História Será que o amor vai acontecer? - You give me... WINGS (final)

Desde março de 2014 havia se passado 2 anos e 8 meses que Namjoon partiu definitivamente da minha vida naquele avião. Muita coisa mudou desde então.

            Jin me ligou dois dias depois dizendo que estava decepcionado comigo e exigia explicações, sua voz pura raiva e indignação e ele tinha todo o direito de estar assim, mas o jeito como ele cuspiu as palavras me machucou muito, não imaginei que o garoto doce e gentil que conheci pudesse ser tão ríspido e grosso quando quisesse, eu comecei a chorar desesperadamente do outro lado da linha tentando falar algo que fosse compreensível e só conseguindo depois de 10 minutos com um SeokJin atordoado e tentando me acalmar pedindo desculpas agoniado. Quando me acalmei pude falar o que tinha acontecido voltando a chorar, “eu tentei Jin, juro que tentei” era o que falava entre soluços que pareciam ser intermináveis, ele disse tentando me consolar que iria tentar contornar a situação, mas não garantia nada. E depois disso ele nunca mais tocou no assunto, pra falar a verdade ele nem ao menos falava direito comigo, eventualmente ele mandava alguma mensagem perguntando se eu estava bem e a resposta era sempre a mesma: “estou tentando, mas é difícil desde aquele dia”. Eu não o chamava para conversar, não queria incomoda-lo e muito menos prejudica-lo, então deixava o papel de puxar assunto com ele. Os outros meninos não falavam mais comigo diretamente, apenas mandavam um singelo oi por Jin, quando ele falava, ou raramente um áudio dizendo o quando não podem falar comigo por suas vidas estarem corridas. E eu não tinha noticia do Kim Namjoon que abalou meu coração, apenas sabia o que os portais da internet e sites sobre os famosos coreanos falavam.

            E continuei acompanhando o sucesso do BTS e quanto mais ele cresciam, mais ficava orgulhosa dos garotos, eles mereciam tudo aquilo e muito mais. Acho que nunca fui tão ARMY quanto depois que eu os conheci, me mostraram que eles tudo aquilo que eu imaginava e mais, eles realmente amava seus fans.

             Sempre que escutava Namjoon cantando “What am i to you?” ou “Something” era bombardeada por um turbilhão de sentimentos me fazendo chorar e toda vez que escutava sua voz meu pelos se eriçavam pela falta de seu toque. Como eu sentia falta do seu corpo colado ao meu.

            Logo após aquilo, acho que cerca de um mês depois, eu fui demitida por incapacitação, meu chefe tentou de tudo para isso não acontecer, mas foi inevitável, eu estava tão ausente de concentração e motivação que estava causando prejuízo econômico e material para a empresa. Não culpo meu chefe por isso, a empresa não podia ser prejudicada só por causa de uma garota depressiva que poderia ser facilmente substituída. Ele conversou comigo e explicou tudo e o entendi perfeitamente, mas fiquei um pouco magoada por isso ter acontecido, já estava a um bom tempo trabalhando lá, me sentia bem com meu emprego e acima de qualquer coisa, aquilo era meu sustento.

            Quando ao studio de dança, eu fui trancar minha matricula por falta de dinheiro, mas quando eu contei a minha situação para Bruno e ele logo deu a ideia de me empregar, claro que não seria o mesmo salário que quando eu era jornalista, já que eu seria ajudante de professor e daria aulas quando o mesmo faltasse, isso foi algo maravilhoso para mim, nunca pensei em trabalhar com meu hobby e claro que eu aceitei no mesmo instante. E de quem eu seria ajudante? Do próprio Bruno, não que eu estivesse reclamando, muito pelo contrário, é só que eu nunca esperava que ele quisesse que eu fosse a ajudante dele, isso seria muito divertido. Comecei a trabalhar nas terças e quintas e continuava a estudar nos sábados, mas em 6 meses eu já estava dando aulas durante toda a semana, consegui mostrar meu potencial e tornar instrutora. Me senti importante com aquilo e Bruno não parava de me elogiar, o que encheu um pouco meu ego.

