- Prove para si... Prove para mim que é forte o suficiente para sobreviver ao subsolo! – Falei, me colocando em frente ao caminho que dava para a saída das ruínas.
Falei aquilo com dor no coração. Não queria que ela fosse embora. Não queria que ela acabasse como os outros terminaram. Os outros foram mortos por Asgore e o resto do subsolo. Não pude salvar um humano sequer até aquele momento. A pequena a minha frente era determinada, mas eu estava mais determinada ainda a mantê-la aqui comigo em segurança.
Com esses pensamentos, comecei meu ataque. Joguei várias bolas de fogo em direção a ela, que desviava com dificuldades. Isso me preocupa. Como ela espera sobreviver ao subsolo inteiro com uma defesa tão fraca assim? Não importa. Continuarei atacando com tudo o que tenho.
- Mãe, deixe-me passar! Preciso ir para casa! Preciso arranjar um jeito de sair daqui e libertar a todos! – A pequena garota falou, desviando por pouco de mais um ataque meu.
- Você não entende? Estará correndo um sério perigo se sair daqui agora! Não posso permitir isso! – Falei seriamente e continuei com meus ataques.
- Mas mãe, isso é para o bem de todos! Eu sei que consigo! – A pequenina falou, sendo acertada por um de meus ataques.
- Não posso permitir que faça tal coisa! Volte para seu quarto agora! – Exclamei alterada.
- Não! Eu vou conseguir sobreviver! – A garota falou determinada, desviando de uma das bolas de fogo.
Fiquei quieta. Não queria mais discutir com ela. A criança continuou insistindo, dizendo que queria salvar a todos, que queria libertar a todos, mas eu não conseguia lhe ouvir. Meus pensamentos estavam longe, estavam arquitetando em algo para fazê-la mudar de ideia.
Foi quando me dei conta de que ela estava ferida demais. Seu HP estava a 02 e ela estava fraca demais para continuar desviando de meus ataques. Eu odiaria se ela morresse por minha causa, então comecei a desviar meus ataques. Agora, eles davam voltas e acertavam o chão ao lado dela. Não queria que ela se machucasse mais. Não por minha causa.
Vendo que tudo isso era em vão, vendo que ela continuava determinada como sempre, desde o início da luta, tive que ceder. Já não aguentava mais vê-la daquele jeito. Não suportaria conviver com a culpa de tê-la ferido tanto assim. Mesmo assim, tentei conversar mais uma vez com ela.
- Você será feliz aqui em baixo comigo, minha criança... Por favor... – Falei em tom fraco.
- Eu sei mãe... Eu queria poder ficar aqui, mas tenho que partir... – A pequena falou, sorrindo fraco.
- Você terá tudo aqui... Os monstros das ruínas já são seus amigos... E você não terá que se preocupar em fugir de Asgore... – Falei tentando convencê-la.
- Mesmo assim mãe. É meu dever retribuir toda a sua gentileza. E que maneira mais adequada de retribuir, se não tirando vocês daqui? – A garota falou determinada.
- Não vou conseguir convencer você a ficar, não é? – Falei em tom triste.
- Não... Estou determinada a seguir em frente! – A pequenina exclamou mais determinada que nunca.
- Ok então... Meus medos, minha insegurança, meu receio... Por você, minha pequena... Eu os deixarei de lado... – Falei sorrindo fracamente.
- Obrigada mãe... – A pequena garota falou sorrindo.
- Mas tem uma coisa... – Falei tristemente.
- O que...? – A garota perguntou receosa.
- Quando passar por aquela porta, não volte, ok? Espero que entenda... – Falei derramando uma lágrima.
- Ok mãe... – A pequena respondeu tristemente, abaixando sua cabeça.
- Eu te amo, meu amorzinho... – Falei, abraçando-a fortemente.
- Também te amo, minha mãe... – A pequena retribuiu o abraço chorando um pouco.
Larguei o abraço e caminhei para longe dela, apenas me virando para dar uma última olhada para ela. Com dor no coração, fui até o local onde a encontrei pela primeira vez. Lá fiquei admirando a linda cama de flores, onde um tempo atrás, a pequena criança estava deitada. Não pude deixar de chorar. Estava arrasada por dentro. Estava preocupada, mas tive que deixá-la ir. As ruínas iriam ficar muito pequenas caso ela resolvesse viver aqui. Com certeza a pequena iria ficar entediada. Eu entendo. Então, por ela, eu serei forte e confiarei. Confiarei que nada de mal irá acontecer a ela, já que um grande amigo meu me prometeu proteger o humano que atravessasse aquela porta.
Então, tudo o que tenho que fazer é confiar. Confiar e esperar que nada de mal aconteça a minha pequena filha.
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