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História Sentimentos Cruzados - Aliviando as tensões


Escrita por: Aiki-Shimizu

Notas do Autor


Oi meus queridos!

Estou trazendo mais um capítulo introdutório para a nova fase da trama. Queria muito já trazer algumas revelações a partir deste, mas ficaria muito exaustivo devido a extensão.

Tenham uma ótima leitura!

Kisses❣

Capítulo 36 - Aliviando as tensões


Fanfic / Fanfiction Sentimentos Cruzados - Aliviando as tensões

 

Na Torre de Vigilância, o Homem de Aço terminava as últimas ponderações a respeito da reunião que o Batman exigira para colocar todos os membros fundadores a par das suspeitas da princesa.

Era notório o contragosto da princesa em partilhar a situação, ela sabia que podia contar com cada um de seus amigos, que eram uns pelos outros, mas colocar em risco pessoas amadas afligia intensamente o coração da guerreira amazona. Sua intuição lhe dizia fortemente que a próxima investida de seus inimigos seria implacável.

Ares era um inimigo pessoal dela, como o Coringa do Batman, Lex Luthor do Super Man, Sinestro do Lanterna Verde e diversos outros embates que poderia se mencionar para cada herói. Se isso já não fosse um motivo plausível para ela querer lidar com a situação sozinha, havia ainda em seu coração a convicção de que a batalha vindoura estava além de questões pessoais passadas.

Ares, aliado a Circe, era uma evidência clara de que ele não pouparia esforços para atingi-la, de uma forma ou de outra. Qualquer um que estivesse próximo a ela, que fosse importante para ela, seria alvo da fúria e do ódio do deus vingativo e sedento por destruição.

A palpitação forte em seu peito a torturava, pressentia o perigo eminente, temia pelos que amava e como se isso já não fosse o suficiente se sentia de mãos atadas. Lhe incomodava profundamente o fato de não ter muito o que fazer em um primeiro momento, não haviam pistas que indicassem os próximos passos de seus inimigos e não haviam informações completas para delinear e confirmar suas suspeitas. Aquaman poderia ser um prenúncio de um fundamento concreto para endossar suas conclusões, mas, caso não fosse, voltaria à estaca zero.

Alguns detalhes, porém, já faziam sentido. A capacidade para manipular os vilões que faziam parte da sociedade secreta de Luthor e Grod, bem como os conflitos inesperados e simultâneos que ocorreram às vésperas da investida de Morgana contra Diana só podiam ter partido de alguém como Ares. Mas qual era a real motivação além de odiá-la? Ares não fugia de um combate direto, mesmo que algumas vezes manipulasse intermediários, sua soberba não lhe permitia se ocultar por tanto tempo.

Por Hera, Diana estava inquieta por resposta mais completas, seus amigos também. Ela ouvia vagamente enquanto discutiam o assunto, pontuavam se ela devia ficar afastada das atividades da Liga ou não, se tudo isso não passava de uma dedução equivocada, se as evidências não seriam uma armadilha para ocultar o verdadeiro vilão por trás de tudo. Diana apenas ouvia, não falou mais nada após relatar suas suspeitas. Nem sequer protestou quando Batman apresentou um esquema de superproteção para evitar que seus inimigos lhe atacassem de surpresa.

Com exceção de Shayera e J’onn, que atentaram para o silêncio atípico da amazona, todos os demais se ocuparam em dar palpites, oferecer soluções, premeditar ações.

Diana correu os olhos rapidamente ao seu redor, examinando os membros fundadores. Deteve-se quando encontrou o olhar do Marciano fixo nela. “Me desculpe, J’onn.” Ela pensou, deduzindo que seus pensamentos deveriam estar gritantes para um  telepata poderoso. “Está tudo bem, Diana. Não sofra por antecipação. Somos a Liga da Justiça, lembra-se?” O Marciano a confortou, fazendo-a assentir com a cabeça e exibir um sorriso fraco.

Shayera, que também estava atenta à falta de interação da Mulher Maravilha, percebeu o diálogo silencioso. Ela não precisava entrar na mente da amiga para entender o que estava se passando. Sabia que Diana precisava mais de distração do que apoio no momento.

