História Serenata - Désorienté.

capitolo cinque

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"Certo, Chanyeol. Agora você pode me explicar com mais calma." Falou Baekhyun, ao chegarmos à rua principal - palco das antigas serenatas feitas por Jongin. Pessoas passavam, animadas, por nós dois, cada uma segurando um copo com alguma bebida; outras, tirando uma foto com familiares para postar em redes sociais. Mas com Baekhyun ao meu lado, nada daquilo parecia existir. O tempo passava lentamente ao nosso redor e eu só conseguia focar em Baekhyun, tendo o mar e a Lua ao fundo. As luzes da rua criavam sombras no seu rosto, deixando-o ainda mais belo aos meus olhos. Eu poderia fotografá-lo ali mesmo, e ele seria o mais belo retrato no mundo.

Andamos até uma das mesinhas de concreto que ali existiam, onde nos falamos pela primeira vez. Se eu não estivesse tão nervoso, acharia aquela situação cômica. 

Sentamo-nos de frente para o outro, e aproveitei o momento para tentar organizar minha mente repleta de pensamentos afobados e desacreditados. Pigarreei. Iria começar a falar.

Baekhyun parecia um pouco nervoso, apesar de manter os olhos em mim. Eu finalmente ganhara a sua atenção, e através de uma maneira boa. Faria de tudo para não estragar aquele momento.

"Tudo começou alguns meses atrás, quando... nós nos beijamos." Fui direto. Ele mexeu a cabeça, um pouco sem jeito por lembrar da cena. "Na verdade, começou quando nós nos esbarramos pela primeira vez. Eu sempre te achei bonito, e seu jeito chamou a minha atenção, mas..." Dei uma pausa. Tinha medo de que ele ficasse irritado comigo, e de todo o meu esforço ser encarado da maneira errada.

"Mas?"

"Não fique irritado comigo... Mas é que você sempre demonstrou antipatia por mim. Então... isso me deixou um pouco indignado. Você nem me conhece para me tratar dessa forma."

Sua risada divertida me surpreendeu.

"Eu disse algo de errado?" Indaguei, o cenho franzido.

Ele balançou a cabeça e as mãos, negando.

"Não, não, Chanyeol, eu só achei engraçado." Explicou. "Mas continue, continue."

Ele estava tirando uma com a minha cara?

"Não ache graça disso, Baekhyun. Eu estou falando muito sério." Avisei, com firmeza na voz e no olhar. Pude perceber que suas expressões tornaram-se mais rígidas. Talvez estivesse começando a ver que não se tratava de uma brincadeira minha.

Baekhyun permaneceu em silêncio, deixando-me prosseguir:

"Mas, ainda que me trate desta forma, sinto algo por ti. Algo bom, sabe? Um sentimento bom que demorei a perceber. Eu juro que tentei de tudo para evitar isso, esse momento, pois sei que você me odeia, mas não consegui. Eu me arrependeria, caso não tentasse." Ri em escárnio e olhei para o céu. Sentia-me um idiota completo. Baekhyun deveria estar querendo rir da minha cara, ainda mais depois dessa minha confissão boba.

Deixei com que a falta de palavras nos acercasse e somente o barulho das ondas chocando umas contra as outras ao longe se fizesse presente. Ouvi-las era o meu calmante. Há anos era assim.

Algum tempo depois, permiti-me ser atraído pelos olhos de Baekhyun, a vontade de vê-los brilhando de novo já tinha se tornado natural. E eu os vi. Entretanto, um brilho diferente os acolhia desta vez. Era provável que eu estivesse vendo algo onde não tinha, mas eu poderia jurar que segurava um choro. Ele me encarava como nunca antes o fez.

A brisa noturna do mar balançava nossos cabelos com toda a sua delicadeza, afinal, aquele momento era delicado. E vendo que Baekhyun não falaria, suspirei. Terminaria de explicar o que eu queria lhe propôr, então.

"Eu... Eu lhe mandei o bilhete para lhe propôr algo, não só para confessar meus sentimentos por ti."

Ele franziu a testa, em uma adorável confusão. Céus, Baekhyun é lindo demais para a minha sanidade aguentar.

"O quê, por exemplo?" Sua voz era baixa, tímida. Seu comportamento estava me surpreendendo. Encontrávamo-nos ali há mais de dez minutos e ele ainda não me deixara sozinho.

Mordi o lábio inferior, temeroso. Ajeitei a minha postura, levando minhas mãos até o centro da mesa de concreto e as unindo para conter o meu nervosismo. 

"Gostaria que convivesse comigo por uma semana. Não vou pedir que faça nada contra a sua vontade, pois eu almejo o seu bem estar acima de tudo. Isto inclui não acatar ao meu pedido, ou seja, não te forçarei a aceitar. Mas seriam sete dias de convívio comigo, em um programa diferente do nosso habitual. Como eu disse, não fariamos nada demais. Iriamos apenas conversar, para assim nos conhecermos melhor e de forma natural." Fiz uma pausa. Eu até diria que Baekhyun já estava meio enraivecido comigo, contudo o modo como prendia o lábio entre os dentes e seu olhar vacilava me mostravam totalmente o contrário. Para falar a verdade, o fato de ele não ter gritado comigo na praia já me dizia muita coisa.

Um suspiro nervoso passou pelos seus lábios avermelhados e, finalmente, seu olhar fixou-se ao meu.

"Posso ser sincero?" Perguntou-me.

"Sempre."

Ele hesita.

"São tantas coisas que nem sei por onde começar..." Riu soprado.

"Comece por onde se sentir mais confortável."

Sorriu-me de forma doce.

"Eu realmente não esperava..."

"Imagino..." Cocei a nuca, sem jeito.

Ele virou o rosto para fitar o mar e respirou fundo, e aproveitei para admirá-lo ainda mais.

"Você me surpreendeu." Retornou o olhar para mim, provocando arrepios. "Achava que era o único a passar por isso, mas eu estive enganado durante todo esse tempo."

Meu coração deu um salto com a sua afirmação. Por um instante, tive medo de estar criando ideias precipitadas com o que dissera. Vê-lo daquele jeito calmo era algo novo para mim, causando-me certa insegurança para interpretar o que dizia.

"Como?"

Suas bochechas coraram, e em seus lábios existia um pequeno sorriso.

"Eu aceito, Chanyeol." Mudou de assunto e levantou-se. Repeti seus movimentos, um pouco perdido por causa de suas respostas confusas. Teria de me acostumar com o seu jeito urgentemente - não que isso fosse algo ruim, pelo contrário.

"Mas-"

"Chego do trabalho às duas horas da tarde." Continuou falando. "Você pode passar por lá às três."

Ele girou os calcanhares, pronto para retornar ao seu conforto, e eu permaneci imóvel.

"Ah, já ia me esquecendo do mais importante: eu nunca te odiei, Chanyeol."

Eu estava chocado com aquilo tudo, sem saber como agir. Queria correr até si e lhe beijar até sentir meus lábios dormentes, mas falara sério sobre querer o seu bem estar acima de tudo. Tudo caminhava muito bem; eu não ousaria cometer um erro após tanto esforço.

E quando encontrava-se a dez passos de distância de mim, Baekhyun se virou em minha direção e ergueu a rosa que eu havia lhe dado. Um sorriso surgiu em suas faces e me iluminou ainda mais que a Lua. Ele me agradecia.

Mas eu sabia que não era somente pela rosa.