquanto se movia ritmadamente para dentro e para fora, o pescoço ligeiramente inclinado entre as mãos da princesa que o beijava no mesmo ritmo que ele investia contra ela.

Era incrível como eles se ajustavam perfeitamente, pareciam moldados premeditadamente um para o outro. À medida que os corpos se arqueavam e clamavam por mais, as investidas foram se tornando mais intensas, mais rápidas e profundas. Nenhum dos dois podia conter os grunhidos, até se verem em um clímax perfeito, encadeado e uníssono. As respirações ofegantes se ritmando, enquanto as testas se colavam e a mente absorvia a descarga elétrica que percorria todo o corpo de ambos.

Bruce deslizou o corpo de Diana pelo seu, até os pés dela tocarem o chão. ― Eu disse que você teria que me confessar o seu segredo, princesa. – Ele a beijou e, em seguida, esboçou o meio sorriso de lado.

― Seu jogo é baixo, senhor Wayne. Se quiser mesmo que eu cumpra com a minha palavra vai ter que ser melhor de três, afinal eu sou principiante. – Ela fez uma expressão de falsa ingenuidade e extraiu um lindo sorriso de divertimento do seu amado.

― Tudo bem, princesa. – Ele a abraçou por trás, afastando os cabelos do ombro e sussurrando com satisfação. ― Mas como eu ganhei a primeira rodada, eu começo dando as cartas.

 

(...)

 

Bruce recostou-se na entrada do closet para observar Diana que olhava atentamente para suas roupas perfeitamente organizadas nos modulados. Ele queria e poderia ter providenciado roupas novas para ela em dois instantes, mas reticente e teimosa, ela insistiu que não havia necessidade e que seria capaz de adaptar algo do vestuário dele, provisoriamente, para usar no café da manhã. Inconformado, ele se deu por vencido, mas no fundo estava curioso para ver como ela iria se sair.

Diana estava impactada com o tamanho do closet que Bruce dispunha, poderia ser adaptado um aconchegante flat ali dentro. A quantidade de roupas e sapatos organizados por tipo e cor nos modulados, certamente mérito de Alfred, também chamou a atenção dela em demasia, ela duvidava que ele sequer tinha usado um terço do que estava ali. Já a grande concentração de peças na cor preta, evidenciada pelas poucas opções na cor branca entremeadas, não era uma novidade.

Ela examinou cada modulado, por vezes imaginando Bruce em algum terno ou traje casual, sem se prender muito em suas fantasias já que ele a observava sem pestanejar. Depois de percorrer quase todo o closet, no fim das contas, ela estava quase convencida de que não encontraria nada ali que lhe servisse, tudo muito estilo Wayne. Entretanto, uma última peça isolada em um modulado do lado direito chamou sua atenção.

Ela encarou as peças dobradas com um olhar incrédulo em um primeiro momento. Bruce percebendo o espanto da princesa se aproximou e também ficou surpreso por um instante, havia se esquecido que havia guardado aquela lembrança, porém se manteve sério e não deixou transparecer nenhuma emoção quando Diana pegou as roupas e o confrontou com os olhos azuis transbordando emoção.

― Bruce, por que você guardou isso?

― Alfred deve ter colocado aí pensando que as peças fossem realmente suas e deveriam ser devolvidas. – Ele mentiu descaradamente mal. De fato, Alfred havia recolhido as peças na batcaverna, mandado-as para a lavanderia e questionado o patrão sobre que fim dar a elas. Porém, o gesto de guarda-las partiu dele próprio para se lembrar dela.

― Digamos que tenha sido só isso. – Diana sabia quando Bruce lhe faltava com a verdade, sequer precisava de um laço para isso. ― Já faz tanto tempo, porque essas roupas ainda estão aqui. – Ela tocou o rosto enrijecido de Bruce, que lutava para ser evasivo.

― Eu não sei, princesa. Alfred é quem cuida de tudo por aqui. – Ele retira a mão de princesa de seu rosto e a beija delicadamente. ― Talvez ainda sirva em você, apesar das suas pernas estarem mais torneadas do que naquela época. – Bruce lhe joga uma piscadela bem típica de seu ar de playboy e se retira do closet para que ela se vista e não faça mais perguntas.