― Superman, creio que os principais pontos da reunião já foram debatidos. Se nos der licença, Diana e eu podemos nos retirar? – Shayera interrompeu uma ponderação repetitiva de Clark, atraindo a atenção de todos para si.

Diana a encarou intrigada. Ela não havia acenado que queria sair da sala, embora quisesse urgentemente um respiro fora daquele ambiente.

― Eu acredito que já discorremos totalmente sobre o assunto, Mulher Gavião. Mas precisamos aguardar a chegada do Aquaman.

― Nós não precisamos esperar aqui sentados, certo? Quando ele chegar apenas nos avise e voltamos a nos reunir. – A ruiva sugeriu o prático e Clark alisou o queixo, concordando com o óbvio.

― Realmente, se todos preferem assim. – O kriptoniano olhou para os amigos, que também esboçaram sinal de concordância.

Bruce encarava Diana, percebendo um alívio imediato nas feições da princesa diante da alternativa de escape que a thanagariana sugerira. Apesar de estar preocupado e focado em encontrar soluções para proteger sua princesa, ele não estava alheio à sua angustia. Honestamente, Bruce queria cuidar de tudo, abraçar todas as questões que povoavam a mente e o coração da amazona, mas em alguns momentos, incrivelmente, ele não sabia como se portar, principalmente com espectadores.

― Mulher Gavião está correta, se continuarmos aqui, Clark vai repetir suas filosofias mais um par de vezes. Por hora já esteve em pauta o âmago da questão. Nos reuniremos assim que o Aquaman chegar. – Batman decretou e foi o primeiro a se retirar da sala. Não sem antes acariciar a mão de Diana sob a mesa. Um gesto simples para lembra-la que estava ali, com ela.

― Se o mal humorado do Morcegão liberou, até daqui a pouco, galera. – Flash saiu em seguida, literalmente como um raio em direção ao refeitório.

Os demais se retiraram calmamente, restando apenas Diana e Shayera.

― Shayera, eu... – Diana tentou encontrar palavras para agradecer, mas a ruiva a poupou.

― Não precisa agradecer, princesa. E nem falar sobre isso agora. – A ruiva mudou o rumo da conversa. ― Aceita ter um pouco de diversão na sala de treinamento? Aposto que você já deve estar fora de forma, está desde o incidente com Morgana fora de missões. – Shayera a desafiou e a princesa sorriu.

― Não pense que eu vou pegar leve devido a sua generosidade. – Diana a alertou, seus olhos brilhando repentinamente de entusiasmo pelo desafio.

As duas voaram rapidamente para a sala de treinamento.

― Faça o seu melhor, princesa. Eu estou em minha melhor forma. – A ruiva garantiu, sorrindo, animada com o combate.

 

***

 

Diana tinha que dar razão à Shayera, de fato, o tempo que ficara inativa contribuíra para que a ruiva levasse a melhor no primeiro round do treino. Diana era exponencialmente mais forte e mais rápida, mas, Shayera, além das habilidades aprimoradas de força, resistência e velocidade, tinha uma formação militar de primeira e uma disciplina constante de treinamento que lhe conferiam um rendimento incrível em uma batalha. Além de ser durona, é claro. A thanagariana gostava de uma boa briga ou, no caso, de um treino intenso.

Ainda que Diana estivesse extremamente animada com a luta, os primeiros vinte minutos foram de total domínio da Mulher Gavião. É claro que só estavam começando a se divertir, mas se não estivesse há tanto tempo sem treinar, a princesa tinha convicção que estaria levando a melhor.

― Vamos lá, princesa. Está ficando chato você só na defensiva. – A ruiva provocou.

Diana sorriu, como se estivessem brincando e não lutando, bloqueando um golpe poderoso de Shayera, que por um tris não ultrapassou sua guarda baixa.

Ambas optaram por um combate desarmado simples, corpo a corpo, sem a clava da Mulher Gavião, sem o laço e a armadura da Mulher Maravilha. Ambas trocaram de roupas, vestindo shorts e camisetas de ginástica, prenderam os cabelos em um rabo de cavalo, tudo para deixa-las mais confortáveis durante o treinamento.

― Estou lhe dando uma vantagem, Shayera. Quando eu começar a mostrar o que sei, você não vai se divertir tanto assim. – Diana rebateu, lançando-se contra a ruiva, que recuou com o impacto dos golpes.  

