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História Sentimentos não são á prova de balas - Cuidado para não quebrar os corações


Escrita por: MADP13

Capítulo 32 - Cuidado para não quebrar os corações


Decidi tomar um banho e deitei na cama. O relógio avisou que passava um pouco das 18h.

- Você viu a cara dele? - Mi-Cha entrou no quarto rindo com Min-Jee.

- Vi sim, foi hilária!

- Milla! Vamos lá em baixo com a gente? 

- Não tô no clima...

- Vai, os meninos e a Ki estão lá! A gente vai sair daqui a pouco.

- Eu já sai hoje, podem ir... 

As meninas pegaram algumas coisas, trocaram de roupa e saíram do quarto. 

Peguei meu Notebook e comecei a assistir um filme qualquer. Eu não estava com cabeça para estudar, sair ou falar com ninguém. 

Por volta das 19h comecei a sentir um pouco de fome. Pausei o que eu estava vendo e desci as escadas até o corredor das salas. Com algumas moedas, comprei um pacote de salgadinho e uma barrinha de chocolate da máquina de lanches que tinha ali. Era a única da escola fora uma outra que havia do outro lado do campus.

- Oi! - uma voz familiar me chamou.

Era Eunji, o amigo de cabelos escuros das meninas que se rotulava anjo.

- Oi...

- Não saiu com a meninas?

Estou aqui, não estou?

- Não...

- Ah.. eu também não, tinha que estudar para um monte de provas. Isso é um saco, não é?

- Sei lá.. - peguei minha "comida'' e tentei ir para o quarto - Tchau..

- Mas já? 

- É... Eu também tenho que estudar... - menti.

-  O que está estudando?

- Ah...muita coisa. Muita coisa mesmo...

- Isso explica essa sua carinha - ele riu e colocou um pouco de dinheiro na máquina - cabisbaixa... - Sorri de leve e tentei sair andando - Espere aí, Milla... É Milla, certo?

- Sim.. o que foi?

- Posso te acompanhar? 

- Por que faria isso?

- Não me custa nada.

-Não... Por que precisaria me acompanhar? 

- Ah, sei lá... Não tá a fim de companhia?

Sinceramente, não estava, mas eu também não podia deixar meus problemas me transformarem em uma idiota.

- Pode ser... - falei retomando meu caminho, tentando não andar nem tão rápido e nem devagar.

- Você não gosta muito de sair, né?

- Sinceramente, não.

- Percebi... As garotas são mais pra frente, e você pareceu meio retraída aquele dia.. - eu apenas concordei com a cabeça - Você é bem diferente delas, né?

- Como assim?

- Mais quieta, mais esforçada, aparentemente, mais bonita...

- As meninas são muito esforçadas - falei tentando fingir que não ouvi a última parte - estudam bastante quando precisam e anotam muita coisa, mas quando não estão tão sobrecarregadas, gostam de sair, só isso... 

- Entendo... - Eunji coçou a garganta - Você tem namorado?

- Eu? Não...

- Uma menina como você, solteira? Não acredito.

Ele realmente está dando em cima de mim?

- É... - falei apertando um pouco o passo.

- Difícil crer que ninguém esteja interessado em você, até porquê, como eu já disse, você parece legal, inteligente, bonita.. - chegamos no meu dormitório, e quando tentei abrir a porta, ele segurou a maçaneta - Estou certo?

- Depende de para quem você pergunta. - tentei empurrar a porta.

- É uma pena que você tenha que ir. Eu estava gostando da nossa conversa...

- Eu tenho que estudar muita coisa.

- Eu também, mas tá tudo tão entediante... - ele passou a mão pela minha cintura e me puxou para perto - Agora, de entediante você não tem nada... - Ele aproximou o rosto, tentando roubar um beijo meu.

- É uma pena que não posso dizer o mesmo que você. - o empurrei e abri a porta.

- Vai me deixar falando sozinho?

- Vou.

Entrei para dentro e fechei a porta.

Joguei o lanche, que estava um pouco amassado, na cama, e percebi meu celular vibrar.

- Alô? - atendi.

- Oi, Milla, é o Suga.

- Que foi?

- Uau, que delicada. Atrapalho alguma coisa?

- Não... Desculpe, tá tudo bem?

- Sim, eu liguei para perguntar se você viu a anunciação.

- Que anunciação?

- Acabaram de anunciar nossa turnê. Vamos no sábado.

