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História Serendipity - Seu brilho vago


Escrita por: wonuenthusiast

Notas do Autor


Queria agradecer a todos os favoritos. Sério, foi maravilhoso ver que vocês gostaram da minha proposta. E a todos os comentários, mensagens e oizinhos que vocês me mandaram por aqui e pelo twitter, eu agradeço demais. Valeu mesmo pessoal. Vocês são demais.
(perdoem a minha demora pra postar os cap e não desistam de mim pfvr.)

Capítulo 2 - Seu brilho vago


"Então eu olho em sua direção

Mas você não presta atenção em mim, não é?"

_

Sendo algo raro de acontecer, Jeon Wonwoo acordou bem disposto naquela manhã de segunda-feira. Apesar de ter virado a noite escrevendo o capítulo-chave do dia anterior - o que trouxe à tona sua dor de cabeça habitual que sempre aparecia quando ele passava muito tempo escrevendo -, não estava tão mal humorado como costumava ficar quando acordava cedo.

Como um pintor que fica meses sem pintar e finalmente toca numa tela, o moreno se sentia estranhamente renovado. Ele entendia essa sensação maravilhosa. Esses momentos raros quando encontramos um caminho para algo que estava perdido. Se não fosse pela ideia do dia anterior, era bem possível que o livro fosse parar em uma das muitas pastas do computador para ideias não concluídas. Ele as mantinha lá com a esperança de voltar a escrevê-las, mas isso raramente acontecia. E quando uma história era dada como incompleta, ele entrava em uma zona de frustração que durava dias e dias. Ficava sem ler ou escrever até que o bloqueio mental desaparecesse. E isso era como a morte para ele.

Se espreguiçou e levantou, libertando sua camisa das garrinhas afiadas da Yuri. A mesma soltou um miado em protesto e pulou da cama.

- Bom dia pra você também - Wonwoo suspirou e foi para a cozinha tomar café da manhã.

Parte da sua animação se esvaiu assim que viu o bilhete na geladeira. No papel, a inconfundível letra de Jun dizia: "​Se atrase para a palestra hoje e eu mato você.". A parte "eu mato você" ​ estava circulada de  hidrocor vermelho e Wonwoo notou o duplo sentido que essa ação queria provocar. Essas duas palavras não só significavam que o mais velho provavelmente faria picadinho de Wonwoo se o mesmo chegasse atrasado, mas também se referiam ao seu último livro publicado, o tema da tal palestra, inclusive. 

Checou o endereço do local e xingou baixinho. "Pior tipo de palestra". Pensou em ligar para Jun e dizer que estava doente. Parecia uma ótima ideia. Mas o trocadilho estava ali e o escritor percebeu que não podia furar com o melhor amigo, ainda que não quisesse ir.

De debaixo do armário, Hiro se pronunciou para ninguém em particular. Wonwoo suspirou e foi fazer seu chá antes de qualquer coisa.

***

Era daquele tipo de reunião que uma escola promovia para estudantes de ensino médio. O porquê de terem chamado um autor que ninguém conhecia para falar para aqueles alunos entediados sobre um trabalho que ninguém ligava, Wonwoo não sabia. Talvez só precisassem de um cara para encaixar em um espaço de tempo em branco de sua "Mostra de Informação Profissional" e alguém não tão conhecido era fácil de encontrar por aí aos montes.

O caso é que Wonwoo detestava essas palestras com todas as suas forças tanto quanto os alunos pareciam odiar também. Ele sabia que a maioria estava ali só para matar aula. Estava praticamente escrito na testa deles. Não havia ninguém que parecesse estar no mínimo interessado . Espalhados pela sala se viam rostos mergulhados em telas de celulares e alguns cochilos profundos. E outros que cochichavam com os colegas do lado, achando que ninguém estava vendo. Sempre teriam aquelas pessoas que o procurariam no final da palestra também, em sua maioria meninas pedindo seu número de telefone, dando risinhos e cutucando suas amigas cheias de maquiagem. Ás vezes aparecia alguém que realmente queria uma informação profissional ou alguém que viesse elogiar seu último livro. Mas, com a baixa frequência que isso ocorria, Wonwoo já não esperava mais nada.

Não o entenda mal. Ele poderia passar horas e horas falando sobre seus livros e sobre cada emoção sentida ao escrevê-los. Poderia contar sobre a experiência de ser escritor e todos os "porquês" de gostar do que faz. Porque Jeon Wonwoo era assim. Amava o trabalho e escrevia por amor. E é claro - como todos os artistas - que ele teria o prazer de contar a qualquer um que quisesse o quanto tudo isso era maravilhoso. O quanto esse mundo dos livros era incrível. Mas, quando ele olhava para aqueles olhos enfileirados da sua plateia, ele não via nenhuma capacidade de entender todas essas emoções. Nenhum deles queria saber. Não haviam perguntas boas, interessantes, daquelas que Wonwoo responderia sorrindo o mais sincero dos sorrisos. Nunca era assim e por isso que ele detestava cada segundo dessas palestras.

- Para "Eu Mato Você" eu tive que estagiar um ano na Clínica Psiquiátrica Estadual. Pesquisei a fundo sobre muitas coisas e aprendi bastante também. Porque é isso que eu faço. Eu sou, antes de tudo, um pesquisador. E escrevo para que outras pessoas possam se descobrir pesquisadoras também. - disse, concluindo sua apresentação do PowerPoint e se virando para a plateia - Alguma pergunta?

