“Eu estava errada de pensar que poderíamos ter algo real?”
Nico & Winz
Um ano atrás.
Konoha havia crescido espantosamente após a guerra. A tecnologia se desenvolveu em um ritmo que era difícil de acompanhar.
Havia os telefones, que eram muito populares.
Mas para Sakura, seus telefones eram fonte de problemas e chateações. O seu telefone fixo só trazia problemas do trabalho, e o seu pequeno telefone móvel do modelo flip cor de rosa com um pingente com uma letra S nunca fora chamado pelo único aparelho que ela queria receber chamadas.
Queria ouvir apenas um “oi, como estão as coisas?”, ou apenas um “tch”. Mas não. O silêncio mortal de sempre. As coisas entre ela e Sasuke haviam evoluído muito na concepção dela. Aquele toque na testa... O pingente do clã Uchiha entregue por um falcão que ela bem conhecia...
Mas mesmo assim o modo de se relacionar permanecia o mesmo.
Palavras, promessas e sentimentos que ele deixava pairando no ar, e nem sempre ela conseguia capturar tudo. Nunca a instigara a chegar perto, mas nunca a afastava.
Se sentia numa corda bamba. Havia algo ao qual se apoiar, mas a superfície de apoio a deixava instável.
Pipipipi pipipipi pipipipi
Sakura obrigou-se a abrir os olhos para achar seu celular, que despertava-a no horário programado. Era a maior utilidade daquele aparelho que às vezes ela se perguntava por que raios tinha comprado.
Só falava com Ino quando ela ligava para contar as fofocas e com Naruto, quando ele decidia que ela precisava parar de trabalhar e ir se empanturrar de lámen no Ichiraku com ele, a namorada e os amigos.
Desligou o alarme.
Sentou na cama e olhou para o lado, se vendo no espelho.
- Bom dia, espanador cor de rosa – Disse a si mesma - O que você acha de mais um dia de costurar pessoas e treinar o chute novo? – Ela perguntou.
- Mal posso esperar por mais um dia, como qualquer outro – Respondeu-se.
Mas não, não era um dia como qualquer outro. Costuraria pessoas, treinaria o chute novo e realizaria o maior sonho da sua vida.
*
**
- Sakura, já chega – Tsunade apareceu atrás dela.
- Estou quase lá, Shishou – Ela falou sem se virar, continuando a chutar.
- Já está aí desde as três da tarde, detonando os alvos do campo de treinamento, deixe alguns pra quem irá usar amanhã – Ela ralhou.
- D-desculpa – Sakura falou parando e virando-se. Secou o rosto com a toalha que a loira lhe alcançara e bebera da água que ela também lhe trouxera.
- Quero que saiba que hoje decidimos tornar Sasuke um jounin da folha. O pedido foi submetido hoje de manhã.
- Sasuke-kun? – O nome dele já era o bastante para acelerar-lhe o coração – Mas por que isso agora?
- Por que ele voltou, Sakura – A shishou falou dando um tom dramático, por que ela achava legal.
- Sas-Sasuke-kun voltou? – Ela arregalou os olhos.
Não escutou a shishou falando que o moreno finalmente tinha desistido dessa emice de jornada de redenção, que era totalmente sem sentido e que ele enfim devia ter cansado as panturrilhas e que ela ia tomar saquê.
Sakura saiu correndo, desesperadamente pela vila procurando pelo chakra de Sasuke.
Eu quero as minhas respostas.
*
**
Depois de duas horas pulando pelos telhados, pedindo informações e vasculhando os arredores do apartamento dele, Sakura sentou-se cansada e irritada em um banco numa das praças de Konoha.
- Que ironia – Sakura bufou – Corro e corro e nunca posso alcança-lo – Ela riu sarcástica.
Suspirou e permaneceu ali, fechando os olhos para descansar um pouco. O dia fora cansativo e ainda correra feito doida por aí. E pegou no sono.
*
**
Acordou escorada em alguma coisa, ou alguém. Pulou envergonhada e falou:
- D-DESCULPA SENHORA EU... Eu...
- Escandalosa como sempre – Sasuke observou, ainda sentado no banco.
- Ah, é que eu... Já... Dormi sem querer em cima de algumas senhoras na sala de espera e... Espera aí. O que você tá fazendo aqui?
- Esperando você acordar. Resolvi ficar por aqui, já que também como sempre, estava com a guarda baixa dormindo no banco de uma praça pública.