- Eu não vi... - sentei na cama e bufei - que sorte... Vão ser 3 meses mesmo?

- Sim, voltamos um pouco antes do ano novo.

- Nossa, faltam poucos meses para o ano acabar... Vai ser quando no sábado?

- De manhã.. - ele bufou também - vou ter que acordar cedo...

- Vai poder dormir muito durante a viagem.

- Estou torcendo para isso, se os meninos deixaram...

- Não pode ser tão ruim assim...

- Isso porquê você não dividir um quarto com eles.. com o V principalmente! Ele grita enquanto dorme...

- Você escuta mais de 1000 fãs gritando  em todo show, e isso te tira o sono?

- Não tira, mas incomoda...

- Passe uma fita na boca dele e pronto.. - ri um pouco.

- Peraí... Pode repetir?

- Passe uma fita na boca do V e pronto...

- É assim? Beleza.. - uma voz familiar chamou.

- Eu concordo com a Milla! - esse era o Jimin, com certeza...

- Parabéns, você está no viva voz.

- E todos os hyungs estão aqui presentes. - Jungkook esclareceu.

- Aish! Suga, eu te odeio.

- Então, dona Milla, quer dizer que eles tem que passar uma fita na minha boca?

- Foi só uma idéia, não me responsabilizo pelos atos de ninguém. 

- Mas pelo visto, eu e Jimin concordamos com você. - Yoongi brincou - e pela cara do Rap Monster ele também concorda.

- Concordo mesmo, mas dessa vez eu não vou dividir dormitório com o Taehyung, então, como diz a Milla, não me responsabilizo. - ele riu.

- Parabéns pela turnê, meninos..

- Obrigado. - todos falaram juntos, aparentemente.

- Tenho que desligar, até!

- Tchau!

E desligaram.

Posso matar o Yoongi?

Desliguei a luz, peguei meus lanches e continuei assistindo ao filme que estava vendo antes. 

Recebi uma mensagem.

*Jimin 

Desde quando você e o Suga são tão próximos?

*Eu

Isso é ciúmes ou uma pergunta qualquer?

*Jimin 

Uma pergunta.

*Eu

E por que te interessa?

*Jimin 

Porquê sim, não vai me responder?

*Eu 

Sei lá, somos amigos há um tempo...

Espero que isso realmente não seja ciúmes da parte dele, pois seria muita idiotice...se tinha algo que eu odiava era ciúmes sem motivo aparente, coisa que ele não tinha. 

Perto das 20h, comecei a guardar minhas coisas e limpar a sujeira que tinha feito na cama com as migalhas de salgadinho. 

Sentei na cama e peguei o colar e a foto que Willian havia me dado. As filhas dele eram tão fofas, e a mulher muito bonita. Eu me perguntava se ele era um bom pai de família, um marido carinhoso, um filho cuidadoso. Me perguntava se ele dava a aquelas meninas tudo o que negou a mim e a minha mãe. Elas sorriam na foto, isso queria dizer que sim? Ou foi outra pessoa quem tirou a foto? Alguém que as fizessem feliz, como um tio ou uma prima.

A paisagem atrás delas se baseiava em um pequeno lago brilhante, algumas Palmeiras e várias folhas jogadas no chão, algumas já secas e escuras. Comecei a pensar, será que em algum determinado dia, ele levou a esposa e as filhas para passear, fez com que elas sorrissem, levou para tomar um sorvete, brincou de cavalinho ou qualquer coisa que uma criança gostaria de fazer?

Guardar mágoa nunca foi algo que eu costumo fazer, mas eu não queria me magoar. Tinha medo de que meu coração fosse como uma caixinha de surpresas, que quando você abre, ao invés de aparecer um palhaço saltitante, viesse um braço voador que me acertasse um murro no queixo.

Guardei a caixa em uma das minhas gavetas, peguei o pingente e fui até o espelho. Era tão infantil, tão inocente... E era meu. Minha irmã havia me dado, a mesma que queria me conhecer... A mesma que fazia questão de me ver.

Mas e minha mãe? Como ela reagiria se eu dissesse que estava pensando em dar uma segunda chance ao homem que teve a coragem de abandona-la grávida e a mulher que nunca fez menos que critica-la? Ela me entenderia? Afinal, perdoou a vovó... 