― Agora sim, princesa. Parece que você está começando a pegar o espírito do treino. – Shayera voou rapidamente ao redor da princesa, atordoando seus sentidos, antes de atingi-la por trás.

O golpe desestabilizou a amazona externamente, mas interiormente engatilhou seu ímpeto para o combate. Em dois segundos Diana retribuiu o ataque, lançando a ruiva contra a parede.

Usando os pés firmados na parede para dar impulso, Shayera alçou voo novamente, sem receio de contra-atacar. Ela jamais subestimaria a Mulher Maravilha, conhecia bem a capacidade da guerreira amazona, mas justamente por conhecê-la tanto, sabia identificar falhas em sua defesa e vícios em seus golpes. Poderia não ser capaz de derrota-la em um combate real, mas em um treino faria a princesa transpirar, aliás já estava fazendo.

Entre ataques diversificados, trabalhando membros superiores e inferiores, e bloqueios precisos, não demorou para que a ruiva conseguisse encaixar dois golpes de efeito, fazendo a amazona ofegar. No contra-ataque impetuoso de Diana, conseguiu encaixar uma imobilização levando o combate para o chão.

Apesar da leve vantagem da ruiva, Diana, que sempre observava atentamente lutadores exímios como Bruce e Dinah, tinha uma memória admirável para decorar estratégias de reversão de golpes, sendo assim, logo conseguiu uma passagem de guarda, surpreendendo a ruiva.

― Parece que completei meu aquecimento, Shayera. Só estou avisando para você se preparar. – Diana incitou a competitividade da thanagariana, enquanto se colocavam de pé para um novo round.

As duas heroínas se encararam em ar de desafio, sorridentes como duas crianças que desfrutavam de um playground dos sonhos, lançaram-se como raios uma contra a outra, utilizando todo o conhecimento que tinham de técnicas de luta.

Se a torre de vigilância não tivesse uma estrutura tecnológica extremamente estável e resistente, provavelmente estaria tremendo devido à força e aceleração dos ataques das heroínas.

Diana estava se sentindo leve, a iniciativa de Shayera estava proporcionando um alívio providencial para suas tensões, além de mexer com toda sua autoestima. Treinar com uma oponente de auto nível e tão combativa quanto ela, lhe fazia despertar o melhor de seu espírito de guerreira amazona: confiança, foco, persistência e muita habilidade.

Shayera logo começou a sentir o cansaço tomar conta de seu corpo, a resistência de Diana era superior, mas o entusiasmo pelo combate árduo lhe estimulava a não pedir uma pausa agora. Esta era a primeira vez que ambas treinavam juntas, após anos de parceria na Liga da Justiça, nenhuma das duas tinha imaginado antes o quanto a experiência lhes seria produtiva.

― Se quiser podemos dar uma pausa. Não precisa ser orgulhosa, Shayera. – Diana sugeriu, quando contra-atacou a ruiva e a mesma demorou a recuperar o fôlego e reagir.

― Princesa, eu ainda tenho energia de sobra. Mas você está começando a ficar lenta. Acho que a noite na mansão Wayne foi boa. – Shayera gargalhou, tentando distrair a princesa para aplicar um novo golpe.

― Shayera, isso não é assunto para um treinamento. – Diana conseguiu desviar da investida, tentando se desfazer do rubor que se formara em suas bochechas.

― Qual é, Diana?! Não precisa me dar detalhes, mas, admita, as coisas estão caminhando bem entre você e Bruce, não estão? – Shayera se lançou sobre a princesa, em um rasante feroz, fazendo-a desviar para evitar o choque.

― Digamos que eu fiquei devendo uma para você e para a Dinah. – Diana sorriu mais do que gostaria e, sem perceber, baixou a guarda quando Shayera lhe aplicava uma nova sequência de golpes. ― Mas já chega deste assunto, não pense que não percebi a sua estratégia, Shayera. Distração costuma ser um bom trunfo, porém não vou lhe dar esta vantagem.

Diana se recuperou das investidas e reagiu com golpes precisos e bem aplicados, capazes de deixar até o Batman impressionado, uma vez que ele sempre implicava com suas técnicas de luta ultrapassadas.

