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História Será que é AMOR? - Capítulo 11


Escrita por: lluanakaren

Capítulo 11 - Capítulo 11


Era pouco mais de cinco da tarde, porém o inverno já teceu seu manto negro no céu e as luzes da avenida adornavam o início da noite feito jóias.

Hyemi cruzou o estacionamento, parando ao lado do carro de Youngjae. 

Suspirou, tomada por uma estranha sensação de solidão. Não se sentia disposta a atravessar Seul sozinha na noite escura e fria, tendo um apartamento vazio como destino.

— Que tal uma partida de buraco ou um filminho no vídeo daqui a pouco? — perguntou. — Posso pedir sanduíches pelo telefone.

— Hoje não, Hyemi — Youngjae negou com a cabeça. — Quero ficar por aqui mesmo e trabalhar um pouco.

— O que há de tão importante, para querer fazer hora extra?...

— A campanha para o novo perfume, ora!

— Pensei que a agência de publicidade estivesse cuidando de tudo.

— Praticamente. Vamos começar as fotos dia primeiro.

Então, Meghan estaria de volta em dois dias, concluiu Hyemi, a contragosto.

— Pensei que Meghan fosse ter mais algum tempo de folga.

— Ela já teve uma semana.

— Nossa, quanta generosidade...

— Não fui eu quem determinei isso. É também interesse de John dar cabo desse compromisso o mais breve possível.

— Na certa ele tem medo de que ela comece a sonhar com banana-splits se ficar muito tempo parada... — ironizou ela. — Mas se os anúncios já estão encaminhados, o que mais resta fazer?

— A publicidade em si. Meghan é notícia. Se conseguirmos capitalizar sobre isso, vamos obter ainda mais resultados.

— O que está planejando?

— Telefonei para um programa de entrevistas esta tarde e marquei uma para o final da semana que vem. Não imagina o que há de repórteres correndo atrás de uma chance de conversar com Meghan.

— Todos homens, sem dúvida...

— Não senhora — Youngjae lançou-lhe um olhar de desagrado. — Esse contrato é um furo de reportagem: uma top model associando-se a uma indústria de cosméticos de renome.

— Espero que John reconheça o tanto que tem feito pela carreira da "pupila" dele — observou ela, com malícia.

— Estou fazendo isso pela empresa — contestou ele.

— Qualquer publicidade alcançada por Meghan agora será dinheiro nos nossos bolsos, não se esqueça disso.

— Ah, claro que não! Além de também não fazer mal nenhum a ela.

— Também.

— Sei. — Suspirou. — Bem... Antes que se tranque no escritório, que tal planejarmos algo para o reveillon, amanhã?

Youngjae demorou a responder, visivelmente embaraçado.

— Não posso.

— Essa não!... Vai virar o ano sem mim? Que desaforo! — o tom de zombaria na voz dela não ocultou de todo sua decepção. Não se lembrava de ter passado um só reveillon sem ele.

— Não vou a nenhuma festa — explicou Youngjae. — Tenho um encontro.

Hyemi engoliu em seco. Quis dar uma resposta apropriada como: "Fica para a próxima, então" ou "Não faz mal, divirta-se". Mas, por alguma razão, não se conteve:

— Essas saídas com Meghan aumentaram um bocado sua autoconfiança, não? — ouviu-se dizendo, com despeito.

— Talvez. O que já não posso dizer em relação a você... — Youngjae abriu a porta do carro, permitindo a entrada de uma rajada de vento.

Esta, porém, não foi a causa do frio que tomou conta de Hyemi. Recordar o que tinha acontecido no Natal ainda a desnorteava.

— Youngjae?! — chamou, antes que ele se afastasse. — Quem é ela?

Ele baixou o corpo para encará-la pela janela.

— Meghan — respondeu, simplesmente, batendo a porta.

Depois do calor humano reinante na casa dos Yoo, o pequeno apartamento pareceu a Hyemi mais frio e deprimente do que nunca. O pó tinha tomado conta dos móveis, a árvore de Natal pendia, ressecada, a um canto.

Olhou ao redor, combatendo uma onda de desânimo. Faria como a mãe dela. Iria descarregar a frustração na sujeira, decidiu, apanhando o aspirador.

