História Sentimentos Túrbidos - A viagem escolar (parte III): Beijo de gratidão

Capítulo XXIX – A viagem escolar (parte III): Beijo de gratidão

- Está se sentindo melhor? – perguntou Hinata ao terminar de fazer um curativo no ferimento na mão de Kiba, que havia se cortado em um tronco.

- Não vou precisar amputar minha mão? – perguntou Kiba choramingando.

- Kiba, o corte não foi tão grande e nem tão profundo... – disse Shino achando o drama desnecessário.

- Onde está Karui? Quero dizer minhas últimas palavras! – Kiba falou sentando-se na cama de seu quarto.

- Kiba-kun... – Hinata riu da situação. Não havia notado o quanto estava sentindo falta de estar com seus amigos. Todos estavam ocupados demais em resolver suas vidas pessoais. Principalmente Shino, que havia se separado de Hana recentemente pelo fato dela ter viajado para bem longe. Sabia o quanto se amavam e não conseguia imaginar a dor que seu amigo estava passando.

- Vamos voltar. Ainda temos trabalho para fazer. – Shino falou olhando para o Inuzuka, um aviso de que era hora de parar com aquele drama.

- Não irei conseguir caminhar... – Kiba colocou a mão na testa fingindo estar com tontura.

- Kiba! – Karui escancarou a porta do cômodo – Soube que se feriu!

- Hinata já cuidou do curativo... – ele elevou a mão machucada – Mas acho que não irei sobreviver.

- Foi só um corte pequeno. Idiota! – Karui o acertou na cabeça com um tapa.

- O que pensa que está fazendo? – ele perguntou com frustração – Você é minha namorada ou minha inimiga?!

- Vire homem de uma vez.

- Naruto-kun! – o sorriso de Hinata surgiu e seu coração disparou ao ver Naruto parado na porta, mas se deteve em algo na lateral de seu rosto, próximo de seu ouvido – Está ferido? – ela perguntou preocupada e aproximando-se dele.

- Não foi nada... – respondeu com um sorriso – O professor está chamando para as instruções da próxima atividade e depois estaremos livres! – anunciou com empolgação.

- Karui! Você trouxe o seu Nintendo 3Ds? – Kiba perguntou, saltando da cama.

- Você não estava à beira da morte? – Karui segurou seu sorriso.

- Ora... – ele resmungou – Cala a boca e vamos logo.

 

Depois de terem tomado banho e almoçado, os professores deram as instruções da outra atividade prática. Levaram parte da tarde para finalizarem, logo o sol se pôs e a lua surgiu com milhares de estrelas como um rastro no céu.

Depois do jantar, muitos alunos por estarem exaustos, recolheram-se para seus determinados dormitórios para dormir, ficando alguns poucos conversando na sala, já outros viam tv ou estavam admirando o céu, como o casal Naruto e Hinata que estavam sentados em um banco de madeira admirando a iluminação noturna.

- Aqueles dois... – Kiba falou colocando um dedo na boca enojado com a cena romântica. Estava com Shino, sentados mais afastados abaixo de uma cerejeira.

- Você queria estar na mesma situação, mas Karui já foi dormir... – falou Shino ajeitando seus óculos.

- Cala a boca... – ele resmungou e cruzou os braços. – Shino... Você sente falta dela? – olhou para cima e sentiu o vento frio mover as folhas rosadas da árvore.

- Por que a pergunta? – Shino perguntou também olhando para cima.

- Bem... Meio que Hana mandou perguntar. Ela liga e a mãe vem falar comigo...

- Entendo... – empurrou seus óculos novamente – Todos os dias...

- Deve ser difícil... – ele murmurou.

- Vamos entrar. – Shino se levantou – Está ficando frio.

- Ei! – Kiba gritou para o casal mais a frente ouvir – Vocês vão acabar pegando um resfriado! Vamos entrar!

- Vai cuidar da sua vida! – Naruto gritou de volta irritado com as interrupções do Inuzuka.

- Deixe-os... – Shino falou e andou para dentro da casa.

- Esse cara... – Naruto apertou o punho e rangeu os dentes.

- Ele só estava preocupado, Naruto-kun... – disse Hinata, tentando acalmá-lo.