Shayera se defendeu o quanto pode, até reconhecer a supremacia da adversária e pedir um tempo:

― Já estou convencida de que você está aquecida, princesa. Aceito uma pausa antes de seguirmos com nosso treinamento. – Shayera dobrou seu orgulho ao se pronunciar, após bloquear com dificuldade um forte golpe de Diana.

As duas heroínas pousaram os pés no chão, ofegantes, ambas satisfeitas com o próprio desempenho. 

― Muito bem, Shayera. Você quase me superou. – Diana se gabou, enquanto lançava uma garrafa de água para a ruiva.

― Não se anime, princesa, ainda não terminamos. Eu só pedi uma pausa, não entreguei a luta.

― Você leva isso a sério mesmo, não é? – Diana ponderou, enquanto encarava os olhos verdes desafiadores.

― Você não? – Shayera rebateu e as duas sorriram. Elas eram muito parecidas em alguns aspectos, e justamente por isso demoraram tanto para se entender.

― Estes minutos de treino eram exatamente o que eu estava precisando. Obrigada, Shayera. – Diana reconheceu e esboçou um sorriso sinceramente grato para a ruiva.

― Acredite, Diana. Eu consigo entender perfeitamente o que deve está se passando em sua mente agora. Aliviar as tensões é essencial para organizar os pensamentos e manter o foco. Ouvir a política do Superman e os palpites dos outros por horas não iria te ajudar muito, pelo menos não agora.

― A verdade é que foram tantos acontecimentos simultâneos, tantas preocupações, a sensação de perigo iminente. Eu não estou conseguindo me situar. – Diana conseguiu desabafar.

― É claro que não está, Diana, é tudo muito recente. Mas tente começar pelos aspectos positivos, seu relacionamento com Bruce, por exemplo, seu trabalho como modelo.

― Por Hera, em meio a tudo isso eu me esqueci que tenho compromissos como civil. – Diana lembrou-se de seu contrato com a agência de Christopher Miller e que, desde que fora capturada, sequer havia dado satisfações sobre o não cumprimento de sua agenda durante os últimos dias. ― Como eu posso não ficar aflita com tantos assuntos para lidar?

― Compromissos, desafios, preocupações, namoro. Você precisa mesmo honrar seu título de “Mulher Maravilha”, Diana. – Shayera sorriu, tentando manter o nível da conversa com descontração. ― Apenas, lembre-se que você não está sozinha em meio a tudo isso, lembre-se quem você é. No fim das contas, é o que temos de bom que nos encoraja e nos fortalece para lidar com as adversidades.

Diana respirou fundo, percebendo que as poucas palavras da ruiva eram dotadas de grande sentido. Se ela perdesse foco, agisse por impulso e negligenciasse a ajuda de quem estava à sua volta só estaria dando vantagem aos seus inimigos.

― Shayera, eu nunca pensei que diria isso, mas você tem me saído uma excelente amiga. – Diana tocou o ombro da ruiva, com afeição.

Shayera que nunca fora de demonstrar claramente emoções como a princesa, apesar de sentir-se bem pela amizade recíproca da amazona, tratou logo de desconversar.

― Parece que somos mesmo capazes de conviver além do campo de batalhas, princesa. Mas não é hora para sentimentalismo, nosso tempo já terminou. Pronta? – Shayera largou sua garrafa de água sobre uma bancada e se posicionou ofensivamente para retomarem o treino.

― Sempre pronta. – Diana também largou sua garrafa. Caminhou até onde estava a clava da Mulher Gavião e lançou-a para a ruiva. – Vamos elevar um pouco o nível.

― Se você que assim. – Shayera se lançou sobre a princesa, com um golpe implacável, nem mesmo o bloqueio com os braceletes amenizou o forte impacto da massa de metal enésimo contra amazona.

Entretanto, Diana era uma guerreira aprimorada em combate armado, nos contra-ataques soube desviar tranquilamente da arma thanagariana, enquanto procurava a melhor maneira de desarmar sua oponente.

As duas lutavam tão concentradas que nem sequer atentaram que estavam sendo observadas. Recém-chegado na sala de treinamento, Wally observava a luta das heroínas, boquiaberto com a visão esplendorosa acima dele. Se John ou Bruce o flagrassem, encarando suas garotas daquela forma, o velocista estaria seriamente encrencado.

