História Será que o amor vai acontecer? - House of cards pt2

Na sexta-feira eu acordei no chão, fria, dolorida e totalmente indisposta para qualquer coisa, lentamente fui levantando e fui direto para o banheiro na esperança que toda aquela fadiga, dor corporal e emocional fossem embora junto com a água quente, mas infelizmente o que eu mais queria não pôde ir com o banho, a dor em meu peito que cada vez apertava mais. Me olhei no espelho e estava com o rosto totalmente inchado, não queria fazer nada, mas teria que ir ao trabalho, por bem ou por mal então me arrumei sem um mínimo de ânimo e fui ao trabalho, não encontrei Jungkook lá, , provavelmente ele pediu demissão porque teria que voltar para a Coréia. Todos estranharam meu comportamento e até chegaram a perguntar o que tinha acontecido, mas não respondi, não estava em condições de me importar com nada a não ser a tristeza que estava sentindo. Tentei pensar em alguém para ligar, mas a única pessoa que não era muito próxima de Namjoon era Lúcia e eu á tinha perdido, então estava sozinha mais uma vez.

            Em resumo foi um dia deprimente, talvez o maior deles, quando cheguei em casa não fiz muita coisa a não ser tomar um banho e sem ao menos jantar ir para cama, só queria dormir para nunca mais acordar, para fugir e talvez esquecer que tudo aquilo aconteceu.

            Sábado acordei sem um mínimo resquício de ânimo, tomei um banho e fui cuidar de arrumar a casa que estava uma bagunça, mas antes eu comi umas bolachas apenas para não passar mal, pois ainda não estava com vontade de colocar nada na boca. Chorei diversas vezes ao longo do dia pensando se tinha algum jeito de reverter à situação, mas parecia que tinha saída. E quando me lembrava de algo que fazíamos juntos as lágrimas se multiplicaram. Para piorar de vez minha situação, quando chegou o fim da tarde e eu estava terminando de organizar tudo eu encontro o poema que eu escrevi tempo atrás para Namjoon, eu peguei aquele poema e li infinitas vezes, como se ele fosse escutar de algum modo, em algum momento, mas nada disso aconteceu, eu apenas fiquei como um tonta lendo até anoitecer. Decidir então, para deteriorar  meu dia com chave de ouro, pegar o vinho que tinha ainda guardado e tomei cerca de ¾ de toda a garrafa.

            Quando eu estava suficientemente bêbada escuto meu celular tocar, saí cambaleando por todo o apartamento até acha-lo e atende-lo.

-Alô!? –era bem obvio pela minha voz que eu tinha consumido uma certa quantidade de álcool

-Júpter, é o Jin! –meus olhos se arregalaram no mesmo instante que sua voz chegou aos meus ouvidos.

-Jin? O que você...

-Não fale nada, se não eu vou me arrepender de ter feito isso –eu me calei instantaneamente –Não sei o que realmente aconteceu com vocês dois, mas desde quinta Namjoon não é mais o mesmo e eu estou realmente preocupado, ele não diz o que tem, não fala com ninguém, só fica enfurnado no quarto e mal come. Seja o que for que tenha acontecido com vocês dois você tem que falar com ele, não aquento mais ver isso e não poder fazer nada. –deu um longo suspiro –Olha, o nosso voo sai as 8:30, você tem até lá para concertar as coisas, por favor não me decepcione –e desligou.

            Eu fiquei sem saber o que fazer, ele estava da mesma maneira que eu. Eu não sabia o que falar pra ele, não sabia como consertar toda essa bagunça, só sabia que tinha que entregar aquele papel a todo custo. Eu apenas tomei um banho, jantei e fui dormir, mas antes coloquei meu celular para despertar cedo, eu precisava falar com ele de qualquer jeito.

            Um barulho irritante me vez acordar no dia seguinte, mas não era o despertador e sim a furadeira do vizinho (precisava fazer isso tão cedo?). Espreguicei-me extremamente incomodada com o barulho que chegava aos meus ouvidos, cheguei a pensar em bater na porta dele, mas esse pensamento foi embora quando fui olhar que horas eram, arregalei os olhos e pulei da cama tentando ir o mais rápido possível e não cair de tontura pelo movimento brusco.

-Droga, porque o celular não despertou? –pensei alto comigo mesma.

            Eram 7:57, precisava sair o mais rápido possível porque o aeroporto daqui não era tão perto, fiquei sem comer, apenas vesti uma roupa um tanto casual e até um pouco desleixada de mais, peguei minha bolsa, as chaves, o papel e saí as pressas para a parada de ônibus mais próxima, esquecendo completamente meu celular para que eu pudesse ligar para Jin no caminho. Tudo o que eu mais queria era que o ônibus passasse logo, mas não aconteceu, então num ato de desespero eu me joguei na frente de um taxi que passava livre no momento.

-Você tá louca moça? –gritou o taxista colocando a cabeça para fora do veiculo

-Desculpa, é que eu preciso ir ao aeroporto o mais rápido possível, é questão de vida ou morte.

-Então entra logo –acenou para q eu entrasse

-Obrigada!

-Põe o cinto –foi que ele falou pouco antes de afundar o pé no acelerador, taxista eficiente esse.

            Fiquei otimista em chegar a tempo por conta da velocidade, mas isso infelizmente não adiantou muita coisa, pois tinha um engarrafamento no único viaduto que levava ao bendito aeroporto por conta de um acidente de moto. Ninguém se feriu, mas levou muitos dos meus escassos minutos para o trânsito fluir novamente, eu poderia ter saído do taxi as pressas e correr até chegar lá, só que eu acabaria me arrependendo depois e não conseguindo o que queria.

            Finalmente o taxista freou em frente ao portão principal, o paguei apressadamente sem saber que horas eram, corri para dentro do grande local onde pessoas esbarravam umas nas outras por estar extremamente cheio, fui por impulso ao telão onde informava a situação dos voos, os que iriam sair, os cancelados e os que já haviam partido. Uma lágrima rolou em meu rosto ao ver que eu não tinha chegado a tempo e o avião que levava Namjoon e todo o BTS já estava nos céus há dois minutos, voltando para Seul. Eu havia falhado miseravelmente comigo, com Jin e principalmente com Namjoon.

            Estava um dia ensolarado, mas dentro de mim havia uma tempestade violenta, raiva, tristeza e decepção inundavam meu ser e eu simplesmente não poderia fazer mais nada para aquilo passar. Aquele aeroporto se tornou extremamente frio e solitário, mesmo com tantas pessoas a minha volta. A pessoa que poderia fazer tudo aquilo passar, que realmente importava para mim não estava lá e eu sabia que nada iria voltar atrás.

            Caí de joelhos no chão com os olhos fechados liberando um rio de lágrimas, estava em desespero mais uma vez e a única coisa que vinha em minha mente era a frase que Lúcia direcionou para mim e ecoava cada vez mais forte dentro do meu ser:

“...Você não faria tudo pelo seu grande amor?”