Assim que a jovem italiana saiu do trem, pode ouvir uma voz masculina gritando o nome de sua amiga, cuja qual logo jogou suas malas no chão e correu para abraçá-lo. Felicia não sabia muito a respeito do rapaz alemão que havia ido buscá-las, apenas que morou por um tempo na Áustria quando criança e era amigo de infância de Elizaveta e de sua prima Anneliese. Também sabia que Liz não via o amigo desde antes delas se conhecerem e passaram todos esses anos se comunicando por cartas, até que ele a convidou para morar com ele e o irmão em Berlim e a húngara resolveu a levar consigo.
-Gilbert seu idiota, como você cresceu! Nem parece o garotinho mimado e irritante que brincava comigo. -Falou rindo.
-Assim você ofende o incrível eu. -Falou também rindo, eles pareciam estar bem felizes, Felicia entendia de certa forma, também ficaria assim se tivesse a chance de reencontrar Charles.
-Felicia! -Elizaveta gritou, lembrando-se de sua existência. Venha aqui! Quero te apresentar uma pessoa.
-Ce-certo. -Pegou suas malas junto as da amiga e correu até eles. -Ciao, eu sou Felicia, é um prazer. -Falou com um grande sorriso em seus lábios, passando a impressão de estar aparentemente animada.
-Sou Gilbert. -Apertou a mão da mais jovem.
-Gilbert e eu somos amigos de infância. -Liz se pronunciou animada. -Ele morava em Viena, mas veio para Berlim com o pai quando tínhamos seis anos, desde então apenas nos comunicamos através de cartas e essa é a primeira vez que voltamos a nos ver.
-É, eu sei de tudo isso, você sempre fala... Mas ainda assim, que legal que você finalmente se encontraram.
-Legal não, isso é incrível! -O alemão corrigiu.
-Certo, isso é muito incrível. -Disse concordando com o rapaz que a retribuiu com uma risada forte.
-É assim que se fala! Gostei dessa garota Liz.
Gilbert pegou as malas de Elizaveta e os três andaram até o carro do alemão. Não era um dos melhores modelos, afinal, quando seu pai o ofereceu um carro ele simplesmente recusou e comprou um com seu próprio dinheiro. Sabia que seu pai tinha condições de comprar qualquer carro de causar inveja a muitos, mas, para o albino, mais valia um carro pelo qual ele batalhou para conseguir, mesmo não sendo lá uma das melhores marcas.
Não demoro muito para que as estrangeiras chegassem em sua nova casa, pois a mesma não ficava muito longe da estação ferroviária.
Pegaram suas malas e desceram do carro calmamente. Ao olharem a casa pelo lado de fora ficaram animadas, a casa era muito mais bonita do que poderiam imaginar.
-Sejam bem-vindas! -Gil falou quando entraram na casa.
-Danke. -As duas agradeceram sorrindo.
Era uma casa grande, não tão grande quanto a que moravam na Áustria obviamente, mas ainda assim muito grande para uma casa comum.
-Onde nós poderemos dormir? -A veneziana perguntou.
-Ali. -Gilbert apontou para a primeira porta que poderia ser vista após subir a escadaria.
-Eu poderia ir até lá? Estou um pouco cansada da viagem.
-Claro, agora o quarto é seu. -Gilbert falou sorrindo, a garota apenas retribuiu o sorriso e foi em direção ao seu novo quarto, logo adentrando o local.
-Isso é tão lindo Gil! -A garota mais velha comentou. -Eu não sei nem como poderia te agradecer.
-Não precisa, eu fico feliz em te ver aqui, mais ainda por saber que vocês duas não terão mais que conviver com certas pessoas ignorantes e estupidos. -Comentou fazendo a mulher ao seu lado rir.
-Gil... -Liz chamou sua atenção. -E Ludwig? Como ele está?