- Ele quer encher minha paciência... – virou-se para a Hyuuga com uma expressão séria – Eu vi você fazendo um curativo nele. Quanto a mim... Tive que me virar... – falou referindo-se ao seu ferimento na cabeça.

- N-Naruto-kun! E-Eu...

- Não tem perdão para isso... – levantou a mão interrompendo-a – Pensei que gostasse de mim.

- Mas... Mas... – Hinata via-se perdida e estava já em desespero, mas ouviu a risada de Naruto e o olhou incrédula.

- Brincadeira... Brincadeira... – falou ele entre uma risada e outra.

- Você é cruel, Naruto-kun... – falou limpando as lágrimas no canto de seus olhos.

- Desculpa Hina, mas é porque você fica fofa assim. – ele depositou um beijo na bochecha da garota, que enrubesceu instantaneamente. – Vem comigo. – ele a pegou pelo pulso e a puxou correndo para longe dali.

- Naruto-kun, onde estamos indo? – perguntou sem entender sua atitude repentina e andar rapidamente daquela forma fez ficar com muito frio. Moveram-se até uma parte isolada na lateral da casa, onde Naruto encostou-se a parede e sorriu da reação inocente dela.

- Está perto do horário de ir para os quartos, não é? – ele falou coçando a bochecha com o dedo indicador.

“Ele está constrangido...” Hinata pensou, observando o comportamento do loiro.

- É verdade... – ela respondeu e se assustou por ter sido puxada para mais perto de Naruto, seu rosto encostado em seu peito – N-Naruto-kun?

- Posso ficar só mais um pouco assim? – ele perguntou com os olhos fechados enquanto sentia o agradável aroma vindo dos cabelos de Hinata – Iriam implicar se ficássemos lá.

- Tudo bem... – deixou ser abraçada por ele, fechando os olhos e se acalmando mais.

- Não tivemos tempo para ficarmos juntos... – acariciou o rosto da Hyuuga e a puxou para cima, assustado por sentir algo molhado e viu algumas lágrimas deslizando por seu rosto – Hinata?

- Desculpe, Naruto-kun... – disse ela com um sorriso – Nunca pensei que ficaria tão feliz com um abraço seu.

O coração de Naruto acelerou de uma forma calorosa e mal acreditou naquela reação. Suas mãos suavam mesmo sentindo frio, suas pernas ficaram bambas mesmo não estando doente ou algo do tipo, sentiu um frio na barriga muito forte... E percebeu que Hinata só fazia ele se apaixonar cada vez mais por ela. Como isso era possível?  

 Sem notar, já estava com os lábios nos dela. Um beijo expressando sua paixão silenciosa por Hinata que ainda não fora dita com palavras para ela. Será que ela iria se assustar por dizer que estava muito apaixonado? Será que iria acreditar nele? Não sabia ser era certo dizer seus sentimentos, tinha medo do que podia acontecer...

Um baixo gemido saiu de Hinata quando ele havia descido suas mãos para suas nádegas, apertando-as levemente e segurando firmemente.

“Essa não...” ele pensou notando o que havia feito, mas era tarde demais, não conseguia parar.

Hinata levantou os braços, envolvendo-os no pescoço de Naruto e ficou na ponta dos pés, aproximando-se ainda mais dele. Abrasador demais para ser verdade... Hinata sentia sua pele ferver e que pressão era aquela que sentia entre suas pernas? Era... Tão assustadoramente bom estar daquela forma com Naruto. Assombroso. Era certo? Isso não queria saber, apenas continuar com aquele momento.

Naruto a beijava com fervor e sua mão nas nádegas de Hinata, apalpando-as e puxando-a mais para si. Não demorou muito para uma consequência. Seu membro pulsou e se ergueu um pouco.

Hinata logo o notou e por mais que seja ingênua, não precisou pensar muito para saber do que se tratava. Arregalou os olhos e abaixou a cabeça, finalizando bruscamente o beijo. Ficou com o rosto encostado no peito de Naruto, envergonhada demais para encará-lo. E assustada demais para se afastar dele.

- D-Desculpa Hinata... – ele falou igualmente envergonhado, mas temeu que se soltar Hinata, poderia sair correndo e nunca mais o olhar, ou ver diretamente aquela situação.

“Droga... O que eu faço?” Naruto se perguntou quase em desespero.

