E a porcaria do telefone de cabeceira tocou perto das sete da manhã.
- Alô? – Perguntou cansada.
- Bom dia Haruno-san. Aqui é a Sayaka, da equipe de enfermagem. Felizmente o paciente estabilizou antes do estipulado, então queremos fazer a cirurgia o quanto antes.
- Pode marcar a cirurgia para a tarde? Preciso estabilizar meu chakra, estou muito esgotada ainda.
Sakura percebeu que Sayaka estava hesitante.
Suspirou.
- Em duas horas – Sakura suspirou.
- Entendido, Haruno-san.
Sakura colocou o telefone no gancho. Sentou-se em sua cama e passou as mãos pelo rosto e pelo cabelo. Suspirou.
Cansaço.
Odiava estar cansada.
O ritmo de missões e atendimentos estava ficando cada vez mais agitado. Era uma loucura!
Já se via casando com olheiras.
Deu uma risadinha de autoconsolação, levantou, abriu o guarda roupa, pegou um vestido estilo alice azul, com botões no busto e um cinto fino preto e um conjunto de roupa íntima, e tomou um banho gelado, que ativou a circulação e ajudou Sakura a iniciar o processo de estabilização completa do chakra.
*
**
Seus pais nem haviam acordado ainda, então pegou uma maçã e a comeu rapidamente. Saiu caminhando apressadamente em direção a um lugar simbólico que a trazia boas lembranças.
Lá meditaria para completar a estabilização.
O campo de treinamento onde o time 7 entrou em sintonia pela primeira vez, ao tentar pegar os guizos de Kakashi. Amava aquela lembrança.
Sentou-se no pilar do meio, e posicionou suas mãos e fechou os olhos, sentindo apenas o fluir do chakra dentro de si.
Ao final da estabilização, estava cansada. Mas feliz por ver onde chegara. Olhou em volta novamente vendo a Sakura de 12 anos com seus dois novos companheiros de time. Queria poder colocar a mão em seu ombro, olhar em seus olhos e lhe dizer que não sofresse, pois tudo daria certo.
“Não se preocupe. Seremos fortes e relevantes. Você ainda ficará para trás, mas apenas para salvar as pessoas. Você vai ter o dom da vida. E o dom da destruição também, para protegermos as vidas.
E você vai se casar com esse moreno emburrado aí do seu lado. Não precisa chorar, não. Ele só não admite que sua presença acalenta a solidão dele. AME-O apesar de tudo que irá acontecer, por favor, AME-O! Ele precisa de nós e nossos sentimentos. Você é a salvação dele.
Vai valer a pena um dia, acredite em mim. Sua dor, seu esforço, suas lutas, seu estudo, sua persistência, suas lágrimas... Não serão em vão.
O poder e o Sasuke serão seus, menina.”
Sorriu e lacrimejou, emocionada. E então saiu do campo de treinamento, indo em alta velocidade pulando sobre os telhados de Konoha.
Estava espiritualmente renovada.
*
**
Quatro horas depois Sakura saiu da sala de cirurgia secando o suor da testa, sorridente e alegre. Seu ego de médica tinha ido as alturas.
Cirurgia impecável.
Riu alto e abraçou pulando uma enfermeira que passava inocentemente por ali. Depois de soltá-la, Sakura apontou para um senhor de andador e gritou “YEAH!”. O senhorzinho apenas sorriu, sem entender nada.
Sakura beijou a placa da porta de seu escritório, que possuía seu nome e área de atuação. Entrou cantando e tirando o jaleco. Abraçou o jaleco e o colocou na cadeira. Se atirou na cadeira e suspirou. E começou a rir sozinha.
Após, suspirou aliviada e ainda sorrindo, começou a ler relatórios e prontuários que haviam se acumulado.
Seu escritório era aconchegante e como uma segunda casa. A parede de trás era completamente de vidro, onde a frente ficava sua cadeira confortável e grande, e sua mesa larga, para caber muitos livros abertos e pilhas de papéis. As outras três paredes possuíam estante atulhadas de pergaminhos e livros. Logo a frente da escrivaninha havia um sofá duplo, e a sua frente duas poltronas do mesmo conjunto, entre elas uma mesa de centro onde as simpáticas senhoras da cozinha sempre deixavam a disposição café e leite em térmicas, uma salada e salgadinhos.
Depois de meia hora, alguém bateu a sua porta. Assinando alguns papéis e segurando uma xícara de café que deveria ter mais pó que água, distraída resmungou:
- Hm... Entre
A porta abriu. E fechou.
- Boa tarde Sakura – A voz de Sasuke encheu o escritório.
Sakura se engasgou.
- S-s-sasuke-kun?!? – Ela arregalou os olhos.
- Por que a surpresa? - Ele perguntou se sentando no sofá duplo, olhando em volta.
- Você nunca veio no meu escritório – Ela se encolheu. Era um local extremamente íntimo e onde ela relaxava de verdade.
- Me arrependo de ter demorado – Ele falou, olhando para ela – Esse lugar é completamente você, Sakura. Sinto que te conheço muito mais só de entrar aqui.