Vamos supor que eu perdoasse o homem.. como eu o chamaria? De Willian? De pai? Mas eu já tinha um... E como ele ficaria sabendo que eu poderia estar chamando outro assim? Ele se lembraria de que foi ele quem colocou o curativo no meu joelho quando eu caí? Que quando eu peguei catapora, foi ele quem ajudou minha mãe a cuidar de mim?... Eu não me esqueceria disso jamais...

Kwan... Era tão apegado comigo às vezes. Como ele ficaria se soubesse que eu tinha outras duas irmãs?

Haviam tantos corações nas minha mãos, e eu sentia que deixaria cada um escapar por entre meus dedos. Eles cairiam no chão, se quebrariam, e a culpa seria toda minha. Seria de uma decisão que eu tinha que tomar...

Coloquei o colar no meu pescoço, que se escondeu dentro da minha blusa. Mas fiz questão de deixá-lo bem visível, e o puxei para fora. Se agora era meu, eu iria usar. Disso eu tinha certeza.

- Emperrou! - ouvi do lado de fora.

- Eu só tranquei - falei abrindo a porta.

- Mas minha chave não quer girar.. - Min-Jee reclamou.

- Já entramos, amanhã você vê isso.

- Como foi? - perguntei.

- Perdeu muita coisa, nos divertimos bastante. Na próxima vez eu te levo nem que seja arrastada. - Min-Jee esclareceu - ficou fazendo o que?

- Nada de mais... Só assisti um pouco. Por que o Eunji não foi?

- Como você sabe que ele não foi?

- Encontrei ele perto de uma das máquinas.

- Ele disse que tinha que estudar para umas provas aí.. 

- Ele não tem cara de quem leva os estudos a sério... Nem as garotas. - falei me sentando na cama.

- Tá dizendo isso por?...

- O safardana tentou me beijar.

- Como é?! - Mi-Cha pulou da cama.

- Que palavra é essa que você usou? 

- É um xingamento. - esclareci - ele tentou me beijar, tem como ser mais clara que isso?

- E o que você vez?

- Eu não quis.

- Tá louca! Um homão daquele e você recusou?

- Se quiser pega ele, Mi-Cha! Você é linda e solteira, vai na fé!

Me certifiquei que as portas e janelas estavam trancadas e deitei na cama.

Disquei o número de telefone da minha omma e torçi para que ela atendesse.

- Alô?

- Oi, mãe...

- Oi, filha, tudo bem?

- Tudo e com a senhora?

- Está indo... Foi ver o Willian hoje?

- Fui...

- E no que que deu?

- Muitas coisas, mas acho melhor te falar outra hora... Eu só liguei para dar boa noite, e para dizer que amo vocês.

- Isso tudo é peso na consciência? Não é do seu feitio fazer isso...

- Nossa, que jeito de receber um "eu te amo".

- Você sabe que também te amamos, mas vamos encarar os fatos... Não é algo que você costuma fazer... Simplesmente não é... Eu tenho certeza que você vai tacar uma bomba em mim quando nos vermos.

- Isso eu não posso negar...

- Foi o que eu imaginei.

E desligou.

Acho que deixei escapar um coração...

Deitei na cama e fechei os olhos, na esperança de que essa noite fosse um pouco mais longa que as demais, e que o dia de amanhã fosse menos perturbado.

.....

Quando acordei, Min-Jee estava no banheiro e Mi-Cha sentada na cama, olhando para o horizonte, com os olhos extremamente esbugalhados. Joguei um travesseiro nela.

- Que dia é hoje? - perguntei.

- Dia de comprar um calendário.

- Isso só funciona com o relógio.

- Dia 15, mês 9, que é mês?...

- Depois sou eu quem precisa de um calendário, né?

Fiquei de pé e peguei minhas roupas. Como sempre, tomei banho, me arrumei, e fui a cantina comer. Vi Eunji de longe, que também me avistou. Ele piscou e abaixou a cabeça. Que cara de pau!

Enfrentei o dia um pouco melhor que nos anteriores, mas ainda sim, minha cabeça estava uma bagunça. 

- Isso é um morango no seu pescoço? - Ki perguntou assim que me viu, sentada de baixo da mesma árvore de sempre.

- Sim...

- Isso é coisa de criança. Tá usando por quê?

- Porquê é meu novo tesouro... E vou continuar usando...

- Vão te zuar.

- Que se dane!

- Ui, tá nervosa!

- Nem um pouco, mas eu gostei do colar.

- De quem você ganhou? Do crush?

- Não! O que te fez pensar isso?

