História Separate Ways - Phobia - Como curar um demônio

Meu braço continuava sendo puxado grotescamente pelo corredor até a porta de saída que fora preparada exclusivamente para o momento em que Sam conseguisse capturar o irmão, mas o tiro havia saído pela culatra e quem fora capturada havia sido eu. Por mais que eu quisesse ou implorasse, o loiro mantinha o aperto forte em meu cotovelo, deixando-o dolorido. Meus pés tropeçavam um no outro, me desequilibrando em cima do salto alto que batia sonoramente contra o piso. Assim que chegamos em frente a saída, ela se abriu de repente, revelando a figura de Marianne, acompanhada de America e Christian. 

Imediatamente senti o Winchester deslizar os dedos para agarrar minha mão, uma maneira mais sutil de fazer com que eu não saísse correndo por aí. 

— Onde você estava? — questionou vindo ao meu encontro, os cachos do cabelo balançando sob os ombros e sem perceber o estranho ao meu lado — Já está na hora de cantar parabéns. E quem é você? — falou tudo rapidamente, se voltando para Dean, que me olhou de soslaio antes de dar um sorriso fingido.

— Muito prazer, eu sou Dean. — apresentou-se educadamente. Eu quase revirei os olhos tamanha a falsidade da criatura, apenas não o fiz por estar nervosa demais com os acontecimentos. 

— Nunca te vi por aqui. — comentou America, não conseguindo disfarçar certa cobiça no olhar. 

— E nem eu. — intrometeu-se Christian, visivelmente desconfortável pela sua acompanhante estar quase devorando outro cara bem na sua frente. Era bem óbvio que eu tinha a opção de abrir a boca e gritar que eu estava sendo arrastada a força, mas meu medo maior era da reação do meu sequestrador psicótico caso eu fizesse um escândalo. Meus amigos e minha família estavam ali, eu tinha que arrumar um jeito furtivo de sair daquela situação mesmo que tivesse que pensar com frieza diante do surto de nervos.

— É um prazer conhecer você, mas a aniversariante precisa voltar para a sua festa. — disse Marianne, uma das sobrancelhas arqueadas ao ver nossas mãos juntas.  

— Marianne, eu preciso fazer outra coisa agora e... — comecei com a voz falhando, mas fui interrompida pelo som de passos apressados vindo as minhas costas. E no outro segundo, Sam e Castiel estavam ao meu lado, ambos desconcertados. Dean os encarou por cima da minha cabeça, um sinal de aviso que só quem estava a par da situação entenderia: "Se vocês fizerem qualquer coisa, vai ser o tiro de largada para eu começar a confusão". Eu não precisava ler mentes para conhecer aquele olhar petulante, conseguia senti-lo arrepiando os pelos da minha nuca.

— Irmãzinha! Achamos que tivesse caducado e se perdido por aí. — anunciou Jimmy, a voz alta preenchendo o corredor antes mesmo dele passar pela porta, parando logo ao lado de America para fitar a cena. — Vocês não são os caras do hospital? Os tais Agentes? 

— Eu convidei, depois de tudo que aconteceu. — pigarreei quase que de imediato. 

— Vejo que tem bastante gente nova por aqui. — comentou desconfiado, também olhando para minha mão presa entre os dedos do Winchester. 

— Eu concordo. Então, vamos? — sorriu o loiro, animado — Aposto que vai ser um momento inesquecível.  — completou somente para mim, logo me puxando para dar meia volta. Percebi Sam e Castiel nos seguindo de perto, ambos com passos pesados.

— O que você pretende? — murmurei assustada e ele me encarou de canto, seguido por uma risada baixa e macabra que despertou minha imaginação para o pior. Parecia que eu estava no corredor da morte. 

No momento que entramos pela porta dupla, Marianne tomou a frente junto com America, ambas gesticulando para que os convidados subissem as escadas até o salão principal. Cada degrau era uma tortura para mim, totalmente impossibilitada de fazer qualquer coisa que chamasse atenção, pois isso só poderia agravar a situação que já estava péssima. Eu só podia confiar que Sam e Castiel fariam algo para interceptar Dean com o que seja lá que ele estivesse planejando.  