Diana sorri, emocionada, enquanto uma das mãos interrompe o caminho de uma lágrima que lhe escapara e descia sinuosamente pela face. Olhando a blusa azul e a calça flare em sua frente foi inevitável não trazer à tona as lembranças daquela noite na loja de roupas, onde Bruce finalmente revelara sua identidade, mesmo que ela já houvesse descoberto desde o baile em Paris. Inevitável também foi não se lembrar da fuga dos oficiais thanagarianos e o disfarce no pequeno restaurante, aperfeiçoado por um beijo impulsivo, mas especial.

Ela desatou o laço que prendia o hobby que usava e vestiu a blusa, satisfeita que ainda lhe cabia perfeitamente. Ao vestir a calça franziu um pouco o cenho quando ela passou mais apertada do que deveria pelas coxas, mas em seguida sorriu se lembrando da observação de Bruce. Ele estava correto, as pernas estavam mesmo mais torneadas, entretanto não era isso que lhe deixava contente e sim a constatação de como ele reparava minunciosamente nela.

Ela se olhou no espelho e para trazer perfeitamente à tona a imagem do disfarce durante a invasão thanagariana, separou algumas mechas, prendendo os cabelos em um rabo de cavalo, destacando seu belo rosto.

Saindo do closet, ela o encontrou sentado à mesa, na varanda da suíte. Bruce a observou de cima a baixo, encantado e rememorando a primeira vez que beijou sua princesa, que ela o beijou. Diana sorriu percebendo que ele falhara miseravelmente em esconder sua emoção e ele continuou a examina-la. O sorriso dele se acentuou quando o olhar fitou-lhe as pernas, constatando o que ele já previa.

Diana se apressou e se aproximou dele, que se levantou e puxou a cadeira para ela se sentar. De frente um para o outro, com uma manhã incomumente bela em Gotham, as mãos se entrelaçaram sobre a mesa e os olhares dialogaram por alguns instantes, depois se beijaram como naquele restaurante, porém, desta vez, puderam aproveitar melhor o momento, até que uma leve batida na porta do quarto lhes exigisse atenção.

― Entre, Alfred. – Bruce se pronunciou e a porta se abriu, revelando a figura do mordomo empurrando um carrinho com um café da manhã dos deuses.

Alfred adentrou o quarto com uma postura mais rígida e mais séria que a habitual, cabisbaixo, com receio de encarar a misteriosa visitante de seu patrão. Bruce se deleitava internamente percebendo a má vontade do mordomo, logo isso ficaria ainda mais divertido.

Diana estranhou a figura centrada do mordomo se aproximando. Esse não era o Alfred com o qual ela estava acostumada, ele parecia relutante em levantar os olhos e encarar o próprio patrão.

Quando chegou, enfim, próximo onde Bruce estava sentado em companhia da bela amazona, Alfred foi forçado a encara-los. O sorriso de encantamento e o olhar de surpresa que estamparam o rosto do mordomo foi impossível de ser contido. Alfred apenas desviou o olhar da princesa para seu patrão uma única vez, o cumprimentando silenciosamente e o repreendendo por tê-lo induzido a pensamentos equivocados. Bruce quase não conteve o sorriso de divertimento. Depois disso, Alfred se permitiu a quebrar um pouco o protocolo e antes mesmo de servi-los, se aproximou da princesa com cortesia.

― Senhorita Diana, é um prazer imensurável tê-la de volta a esta casa. – Alfred beijou a mão da amazona e lhe esboçou um olhar intenso de gratidão e satisfação, perfeitamente captado por ela.

― Senti falta do seu chá, Alfred. Não conseguiria ficar longe por muito tempo. – Ela sorriu para o mordomo, as bochechas levemente coradas.

Se recuperando da surpresa maravilhosa, Alfred serviu rapidamente o casal e se retirou para deixa-los à vontade. Contemplar o olhar de seu estimado filho e da princesa amazona brilhando de felicidade, deu ao mordomo inglês o melhor presente que ele poderia ter recebido até o atual momento de sua vida.