            Durante esse tempo eu também tentei me relacionar com outras pessoas, todas sem sucesso.  Até porque mesmo que eu tentasse, simplesmente não conseguia tirar Kim Namjoon da minha cabeça. Tudo dava certo no início nas primeiras semanas, mas quando passava a conviver eu começava a compara-las com Nam e o relacionamento despencava por conta de discussões iniciadas por mim. Acho que o relacionamento mais duradouro que eu tive foi um ano e meio depois da partida do loiro,  com uma garota que eu carinhosamente chamava de miojo, coloquei esse apelido nela por um motivo bem específico.

            “Eu e alguns de meus alunos tínhamos acabado de sair do Studio, era uma sexta-feira e devia ser por volta de 18:00.

-Que tal jantarmos todos juntos? Conheço um lugar ótimo aqui perto –sugeri logo depois que meu estômago deu sinal de vida

-Não vai dar, eu e Niklaus temos um jantar com a família dele –disse Mariany, conhecida por nós como unnie, de mãos dadas com seu noivo, que no caso, pra quem ainda não entendeu era o Niklaus.

-Eu vou, estou morrendo de fome –a novata finalmente se pronunciou, sua voz era diferente do que eu imaginava, ela era fofa com um ar de inocente, como uma criança, mas a sua voz era sensual e completamente atraente, contrastando com sua aparência

-Ela vai, alguém mais?

-Eu, Vall, Hansung e Thifanny combinamos de ir numa balada –disse Luna, uma de minhas alunas favoritas

-E eu, Richard e Jophep estamos de castigo –Juta(lê-se Yúta), a mais nova dos irmãos falou.

-Então somos só eu e você novata. Tchau pessoal

-Tchau Jú –falaram em uníssono, indo cada um para um rumo divergente

-vamos logo novata, o restaurante é aqui perto.

-Ok –e pôs-se a me seguir

            Fomos ao local que era justamente a lanchonete que eu tinha ido quando pensei que Namjoon tinha me traído e aonde a senhora que me chamava de flor do campo trabalhava, havia gostado de lá, era calmo e aconchegante.

            Nos sentamos e logo a senhora veio em nossa direção

-Flor do campo! O que vai quere hoje?

-O de sempre

-Peixe com ervilha, batata frita e molho?

-Exato. E você novata?

-Vou querer o mesmo, parece ótimo

-E pra beber?

-Coca? –perguntei esperando a resposta da mais nova

-Coca! –ela afirmou olhando para a senhora

-Certo –afirmou e saiu de lá

            Ficamos conversando várias coisas enquanto saboreávamos aquele peixe maravilhoso e acabei descobrindo que ela era bissexual, o que de alguma forma me alegrou.

-Sabe novata, você ainda não disse seu nome –falei já pagando a conta

-Miojo, você come? –seu olhar era sugestivo

-Como, de todo jeito. Porque? –respondi, ainda sem entender o motivo dela aparentemente desviar da minha pergunta.

-Então prazer, miojo.”

            E desde então foi assim que eu comecei a chama-la. No total acho que foram 5 meses entre nossos vários términos e voltas, um relacionamento bem conturbado, mas o foi o que mais chegou perto do que eu tive com Namjoon e também o que mais durou.

            Além disso, eu também tive as minhas “ficadas” quando eu ia pra alguma festa ou balada quando meus alunos convidavam. A mais persistente de todas elas foi Bruno -sim, o dono do Studio- nós tínhamos uma espécie de amizade colorida, quando eu terminava um relacionamento e me sentia carente o procurava e ele fazia o mesmo e assim levamos, até que ele começou a namorar com Jennie Kim 2 meses atrás, fiquei muito feliz por ele, mas perdi minha companhia.

            Devo confessar que mudei muito desde que conheci Kim Namjoon, ele fez sair do casulo a pessoa extrovertida e alegre que minha tia tinha trancado muito bem dentro de mim, me tirou da mesmice em que eu vivia. Ele me mostrou os prazeres de ter alguém ao meu lado e a importância de ter verdadeiros amigos, mesmo que hajam divergências eles são sempre estar do seu lado. Me ensinou o verdadeiro significado do amor e eu sou muito grata a ele por isso. Por causa dele eu tirei o peso que existia em minhas costas e nem sabia e pude finalmente voar. Namjoon me fez mudar sem ao menos se dar conta, me melhorou e sem querer acabei desapontando ele, só queria ter a chance de falar com ele mais uma vez pra agradecer por tudo, para devolver todo amor que ele me deu sem querer nada em troca, mas era tarde de mais.