O ruivo só saiu do transe que a visão espetacular o colocou quando a clava de Shayera passou rente ao seu nariz, após Diana ter desarmando a mulher alada.

― Ei, garotas, cuidado com o Wally aqui. – O ruivo se fez notar, mas não o suficiente para apartar o embate acalorado das amigas. ― Ei garotas, será que dá para prestar atenção em mim. A luta aqui é bem mais interessante, mas vocês estão perdendo outro embate na sala de controle.

As duas heroínas interromperam uma investida simultânea ao escutarem as palavras do ruivo. Elas o encaram de imediato, sem entender sobre o que ele se referia.

― Wally, não é mais uma das suas brincadeiras, é? – Shayera o questionou, o repreendendo com o olhar.

― Nada disso, Shay. Aquaman chegou à torre e vocês estão prestes a perder uma luta inacreditável: O Morcego metido versus A Sardinha marrenta. – Wally sorriu, com o título que acabara de improvisar para o embate, e sequer notou Diana olhar para Shayera, temerosa e aflita.

― Flash, explique melhor o que você quer dizer com isso. – Diana exigiu, pousando em frente ao amigo.

― Não dá para explicar, princesa. Vocês precisam ver com os próprios olhos. Aquaman e o Morcegão começaram a se estranhar, quando J’onn mandou que a procurasse eles só estavam discutindo, mas conhecendo a personalidade dos dois, devemos estar perdendo o melhor da luta agora.

Diana sequer se permitiu formular hipóteses para entender a motivação da discussão relatada por Wally, conhecia bem Arthur e Bruce, mesmo que Flash estivesse exagerando, uma discussão entre eles não passaria sem faíscas.

― Grande Hera! – Foi só o que Shayera e Wally conseguiram ouvir antes de Diana voar velozmente para a sala de controle, com uma apreensão genuína em seu coração quanto ao que poderia presenciar quando chegasse ao local.

 

***

 

Diana chegou à sala de controle a tempo de ver o Lanterna Verde criar um escudo detendo um ímpeto do Homem Morcego em direção ao Rei de Atlântida. Ela flutuou em direção aos demais amigos, tentando entender o motivo da discussão acalorada.

― Batman, deixe-os conversar a sós. – Superman ponderava, demonstrando claramente estar evitando se envolver no conflito.

― Não é um assunto que lhe diz respeito, Batman. Vá cuidar da sua cidade. – Aquaman vociferou, irritando ainda mais o Homem Morcego.

― É um assunto de interesse da Liga. – Batman rugiu. Os punhos cerrados e o queixo com pontos avermelhados tornavam evidente sua irritação.

Diana queria saber como as coisas chegaram aquele ponto. Se não fosse o escudo sustentado pelo Lanterna Verde, ela tinha certeza que Arthur e Bruce já teriam avançado um contra o outro. Mas ela não tinha tempo a perder, era óbvio que o assunto dizia respeito a ela.

― O que está acontecendo aqui? – A voz da princesa soou alta e repreensiva, enquanto cada uma de suas mãos pousou sobre os ombros dos dois heróis irritados, afastando-os e se colocando entre eles.

Lanterna Verde retirou o escudo que sustentava, afinal, se alguém poderia contornar a situação, certamente, este alguém era Diana.

― Estou esperando, uma explicação. – Diana reiterou, e sentiu a tensão corporal dos homens diminuir levemente.

― Diana, eu vim aqui, a pedido do J’onn, para conversarmos a respeito das suas suspeitas. –Arthur encarou a princesa, tentando manter a calma. ― Eu apenas disse que precisamos conversar em particular, mas o Batman parece ter algum problema quanto a isso. – Os olhos do loiro voltaram-se para o Morcego, cujo olhar por baixo da máscara faiscava.

Diana olhou para Bruce, cobrando uma explicação, um argumento em sua defesa.

― Se o assunto diz respeito a você, Diana, é um assunto de interesse da Liga. Mas parece que o Aquaman se esqueceu que você não está nisso sozinha. – Bruce se justificou, superficialmente.

― Eu já disse a ele, princesa, isso não diz respeito a eles. Eu te conheço bem, Diana.  Você não vai querer envolvê-los nisso. – O Rei de Atlântida retrucou, ainda encarando o Morcego em desafio.

