-O que?! –exclamou uma voz com um estranho sotaque acima das cabeças delas.
-O que há Newt? –perguntou uma voz firme.
-São três... Três garotas! –disse a primeira voz.
-Três? –murmuram várias vozes, todas masculinas.
-Garotas?!
-São gostosas ao menos?
-Calado, cara de mértila!
A última voz cortou todas as outras, restando apenas o silêncio.
-Newt, tire-as de lá.
As três abriram os olhos simultaneamente.
-Olha, acordaram. -disse um garoto próximo da loira, que recuou imediatamente. –Ei, não se preocupem, não iremos machucar nenhuma de vocês.
-Quem é você? –questionou a asiática.
-Sou Newt, sabem me dizer seus nomes?
-R.M. –respondeu a loura, olhando curiosa para os garotos fora do “buraco”.
-Frankie. –disse a asiática hesitante.
-Babes. –falou por fim a morena que olhava atentamente pra qualquer movimento do garoto.
-Que lugar é esse? –perguntou Frankie novamente.
-Posso dizer se concordarem em sair daqui. –propôs de forma calma e paciente.
-Porque iriamos com você? Afinal, não somos nós que estamos armadas não é? –falou a morena ironicamente. –E ainda, tem eles - ela apontou para os garotos acima deles.
-Entendo. –disse Newt. –Isso fica com vocês. –ele tira o facão da bainha do cinto e dá para elas.
-Mas, quanto a eles, não os posso dispensar, se não, não iremos conseguir sair daqui. –ele fala. –Agora, temos que descarregar a Caixa.
-Hum. –a morena parecia pensar. –Está certo eu saio, mas se algum deles fizer qualquer gracinha, não vou precisar do facão pra acabar com um deles entendido?
-Sim senhora. –respondeu o garoto levantando as mão em sinal de rendição.
Uma corda desceu, ela tinha um grande laço na extremidade e a garota colocou o pé direito se segurando firme, assim sendo içada. A loura foi em passos curtos e hesitantes até a corda, mas mesmo assim se apoiou nela e foi puxada para cima. Já a asiática não se moveu, e vendo que não iria o fazer tão cedo. Newt se aproximou e abaixou-se para ficar em sua altura.
-Você não respondeu minha pergunta. –falou ela por fim.
-Se concordar em sair eu vou. Todos ficamos com medo e confusos quando chegamos.–ele se levantou e ofereceu ajuda para ela se levantar, ela hesitou novamente mas a segurou, em passos largos ela foi até a corda e antes de ser puxada olhou para o garoto novamente e disse:
-E, só pra constar, não estou com medo.
Assim que todas estavam fora da Caixa, um rapaz moreno e de postura autoritária foi até elas.
-Bem-vindas A Clareira, novatas. –disse ele. –Sou Alby. E você –ele aponta para Babes. –Já pode largar isso
-Prefiro ficar com ele se não se importa. –respondeu segurando a arma mais firmemente.
-Claro, mas não vai precisar usar. –disse dando de ombros. –Venham, vou mostrar a Clareira.
E assim elas fizeram.
A tal Clareira era um vasto pátio, com algumas construções, um bosque e quatro enormes muros rochosos cobertos de hera os fechando, a não ser pelas grandes aberturas bem no meio de cada uma. Eles foram em direção a um tipo de torre e lá subiram.
-Essa é a Clareira, e aqui temos regras. –começou.- Três apenas, que não devem ser quebradas, se não, serão punidas. Nunca se deve ir ao labirinto não sendo um Corredor, é uma forma de prezar por sua segurança e de todos; de forma alguma matar outro clareano, qualquer tentativa será dada como descumprimento da regra e acabará sendo mandado ao labirinto para a morte. Agressões físicas são proibidas e podem acabar levando ao amansador por tempo indeterminado, mesma regra a brigas e faça seu trabalho, a Clareira não é um lugar para preguiçosos.
-Ahn, o que é um Corredor? –pergunta R.M. , sem dúvida a mais curiosa das três.
-Como eu disse, todos devem fazer seus trabalhos e o trabalho dos corredores é entrar no Labirinto o mapeando para encontrarmos uma saída. –e assim ele explicou sobre todos os trabalhos e que deveriam começar amanhã pelo matadouro.
Assim, ele foi embora sem responder nenhuma das perguntas das garotas, afirmando que não sabe a resposta de nenhuma delas.
-Vocês têm alguma lembrança? –pergunta R.M.
-Além do nome? Não. –respondeu Babes.
-Mas aquele garoto que nos tirou da “Caixa”, Newt? Ele me é familiar. –comenta Frankie.
-Nisso eu concordo. –falou Babes. Elas ficaram lá em cima até o entardecer, o que não demorou muito e acenderam uma fogueira perto da tal Sede.
-Acho que é a hora do jantar. –diz R.M. curiosa. –Vamos então? –ela se vira, mas elas já desciam. –Hey!
Chegando lá elas viram os meninos rindo e conversando, alguns lutavam em uma arena improvisada.
-O que é tudo isso? –pergunta Frankie cruzando os braços.
-Uma festa! –diz alguém atrás delas, Newt. –Aproveitem, não fazemos muitas. Talvez uma por mês.
-Está bem então.
Cada uma vai par um lado, R.M. vai conversar com um garoto de pele morena, aparentemente o cozinheiro Caçarola. Frankie vai até uns garotos que assistiam outros lutando e Babes, foi para um canto, sozinha. Não queria a companhia de ninguém, precisava pensar.
“Como elas conseguem ficar tão... Normais, quanto a tudo isso?!”, pensou ela.
“Porque estavam ali? Quem os colocou ali?”, questionava.
“E porque me sinto tão culpada? Porque vejo todos sorrindo, conversando, se divertindo... E não consigo ficar como eles?”
“Eu fiz algo de errado? ELES fizeram algo de errado?”, seus pensamentos foram interrompidos por um garoto.
-Quer lutar, novata? –pergunta, e logo sorri cheio de malícia. –Ou talvez queira outra coisa.
-Me deixa em paz garoto. –diz ela irritada.
-Oh, não ela está nervosinha. –zomba, e isso foi a gota d’água para ela, o puxou para arena improvisada. –Se quiser ainda dá para desistir gatinha.
-Você deveria calar essa boca. –ela deu um soco em seu nariz.
E ela caiu uma, duas, três vezes, mas na quarta em vez de derruba-la ele a prende contra seu corpo, péssima ideia, ela dá uma cotovelada em seu estomago e aproveitando sua falta de ar, dá uma joelhada entre as pernas e ele cai gemendo, não satisfeita, ela sobe em cima dele o dando um último soco, para ela descontar sua raiva, o que foi o bastante para ser nocauteado.
Ela saiu de cima dele e jogou seus cabelos para trás.
-Acabou com ele. –diz R.M. impressionada.
-Não deveria ter mexido com quem estava quieto. –a morena responde dando de ombros.
Dessa vez ela ficou conversando com dois garotos, os Corredores, eram até que legais, mas como o que é bom dura pouco, Alby mandou todos irem dormir que contragosto foram deixando apenas ele e as garotas lá.
-Vocês iram dormir na Sede. –disse simplesmente.
Elas o seguram até o edifício inclinado, subiram por uma escada torta e passaram por um corredor com um papel de cor escura forrado na parede até que entraram por uma porta e entraram no cômodo. Era um quarto, tinham uma cama, três redes, um espelho de moldura gasta e um armário, poucas coisas, mas era aconchegante.
-Tem cobertores no armário. –ele ia saindo mas volta e sorri minimamente. –Boa noite, trolhas.
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