Assim que chegamos no local, as pessoas começaram a bater palmas e cantar, o olhar de Logan recaía justamente na minha mão firmemente presa a de Dean — assim como todos fizeram —, era como se ele soltasse um raio laser naquele local. A expressão confusa no rosto dos meus pais também era visível de longe. Aquela música ritmada e desafinada nas vozes conhecidas parecia interminável, o aglomerado de pessoas que se formara a minha volta bem no centro da pista de dança fazia eu me sentir sufocada, era como se eu fosse gritar a qualquer instante.

— Discurso! Discurso! — puxou Christian, logo sendo acompanhado pelo resto dos convidados barulhentos que se aquietaram me encarando, dezenas de pares de olhos arregalados me fitavam esperando que eu dissesse algo. 

— Bom, eu... — comecei quando encontrei minha voz novamente, sentindo o olhar de fuzilamento de Logan diretamente para mim ao mesmo tempo em que sentia Dean acariciando as costas da minha mão esquerda com o polegar. Eu não me atrevia a pensar que aquele gesto era para ser reconfortante, mas sim uma provocação para meu ex namorado que trocava olhares mortais com o Winchester. A tensão no ar era quase palpável, meus sentidos em total estado de alerta faziam um pequeno vapor de suor brotar na minha testa enquanto esperava pelo pior a qualquer momento — Queria agradecer pela presença de todos vocês e... eu... — percebi que os movimentos em círculos haviam cessado, o loiro agora apenas segurava meus dedos. E para meu pavor, algumas cadeiras próximas à parede começaram a tremer sozinhas contra o piso, tão imperceptivelmente que não chamava a atenção dos convidados focados em mim. A iluminação da festa que já era pouca começava a falhar tão rápido que parecia que o jogo de luzes estava piscando, mas eu sabia que havia algo errado. — Me desculpem, eu... 

De repente a luz cessou, e nesse momento eu senti que Dean me girou para si, inclinando-se rapidamente enquanto me puxava para um beijo forçado, segurando meu rosto com a mão livre. Sons de aplausos se misturavam com um alto burburinho enquanto eu tentava me desvencilhar. Eu sabia que isso tinha a ver apenas com vingança, o loiro sabia que Logan já estava irritado e ele queria causar confusão.

Assim que me afastei, encarei o Winchester por dois segundos antes das lâmpadas apagarem totalmente, nos deixando a mercê da iluminação precária da noite. E como se isso não fosse o suficiente, eu vi a silhueta do meu ex namorado se colocar para frente, avançando em cima de Dean, os dois se embolando no chão. Gritos começaram a se misturar com o som das cadeiras batendo contra o piso, gesto sobrenatural que eu tinha quase certeza ser obra do único demônio ali presente. Mas de fato, eu não sabia se corria dali ou se tentava ajudar Logan a sair vivo da briga com o Winchester, e fora nesse instante que outros estudantes tomaram as dores do colega de classe e tudo virou uma grande confusão. Socos e chutes sendo distribuídos por todo o lado e eu duvido que alguém estivesse vendo no que estava batendo.

Acabou virando uma rixa entre grupos de faculdade. 

Aproveitei a deixa e sai em disparada, acotovelando todos no meu caminho e levando empurrões violentos dos garotos, um deles tão forte que me derrubou no chão onde as pessoas começavam a passar por cima de mim sem se importar. Então um braço envolveu minha cintura, me arrastando para a rua enquanto eu esperneava. Logo que chegamos do lado de fora, eu percebi que Jimmy me carregava como uma criança, correndo comigo como se não fosse nada até contornar o prédio, chegando ao estacionamento. 

— A mãe e o pai pediram para eu tirar você de lá e encontrá-los aqui. Onde eles estão? — questionou olhando ao redor e percebendo que algumas poucas pessoas saiam afobadas em direção aos seus carros. — O que diabos aconteceu lá dentro, Esther? Quem é aquele cara? 