― Alfred estava um pouco estranho quando chegou aqui. – Diana externou sua observação, enquanto saboreava seu café.

― Impressão sua, princesa. São muitos afazeres para ele lidar sozinho. Já tentei convencê-lo a diminuir as atividades, mas ele é mais teimoso que você. – Diana fez uma careta engraçada ante a comparação.

― Eu sei que não é só isso. Você está me omitindo algo, mas vou relevar. Não se engane, Bruce, eu sei quando está mentindo para mim. – Bruce se fez de inocente e Diana prosseguiu. ― De qualquer forma, o café da manhã que ele prepara continua digno dos deuses.

― Eu garanto que ele deve estar se martirizando agora por não ter caprichado ainda mais. – Bruce esboçou um meio sorriso, murmurando para si próprio, mas logo voltou a atenção para Diana que o encarava intrigada. ― Mas, precisamos falar sobre nós dois, princesa. O fato de estarmos nos envolvendo, você sabe que não pode ser um relacionamento convencional. – Uma ruga se formou na testa de Bruce e o olhar misto de tristeza e preocupação tomou seu lugar.

― Eu sei, Bruce. E estou disposta a lidar com isso. – Ela estendeu sua mão sobre a dele, acariciando-a, compreensiva.

― Ser a namorada de Bruce Wayne não é uma honraria para alguém como você, princesa, muito pelo contrário. Você vai ser exposta de diversas formas ao ter sua imagem vinculada à minha.

― Eu não estou preocupada com as manchetes e os rótulos, Bruce. É claro que você vai ser privilegiado quando se tornar público nosso relacionamento: O príncipe de Gotham conquistou até a Mulher Maravilha, – ela revirou os olhos imaginando as fofocas proliferando sobre o assunto. ― mas o fato de saber que você reconhece que é justamente o contrário, foi a princesa de Themyscera que conquistou o coração do Cavaleiro das Trevas, me deixa conformada. – Ela piscou e sorriu convencida, desarmando o ar recriminador que ele estampava para si mesmo.

― Com quem você aprendeu a ser tão modesta, princesa? – Ela piscou e lhe sorriu sugestivamente divertindo a ambos. ― Nós vamos acertar os detalhes sobre o nosso relacionamento com calma. Mas agora há um outro assunto importante e urgente para tratarmos. – Diana arqueou uma sobrancelha, intrigada com a mudança brusca no rosto e no olhar do Wayne. Era o Batman a confrontando. ― Quando é que você pretendia me contar que já sabe quem é o mentor por trás dos ataques que sofreu, Diana? Por acaso estava pensando em agir sem falar comigo?

O olhar de Diana passou de surpreso pelo confronto à conformado por ele ter descoberto que ela lhe escondia algo. Ela fez menção de retirar sua mão sobre a mão do Wayne, mas ele a deteve, segurando-a com firmeza e cumplicidade. Diana respirou fundo e refletiu. Ela esperava que Bruce compartilhasse sua vida com ela, mas estava reticente em fazer isso com ele agora e coloca-lo em perigo, devido a uma situação que dizia respeito unicamente a ela. Ela orou silenciosamente à deusa da sabedoria para lidar com o momento da maneira mais prudente.

― E então, princesa? O que você tem a me dizer sobre isso? 


Notas Finais


Continua...

A referência das roupas da princesa foi baseada no episódio Escrito nas Estrelas – parte 2, da animação Liga da Justiça, quando os membros fundadores fugindo dos oficiais thanagarianos se disfarçaram de civis para poderem se misturar à população e seguirem para a mansão Wayne.

No episódio mostra os membros reunidos na batcaverna ainda com os trajes furtados da loja de roupas onde se trocaram e, em seguida, eles surgem descendo as escadas da mansão já com os trajes de heróis. Aproveitei esse detalhe para sugerir que Bruce tivesse guardado as roupas que a princesa usou. Abaixo seguem os links com alguns momentos do episódio porque vale a pena ver de novo haha.

https://www.youtube.com/watch?v=GRSCsHhm-oc

https://www.youtube.com/watch?v=rXIWywNVID8


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