- É o lugar onde consigo relaxar, já que os corredores estão sempre movimentados e minha casa é barulhenta, cheia de trocadilhos e tem O DESGRAÇADO do telefone – Sakura sorriu ameaçadoramente.
Sasuke soltou uma risadinha, que chocou profundamente a consciência de Sakura.
- Não me olhe assim, eu também sei rir – Ele suspirou – Ainda mais de você.
- Que bom que eu te divirto – Sakura sorriu azeda, olhando pro lado, apoiando a cabeça na mão, bebendo um gole de café.
- Enfim, não vim aqui apenas para rir de você – Falou, rindo de novo com a cara revoltada da noiva, mas assumiu um tom sério logo depois – Naruto nos requisitou para uma missão de extrema importância.
Sakura também acionou seu lado sério, compenetrado e profissional.
- Do que se trata? – Disse se levantando e sentando numa das poltronas, ainda com o café na mão.
- A esposa do senhor feudal do país da grama está por dar a luz – Sasuke começou a falar – É o primeiro filho do casal. A mulher está com medo por ter históricos de morte durante o parto na família. Então solicitou que especialmente VOCÊ fizesse o parto dela.
Sakura corou.
- Especialmente eu?
- Sim, pra você ter ideia do tamanho da repercussão do que você fez durante a guerra – Sasuke sorriu de canto – Ofereceram um horror pela sua viagem e serviço, e também certos benefícios a Konoha – Sasuke estendeu um papel a namorada, que o olhou e arregalou os olhos.
- T-TUDO ISSO???
- Por que você é uma ninja médica renomada, a viagem é longa e sabe como são esses negócios de ser da nobreza. Sempre tem alguém querendo prejudicar o cabeça do governo. Você estará sob perigo, por isso a escolta feita por mim está aí também.
- Eles definitivamente me querem viva lá – Sakura riu baixinho – Esse dinheiro vai dar tranquilamente pra terminar nossa casa, os móveis, a festa de casamento e um par de botas ninja novas.
- É verdade – Concordou Sasuke – Comunico que aceitamos a missão?
- Com certeza!
- Me encontre no portão em meia hora?
Sakura concordou balançando a cabeça, enquanto já começava a puxar pergaminhos sobre obstetrícia de sua estante. Sasuke sumiu numa nuvem de fumaça.
*
**
Sakura chegou pontualmente ao local. Colocara a mesma roupa de missão que usara quando fora para a lua regatar Hanabi e Hinata. Tinha uma mochila negra nas costas e nos braços trazia uma capa negra com capuz.
Sasuke pousou logo depois com a roupa padrão de Konoha para Jounins, e a mesma capa nos braços. Sua mochila era um pouco maior e negra também.
A rosada o cumprimentou com um sorriso e trocou algumas palavras com o pessoal da portaria, e voltou ao encontro de Sasuke dizendo que podiam ir.
Por cerca de oito horas manteram um ritmo veloz saltando entre as árvores, até Sasuke pedir para Sakura parar.
- Por aqui fica a aquela estalagem que ficamos naquela missão de ajudar na fazenda, onde tentamos ver a cara do Kakashi-sensei – Sasuke disse – Devemos descansar, você está esgotada demais.
- Estou bem Sasuke-kun, mas você sabe como são mulheres em gestação.
- Não sei...
- Hã, bem... A bolsa dela pode estourar a qualquer momento. Preciso estar lá!
- Ela deve dar a luz em cinco dias, em mais dois estamos lá, não se preocupe. O país da grama também tem médicos que a estão acompanhando. Sossegue e vamos parar!
- Hai... Não tinha me contado isso! – Resmugou, e voltou a seguir Sasuke que ia na direção da estalagem.
*
**
- OKAERI! – A velhinha falou feliz ao ver os dois – O que desejam?
- Olá! – Sakura sorriu – Janta e pouso para dois, onegai.
- Quarto de casal? – Ela perguntou, fazendo Sakura ficar extremamente corada e sem resposta.
- Ainda somos noivos – Sasuke esclareceu calmamente.
- Haaaai, venham comigo, tenho o quarto perfeito!
A senhorinha os levou a uma porta, que ela deslizou para o lado, revelando uma mesa baixa com almofadas em volta, havia uma planta bonita em um canto e uma televisão sobre um móvel baixo. Nas laterais havia duas portas de correr, meio abertas, com os colchões dobráveis típicos japoneses estendidos, um em cada quarto, que eram pequenos. O chão era todo em tatame.
- Vou solicitar que os sirvam, por favor, tomem banho enquanto isso. Há toalhas limpas e cheirosas nos armários – Ela falava com se eles fossem seus netos.
Entraram e fecharam a porta. Sakura ficou com o quarto da direta e Sasuke com o da esquerda. Ambos suspirar ao se livrar do peso das malas.
Após um longo e relaxante banho, se encontraram novamente diante de uma mesa farta em seu quarto.
Confortáveis nos pijamas fornecidos pela senhora, comeram até matar a fome, enquanto Sakura contava da cirurgia antecipada e da sua satisfação.
Sasuke ouviu tudo, sentindo-se cada vez mais encantado pela sua noiva.
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