— É só um cara! — abri os braços, percebendo vários hematomas de pisadas em minhas mãos e pernas. Andei alguns passos nervosos procurando por meus pais, receosa que eles tivesse ficado presos. 

— Não minta! — esbravejou meu irmão, vindo as minhas costas — Eu sei que ele não é humano e muito menos aquele idiota de sobretudo. — cuspiu irritado. Eu me voltei para o mesmo, abrindo a boca e totalmente perplexa. Como ele havia descoberto? Era impossível. 

— Como você... — comecei letárgica, mas uma voz me interrompeu.

— A festa mudou de endereço? — questionou Dean, adentrando o estacionamento.

— O que você fez? — vociferei, louca para acertar umas bofetadas na cara dele — Onde estão meus pais? E Logan?

— Eles estão bem. Quem me interessa é você, Esther. — o loiro ergueu as palmas, começando a andar em minha direção, mas foi aí que Jimmy entrou no caminho.

— É melhor parar por aí. — ameaçou duramente.

— Suponho que vá tentar me impedir, mas eu não tenho tempo para você. — ignorou o Winchester, não diminuindo o ritmo. Então quando eu achei que ele fosse passar reto pelo meu irmão, o mesmo agarrou seu braço, segurando-o.

— Mas eu tenho para você. — murmurou, jogando-o para trás com tamanha força que o Winchester deslizou pelo chão até um dos carros que estava ali, batendo na lateral que amassou para dentro. Nesse momento já não havia pessoas no local para compartilhar da minha descrença.

— Você não é humano. — Dean comentou em um misto macabro de surpresa e animação.

— Assim como você. — devolveu Jimmy, partindo para cima do loiro com um soco que foi repelido com um tapa no punho. E então eles começaram uma sequência de ataques, acertando golpes de igual para igual e desviando com uma agilidade perfeita. Quando de repente o moreno conseguiu quebrar a defesa do Winchester, acertando-lhe um soco brutal que o jogou novamente contra o mesmo carro vermelho. 

— Chega de brincadeira! — esbravejou irritado, arrancando um pedaço do para choque do veículo, o metal contorcido tinha uma ponta afiada e perigosa que ele empunhava contra Jimmy, num único movimento dando um salto em cima do seu adversário e cravando o objeto em sua barriga sem pestanejar.  

— Jimmy! — gritei e sai correndo de encontro ao mesmo, pouco me lixando para Dean, o que importava era meu irmão. 

— Dean! Para! — ouvi Sam se aproximar, imediatamente aproveitando o momento e colocando as algemas no loiro, que lutava contra o metal encantado, incapaz de se livrar. — Já chega, acabou! 

— Castiel! Faça alguma coisa! — exclamei para o anjo, que acabava de se ajoelhar ao meu lado — Você pode curá-lo como fez comigo!

— Eu não posso. — ele me encarou com a expressão pesarosa — Jimmy não é humano, Esther. Eu precisaria de muito poder para curar um nefilim. — suspirou, alcançando o pedaço de metal e o retirando com um puxão.

— O quê? — sussurrei. 

— Não atingiu nenhum ponto vital, ele vai ficar bem. — garantiu o anjo. 

— Cass! — gritou Sam, arrastando o irmão para dentro do Impala, que eu não fazia ideia de como havia ido parar ali. 

— Nós precisamos ir, alguém chamou a polícia. — avisou Castiel, erguendo a mão em direção ao meu rosto, mas antes que pudesse tocá-lo, parou bruscamente, levantando-se e seguindo apressado até o Chevy.

— Jimmy... — murmurei, incapaz de fazer algo. Então me coloquei de pé, correndo até a entrada do prédio enquanto tirava os sapatos que me desequilibravam — Mãe! Mãe! — chamei descontrolada, me dirigindo para a porta que se abrira com a figura de Briana. 

— Filha, você está bem? — a mesma me segurou pelos ombros, aflita — Não machucaram você? 

— O Jimmy, mãe... — comecei.

