-Artie... tem certeza de que estamos indo pelo caminho certo? -Alfred perguntou impaciente por ainda não haver chegado à casa do japonês.
-Claro que sim! Eu fui lá hoje! -Respondeu convencido.
-Você disse isso há meia hora Arthur!
-Eu sei onde é... só não consigo lembrar direito.
-Eu sabia! Nós estamos perdidos! Socorro! -Gritou e logo foi interrompido pelo inglês que tapou sua boca.
-Cale a boca! Você sabe que horas são seu imbecil?
-Não!
-Eu também não... Mas tá de noite!
-Eu desisto. -Falou o americano jogando sua mala no chão e se sentando no jardim da casa cuja estava passando pela frente.
-Se levante daí! Se chamarem a polícia eu vou deixar você ser preso.
-Se eu for você vai junto ô sobrancelhas! -Respondeu cruzando os braços.
-Quem está aí? Eu vou chamar a polícia! -Ouviram uma voz vinda de dentro da casa gritar.
-Eu avisei porra! -Falou Arthur começando a se desesperar.
-Nós viemos em paz! -Gritou Alfred enquanto pegava sua mala no chão, se preparando para correr.
-... Em paz? Alfred é você? -Mais uma vez a tal voz perguntou.
-Como você sabe? -Perguntou confuso. -Artie é um fantasma. -Sussurrou para que dessa vez apenas o amigo ouvisse.
-Alfred te controla. -O europeu repreendeu.
Ouviram o som da porta ser destrancada e viram que a silhueta que saiu de dentro da casa não era ninguém menos que Kiku.
-Kiku! Graças a Deus! Eu imaginei que iria morrer de fome! -Pulou encima do oriental, o abraçando de forma forte.
-A-Alfred-san... -Tentou, inutilmente se separar do abraço.
-Alfred! Solta ele! -O britânico ordenou como se estivesse falando com um cão.
-Ok, ok... -Falou o soltando do abraço.
-Bem, vamos entrar? -O japonês comentou apontando para dentro da casa. -Está frio aqui e se quiserem eu posso ajudar com as malas.
-Não, não se preocupe, você já fez muito por nós. -Arthur falou deixando sua mala no chão. -Alfred carrega, não é Alfred?
-Eu?! Por que sempre eu?
-Porque você tem mais força! Eu poderia... -Encarou o japonês que se encontrava parado enfrente à porta.
-Ah, claro! Desculpe. -Falou constrangido, logo saindo de frente da porta e coçando a própria nunca. Logo entrou, seguindo o inglês e por último Alfred pegou a mala de Arthur e adentrou a casa, fechando a porta com um leve chute.
-Hey Kiku! O que tem pra comer? -O americano perguntou enquanto deixava as duas malas no chão.
-Alfred tenha modos! -Arthur praticamente gritou ao notar que o amigo mais uma vez estava agindo como o mal educado que ele era.
-Não se preocupe Arthur-san, não é culpa dele! -O rapaz de cabelo escuro falou, tentando acalmar o britânico que parecia estar estressado durante a maior parte do tempo. -Sinto muito Alfred-san, mas não tenho muita coisa para oferecer. -Abaixou a cabeça tímido, morava só e como não tinha uma condição financeira tão boa comprava pouca coisa, apenas o suficiente para que pudesse fazer suas três refeições. -Vocês vieram parar aqui de uma forma tão inesperada, então não tive tempo de me preparar. Mas eu tenho arroz e peixe! Vocês querem?
-Claro, obrigado por tudo Kiku. Nós compreendemos sua situação, a culpa de tudo isso foi nossa pra falar a verdade. -O inglês comentou esboçando seu melhor sorriso, como se nem tivesse surtado com o colega há poucos minutos. -Alfred, agradeça também!
-Thank you.
-De nada. Eh... tudo bem se vocês dormirem na sala? Eu só tenho um quarto...
-Ah, sim... Sem problemas. -O de orbes verdes respondeu. -Você mora só, certo?
-Sim, essa casa era dos meus avós. Depois que meu avô morreu minha avó se mudou para casa de meus pais e eu vim para cá.
-Eu sinto muito. -Falou o europeu.
-Tudo bem, eu e meu avô nunca nos demos bem. Quando ele morreu fui eu que o tirou desta sala, afinal, eu era o único que não estava tão abalado com o ocorrido.
-E-espera... O tirou da sala? -Perguntou o americano com os olhos arregalados.
-Sim, ele morreu aqui.
-A-aqui?! -Gritou.
-Alfred contenha-se. -O europeu reclamou reconhecendo o medo de fantasmas do americano.
-Tá vendo o que você fez Arthur? Nos trouxe para uma casa mal assombrada!
-Alfred, por favor!
-Mal assombrada? Vocês acreditam nisso? -Kiku perguntou surpreso com tamanha infantilidade ocidental.
-Eu vou embora daqui! -Pegou sua bagagem mas Arthur puxou seu braço, o fazendo derrubar o que havia pego.
-Você não vai a lugar nenhum! Kiku, me desculpe por isso.
-Não, tudo bem.