Não iria perguntar se não fosse praticamente uma obrigação universal de toda palestra. Mas ela tinha terminado ali. Não haveriam questões. Ele iria se despedir, ser aplaudido e então todo mundo iria deixar o auditório para fazer o que tivessem que fazer.

No entanto, antes que dissesse qualquer adeus ou obrigado, o universo decidiu que iria surpreendê-lo. E foi na forma de uma menina baixinha com olhos esbugalhados.

- Você alguma vez já se apaixonou por algum personagem?

Rapidamente, Jun se ajeitou lá atrás na última cadeira, onde sempre sentava. Wonwoo franziu a testa.

- Como assim?

- V-você parece falar tão bem de cada coisa das histórias que 'cê conta - a menina tropeçava nas palavras, a cara toda vermelha - Cada coisa que 'cê' ​escreve, quando fala os seus olhos acendem ou algo assim... não sei.. - e abaixou os olhos, murmurando um "desculpa" que ninguém ouviu.

A menina falava rápido demais. A turma toda ria do nervoso dela. Mas Wonwoo sorriu gentilmente.

- Não. Acho que não.

***

Jun estaria em algum lugar por ali, talvez falando com o diretor ou alguma professora. Já fazia meia hora que Wonwoo estava naquele estande onde autografava exemplares. A fila de antes tinha sumido, o que permitiu para que este fosse procurar o chinês e ainda dar uma olhada curiosa pelos estandes universitários que também exibiam suas propostas de bolsa por ali. O pátio estava cheio, ninguém queria perder a chance de sair da sala de aula.

A todo momento alguém o parava para elogiar a palestra apresentada. Mesmo que tenha sido uma merda, ele apreciava esse tipo de gentileza. Respondia sorrindo a cada professor que encontrava e até mesmo ás garotinhas que lhe cumprimentavam com risadinhas. Descobriu por ali - e não ficou surpreso - que não era o único profissional palestrante daquela feira. Conheceu um cozinheiro, um dentista e até um psicólogo que ficara interessado sobre o personagem psicopata de seu último livro.

A feira não era muito interessante. Quase todas as universidades prometiam a mesma coisa, continham as mesma áreas, eram todas variações do mesmo cerne padrão. Já havia visitado todos os estandes e não vira nada diferente. E, com certeza, Jun não estava em nenhum lugar por ali. O jeito seria voltar ao seu estande e esperar o mais velho chegar.

Porém, no meio do caminho, algo na multidão pescou sua atenção. Quando olhou melhor, Wonwoo se sentiu estático. ​Esses olhos castanhos...Eles são...

Levou um susto quando sentiu uma mão pousar em seu ombro. Um Jun alegre apareceu ao seu lado, rapidamente mudando a expressão ao ver a cara surpresa do moreno.

- Não era para ter assustado tanto assim, cara - franziu a testa - o que você 'tá olhando?

Wonwoo voltou a checar a multidão, procurando o par de olhos conhecidos. Mas não achou.

- Nada não... - disse, se voltando desapontado para o chinês - Vamos embora?

- Não antes de te apresentar uma pessoa - o loiro reabriu o sorriso, arrastando o mais novo pelo braço - Este é Xu Minghao, nós éramos vizinhos antes de eu vir para cá.

- Prazer - o menino de cabelos castanhos tinha uma voz engraçada e um sotaque pomposo - sou um grande fã das suas histórias. Você escreve muito bem.

- Obrigado - desconcertado, Wonwoo apertou a mão do menino - O prazer é meu.

- Minghao veio palestrar também? - perguntou Jun.

- Na verdade, só vim acompanhar uma pessoa. Ele sumiu por aí, mas logo logo ele aparece. - o menino deu de ombros - E então a gente podia ir nós quatro tomar alguma coisa, que tal? Vocês topam?

- na verdade, já estávamos de saída. - Wonwoo disse com um sorriso, antes de Jun aceitar de primeira.- Bem, eu estava, pelo menos. Preciso terminar uns capítulos ainda hoje. Acho que Jun não vai se importar de ir com vocês.

O loiro olhou preocupado para o amigo. jun sabia que Wonwoo ia se sentir deslocado, quanto a isso não podia fazer nada a não ser respeitar sua vontade. Sendo assim, voltou os olhos para o menino, assentiu e ambos se despediram do moreno.

Jeon Wonwoo foi para casa pensando naquele par de olhos castanhos brilhantes e na pergunta da menina da palestra.

***

Entendeu logo quando abriu o arquivo no computador. Sobre seu "personagem-milagre" só continha uma vaga informação. Até o momento, a personagem principal poderia o descrever como um cara alto com olhos castanhos inteligentes. Olhos castanhos brilhantemente inteligentes. ​Fora isso, não havia nada. Não sabia de onde ele viera, se conhecia alguém local, o que procurava naquele caso. Nem mesmo um nome. Só a descrição dos olhos.

Era uma coincidência estranha. Uma pequena e agradável coincidência estranha. Não sabia de quem eram os olhos. Mas só de saber que tinha alguém lá fora que tinha o mesmo brilho dos olhos do seu personagem, seu coração já aquecia. E Jeon Wonwoo não tinha idéia do quanto isso se tornaria importante. 

 

 

.

 


Notas Finais


Perdão pelo cap curto e.e
Até a próxima.


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