Ela continuava o sentindo, mas estava paralisada sem saber o que fazer ou o que dizer. Nunca havia passado por aquilo antes. Jurava que seu coração iria sair pela boca, mas também sentia as palpitações do coração de Naruto... Estavam aceleradas e fortes, com certeza estava nervoso e constrangido da mesma maneira.

- Você está brava? – ele perguntou receioso.

- Tudo bem... – ela falou enfim, quebrando o silêncio.

- Desculpa mesmo, Hinata... Mas é culpa sua. – Naruto sorriu.

- N-Naruto-kun! – ficou com a face totalmente avermelhada e tentou esconder o rosto no peito de Naruto.

- Vamos voltar, tudo bem? Ou iremos levar uma bronca.

- Está bem... – Hinata andou e olhou para trás ao perceber que Naruto não a acompanhou.

- M-Mas vá na frente... – ele riu com constrangimento, puxando a barra de seu moletom para baixo – Tenho que me acalmar primeiro. Não olhe para cá!

- D-Dec-culpe... – ela virou-se rapidamente e andou com passos apressados, afastando-se dali.

 

***

- Onde você estava? – Ino perguntou ao ver Hinata entrar no quarto e com a face vermelha.

- I-Ino-san...

- Aconteceu alguma coisa? – perguntou preocupada com a atitude nervosa da Hyuuga.

- N-Não... Está tudo bem. – ela respondeu.

- Ela estava com Naruto. – Sakura falou com um sorriso – Vocês estão evoluindo muito bem!

- O que aprontaram? – Ino perguntou com um sorriso malicioso.

- N-Nada! – Hinata respirou fundo, aliviada quando ouviram batidas na porta do quarto, recolheu-se rapidamente para o banheiro e se trancou lá, fugindo das perguntas que elas faziam ou que iriam fazer. Queria compartilhar de tudo o que sentia para suas amigas, mas era constrangedor demais para falar tal coisa.

- Quem é você? – a loira perguntou ao ver uma garota parada a frente da porta.

- Você é Ino? – perguntou.

- Eu mesma! – respondeu com um sorriso.

- Preciso falar com você.

- Comigo? O que é?

- Vá logo. – Sakura falou – Irei pegar um pouco de água. Depois volto. – retirou-se antes que Ino falasse alguma coisa.

- Sei que não me conhece. Sou Matsuri, da outra turma. – falou a garota entrando no quarto. – Temos um amigo em comum e vim falar justamente dele.

- Não faço ideia de quem você esteja falando... – Ino falou cruzando os braços.

- Gaara-kun. Sou uma amiga da família desde quando éramos crianças.

- Ah... O que ele fez dessa vez? Sabe... – Ino sorriu ao lembrar-se da forma como Gaara se irrita facilmente – Ele se mete em muitos problemas...

- Devo dizer que o conheço muito bem para saber que ele está gostando de você. – Matsuri falou encarando Ino e percebendo sua reação ao ouvir aquilo – Ele hoje a defendeu sua honra de um garoto de sua turma, Sai...

- Ele fez isso mesmo?

- Sim...

- Idiota... Não era para se meter nisso dessa forma... – novamente estava sem reação, do mesmo jeito quando estava no ônibus, quando Gaara jogou uma indireta sobre seus sentimentos. – Idiota...

- Você corresponde aos sentimentos dele?

- O que?!

- Gaara-kun precisa de uma pessoa boa para entender seus sentimentos. Ele já sofreu demais e não precisa de mais sofrimento.

Encarou Matsuri e logo entendeu o que estava realmente acontecendo ao ver seus olhos, que transpareceu tudo. Ela estava protegendo Gaara.

- Você o ama? – Ino perguntou.

- Isso não vem ao caso!

- Por que não fala para ele?

- Na verdade... – Matsuri suspirou como se estivesse lembrando-se de algo em um passado distante – Já desisti dos meus sentimentos por Gaara-kun. Não vim aqui para lhe declarar como rival... Só vim para pedir que tome de conta dele.

- E-Está bem... – não conseguiu dar uma resposta mais adequada.

Apenas viu a garota se levantando e se retirando do quarto, sem ainda entender o ocorrido. Gaara entrou em uma briga por sua causa... Não que seja uma novidade ele se meter em brigas, mas por sua causa, para lhe defender... De alguma forma estava feliz em saber daquilo.