-Mas Arthur, o fantasma vai tentar me matar por... ele era avô da Sakura também?
-Sim.
-Ele vai me matar por ter dado encima da Sakura!
-Por favor Alfred-san, não diga bobagens... o pai dela vai ter matar antes.
-Ele também está morto?! -Deu um salto para trás demonstrando seu desespero.
-não.
-Para Alfred! -O londrino deu um tapa em seu rosto, o fazendo prestar atenção em si. -Não vê que sou eu que vou te matar primeiro?
-Haha, você me ama!
-Pare de falar merda!
-Vocês dois, parem com isso, por favor!
-Me desculpe por isso Kiku. Prometo que farei Alfred se comport...
-Se eu for atacado por um fantasma eu processo vocês dois!
-Por Deus! Cale a boca Alfred!
-Alfred-san, o que acha de eu preparar peixe para você?
-Okay.
-Agradeça idiota!
-Obrigado Kiku-chan. -O oriental franziu uma sobrancelha ao ser tratado com "chan" pelo estrangeiro.
-"San"... -Tentou corrigi-lo disfarçando sua insatisfação com um sorriso doce.
-Kiku-san...
Mais ou menos uma hora depois Kiku os chamou para que pudessem jantar. Nunca havia cozinhado para mais alguém que não fosse ele próprio, então ficou um pouco nervoso e chegou a questionar se o que fazia era realmente bom, logo sendo respondido pelas expressões satisfeitas dos estrangeiros.
-Isso está ótimo Kiku! Faz tempo que eu não como uma boa comida caseira. -Alfred o elogia sorrindo.
-Ei! Mas eu cozinho pra você todos os dias! -Arthur protestou parecendo estar novamente irritado.
-E quem disse que o que você faz é bom?
-Eu disse! Minha comida é boa! -Cruzou os braços e virou o rosto convencido.
-Claro! E eu não sou um herói!
-Você realmente não é um herói seu merda!
-Eu sou sim! I'm the hero!
-Cale a boca. -O inglês bateu em sua própria testa. -Você tem problemas, isso sim.
O oriental apenas sorria enquanto assistia à cena, mas logo seu sorriso foi substituído por um suspiro longo e pesado, aparentemente triste.
-Algum problema Kiku? -O americano perguntou.
-Claro que sim! Você idiota. -Arthur respondeu logo percebendo que o asiático realmente parecia triste. -Hey, o que houve? Foi por causa do que dissemos?
-Não, não. É só que... vocês me fazem lembrar duas pessoas que conheci.
-Hum, e quem seriam essas pessoas? -Alfred perguntou parecendo mais sério e interessado.
-Bem, é uma longa história... Há um tempo eu conheci dois rapazes; um chinês e um coreano. Assim como vocês eles dois viviam discutindo, mas no fundo gostavam um do outro. Um dia eles tiveram uma briga feia, passaram cerca de uma semana separados. Então o chinês decidiu procurar por seu amigo, no entanto o mesmo havia desaparecido. Três dias depois o corpo do coreano foi encontrado sem vida, jogado em um terreno deserto de uma cidade vizinha. Ninguém sabe ao certo o que realmente aconteceu com ele, acredita-se que este foi violado e depois espancado até a morte, afinal ele foi encontrado sem suas vestes e haviam marcas de agressão espalhadas por todo seu corpo. -Deu uma breve pausa para que pudesse beber água e então continuou. -O chinês se culpou por não ter feito nada, por não ter ficado do lado dele quando pode, então voltou para China e eu nunca mais tive notícias dele. Antes de partir ele me disse que se você ama alguém, cuide desta pessoa, demostre seu amor o quanto puder porque o mundo não a ama da mesma forma que você e poderá tirá-la de ti quando menos esperar.
-Nossa... eu não sei o que dizer. -Alfred não aparentava estar tão surpreso, de certa forma já estava acostumado com esse tipo de história, já ouviu muitas assim de seu pai e das pessoas que conheceu no exército.
-Realmente triste, mas infelizmente a vida é assim. -Arthur comentou, aparentando ter a mesma reação que Alfred.
-Sim... eu acho melhor eu ir. -Logo se levantou e pôs sua louça dentro da pia. -Amanhã eu cuido disso, podem terminar o jantar com calma, depois disso peço que durmam, ou simplesmente não façam barulho.
-Espera Kiku! -O rapaz de olhos azuis gritou, fazendo o japonês voltar sua atenção para si. -Sobre o seu avô...
-Não começa Alfred! -O inglês o repreendeu.
-Não se preocupe Alfred-san, afinal o senhor vai estar dormindo com Arthur-san não é?
-Sim mas ele não é assim tão confiável.
-Tente confiar nele só por hoje. Agora, se me derem licença, irei me retirar, boa noite.
O oriental seguiu até seu quarto. Os dois hóspedes já estavam o tirando do sério, e só de pensar que aquela era apenas a primeira noite de sabe-se lá quantas o assustava.
O japonês não esperava por algo bom durante esse período. Mas quem sabe os ocidentais não o trariam pelo menos alguns momentos de felicidade... é, quem sabe.
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