-Está bem, cresceu e se tornou muito responsável... Responsável até demais na verdade. Ele trabalha pro exército e como sempre foi muito esforçado conseguiu um cargo alto muito cedo. É de causar inveja a qualquer um, mas também, irmão de alguém tão incrível quanto eu, ele teria que acabar sendo incrível também. -Comentou fazendo a moça rir, o alemão sempre teve um ego muito alto, o que incomodava muito Anneliese, mas Elizaveta sempre achou engraçado a forma como ele se referia e ainda se refere a si mesmo como "O incrível eu".
-Ele se parece muito com Charles? -Perguntou mudando sua expressão para uma com um certo pesar, falar do pequeno amigo que os deixou há alguns anos ainda era um assunto muito delicado.
-Lógico! São iguaizinhos! Tenho certeza de que se Charles estivesse entre nós seria uma "cópia" perfeita de Ludwig, só que bem mais extrovertido, acredito.
-E onde está Ludwig? Quero muito vê-lo.
-Ele teve que fazer uma breve viagem a trabalho, mas logo voltará. Ele está noivo você sabia? Encontrou uma moça bonita e logo irão se casar.
-Nossa, mesmo? Fico muito feliz por ele.
-E quem não? Está tudo dando certo pra ele.
-Olha Gilbert, mudando um pouco o assunto, eu gostaria de te pedir algo... -Falou desviando o olhar. Não achava que aquele seria o momento ideal para ter aquela conversa, mas preferia falar de uma vez.
-E o que seria?
-Quero que não fale sobre Charles junto de Felicia.
-Ela o conheceu não foi? -Falou em um tom sério.
-Sim, ele tinha uma paixonite por ela, quando uma bala perdida veio na direção dela ele se jogou na frente para protegê-la, ela ainda se sente culpada pela morte dele.
-Nossa, eu não sabia disso. Ouvi dizer que ele foi atingido por uma bala mas não que foi para salvar alguém.
-E por favor, eu não quero que ela saiba que você e Charles são irmãos, muito menos que ele e Ludwig são gêmeos.
-Tudo bem, só te aviso que ela irá desconfiar pois eles são muito parecidos mesmo.
-É isso o que me preocupa...
-Eu irei guardar o segredo, mas um dia ela vai descobrir.
-Eu sei, mas quanto mais tarde ela descobrir melhor.
-Mas o que te preocupa tanto? O que acha que ela pode fazer se descobrir?
-Eu não sei, acho que na pior das hipóteses ela poderia enlouquecer.
-Acha mesmo que ela pode enlouquecer por causa disso?
-Talvez, ela tinha uma paixonite por ele também e pelo que percebo ela ainda não superou, ela pode acabar vendo Charles em Ludwig e o fato dele ser noivo pode acabar a deixando maluca. Acho que o melhor a fazer seria tentar mantê-los afastados.
-Ela agora mora na mesma casa que ele! Como quer que fiquem afastados?
-Não queria dizer completamente afastados, apenas o máximo que for possível.
-Eu realmente não consigo te entender...
-E nem precisa, apenas faça o que eu mando e vai dá tudo certo... Pelo menos eu espero...
-Sim senhora. -Gilbert ironizou rindo da amiga.
Ambos não tinham ideia do que estaria por vir, a húngara apenas rezava para que tudo desse certo e quem sabe em uma nova cidade a italiana melhorasse de sua depressão, cuja qual a húngara sabia que a amiga tinha. Era bom poder imaginar isso, apenas não sabia ao certo o que poderia ajudá-la a se curar.
~
-Ludwig! -O homem velho que estava sentado em uma grande cadeira enquanto observava alguns papéis o chamou.
-Senhor? -O alemão se apresentou.
-Está dispensado, pode voltar para Berlim. -Falou sem tirar os olhos da tal papelada, o que incomodou um pouco o Alemão a sua frente.
-Sim, senhor! Deseja mais alguma coisa?
-Não, apenas vá. -Fez sinal para que o homem se retirasse, o qual foi obedecido de imediato.
Finalmente poderia voltar a Berlim.
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