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História Serendipitia - A queda do precipício


Escrita por: gddsdestruction

Notas do Autor


DEMOREI ANOS ESTOU COM VERGONHA DE APARECER AQUI ASSIM DO NADA PORÉM TRAGO BOAS NOVAS! Vou me dedicar somente a esta fanfic agora (a outra que eu estava escrevendo deixarei em hiatus :D foi mal :D) e entrarei de férias no mês que vem, o que significa que terei muito mais tempo para escrever. Esperem por isso, de coração. Boa leitura!

Capítulo 2 - A queda do precipício


Capítulo 2 - A queda do precipício

Meus pensamentos ficam emaranhados, meu coração está ainda mais

 

O táxi nos deixou em frente ao Colégio Soo Man, para ser mais exato em frente aos portões enormes e intimidadores do Soo Man. Um moço muito bonito, usando um terno que aparentava ter acabado de ser comprado, nos cumprimentou em nossos respectivos idiomas.

  Ele começou a falar em inglês, o que entendi pouca coisa. Seu nome era Junmyeon, ele era nosso mentor e estava ali para nos entregar nosso material introdutório. Ele entregou a cada um de nós um fichário e eu vi que haviam vários folhetos e papéis grampeados, todos em mandarim.

  — Agora, para Dong Sicheng — ele disse em chinês e eu senti meu estômago revirar. É claro que eles não iriam me chamar pelo meu nome falso, como eu podia ser tão idiota? — Você e Jane são os únicos que não sabem nada de coreano, então serão colocados em uma turma separada para aprender o idioma, tudo bem?

  Olhei para Jane e ela deu um meio sorriso para mim. Acho que não seria tão ruim, na verdade era até bom que ela fosse ser a única que iria presenciar meus deslizes.

  Junmyeon explicou que nós podíamos escolher nossos próprios colegas de quarto. O Colégio Soo Man tinha separado uma parte do ultimo andar do prédio A para nós ficarmos, um para Jane e outra para nós os garotos.

  Junmyeon fez mais algumas considerações, nos deu as chaves do dormitório e então estávamos liberados. Johnny acabou propondo que fossemos fazer uma tour pelo colégio e eu acabei indo com eles.

  O Colégio Soo Man, como dizia em um dos milhares de folhetos de introdução que Junmeyon tinha nos dado, era um colégio com ensino diferenciado. Eram administradas aulas do ensino médio e aulas extra curriculares, estas de acordo com as opções que haviam sido marcadas na matricula.

  Olhando minha grade de disciplinas, meu pai havia me matriculado em três extracurriculares: dança, teatro e ginástica. Até que ele não tinha feito péssimas escolhas, afinal.

  Andamos pelo prédio A todo, passando pela parte da administração, sala dos professores e dois auditórios. O colégio era muito grande, tinha mais quatro prédios, mas estávamos tão cansados que fomos direto para nossos dormitórios.

  O elevador nos deixou no último andar, o 4º, que nos deixou em um corredor que levava até duas portas. Jane falou que iria descansar e foi para a porta da esquerda. Johnny fez um aceno para nós e nós fomos até a porta da direita.

  A porta se abriu para uma sala de convivência com poucos móveis e sem nenhuma decoração. Mais para frente tinham mais três portas. Eu me sentei no sofá velho que estava ali, assim como Yuta, enquanto Ten e Johnny iam explorando o lugar.

  — Nosso banheiro tem um espelho legal — Johnny falou, fechando a primeira porta.

  — Temos só dois quartos — Ten tinha aberto as outras duas restantes. Ele falou mais alguma coisa e cutucou Johnny, que veio em minha direção.

  — Hm… Ten disse que temos que dividir os quartos — ele traduziu, com seu chinês precário. — Você quer dividir comigo? Sou o único que fala, bem, ahn, fala um pouco de chinês. Tudo bem por você?

  Olhei para Ten e ele estava conversando com Yuta ao meu lado. Johnny parecia ser um cara legal, mas toda aquela altura e a beleza óbvia me deixavam meio inseguro. Pessoas muito bonitas sempre me deixavam assim.

  — Tudo bem, Johnny — eu respondi. Minha escolha teria sido Ten, era com quem eu me sentia mais confortável, mas não era como se eu pudesse exigir alguma coisa.

  Como o dormitório não estava decorado, decidimos dar um pouco de vida com o que quer tivéssemos. Yuta trouxe a coleção de seus mangás favoritos, um poster do One Ok Rock (a melhor banda de todas, segundo ele) e deixou seu cobertor favorito em cima de um dos sofás. Johnny trouxe os troféus da época em que jogava basquete e as faixas dos times em que foi capitão.

  — Meu piano está vindo em breve, vou colocar ele ali — ele disse pra mim, apontando para um espaço vazio entre a porta de saída e nosso pequeno projeto de cozinha que consistia em um frigobar, um forno pequeno e um balcão com uns banquinhos.

  Ten trouxe alguns porta retratos com fotos de um menino dançando em palcos diferentes que eu supus ser ele e um elefante de cerâmica que estranhamente harmonizou com os mangás de Yuta .

  — Não tenho nada — respondi, olhando toda a combinação daqueles objetos. — Não… Pensei em trazer nada.

  Os três olharam para mim com o que parecia ser compreensão e um pouco de pena. Suspirei desanimado. De alguma forma eles estavam se dando bem, conversando entre si enquanto eu só conseguia ouvir, assentir e observar uma combinação de pertences em qual nenhum deles era meu.

  — Vamos sair pra comer — Yuta sugeriu, se levantando do sofá. — Dei uma olhada na internet e tem alguns restaurantes legais por aqui.