Mas, afinal de contas, por que estava frustrada?, perguntou-se, confusa. Por que não teria a companhia de Youngjae? Não precisava ficar enfurnada em casa no reveillon, por causa disso! Era só pegar a agenda de telefones.

Isso se a maioria dos homens supostamente disponíveis já não tivesse programa, reconsiderou.

Ora, e quanto a Honggi? Tirando o fato de ele insistir em chamá-la de Hyomi, haviam se saído muito bem no último encontro...

Não. Honggi era capaz de nem reconhecer o nome dela ao telefone.

Taehyung estava fora da cidade e Himchan fora de cogitação: tinha arrumado uma namorada.

Suspirou, longamente. Talvez devesse desistir de procurar companhia e ir sozinha a uma das muitas festas para que foi convidada. Torceu o nariz. Uma mulher "extra" era sempre bem-vinda nessas ocasiões.

Mas não queria ir desacompanhada a lugar nenhum!, decidiu com rebeldia.

Meia hora depois, o aspirador permanecia no meio da sala. Hyemi tinha removido o primeiro saco de poeira sem problemas, mas não vinha tendo a mesma sorte com a colocação do novo. Cada vez que acionava o interruptor, restos de pó espalhavam-se pelo carpete.

"Precisa dar um jeito neste infeliz sozinho", comandou a si mesma. Não vou chamar Youngjae!

Mudou a posição do saco, insistente. Ligou o aspirador e uma nuvem de poeira tornou a salpicar a sala.

— Droga! — praguejou, correndo o braço pela testa.

O telefone tocou nesse instante e ela se pôs de pé, de um salto. Podia ser Youngjae reconsiderando a proposta para os sanduíches.

— Alô!

— Hyemi? — Uma voz familiar atravessou a linha. — Sou eu, Taemin.

— Ah!... Oi!

— Oi, eu... — ele gaguejou, ansioso. — Escute, Jihye vai dar uma festa de Ano novo, amanhã.

— Quanta originalidade.

— O quê?

Ela suspirou, sem paciência.

— Nada, nada.

Taemin silenciou por um minuto, parecendo confuso.

— Taemin? — Hyemi chamou, estalando a língua. Estava sendo injusta, reconheceu, arrependida.

— Eu queria saber se não gostaria de ir comigo — aventurou-se ele, de uma só vez.

Ela coçou a cabeça.

— Taemin, não sei se Jihye iria gostar muito da idéia.

— Vai ser num restaurante! Ela alugou um dos salões.

— Não naquele em que fomos outra noite, espero?... — A observação escapou antes que ela pudesse se conter.

— Ah, não. Esse é ótimo.

— Sei. Sinceramente, Taemin, Jihye...

— A festa é minha também - interrompeu ele, apressado. — E você é a única garota que eu me sinto à vontade para convidar.

"Que lisonjeiro!...", Hyemi refletiu, desanimada.

— Desculpe-me ter telefonado assim, em cima da hora

— Taemin prosseguiu, nervoso. — Deve ter mil programas para amanhã à noite, não?...

Ela teve vontade de rir. Que tipo de programa? Ficar em casa e fazer a unha? Assistir à televisão? Limpar de novo o apartamento?...

— Eu gostaria muito de ir com você, Taemin. 

— Sério? Gostaria mesmo?

Também não precisava ter exagerado. Hyemi fez uma careta. Apesar de que se recusava a passar o reveillon sozinha só porque Youngjae tinha outros planos. Já estava farta de depender dele.

— Nossa! — O rapaz suspirou, aliviado. — Deixe só Jihye saber disso.

Hyemi bufou em pensamento. Não gostaria de estar na pele dele quando isso acontecesse.

Resignada, deu a Taemin o endereço, concordando em estar pronta às oito.

Depois recolocou o fone no gancho, voltando-se para o aspirador com determinação:

— Muito bem, engraçadinho, não vai haver mais Youngjae por aqui. Somos só eu e você, agora! — Torceu o bocal do saco, encaixando-o com um tranco. 

Ligou o interruptor e o aparelho pôs-se a funcionar, obediente.

Boquiaberta, ela levou as mãos à cintura.

— Não acredito... — Riu.

Youngjae, afinal, não era tão indispensável assim!



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