            Bom, há uns cinco meses atrás a empresa 1theK estava procurando profissionais de dança novos para auxiliar com os coreógrafos oficiais. Eles escolheram 5 Studios de dança diferentes para escolher de cada um 2 profissionais, dentre todos escolheram o que eu estava e entre todos os coreógrafos que lá tinham, os que passaram nos testes foram EU e Bruno, eu iria começar a trabalhar na 1theK, na Coréia. Obviamente eu fiquei muito feliz e nervosa com isso. Fizemos nossos passaportes, conseguimos casa lá, arrumamos nossas malas e eu consegui que alugassem o apartamento mobiliado, tudo em 2 meses (os mais corridos da minha vida).

             No dia 17 de julho fez dois anos que eu tinha visto o Namjoon pessoalmente pela ultima vez e também foi o dia que eu voltei a pisar em terras coreanas.

            E depois de um mês com o melodrama de arrumar as coisas da mudança tivemos 3 meses de treinos intensivos e especializações sobre os tipos de danças mais usados, fomos também informados sobre as regras e horários de lá e tivemos que aprender a segui-las a risca. E eu decidi não contar nada disso para Seokjin, talvez para não ser recriminada por não fazer isso antes ou talvez me faltasse coragem para enfrenta-lo, mesmo depois d tanto tempo, então eles ainda achavam que eu estava nos EUA ensinando dança.

            Hoje seria o último de burocracias para finalmente começar a trabalhar. Iria ficar com um grupo misto que ainda iria debutar chamado K.A.R.D . Fui juntamente com Bruno escutando todo o álbum Wings no caminho e chegando lá fomos assinar os papéis e conhecer o grupo.

            Eu já estava saindo toda alegre da empresa cantando Young Forever quando uma voz muito conhecida me fez parar instantaneamente.

-Júpter, é você? –seu tom de alegria na voz me fez soltar um largo sorriso

-Namjoon? – me virei sem ainda acreditar, ele estava lentamente se aproximando de mim, mas minhas pernas travaram e não quiseram me obedecer e meu coração começou a bater descompassadamente

-O que faz aqui? –ele perguntou sorrindo de canto e já bastante próximo de mim, tanto que conseguia sentir sua respiração em minha testa, um sopro quente que trouxe todas as lembranças de volta.

            Meu coração estava fervendo.

-Júpter? –ele perguntou percebendo que eu não conseguia nem mexer a boca, mas num ato de coragem repentina o abracei com toda minha força e ele retribuiu tornando aquele contato quente e acolhedor.

-Senti sua falta –minha voz saiu chorosa e ele afagou meus cabelos com uma mão enquanto a outra se encontrava em minha cintura.

-Também senti minha flor –minhas lágrimas não conseguiram ficar mais em meus olhos depois que ele referiu-se  mim como “minha flor” e eu desabei em seus braços molhando a camisa do garoto.

             Ele segurou em meu queixo e o levantou, fazendo com que nos encarássemos por um tempo até ele encostar seus lábios ao meu, sem se importar com os costumes conservadores daquele local e muito menos com as pessoas. Eu apenas o correspondi colocando a mostra toda paixão e saudade que eu sentia por ele, expondo todo o amor que eu sentia por Kim NamJoon.

-Eu te amo.

-Eu te amo.

Obrigado por fazer isso por mim.
Por me deixar voar.
Por ter me dado asas assim (para voar)
Por dar (asas) para mim, quem está amassado.
Por acordar a mim, quem está sufocando.
Por acordar a mim, quem só viveu dentro de sonhos.
Quando eu penso em você, eu me esclareço.
Eu joguei fora toda a tristeza e similares.
(Obrigado, por se tornar um nós).

            -Save me.