“Eu te conheço bem.” A frase fez Bruce queimar de raiva. Ninguém conhecia sua princesa tão bem como ele. Sua garganta formigou, tentando conter o ímpeto de responder ao Aquaman.

― Perdi muita coisa? Quem acertou quem primeiro? – Wally sussurrou ao chegar e se posicionar ao lado de John, observando a princesa ainda com os braços estendidos, impedindo um possível embate físico entre os heróis.

― Se você não ficar quieto, o primeiro a ser acertado vai ser você, Wally. – John garantiu, fazendo o ruivo fechar a cara.

― Vocês estavam quase avançando um sobre o outro simplesmente pelo fato de um querer uma conversa privada e o outro uma conversa com testemunhas? – Diana cruzou os braços e refletiu um olhar de repreensão para cada um deles, perplexa com a banalidade da discussão.

― Eu não comecei a discussão, princesa. Superman e os outros são testemunhas disso, inclusive não se opuseram quanto a conversarmos em particular. Já o Batman, apesar de nunca se considerar membro efetivo da Liga, parece se importar demasiadamente com a nossa conversa. – Aquaman confrontou o Morcego.

Diana examinou o Morcego, que tentou se mostrar indiferente perante o olhar questionador da amazona. Ele sabia que era inútil, afinal, ela podia enxergar não somente além das lentes da máscara, mas além da sua postura e das suas reações.

E, de fato, Diana enxergou, não apenas ciúmes, mas o receio que Bruce tinha de que algo importante lhe fosse ocultado. A maneira como ele a encarava lhe dava certeza de que não era apenas superproteção ou a necessidade extrema do Batman por ter controle de tudo. Ele estava preocupado com ela, se exaltar foi a maneira natural de demonstrar isso.

― Nós vamos conversar, Arthur. – Diana virou-se para encarar Aquaman. ― Me espere na sala de reuniões. – O loiro sorriu vitorioso para o Morcego, que por um instante se encolheu, frustrado, sob a armadura. ― Kal, Batman, me esperem junto com o Aquaman.

― Mas princesa, esse assunto é... – Aquaman tentou argumentar, mas Diana o interrompeu.

― Aquaman, estou certa de que há um motivo plausível para que você queira tratar o assunto em particular comigo. Mas meus amigos já estão envolvidos nisso, desde que se arriscaram para me salvar do ataque de Morgana. A presença do Batman e do Superman representará os demais. Seja o que for que você tem a nos dizer, decidiremos juntos sobre como agir. – Diana voltou seus olhos para o seu Cavaleiro das Trevas a tempo de vê-lo sorrir.

― Se você quer assim, Diana, vamos logo tratar disso. – Aquaman concordou, tentando conter a irritação que o ar de satisfação exibido pela postura Morcego lhe causou.

― Apenas vou me trocar, já que estava treinando com Shayera. – Diana se justificou, antes de seguir em direção ao quarto que dispunha na Sentinela.

― E que treino! – Wally não conteve o entusiasmo, sendo advertido pelo olhar nada simpático de John e um rosnado de pura fúria do Batman.

― Vamos para a sala de reuniões. – Superman se pronunciou, tentando amenizar a situação e apontando a direção do corredor para Aquaman e Batman.

(...)

Demorou cerca de quinze minutos para a princesa das amazonas se juntar aos três homens que a esperavam na sala de conferências. Sentando-se ao lado do Homem Morcego, ela encarou o Rei de Atlântida, o coração palpitando de inquietação. Sua intuição já nem se preocupava apenas em confirmar suas suspeitas, o olhar de Arthur era nitidamente preocupado e confuso, fato certo de que havia algo grandioso a ser descoberto.

Após respirar fundo, Diana rompeu o silêncio perturbador que reinava no ambiente:

― Aquaman, por favor, vamos direto ao ponto. O que você tem a nos dizer?


Notas Finais


Continua...

P. S. Uma recomendação: As lindas @Amazona e @MMbatman tiveram a ideia de criar um grupo no facebook para quem é fã do casal Bruce e Diana. Quem quiser descontrair conosco por lá, basta procurar por WONDERBAT BRASIL no facebook e clicar em participar do grupo, serão muito bem vindos. ;)


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