 

***

Sakura esperou Shion e Karin se retirarem da cozinha para então entrar e pegar três garrafas de água da geladeira. Não queria confusão que provavelmente entraria se alguma delas a vissem, já que Karin adorava uma oportunidade para lhe menosprezar. Ainda mais por não ter mais ninguém no cômodo, o que deixaria mais livre para falar o que quisesse.

- Sakura.

Ela assustou-se com aquela voz repentina, derrubando as garrafas no chão, olhando para trás temendo ser algum professor para repreendê-la, já que havia passado das 22 horas.

- S-Sasuke-kun? Você me assustou... – ela disse aliviada ao vê-lo do outro lado do balcão, mas logo se lembrou do ocorrido entre eles pela manhã, deixando-a nervosa novamente.

Ele havia finalmente mostrado seus sentimentos, mostrado sua verdadeira face, mas... O que iria falar?

- Não acha que já está muito tarde para ficar andando por aí? – ele perguntou se aproximando. Usava uma camisa azul marinho e calça moletom cinza, irresistivelmente lindo, mesmo com roupas simples.

- Já estou indo para o quarto... – ela respondeu desviando seu olhar do Uchiha para pegar as garrafas do chão. Uma havia rolado para a direção que Sasuke estava e quando percebeu, já estava próxima dele. Ele se abaixou e segurou a garrafa com a mão, mas não se levantou, permaneceu agachado.

- Bem... – Sasuke falou sussurrando – Fique assim por um tempo.

- O-O que? – Sakura ia se afastando, mas Sasuke a puxou, colocando uma mão em sua boca e fazendo sinal de silêncio.

- Esses moleques deixam as luzes ligadas... – reconheceu a voz de Azuma.

- Pelo menos já foram dormir. – Kurenai falou.

- Bem... Estamos sozinhos enfim. Vamos dar uma volta lá fora? – ele perguntou com uma voz sugestiva.

 Os passos foram se afastando, até não ser ouvido nenhum outro som apenas os grilos escondidos na vegetação do lado de for.

Apesar de estar tudo escuro e não poder ver muita coisa, sabia que Sasuke estava bem próximo... Podia sentir sua respiração e seu cheiro.

- Desculpe... – ele falou retirando a mão da boca da Haruno.

- Não tem problema... Se não você por você, estaríamos recebendo um sermão agora.

- Você parece estar nervosa...

- É-É... B-Bem... – Sakura respirou fundo, tentando se acalmar mais – Só estou feliz que você ter desabafado comigo. Sasuke-kun? – ela sentiu a mão dele em seu braço e a apertando com força.

- Apesar de ter machucado seu coração inúmeras vezes... Apesar de ter falado coisas agressivas para você... Como consegue ainda dizer coisas gentis assim? – ele falou de cabeça baixa, ainda agachado juntamente de Sakura, ambos atrás do balcão, na cozinha e no escuro. Ela não falou nada diante aquela pergunta – Você é uma idiota de bom coração...

- Quem você está chamando de... – ela parou de falar por Sasuke tê-la interrompido com um beijo em seus lábios.

- Boa noite. – ele se levantou e se afastou, deixando uma perplexa Sakura lá, sentada sobre as pernas no piso frio.

Seus olhos se arregalaram como pratos e não pode acreditar no que havia acabado de ocorrer. Tocou a ponta dos dedos em seus lábios. Mesmo o beijo sendo rápido e mesmo não sendo a primeira vez que se beijavam, sentia que aquele fora diferente de todos os outros.

Agora saber a exata diferença era o desafio...

“Será que...” ela pensou e aquila hipótese foi um aperto em seu coração.

Ele a beijou apenas como uma forma de agradecimento por ter ouvido seu desabafo? Não... Não queria voltar ao que era antes. Não queria daquela forma. Não queria aquele beijo daquela forma. Queria algo verdadeiro, algo com sentimento.

Por que Sasuke fez aquilo? Por que não se afasta de uma vez por todas? Por que ainda brinca com seus sentimentos? Ela o entendia, mas por que ele não a entendia?

“Sasuke-kun... Idiota...” encolheu-se mais, apertando as mãos, totalmente confusa diante de tudo.