  Ten e Johnny assentiram e pegaram seus casacos, se adiantando para a porta. Antes de sairmos, abri minha mala e tirei o Pào, pendurando na maçaneta da pequena estante que estava na sala. Meu pai ficaria orgulhoso se pudesse ver aquilo.

 

***

 

  Ficamos até tarde em uma pizzaria, uma vez que nenhum de nós estava pronto para experimentar a comida coreana. Era muito interessante como interagíamos entre nós, com tantos idiomas sendo falados ao mesmo tempo, chegava a me dar com dor de cabeça.

  Depois de jantarmos, fomos passear um pouco pelas ruas de Hongdae. Era um bairro muito legal, o quintal dos artistas naquele país, com apresentações de ruas e estabelecimentos variados. Tínhamos pela frente toda uma semana livre para nos adaptar até que nossas aulas começassem para valer, então não tínhamos horário para voltar. Aproveitamos um pouquinho de cada coisa, dos bares temáticos com karaokê até as pequenas exposições de esculturas em neon em um hall de arte.

  Johnny contava muitas piadas que faziam todos rir, Yuta apontava para as coisas e despejava informações sobre como uma Wikipédia ambulante, Jane sempre estava ao lado dele segurando a barra do seu casaco e pedindo para que ele explicasse alguma coisa, Ten fazia varias danças aleatórias conforme músicas diferentes chegavam passavam por nós e eu apenas assistia a tudo, curioso.

  Meu celular vibrou no bolso do meu jeans e quando chequei era apenas uma mensagem de Kun. Ele estava me desejando boa noite e esperava que eu estivesse me divertindo. Olhei em volta, para meus colegas de intercâmbio e suspirei desanimado.

  A barreira de linguagem era só um dos obstáculos, mas não o principal. Por ser da família real eu nunca tivera muita oportunidade para me socializar, visto que meu pai designará Kun para ser meu protetor e único amigo. Eu nunca tinha ido a escola e rara foram as vezes que pude pisar para fora das dependências do residencial real, então eu não sabia exatamente como me portar e interagir, se estava tudo bem ficar um pouco quieto ou seria falta de educação falar demais.

  Depois de algum tempo voltamos para o Soo Man. Caminhamos aos tropeços até nossos devidos quartos, desejando um rápido boa noite com suspiros de cansaço. Não era fácil enfrentar horas em um avião, aula de introdução e passeio turístico tudo em um dia só.

  — Ah, foi cansativo mas eu gostei — Johnny resmungou, se jogando em sua cama. — Está tudo bem, Sicheng? Aliás, esse é seu nome, não é? Junmyeon disse naquela hora.

  Sentei na ponta da minha cama e apertei o lençol entre meus dedos. Ele não parecia desconfiado ou chocado, apenas curioso, o que me levava a crer que ele não tinha a minima ideia do que meu nome podia significar.

  — Sim… Meu nome é Sicheng — confirmei. — Mas prefiro Winwin.

  — Por que? Não gosta do seu nome? Eu acho bonito — ele comentou, colocando o antebraço em baixo da cabeça e olhando para o teto.

  Eu assenti e me deitei em minha cama na mesma posição que ele. O teto era de uma madeira nova, porém empoeirada. Aquele lugar todo tinha esse aspecto, talvez porque não era usado com muita frequência.

  — Johnny — eu chamei e ele respondeu com um breve “ahn?”. — Por que veio para a Coreia do Sul? Se não for uma pergunta pessoal…

  — Não é — ele respondeu quase que automáticamente.

  Eu não sabia o porque tinha perguntado, mas fiquei imaginando que de alguma forma todos nós tínhamos um motivo para estar ali. Eu por exemplo, tudo o que eu sabia era que meu pai magicamente tinha cansado de me tratar como um passarinho engaiolado e sistematizado, e pensou que me largar na selva que era aquele mundo, sem nenhum tipo de aviso prévio ou preparo, era uma boa ideia. Ele simplesmente me empurrou cegamente para o precipício.

  — Meus pais queriam que eu seguisse com a carreira de jogador de basquete, mas eu senti que queria mais que isso — Johnny finalmente respondeu, de uma forma tranquila. — A Jane sempre quis ser cantora, então eles mandaram ela para cá com um passe de mágica. Eu só aproveitei porque eu quero ser pianista, sabe.

 Nos olhamos por um momento e eu assenti. Para ele devia ser difícil, assistir sua irmã mais nova ser livre para fazer o que quiser enquanto ele precisava ser o bonequinho dos pais. O motivo de Johnny era algo para ser levado em conta.

  — E você, está aqui fazendo o que? — era a vez dele perguntar. — Você não me parece o tipo de filho rebelde.

  — Não sou. Na verdade obedeço até demais — respondi, suspirando. — Meu pai me mandou para cá. Não sei o porque, ele só… Fez isso.

  Desta vez fui eu quem olhou para ele. Johnny assentiu e seu rosto demonstrava que ele compreendia o que eu tinha dito. Ele não pediu por mais detalhes e eu me senti aliviado.

  Não alongamos a conversa por muito tempo e em pouco tempo acabei pegando no sono. Era estranha a sensação de estar dormindo longe de casa, muito longe, mas meu cansaço foi maior do que qualquer coisa. Meu cansaço só não estava sendo maior que o vazio.

 


Notas Finais


Gostaria que vocês pudessem comentar aí quais as impressões que vocês estão tendo dos personagens até agora, toda opinião é bem vinda para que eu possa construir eles mais minuciosamente. Até a próxima!


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