- Você não vê um colar com um morango e pensa, que lindo, que especial, vou comprar e usar com muito orgulho! - Ki respondeu com voz de bebê - tem que ter ganhado de alguém especial. Quem foi?

- Minha irmã... 

Quando ela perguntou, foi isso que saiu. Eu não consegui dizer um nome, ou "a outra filha do meu pai", eu disse o parentesco, o que eu a considerava, e eu nem sabia se era assim que eu devia chama-la.

- Você tem uma irmã? Não era um irmão?

Calei minha boca naquele instante pensando que não deveria dizer mais nada, pois não sabia o que era certo dizer, muito menos devia falar mais alguma coisa.

Recebi outra mensagem, e fiquei com tanto medo de olhar de quem era. Tinha medo de ser uma carta raivosa ou extremamente deprimida da minha mãe, querendo me deserdar, ou dizendo o quão magoada comigo estava.

Mas não era nada disso.

*Jungkook

Alguma chance de eu te ver antes da turnê?

* Eu

Acho que sim...

* Jungkook

Que bom, então a viagem não foi perdida...

*Eu

Que viagem?

*Jungkook

Aquele que vou fazer daqui a pouco para ir aí na frente da sua universidade para te ver.

*Eu 

Estou em horário de aula.

*Jungkook

Mas as 18h não vai estar... 

O sinal tocou e eu sabia que aquilo se tratava de um encontro.

As últimas aulas passaram mais devagar, acho que justamente por conta das minhas expectativas de vê-lo o mais rápido possível. Antes, a correção de algumas provas, revisões de certos conteúdos e assuntos novos passavam voando, mas agora, demoravam uma eternidade.

Na última aula subi para o meu quarto com tanta pressa que mal notei que Eunji estava descendo as escadas, e colidimos um com o outro.

- Desculpe.. - falei.

- Tudo isso é pra chamar minha atenção, linda? 

Babaca.

Revirei os olhos e tentei voltar para o meu quarto, mas ele segurou minha bolsa.

- Não gostei do que fez ontem.

- O que? Ter me afastado de você quando tentou me agarrar na maior cara de pau, e sem respeito nenhum? Costumo fazer isso quando os garotos são imbecis como você.

- Uou! Você é difícil mesmo, heim? Nunca vi tanta raiva para tão pouco tamanho.

- E mesmo você sendo alto, ainda não sei como cabe tanto ego...

Voltei para o meu quarto o mais rápido possível, sem olhar para trás.

Min-Jee já estava lá, rodeada de cadernos.

- Milla, você teve uma prova sobre morfofisiologia, certo?

- Sim, semana passada..

- Quando te entregarem, me empresta?

- Para que?

- Eu quero estudar as questões, acho que não me dei tão bem em algumas questões.

- Toma.. - falei entregando para ela.

- Como você tirou nota máxima nessa caralha?! Eu tô me matando...

- Depois eu te ajudo em algumas questões, prometo...

Troquei de roupa e fui até a diretoria pegar minha permissão. Acho que até já me conheciam lá de tantas vezes que eu pedia uma.

Jungkook estava mexendo no celular, apoiado em um poste, na calçada da faculdade.

- Viciado. - falei puxando o aparelho da mão dele. - aprendi aqui que faz mal ficar vidrado nisso 25 horas por dia.

- E não aprendeu que o dia tem só 24? - ele pegou de volta o celular. - Como você tá?

- Eu? Bem, e você...

- Eu tô bem... Mas não acredito em você.

- Oi?

- Fiquei sabendo da confusão que aconteceu na sua casa. Do seu pai e da sua tia...

- O quê? Como?

- Tenho uns amigo que moram perto, que ouviram dos seus vizinhos, que isso, que aquilo... Sabe como são as notícias, voam rápido...

- Coisas que não tem asas não devem voar. Isso é coisa minha.

- Eu só quero te ajudar...

- Como? O que você poderia fazer?

- Não muita coisa, reconheço.. mas imagino que a sua cabeça deve estar uma bagunça. Sei lá, somos amigo, né? E amigos falam um com o outro...

Chutei uma pedra do chão o mais longe que pude e imaginei que aquilo era bom demais para ser verdade. Era bom demais imaginar que eu conseguiria ficar um dia sem toca nesse assunto, sem que me vissem como uma garota de porcelana. 

- Não preciso de nada... - respondi

- Se você diz... 

Ele sorriu e pegou minha mão.

- Quero te mostrar uma coisa...



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