— O que tem ele? — questionou. 

— Eu perdi a minha camiseta naquela confusão. — falou Jimmy. Arregalei os olhos e me voltei para trás, de onde meu irmão caminhava seminu em nossa direção, não havia qualquer sinal de ferida em sua barriga, apenas vestígios de sangue. 

Um nefilim, a voz de Castiel ecoou na minha cabeça como uma faísca.  

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Assim que as autoridades chegaram, o policial parrudo olhou para mim e meu irmão com uma careta, pois ele fora o mesmo que atendeu  a ocorrência do bandido nocauteado. Ao que parece, estávamos ficando famosos na delegacia. Após mais um boletim, meu pai não ficou nada feliz em assinar um cheque para cobrir os prejuízos ao patrimônio da escola. O caminho para casa foi regado de reclamações e promessas de que nenhum dos arruaceiros seriam convidados novamente para nenhuma festa futura. Jimmy e eu lançávamos olhares conspiratórios sobre o ocorrido que nenhum de nós comentou, e entre eles eu tentava ligar para Logan, que insistia em manter o celular desligado. 

Depois que tomei um banho e joguei no lixo o vestido rasgado, sujo e com manchas de sangue, eu não conseguia pensar em nada além de esclarecer a situação. Então bati na porta do quarto de Jimmy, que a abriu em seguida. 

— Precisamos conversar.

— Eu sei, entre. — murmurou abrindo espaço para que eu passasse e verificando por um instante o corredor vazio. 

— O que aconteceu? — questionei assim que ele fechou a entrada, se voltando para mim — Em um momento você estava com um buraco aberto jorrando sangue e no outro não havia nada! Você lutou com o Dean de igual para igual. 

— Uma coisa de cada vez, calma! — Jimmy levantou as mãos, atravessando o quarto e colocando-se próximo a janela. O mesmo esperou alguns momentos enquanto parecia buscar palavras para começar — Faz algum tempo que eu tenho passado por umas mudanças, no começo eu achei que fosse por causa dos treinos do time, minha força e agilidade aumentaram bastante, foi muito útil. 

— Você chama isso de mudanças? — apertei os olhos, meu tom descrente quanto ao fato de ter um pedaço de lataria enfiado na barriga e não morrer fosse consequência de muito esforço e boa vontade nos treinos. 

— Eu não sei, okay? Só sei que agora eu tenho dons estranhos, querendo ou não. — disparou — Não faço ideia de como aconteceu, só aconteceu!

— Dons? 

— Como você viu, eu posso me curar rápido de qualquer ferimento. — começou, puxando um caderno pequeno dentre os livros bagunçados na estante e folheando — Posso correr quilômetros sem me cansar, minha força triplicou e meus reflexos são mais rápidos que os de um gato. — o moreno me encarou seriamente — E às vezes eu consigo fazer com que as pessoas me obedeçam só me concentrando. 

— Isso é assustador, Jimmy. — murmurei, me lembrando do episódio em que o mesmo havia feito nossa mãe se acalmar instantaneamente, o que na ocasião me deixara totalmente confusa agora se encaixava como uma luva. Do mesmo modo que eu entendia que o Diretor Harris não havia cedido de boa e espontânea vontade o salão de festas. — Você é...

— Um nefilim. — ele acrescentou naturalmente, encarando as anotações — Fiz minha lição de casa, está tudo aqui, desde que começou — Jimmy fechou o caderno e o jogou para mim, que olhei rapidamente por cima, verificando datas desde o ano de 2011. 

— Alguém sabe? — questionei enquanto o observava sentar-se na cama ainda arrumada. 

— De importante, só você. — o moreno deu de ombros — Não pode contar para ninguém, Esther. Diriam que eu sou uma aberração da natureza ou coisa parecida. 

— Eu não vou contar para ninguém. — afirmei.

— E agora, como você topou com aqueles caras? — perguntou e eu suspirei, me cansando só de relembrar.  

— Eu ainda estou tentando entender essa parte. Faz algumas semanas. 