Sakura não sabia se dava um soco em Sasuke ou agradecia-o. Mas decidiu apenas suspirar e sentar de novo ao lado de Sasuke, apoiando os cotovelos nos joelhos e colocando o rosto entre as mãos, tentando se acalmar e parar de tremer.
Seu pingente escorregou por entre a gola e ficou balançando a frente de seu peito. Se concentrou em olhá-lo balançando. Até ver dedos longos envolverem-no, como se para vê-lo melhor.
- Está com ele.
- Veio de você, mesmo?
- Sim.
- Por o mandou?
- Como um lembrete.
- Do quê?
- Que nos veríamos quando eu voltasse.
Ela se sentou ereta e olhou para ele. Ficaram se encarando por algum tempo.
- Já nos vimos, e agora? – Sakura perguntou.
Sasuke tentou reprimir o riso.
- Agora começamos a namorar – Ele falou como se fosse algo comum.
Sakura arregalou os olhos. Abriu a boca para falar algo. Fechou-a. Fez cara de incrédula. Abriu de novo, hesitou e fechou. Corou.
Sasuke parecia se divertir.
- M-mas como... Como assim? – Ela falou muito vermelha.
- Já passamos da hora de começarmos um relacionamento de verdade – Ele olhou no fundo dos olhos dela – Não concorda?
- C-concor... Concordo, mas... Como assim? DE QUE JEITO VOCÊ BROTA DO NADA TODO “VAMOS NAMORAR” ASSIM? Estou sonhando, isso! Eu estava dormindo – Ela se beliscou – Ai, droga, meu belisco dói mais que o normal. Meus Deuses, você tá aqui ainda. Eu acordei mesmo - Pensou um pouco - GENJUTSU! EU SABIA! - Fez o selo de dispersão - KAI!
- Sakura, pare de fazer escândalo – Sasuke suspirou – Não sou bom com essas coisas e você não está colaborando.
- Hã... Han... Tá bom, desculpa – Sakura falou querendo cavar um buraco no chão e esconder-se lá – Entãããão... – Ela falou tentando quebrar o silêncio – Estamos namorando?
Sasuke soltou uma risadinha baixa. Não pode evitar.
- Estamos – Ele falou, ficando sério de novo.
- S-somos namorados – Ela falou como se fosse só para ela, encarando algum ponto aleatório, incrédula. Mas havia brilho no olhar.
- Você está me assustando, Sakura – Sasuke falou com uma gota na cabeça.
- Desculpa – Ela falou, voltando a realidade. Por alguns segundos viajara ao recanto SasuSaku do seu cérebro onde havia o casamento deles, Sasuke fazendo abdominal de cueca e a lista pronta de todos os nomes de criança que ela gostava. Torcia pra que o Sharingan não pudesse ver isso.
- Já está noite e tem previsão de chuva, acho melhor já irmos para sua casa – Ele falou levantando-se.
- Minha casa? – Ela falou, suando.
- Acho que preciso falar com seus pais, mal os conheço e quero garantir que eles não me considerem mais um assassino – Falou, encarando-a – Vamos.
- T-tudo bem – Ela levantou-se.
Para a surpresa da rosada, ele lhe estendeu a mão. Ela admirou-a um tempo, até colocar sua mão sobre a dele e senti-la sendo envolvida. Que sensação maravilhosa. Quantos anos esperara e lutara por esse momento?
Aquilo fez com que seu coração realmente percebesse a dimensão de tudo o que acabara de acontecer. Tentou olhar para o lado para ter tempo de acalmar-se sem ele ver, mas foi quando ela viu as árvores. As pedras do calçamento. A lua. O banco. Como na noite que ele lhe deixara.
- S-Sasuke-kun... – Ela fungou, emocionada, olhando para ele com os olhos cheios de água e a mão sutilmente encostada nos lábios.
Sasuke calculara três possíveis tipos de reação vinda de Sakura: Incredulidade, bobice e lágrimas. E ela foi capaz de presenteá-lo com as três. Sorriu discretamente e suspirou.
Ele calmamente deu um passo a frente, olhou-a mais profundamente nos olhos dela, como se também lembrasse.
“Eu te amo, Sasuke-kun!”
“Se você for embora, será o mesmo que eu ficar sozinha!”
“Obrigado.”
As palavras ecoavam na mente de ambos.
Então ele fez o mesmo que deveria ter feito naquela noite há oito anos atrás. Inclinou-se, beijou-lhe os lábios levemente, abraçou-lhe forte, deixando transbordar os sentimentos dentro de si e, de mãos dadas, voltaram ao centro de Konoha.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.