— Eles machucaram você? — indagou com a voz rígida. 

— Não. — balancei a cabeça, mentindo melhor que de costume. Minha traqueia ainda doía graças ao generoso aperto do Winchester — Como você sabia que Dean não era humano?

— Eu consigo sentir, deve ser outro dom. Quando eu o vi, senti algo sufocante e nauseante, como se eu fosse vomitar a qualquer momento. Era até mesmo assustador. — ele fez uma careta de nojo, então deu uma risada — Do mesmo modo que senti uma vibração elétrica quando vi o outro cara que perambula pela faculdade fingindo ser professor. Ambos não são humanos, mas são diferentes. 

— Demônio e anjo, respectivamente. — comentei e Jimmy abriu a boca em surpresa — Vamos lá, você controla mentes e não acredita nisso?

— É bíblico demais. — meu irmão deu de ombros de maneira divertida. 

— É louco demais. — corrigi mais para mim mesma que para ele — Mas acabou, Sam conseguiu levar o irmão dele de volta e não vamos voltar a vê-los. 

— Como um humano pode ser irmão de um demônio? — questionou confuso. 

— Ele nem sempre foi um demônio, se tornou, mas é complicado. — esclareci sacudindo as mãos.

— E se eu sou um nefilim... Você nunca pensou que você também pode ser? — seus olhos faiscaram com a possibilidade.

— Se eu levar um facada, eu morro. — gesticulei no ar, descartando a possibilidade instantaneamente — Tenho certeza que não tenho força descomunal e nem posso correr duas quadras sem me cansar. 

— Você diz que acabou, mas eu acho que é só o começo. As coisas não acontecem por acaso. — suspirou cansado — Se eu ver qualquer um deles perto de você novamente, vou matá-los. 

— Não diga esse tipo de coisa! — fiz uma careta, desconfortável em imaginar a situação — Acabou. — garanti. 

— Acho que preciso de uma noite de sono. — Jimmy se jogou para trás, abrindo os braços no colchão. 

— Eu também. — respirei fundo, me dirigindo para a porta. Quando meus dedos encostaram na maçaneta, ouvi meu irmão se pronunciar entre um bocejo. 

— Só para constar, Logan deve estar uma fera depois do amasso que você deu no demônio homicida na frente de toda a faculdade. — falou com o tom sarcástico.  

— Boa noite, Jimmy. — rosnei, irritada em relembrar aquela cena deplorável e saindo dali imediatamente. 

Trilhei meu caminho até meu respectivo quarto e nem me preocupei em apagar a luz, ajeitando-me entre as cobertas e fechando os olhos. Embora eu estivesse extremamente cansada, havia uma porção de coisas que me perturbavam e não me deixariam dormir tão cedo. Uma delas era a situação vexaminosa em que eu havia colocado Logan, o anel — que eu obviamente devolveria assim que pudesse —cintilando em cima da cômoda parecia me acusar silenciosamente de ser uma megera sem coração. Eu também não estava nada feliz em saber que meu irmão era uma espécie de ser sobrenatural e que havia a Primeira Lâmina perdida por aí, já que eu fui incapaz de achá-la. Quem sabe o que poderia acontecer se um objeto daqueles caísse em mãos erradas por aqui? Mais problemas, com certeza.
 

Lá no fundo, eu precisava admitir — muito contragosto — que estava preocupada com o que havia acontecido com Sam e Dean depois que eles deixaram o estacionamento, mas era mais do tipo de preocupação receosa de que o Winchester pudesse ter escapado e viria colocar fogo na minha casa enquanto eu dormia. E mais lá no fundo, bem escondido, estava uma pontada de descontentamento por não ter me despedido direito de Sam e, principalmente, Castiel. Não que isso significasse alguma coisa, mas tivemos algumas situações de vida ou morte importante juntos, eu queria poder dizer adeus de uma maneira mais delicada. 

A  cena do anjo erguendo a mão para meu rosto com o olhar preocupado e depois indo embora permaneceu na minha mente até que eu finalmente adormecesse.